Produção cultural, eventos e festivais de música. Planejamento Estratégico e Operacional, Formação política, para sindicatos e ONGs
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Plantação de eucaliptos deixa riachos secos no Uruguai
Reportagem do Correio percorreu cidades do país vizinho e constatou: subsistência de agricultores está ameaçada por florestas de eucaliptos
Lúcio Vaz - Correio Braziliense
Publicação: 06/05/2008 08:39
Mercedes e Fray Bentos (Uruguai) – A invasão dos pampas pelos maciços de eucaliptos começou pelo Uruguai, onde atuam as multinacionais Botnia (finlandesa) e Ence (espanhola). O país conta com pelo menos 700 mil hectares ocupados com florestas de eucaliptos. A Ence ainda está implantando sua base florestal, mas a fábrica de celulose da Botnia, em Fray Bentos, na fronteira com a Argentina, já está em operação. Com investimentos de US$ 1,1 bilhão, vai produzir 1 milhão de toneladas de celulose por ano. Os espanhóis vão produzir a metade disso. O governo e os empresários locais saúdam a nova frente econômica, como acontece no Rio Grande do Sul, mas os efeitos dos “desertos verdes” de eucaliptos já são sentidos por agricultores na região de Mercedes, no departamento de Durazno.
O Movimento de Agricultores Rurais de Mercedes, que reúne cerca de 150 produtores, já negocia com o governo uma pauta de reivindicações, onde exigem que nenhum eucalipto mais seja plantado, a desativação da fábrica de celulose, a solução dos problemas de água nas terras dos vizinhos das florestas e a revisão da legislação ambiental, que não impõem limites nem restrições à atuação das multinacionais do setor. O Correio esteve em contato com agricultores e pecuaristas no distrito de Cerro Alegre na semana passada. As florestas locais são mais adensadas do que no Brasil, com maciços bem mais extensos. Encontramos pilhas de toras de eucaliptos que se entendiam por até um quilômetro.
A região sofre com a falta de água. Mesmo proprietários rurais que arrendaram terras para as multinacionais pressionam o governo para resolver o problema, mas não falam abertamente sobre o assunto. Dezenas de agricultores já deixaram a localidade, ou porque venderam suas terras ou porque não conseguem mais uma boa produtividade. A despesa com a operação de bombas d’água encarece o custo de produção. A escola mantida pela intendência de Mercedes contava com 60 alunos há poucos anos. Hoje, não passam de 20. Encontramos várias casas abandonadas perto da estrada que margeia as florestas da Florestal Oriental e da Eu Flores, que abastecem as multinacionais.
Falta de água
O pequeno produtor Humberto Mesquita, de 77 anos, luta para manter as cem cabeças de gado que cria em 75 hectares. Neste ano, também plantou soja, mas a lavoura está praticamente perdida: “Não vale nada. Há muita falta de água. Todos dizem que é por causa dos eucaliptos. Não chove desde dezembro, mas até o ano passado eu conseguia água”, comenta o produtor, mostrando a floresta na linha do horizonte. Ele indica o nome de outro produtor, “meia légua adiante (cerca de três quilômetros)”, que teria mais informações sobre a escassez de água.
Chegamos em três casas abandonadas antes de descobrir a propriedade indicada. Mas o agricultor não quer falar. Arrendou parte da sua terra para as pepeleiras. Indica o nome de Vitor Riva, distante mais alguns quilômetros. Nos perdemos nas estreitas e empoeiradas estradas de terra batida. Mas logo aparece a sua chácara. Riva afirma que as florestas foram plantadas em 1987: “Em 1994 começou a escassez de água. Secaram as canhadas (vale entre duas coxilhas, ou colinas), os banhados, os riachuelos (riachos). Pedimos ao governo que não florestem mais. Secaram todos os poços. Só alcançamos água em poços com profundidade de 48 metros”.
Apesar das dificuldades, a colheita de abóboras foi boa. Mas Riva tem outras preocupações. “As florestas trouxeram muitas pragas, como a chara (cobra cruzeira) e o zorro (um canino selvagem), que come os cordeiros”, conta. Ele também teme pelo futuro: “A terra fica inutilizada com os eucaliptos”. Ele não tem esperanças de conseguir ajuda dos políticos: “Estão todos a favor. Quando chegam ao governo, se juntam todos”. Mas ele esclarece que o principal líder do movimento é Washington Lockhart, que mora ao lado de uma floresta.
Aridez
Formado como técnico agropecuário, Lockhart optou pela vida no campo. Vive na sua chácara há 33 anos. A poucos metros da sua casa se estende um maciço de eucaliptos. “Eu conheço isso aqui antes e depois da chegada das florestas. Em 1994, começaram a secar os poços. Secava um e eu fazia outro. Fiz quatro poços. O primeiro dava água a 10 metros. O último tem 46 metros de profundidade. Tinha três metros de água. Agora, só a metade”, relata. Ele nos acompanha até uma baixada, onde antes havia um banhado. O chão está esturricado, sem água nem grama. Mais adiante, mostra um riachuelo completamente seco: “Aqui, a gente pescava”. Aponta mais adiante e lembra: “Ali, nadavam os cavalos”.
