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sexta-feira, 24 de outubro de 2008
IDENTIDADES RASURADAS
Sobre o Mateus
Foi meu colega de história na Unisc onde foi coordenador do diretório acadêmico Rosa Luxemburgo. Inclusive foi ele quem preparou a primeira reunião quando entramos no curso para entrarmos para a direção do Diretório acadêmico. Desde então começamos uma caminhada que levou esse grupo de estudantes de história, um dos menores cursos da universidade, a direção do Diretório Central dos Estudantes da universidade. Durante toda a graduação mantivemos uma atividade muito intensa nas discussões sobre as questões internas do curso de história, mas não só isso, fomos além, discutimos as questões da universidade: mensalidades, representação nos fóruns e instâncias da universidade; A discussão sobre o papel do educador e do historiador, questões de gênero, raça/etnia, reforma agrária; enfim foram 4 anos de intensas atividades não só nas salas de aula, mas nos corredores da universidade e nas ruas da cidade.
Por isso é com enorme prazer que apresento aos amigos(as), camaradas e conhecidos essa que é sem duvida nenhuma uma obra que vem resignificar a historiografia regional trazendo para a luz um tema por demais escamoteado na construção do discurso identitario da região.
Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar de que forma é subjetivado o discurso identitário germânico pelos sujeitos afro-descendentes residentes em Santa Cruz do Sul, cidade localizada na região central do Rio Grande do Sul e caracterizada pela “identidade” germânica. A partir da análise da historiografia regional, da imprensa escrita e de entrevistas semi-estruturadas, problematiza-se as implicações desta discursividade na construção dos espaços sociais de existência para a comunidade afro-descendente neste município. A investigação tem como espaço temporal de 1970 a 2000. Esta demarcação justifica-se por ser o período correspondente a internacionalização econômica do setor agro-fumageiro, assim como de revigoramento do discurso étnico, passado os reflexos da II Guerra Mundial para a interdição das manifestações étnico-raciais. Para tanto, a análise se desdobra em três capítulos. No primeiro, apresentamos um panorama histórico de Santa Cruz do Sul dando ênfase para a diversidade cultural. Neste mesmo capítulo, problematizamos a forma como a historiografia regional legitima os discursos identitários orquestrando as possibilidades de pertencimento dos diversos grupos sociais e étnicos que formam a comunidade. No segundo, analisamos o papel da imprensa escrita, nomeadamente o jornal de maior circulação da região, a Gazeta do Sul, na formação das estereotipias sociais e étnicas e na propagação e manutenção do discurso comunitarista. No terceiro, através da história oral de entrevistas semi-estruturadas aplicadas junto aos sujeitos afro-descendentes, procuramos analisar o impacto da narrativa identitária regional em suas trajetórias sociais e suas recriações culturais, bem como nas estratégias de organização e mobilização na busca de afirmação identitária. As considerações finais da pesquisa apontam que o discurso homogeneizador germânico da identidade cultural santa-cruzense opera diretamente no processo de subjetivação e representação da comunidade afro-descendente em Santa Cruz do Sul.
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