Lockhart conta que neste ano 150 famílias da região foram abastecidas com caminhões pipa: “Abasteciam tonéis nas casas a cada 15 dias”. Afirma que a produção de alimentos era farta na região: “Havia muita produção, mas cerca de 70 famílias se foram. Uma das escolas fechou”. Ele mantém a produção de queijos finos, com tecnologia bem avançada. “A monocultura do eucalipto está prejudicando a produção de alimentos. É um modelo de desenvolvimento do governo. Aqui, todos os políticos estão a favor disso”, lamenta.
Barganha política ameaça os pampas
Empresas em expansão no RS destinaram R$ 2 milhões a candidatos em 2006, dos quais R$ 500 mil foram para a campanha de Yeda Crusius
Porto Alegre – Com contribuições de campanha para dezenas de políticos e a promessa de investimentos de R$ 10,7 bilhões em cinco anos, três grandes empresas produtoras de celulose invadiram a metade sul do Rio Grande do Sul com florestas de eucaliptos, modificando a paisagem, os hábitos e a economia do pampa gaúcho. As papeleiras foram recebidas de porteiras abertas pelo governo do estado e pelos prefeitos da região, interessados na geração de empregos, renda e impostos. As relações com o meio político do estado foram azeitadas com doações no valor de R$ 2 milhões nas eleições de 2006, sendo R$ 500 mil para a governadora Yeda Crusius (PSDB).
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Funcionalismo público, números.
Funcionalismo público, números.
A Miriam Leitão escreveu: "O governo Fernando Henrique reduziu em cem mil o número de funcionários". É verdade. Ela só esconde onde aconteceram estas reduções. Vou dar exemplos: não houve NENHUM concurso para contratação de professores para as escolas técnicas federais durante os 8 anos de FHC. Professores que morriam, aposentavam ou pediam demissão não eram repostos ou fazia-se contratos com alguns "professores" indicados por políticos, radialistas, etc.
No cálculo dela uma escola técnica ficar SEM professor é algo bom. Melhora os números. É bacana. No cálculo dela estes "professores" contratados por indicação de "amiguinhos" não entram como funcionários públicos, pois de fato não são, são é amigos de radialistas, vereadores, filhos de Vips desempregados. O problema, para ela, são os professores concursados e com currículo adequado dando aula (são estes que pioram os números e geram o inchaço da máquina).
Não é só professor que faltava nas escolas técnicas. Faltavam técnicos, pessoal de apoio, etc. As escolas ficaram detonadas, o ensino piorou, mas as estatísticas do TOTAL de funcionários públicos ficou melhor.
Outro bom exemplo foi o que aconteceu aqui em SP na apreensão de cocaína pela PF na era FHC. A suposta droga ficou guardada pois não havia perito para analisa-la. O traficante foi solto, mas as estatísticas da Miriam leitão ficaram BEM MELHOR.
O governo Lula, CORRETAMENTE, contratou dezenas de milhares de professores e pessoal para as escolas e universidades. ISTO É BOM. Mas, as estatísticas da Miriam Leitão ficaram bem piores. Segundo ela: o Lula está inchando a máquina...
A polícia federal está muito mais eficiente, programas sociais enormes foram criados, agências reguladoras (que quase não tinham recursos humanos para trabalhar) foram estruturadas, etc.
Mas, a principal contratação do governo Lula, fora os professores e pessoal de segurança, foi decidida pela JUSTIÇA que considerou ilegal a quantidade de terceirizado que havia no governo FHC. Ou seja, substituiu terceirizados por funcionários concursados. Na realidade não aumentou. Substituiu a mando da justiça (decisão da justiça é para ser cumprida).
Pense bem: você quer escolas com ou sem professores?
O governo FHC não fez concursos. No estado de São Paulo faltam professores na maior parte das escolas estaduais. Mas, as estatísticas são lindas...
Opa! As estatísticas de são NÃO são lindas. São escondidas... ESCONDIDAS.
LEIA ABAIXO DO JORNAL DE BRASÍLIA:
"Planejamento explica números
O Brasil contava, em agosto de 2008, com 1.007.226 servidores ativos civis e militares da União. Este é o quantitativo de servidores federais ativos do Poder Executivo da administração direta, autarquias e fundações, bem como do Banco Central do Brasil, Ministério Público, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista dependentes.
O número foi confirmado ontem pelo Ministério do Planejamento, que está preocupado com informações veiculadas de que o quadro de servidores do setor público brasileiro é inchado, em especial no Governo Federal, e particularmente no governo Lula. Na avaliação do ministério, os dados não corroboram essa tese.
Quando contabilizados apenas os servidores civis do Poder Executivo Federal na ativa, chega-se a 533.434 servidores. É verdade que a trajetória de redução no quantitativo de servidores federais ativos, iniciada em 1990, foi interrompida em 2003. Mas o quantitativo de 2008 é semelhante ao total de servidores civis do Poder Executivo Federal ativos em 1997 (531.725) e consideravelmente inferior aos 705.548 ativos de 1988.
Menos que Estado de São Paulo
Levantamento do Ministério do Planejamento comparou a trajetória do quantitativo de servidores do Poder Executivo com a do estado mais rico e mais populoso da Federação, São Paulo. As trajetórias são semelhantes, pelo menos na última década. ... o fato de o Estado de São Paulo ter um quantitativo de servidores ativos SUPERIOR ao de servidores civis do Poder Executivo Federal.
O crescimento do quantitativo de servidores de São Paulo SUPEROU os 12% na década, com grande CONCENTRAÇÃO no período 2003/2008. Na mesma década, a elevação no quantitativo de servidores federais foi inferior a 4%, destacando-se o período 2003/2008, com aumento de 9,82%.
Prioridades
Por fim, o Ministério do Planejamento destaca que os desafios assumidos pelo atual governo implicam NECESSARIAMENTE em aumento do efetivo. Cita, por exemplo, a estruturação da rede federal de educação profissional; a ampliação de vagas e cursos na universidades federais, a substituição de terceirizados IRREGULARES; estruturação das agências reguladoras e do sistema de defesa da concorrência; ampliação dos programas sociais; reforço aos órgãos de controle, fortalecimento da Polícia Federal; e ampliação dos quadros do ciclo de gestão. Essas são as justificativas do Ministério do Planejamento para as 200 mil contratações realizadas pelo Governo Federal na era Luiz Inácio Lula da Silva
Nota do Chicão:
O governo federal fez algo bom, construiu vários presídios de segurança máxima. Como eles vão funcionar sem pessoal?
O governo federal já construiu ou está construindo dezenas de escolas técnicas. Como colacá-las para funcionar sem pessoal? As vagas nos cursos de técnicos federal vai mais do que dobrar. Escolas exige muitos funcionários... (o que piora as estastísticas da senhora Miriam leitão).
Não digo aqui que não existam funcionários relapsos, baixa produtividades, áreas ineficientes com má organização e gestão. Existem e existe muito. É preciso melhorar muito. Cobrar mais dos funcionários públicos, desburocratizar, etc.
Há muito o que melhorar.
O que eu digo é que números são um PERIGO. Em mãos erradas podem causar "estragos" pois, como demonstrei, um vilão como o FHC pode virar mocinho.
É só deixar escolas sem professores, polícia sem peritos e policiais, etc, que podem bater no peito e dizer: eu diminuí o número de funcionários públicos.
Cuidado, pessoas como a Miriam leitão não tem o menor compromisso com a realidade.
Tanto é que não colocam JAMAIS o "inchaço" em São Paulo realizados pelo Alckmin e o Serra.
BLOG DO CHICÃO
http://chicaodoispassos.blogspot.com/
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Nasce, na França, o Novo Partido Anticapitalista
Novo partido reúne maioria da Liga Comunista Revolucionária (LCR), que aprovou sua própria dissolução para criar nova organização, além de militantes comunistas, socialistas e ecologistas. Segundo um dos principais líderes do NPA, as referências programáticas do novo partido são a ruptura com o capitalismo e a independência total em relação ao Partido Socialista francês. "Esquerda da esquerda" francesa acredita que já tem 15% de votos.
Louis Weber (*)
O Novo Partido Anticapitalista (NPA) teve seu congresso fundador com a presença de Olivier Besancenot entre 5 e 8 de fevereiro de 2009. Na véspera, a Liga Comunista Revolucionária (LCR) tinha votado sua dissolução, com 87% de votos, depois de quarenta anos de existência.
Mas não se trata de uma simples mudança de nome. O NPA não aderirá, por exemplo, à Quarta Internacional (trotskista). O partido pretende se enraizar especialmente dentre os jovens para quem a "base de adesão são aqueles a quem Sarkozy chama de "ralé" e que reconhecem Besancenot como a única personalidade de esquerda de verdade", como explica Alain Krivine, o líder histórico da LCR. A partir de agora, o NPA conta com 9000 adesões, quer dizer, três vezes mais que a LCR, que chegava a ter pouco mais de 3000 membros.
Para continuar a alargar sua base, o NPA quer "seguir o melhor das tradições do movimento dos trabalhadores, sejam elas trotskistas, socialistas, comunistas, libertárias, guevaristas, ou envolvidas na ecologia radical", como o afirma Olivier Besancenot. A referência identitária será portanto menos uma doutrina política que a "ruptura com o capitalismo" e a "independência total do Partido Socialista".
Essa última questão esteve no centro das preocupações da minoria "Unir", da LCR, que votou contra a sua dissolução, e para quem esta é a única maneira de expressar sua oposição à criação do NPA nas condições fixadas pela direção. Essa questão está também no centro das discussões das forças políticas que, no contexto francês, constituem a esquerda da esquerda, quer dizer, recusam qualquer acomodação com o liberalismo dominante na França e na Europa. De que isso se trata?
A esquerda da esquerda está longe de ser uma quantidade negligenciável no plano eleitoral: uma pesquisa recente acaba de mostrar que se ela apresentasse listas unidas nas próximas eleições para o Parlamento Europeu (em junho de 2009), podia esperar, mesmo antes de fazer campanha, algo como 15% dos votos. O Partido Comunista e o novo Partido de Esquerda fundado por Jean-Luc Mélenchon, que deixou o Partido Socialista na ocasião do recente congresso do partido em novembro de 2008, de agora em diante já decidiram constituir uma frente de esquerda para essas eleições.
A maioria dos grupos e coletivos que foram criados na batalha de 2005 para rejeitar o projeto do tratado constitucional europeu estão prontos a se juntar a essa Frente, cuja campanha será baseada na recusa absoluta da Europa liberal atual e na demanda por uma reorientação radical da construção européia. Mas as discussões com o NPA ainda não alcançaram e receiam um pouco a volta do cenário desastroso das eleições presidenciais de 2007, com pouco menos de seis candidatos reivindicando o antiliberalismo. Nenhum dentre eles obteve mais do que 4% dos votos.
Qual a dificuldade, agora? A nascente frente de esquerda não tem a intenção de fazer qualquer acordo com o Partido Socialista para as eleições européias. Mas "a independência total do Partido Socialista" defendida pelo NPA queria dizer que o Partido Comunista, por exemplo, renuncia às alianças que lhe permitem participar, com os socialistas e outros, da gestão da quase totalidade das regiões francesas e de numerosas prefeituras.
Esse tipo de aliança é recusada por diversas razões, mas notadamente porque o NPA não concebe suas ações políticas sem buscar exercer as responsabilidades políticas. O que nao é concebível, no contexto francês, sem aliança com os socialistas, que é o que o NPA recusa neste momento. Pureza revolucionária e recusa de pôr as "mãos na graxa" da gestão? Trata-se de se beneficiar da notável popularidade de Olivier Besancenot e de assim legitimar o NPA no plano político? Pretexto para se apresentar apenas às eleições européias, levando em conta as vantagens simbólicas e materiais que um mandato parlamentar europeu viabiliza? Posição de negociação com os outros componentes da esquerda da esquerda, antes de um acordo ou de uma posição de princípio durável? O futuro permitirá a resposta a essas questões.
(*) Louis Weber é membro da Attac/Franca e secretário de redação da revista de sociologia Savoir/Agir.
Tradução: Katarina Peixoto
sábado, 14 de fevereiro de 2009
DECLARAÇÃO DA ASSEMBLÉIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS, FSM 2009, BELÉM
NÃO VAMOS PAGAR PELA CRISE, QUE A PAGUEM OS RICOS
Para fazer frente à crise são necessárias alternativas anticapitalistas, antiracistas, antiimperialistas, feministas, ecológicas e socialistas.
Os movimentos sociais do mundo nos reunimos por ocasião da celebração do 9º Fórum Social Mundial (FSM), em Belém, na Amazônia, onde os povos resistem à usurpação da natureza, de seus territórios e de sua cultura.
Estamos na América latina, onde, nas últimas décadas tem se dado o reencontro entre os movimentos sociais e os movimentos indígenas que, a partir de sua cosmovisão, questionam radicalmente o sistema capitalista; e nos últimos anos conheceu lutas sociais muito radicais que conduziram ao derrocamento de governos neoliberais e com o surgimento de governos que têm levado a cabo reformas positivas, como a nacionalização de setores vitais da economia e reforma constitucionais democráticas.
Nesse contexto, os movimentos sociais da América Latina têm atuado de forma acertada: apoiar as medidas positivas que adotam esses governos, mantendo sua independência e sua capacidade de crítica em relação a eles. Essas experiências nos ajudarão a reforçar a firme resistência dos povos contra a política dos governos, das grandes empresas e dos banqueiros que estão descarregando os efeitos dessa crise sobre as costas das/os oprimidas/os.
Atualmente, os movimentos sociais em âmbito planetário enfrentamos um desafio de alcance histórico. A crise capitalista internacional que causa impacto na humanidade se expressa em vários planos: é uma crise alimentar, financeira, econômica, climática, energética, migratória..., de civilização, que vem conjuntamente com a crise da ordem e das estruturas políticas internacionais.
Estamos diante de uma crise global provocada pelo capitalismo que não tem saída dentro desse sistema. Todas as medidas adotadas para sair da crise somente buscam socializar as perdas para assegurar a sobrevivência de um sistema baseado na privatização de setores estratégicos da economia, dos serviços públicos, dos recursos naturais e energéticos, da mercantilização da vida e da exploração do trabalho e da natureza, bem como a transferência de recursos da periferia para o centro e dos trabalhadores/rãs para a classe capitalista.
Esse sistema se rege pela exploração, pela competição exacerbada, pela promoção do interesse privado individual em detrimento do coletivo e pela acumulação frenética de riqueza por parte de um punhado de poderosos. Gera guerras sangrentas, alimenta a xenofobia, o racismo e os extremismos religiosos; agudiza a opressão das mulheres e incrementa a criminalização dos movimentos sociais. No quadro dessa crise, os direitos dos povos são sistematicamente negados.
A selvagem agressão do governo de Israel contra o povo palestino, violando o direito internacional, constitui um crime de guerra, um crime contra a humanidade e um símbolo dessa negação sofrida também por outros povos do mundo.
Para fazer frente a essa crise é necessário ir á raiz dos problemas e avançar o mais rapidamente possível para a construção de uma alternativa radical que erradique o sistema capitalista e a dominação patriarcal.
É necessário construir uma sociedade baseada na satisfação das necessidades sociais e o respeito dos direitos da natureza, bem como na participação popular em um contexto de plenas liberdades políticas. É necessário garantir a vigência de todos os tratados internacionais sobre os direitos civis, políticos, sociais e culturais (individuais e coletivos), que são indivisíveis.
Nesse caminho, temos que lutar, impulsionando a mais ampla mobilização popular por uma série de medidas urgentes, tais como:
* A nacionalização dos bancos sem indenização e sob controle social;
* Redução do tempo de trabalho, sem redução do salário;
* Medidas para garantir a soberania alimentar e energética;
* Por fim às guerras, retirar as tropas de ocupação e desmantelar as bases militares estrangeiras;
* Reconhecer a soberania e a autonomia dos povos, garantindo o direito à autodeterminação;
* Garantir o direito à terra, território, trabalho, educação e saúde para todas/os;
* Democratizar os meios de comunicação e de informação.
O processo de emancipação social perseguido pelo projeto ecologista, socialista e feminista do século XXI aspira a libertar a sociedade da dominação exercida pelos capitalistas sobre os grandes meios de produção, comunicação e serviços, apoiando formas de propriedade de interesse social: pequena propriedade territorial familiar, propriedade pública, propriedade cooperativa, propriedade comunitária e coletiva...
Essa alternativa deve ser feminista porque resulta impossível construir uma sociedade baseada na justiça social e na igualdade de direitos se a metade da humanidade é oprimida e explorada.
Por último, nos comprometemos a enriquecer o processo da construção da sociedade baseada no "bom viver", reconhecendo o protagonismo e a contribuição dos povos indígenas.
Os movimentos sociais estamos diante de uma ocasião histórica para desenvolver iniciativas de emancipação em âmbito internacional. Somente a luta social de massas pode tirar o povo da crise. Para impulsioná-la é necessário desenvolver um trabalho de base de conscientização e mobilização.
O desafio para os movimentos sociais é conseguir a convergência das mobilizações globais em âmbito planetário e reforçar nossa capacidade de ação, favorecendo a convergência de todos os movimentos que buscam resistir a todas as formas de opressão e exploração.
Para isso, nos comprometemos a:
* Desenvolver uma semana de ação global contra o capitalismo e a guerra, de 28 de março a 4 de abril de 2009:
- Mobilização contra o G-20 no dia 28 de março;
- Mobilização contra a guerra e a crise, no dia 30 de março;
- Dia de solidariedade com o povo palestino, impulsionando o boicote, os desinvestimentos e sanções contra Israel, no dia 30 de março;
- Mobilização contra a OTAN em seu 60 aniversário no dia 4 de abril;
- etc.
* Fortalecer as mobilizações que desenvolvemos anualmente:
- 8 de março: Dia Internacional da Mulher
- 17 de abril: Dia Internacional pela Soberania Alimentar
- 1 de maio: Dia Internacional das/os trabalhadoras/res
- 12 de outubro: Mobilização global de luta pela Madre Terra contra a colonização e a mercantilização da Vida.
* Impulsionar as agendas de resistência contra a cúpula do G-8, em Cerdeña; a cúpula climática, em Copenhague; a cúpula das Américas, em Trinidad Tobago...
Respondamos à crise com soluções radicais e iniciativas emancipatórias.
Essa vergonhosa impunidade deve terminar. Os movimentos sociais reafirmam aqui sua participação ativa na luta do povo palestino, bem como todas as ações dos povos do mundo contra a opressão.
* Os Participantes
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
FHC pede a PSDB que boicote no Congresso medidas anticrise de Lula
Deputados tucanos reuniram-se em São Paulo nesta terça-feira com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Motivo: debater a necessidade de o PSDB lançar o quanto antes o nome do candidato da sigla que disputará a sucessão presidencial em 2010.
"Os deputados saíram da casa de FHC também com a recomendação de exercerem mais fortemente a oposição no Congresso em relação a medidas do governo Lula, incluindo aquelas voltadas para impedir o avanço da crise internacional", afirma a jornalista Carmen Munari, em reportagem da Reuters.
Agora, é oficial o que já se conjecturava.
Estavam presentes ao encontro os seguintes deputados do PSDB:
* Julio Semeghini (SP)
* Walter Feldman (SP)
* Paulo Renato Souza (SP)
* Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES)
* Ricardo Tripoli (SP)
* Vanderlei Macris (SP)
* Fernando Chucre (SP)
* João Almeida (BA)
* Carlos Brandão (MA)
A impressão que passa a "recomendação" do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é de que ele pede aos tucanos que trabalhem para que a crise econômica mundial arraste o Brasil e o leve ao fundo do poço, como aconteceu na gestão dele. O que é isso: quanto pior, melhor? Mesquinhez? Irresponsabilidade? Tiro no pé?
Inviabilizar a adoção de medidas do governo Lula para combater a crise, é um crime contra o país. E agora, a menos que o ex-presidente dê alguma explicação para o teor de sua "recomendação", a impressão que fica será a de que ele quer sabotar o país para seu grupo político voltar ao poder.
Reunidos com FHC, tucanos querem apressar nome para 2010
por Carmen Munari
SÃO PAULO (Reuters) - Deputados tucanos debateram nesta terça-feira com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a necessidade de o PSDB lançar o quanto antes o nome do candidato da sigla que disputará a sucessão presidencial em 2010.
O principal ingrediente para a pressa é a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de turbinar a candidatura pelo PT da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o que a leva a ocupar amplo espaço na mídia ao participar de cerimônias e eventos públicos do governo federal.
"O ex-presidente acredita que é preciso definir o mais rápido possível. O PSDB tem deixado para se decidir na última hora, enquanto a Dilma já está definida", disse à Reuters o deputado Julio Semeghini (SP), presente ao encontro realizado na casa de FHC.
O partido se debate entre as candidaturas dos governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG). "Uma só pessoa deve falar pelo partido", afirmou. Para o grupo, este anúncio deve acontecer "o mais rápido possível".
A ala pró-Aécio prega a realização de prévias para a escolha do candidato, enquanto os serristas passaram a falar em "fila". Por esta tendência, seria a vez de Serra se candidatar, enquanto Aécio aguardaria a sua vez.
"Precisa contextualizar a fila. O Serra é o candidato natural do partido, o mais preparado, que já disputou a Presidência e foi ministro", acredita Semeghini. Em seu relato, a realização de prévias foi assunto pouco comentado no encontro.
A disputa entre Serra e Aécio teve reflexos na bancada da Câmara. Na semana passada, a vitória de José Aníbal (SP) para liderar a bancada tucana recebeu a contestação de 19 dos 58 deputados, muitos deles presentes na casa de FHC nesta terça-feira. Aníbal teria sido eleito por articulação do governador mineiro, que nega.
Após a conversa com FHC, o grupo que chegou a pedir a renúncia de Aníbal recuou. "Foi um erro ter deixado acontecer, e depois, um desgaste", disse Semeghini.
Esta é a terceira vez que o partido se divide em eleições majoritárias. Em 2006, Serra disputou e o ex-governador Geraldo Alckmin levou a indicação para disputar a Presidência. No ano passado, os dois tiveram outro enfrentamento na sucessão da prefeitura paulistana.
Os deputados saíram da casa de FHC também com a recomendação de exercerem mais fortemente a oposição no Congresso em relação a medidas do governo Lula, incluindo aquelas voltadas para impedir o avanço da crise internacional.
Estavam presentes também os deputados Walter Feldman (SP), Paulo Renato Souza (SP), Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES), Ricardo Tripoli (SP), Vanderlei Macris (SP), Fernando Chucre (SP), João Almeida (BA) e Carlos Brandão (MA).
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Balanço do Fórum e do outro mundo possível Por Emir Sader
Por Emir Sader
Os que acreditam que o fim do Fórum Social Mundial é o intercâmbio de experiências devem estar contentes. Para os que chegaram a Belém angustiados com a necessidade de respostas urgentes aos grandes problemas que o mundo enfrenta, ficou a frustração, o sentimento de que a forma atual do FSM está esgotada, que se o FSM não quer se diluir na intranscendência, tem que mudar de forma e passar a direção para os movimentos sociais. A análise é de Emir Sader.
Um balanço do FSM de Belém não deve ser feito em função de si mesmo. Ele não nasceu como um fim em si mesmo, mas como um instrumento de luta para a construção do “outro mundo possível”. Nesse sentido, qual o balanço que pode ser feito do FSM de Belém, do ponto de vista da construção desse “outro mundo”, que não é outro senão o de superação do neoliberalismo, de um mundo pósneoliberal?
Duas fotos são significativas dos dilemas do FSM: uma, a dos 5 presidentes que compareceram ao FSM – Evo, Rafael Correa, Hugo Chavez, Lugo e Lula -, de mãos dadas no alto; a outra, a fria e burocrática de representantes de ONGs brasileiras em entrevista anunciando o FSM. Na primeira, governos que, em distintos níveis, colocam em prática políticas que identificaram, desde o seu nascimento, o FSM: a Alba, o Banco do Sul, a prioridade das políticas sociais, a regulamentação da circulação do capital financeiro, a Operação Milagre, as campanhas que terminaram com analfabetismo na Venezuela e na Bolívia, a formação das primeiras gerações de médicos pobres no continente, pelas Escolas Latinoamericanas de Medicina, a Unasul, o Conselho Sulamericano de Segurança, o gasoduto continental, a Telesul – entre outras. A cara nova e vitoriosa do FSM, nos avanços da construção do posneoliberalismo na América Latina.
Na outra, ONGs, entidades cuja natureza é fortemente questionada, pelo seu caráter ambíguo de “não-governamentais”, pelo caráter nem sempre transparente dos seus financiamentos, das suas “parcerias”, dos mecanismos de ingresso e de escolha dos seus dirigentes – a ponto que, em países como a Bolivia e a Venezuela, entre outros, as ONGs se agrupam majoritamente na oposição de direita aos governos. Sua própria atuação no espaço que definem como “sociedade civil” só aumenta essas ambigüidades. Entidades que tiveram um papel importante no inicio do FSM, mas que monopolizaram sua direção, constituindo-se, de forma totalmente não democrática, como maioria no Secretariado original, deixando os movimentos sociais, amplamente representativos, como a CUT e o MST, em minoria.
A partir do momento em que a luta antineoliberal passou de sua fase defensiva à de disputa de hegemonia e construção de alternativas de governo, o FSM passou enfrentar o desafio de se manter ainda sob a direção de ONGs ou passar finalmente ao protagonismo dos movimentos sociais. No FSM de Belém tivemos a primeira alternativa, no momento daquela fria e burocrática entrevista coletiva das ONGs. E tivemos, como contrapartida, sua formidável cara real, com os povos indígenas e o Forum PanAmazonico, com os movimentos camponeses e a Via Campesina, com os sindicatos e o Mundo do Trabalho, com os movimentos feministas e a Marcha Mundial das Mulheres, os movimentos negros, os movimentos de estudantes, os de jovens – com estes confirmando que são a grande maioria dos protagonistas do FSM.
O FSM transcorreu entre os dois, entre a riqueza, a diversidade e a liberdade dos seus espaços de debate, e as marcas das ONGS, refletidas na atomização absoluta dos temas, na inexistência de prioridades – terra, água, energia, regulação do capital financeiro, guerra e paz, papel do Estado, democratização da mídia, por exemplo. À questão: o que o FSM tem a dizer e a propor de alternativas diante da crise econômica global e diante dos epicentros de guerra – Palestina, Iraque, Afeganistão, Colômbia -, que propostas de construção de um modelo superados do neoliberalismo e de alternativas políticas e de paz para os conflitos, a resposta é um grande silêncio. Houve várias mesas sobre a crise, nem sequer articuladas entre si. As atividades, “autogestionadas”, significam que os que detêm recursos – ONGs normalmente entre eles – conseguem programar suas atividades, enquanto os movimentos sociais se vêem tolhidos de fazer na dimensão que poderiam fazê-lo, para projetar-se definitivamente como os protagonistas fundamentais do FSM.
Para os que acreditam que o fim do FSM é o intercâmbio de experiências, devem estar contentes. Para os que chegaram angustiados com a necessidade de respostas urgentes aos grandes problemas que o mundo enfrenta, a frustração, o sentimento de que a forma atual do FSM está esgotada, que se o FSM não quer se diluir na intranscendência, tem que mudar de forma e passar a direção para os movimentos sociais.
Surpreendente a quantidade e a diversidade de origem dos participantes, notáveis as participações dos movimentos indígenas e dos jovens, em particular, momento mais importante do FSM a presença dos presidentes – cujas políticas deveriam ter sido objeto de exposição e debate com os movimentos sociais de maneira muito mais ampla e profunda. Triste que todo esse caudal não fosse ouvido, nem sequer por internet, a respeito do próprio FSM, das duas formas de funcionamento, da sua continuidade – outro sintoma do envelhecimento das conduções burocráticas dadas ao FSM. No dia seguinte ao final do FSM, reuniu-se o Conselho Internacional, de maneira fria e desconectada do que foi efetivamente o FSM, em que cada um – seja desconhecida ONG ou importante movimento social – tinha direito a dois minutos para intervir.
O “Outro mundo possível” vai bem, obrigado. Enfrenta enormes desafios diante dos efeitos da crise, gestada no centro do capitalismo e para a qual se defendem bastante melhor os que participam dos processos de integração regional do que os que assinaram Tratados de Livre Comercio. Enfrentam a hegemonia do capital financeiro, a reorganização da direita na região, tendo no monopólio da mídia privada sua direção política e ideológica. Mas avança e deve-se se estender, sempre na América Latina, para El Salvado, com a provável vitória de Mauricio Funes, candidato favorito, da Frente Farabundo Marti à presidência, em 15 de março próximo.
Já não se pode dizer o mesmo do FSM, que parece girar em falso, não se colocar à altura da construção das alternativas com que se enfrentam governos latinoamericanos e da luta de outras forças para passar da resistência à disputa hegemônica. Para isso as ONGs e seus representantes tem, definitivamente, que passar a um papel menos protagônico no FSM, deixando que os movimentos sociais dêem e tônica. Que nunca mais existam conferências como aquela de Belém, que nunca mais ONGs se pronunciem em nome do FSM, que os movimentos sociais – trata-se do Forum Social Mundial – assumam a direção formal e real do FSM, para que a luta antineoliberal trilhe os caminhos da luta efetiva por “outro mundo possivel” – de que a América Latina é o berço privilegiado.
Fórum Social Mundial e a Economia Solidária: os desafios para avançar
Por Paulo Marques
Encerrou-se na tarde de domingo dia 01 de fevereiro em Belém, capital do Estado do Pará o 9 Fórum Social Mundial. Mais de 130 mil pessoas de diversas partes do mundo, militantes, ativistas e lutadores sociais participaram das centenas de atividades realizadas em quatro dias no coração da Amazônia brasileira. As atividades autogestionadas foram dividas em 10 objetivos que buscaram abarcar a gama de temas que compõe a pauta do FSM desde seu início em 2001.
Ao final do evento a primeira impressão que temos é que a dinâmica e os resultados foram os mesmos das edições anteriores, ou seja, seminários teóricos, exposição de experiências; intercâmbio de informações; agendamento de lutas e mobilizações e a volta dos participantes para sua “aldeia” para tocar suas lutas diárias. Entretanto, se olharmos com mais atenção o que se passa no processo do FSM e do seus protagonistas, ONGs e movimentos sociais, sendo as primeiras as que detém a hegemonia da “direção política” do fórum, é possível identificar que há profundos problemas e divergências de concepção e estratégia sobre o FSM.
O sociólogo Emir Sader, integrante do Conselho Internacional do Fórum tem levantado essa questão. Antes do inicio do FSM de Belém em um artigo para Carta Maior ( publicado na íntegra em nosso blog), Sader alertava para o problema da hegemonia das ONGs no controle do Conselho,
“a direção continuou em um estrito grupo de entidades brasileiras, dominadas por ONGs. Este foi um limitante original do FSM, dado que o movimento se apoiava centralmente em movimentos sociais - de que a Via Campesina agrupa a parte significativa deles -, enquanto as ONGs - cujo caráter ambíguo, até mesmo neoliberal pela sua definição anti-governamental, mas também com várias delas com ações obscuras no seu sentido, no seu financiamento e nas suas alianças com grandes empresas privadas - se apoderava do controle da organização, imprimindo-lhe um caráter restrito.
Com efeito, essa restrição das ONGS mantém , desde os primeiro fórum, uma oposição a governos, a partidos, a Estados, o que estaria , para Sader , bloqueando a capacidade de construção de “um outro mundo possível”, que teria que ser um mundo global, com transformação das relações de poder, do Estado e da sociedade no seu conjunto.
Este problema identificado pelo sociólogo Emir Sader em relação ao FSM é muito similar ao que identificamos no movimento da Economia Solidária ( vide artigos anteriores neste blog) , que tem ainda uma importante presença, nos fóruns e redes, de ONGs que mantém a mesma postura de oposição à política, aos partidos e aos Estados, como se fosse possível a construção de uma outra economia e uma outra sociabilidade sem o envolvimento de toda a sociedade.
Ao contrário, para usar os termos de Gramsci,compreendemos que tanto a “sociedade civil” como a “sociedade política”, ou seja, os partidos políticos e o Estado são parte fundamental do processo de transformações que sim, são protagonizados pelos movimentos sociais. O que acontece hoje na Bolívia, Equador, Venezuela são reflexos dessa realidade da luta concreta para superação do estado neoliberal cujo protagonismo não é de nenhuma ONG mas sobretudo dos movimentos sociais.
No seu artigo de balanço deste fórum Emir Sader aponta os desafios que se colocam para o FSM:
A partir do momento em que a luta antineoliberal passou de sua fase defensiva à de disputa de hegemonia e construção de alternativas de governo, o FSM passou enfrentar o desafio de se manter ainda sob a direção de ONGs ou passar finalmente ao protagonismo dos movimentos sociais.
Esse é o mesmo desafio que vimos pautando neste blog em relação ao movimento da Economia Solidária, ou seja, buscamos pautar nos espaços de discussão, a necessidade de pensar a estratégia política do movimento da Economia Solidária para avançar como projeto estratégico de uma nova sociedade emancipada, ou seja, como deve avançar na articulação com outros movimentos de caráter emancipatório.
O problema no processo de avanço político-organizativo do movimento da Economia Solidária é similar ao do FSM. Na medida em que o movimento da economia Solidária mantém-se hegemonizado por ONGs que pouco ou nenhum interesse têm em questionar o sistema capitalista de produção não será possível uma articulação de caráter político e anti -sistêmico que envolva partidos políticos e o tema do poder.
Nesse sentido, tanto o FSM como o movimento da Economia Solidária, que é um dos novos movimentos sociais surgidas no âmbito do FSM, necessitam, como sustenta Sader de um outro protagonismo em sua direção:
Para isso as ONGs e seus representantes tem, definitivamente, que passar a um papel menos protagônico no FSM, deixando que os movimentos sociais dêem e tônica.
O mesmo sustentamos para o movimento da Economia Solidária, corroborando com a exposição do sociólogo português Boaventura de Souza Santos que, em uma de suas exposições durante o Fórum, sustentou que a prática da Economia Solidária, de conhecemos hoje, já é realizada pelas comunidades e povos originários da América Latina a milhares de anos, assim como pelas comunidades quilombolas, e que, portanto, se queremos construir uma outra economia temos que saber quem são seus protagonistas e incluí-los nessa construção política.
Assim como nos outros fóruns a Economia Solidária teve uma quantidade significativa de atividades, debates, seminários, oficinas, conferências. Mas seguindo a dinâmica do FSM, as atividades foram separadas, desconectadas uma das outras e de outras articulações e atores. Conformaram uma “ilha” voltada para especialistas do tema. Como se a economia proposta não tivesse interface com outros segmentos.
É muito simbólico o fato de que no FSM encontramos separados o espaço denominado “mundo do trabalho”, organizado pelas centrais sindicais e o espaço da Economia Solidária, como se um não tivesse nada a dialogar com o outro. Ou a Economia Solidária não faz parte do “mundo do trabalho”?
O mesmo se pode dizer em relação aos trabalhadores rurais, aos movimentos sociais indígenas e quilombolas; o movimento de mulheres, de juventude entre outros. A Economia Solidária corre o risco, e isso seria um retrocesso , de tornar-se um “segmento” quando na verdade deveria ser o projeto econômico de todos os movimentos anti-capitalistas.
A esse respeito resgatamos uma frase do prof. Singer na conclusão do seu livro Uma utopia militante:
A Economia Solidária como forma reativa, se for abandonada a própria sorte, tende a ficar marginalizada, pelo pequeno peso econômico. Mas, ela tem um respeitável potencial de crescimento político, se o movimento operário- sindicatos e partidos- apostar nelas como alternativa viável ao capitalismo. Se o movimento operário, que partilha o poder estatal com o capital, quiser alavancar o financiamento público da economia solidária, a cara da formação social vai mudar. Um novo modo de produção pode se desenvolver, este capaz de competir, com o modo de produção capitalista.
Ou seja, o FSM seria o palco ideal para essa necessária aproximação do projeto da Economia Solidária com os mais diversos movimentos sociais, principalmente o movimento mais tradicional dos trabalhadores como o sindicalismo urbano e rural, perdido hoje em uma crise sem perspectiva, no qual a única saída proposta é a submissão cada vez maior às necessidades dos capitalistas. Infelizmente isso ainda não foi possível, o que reforça nosso objetivo de contribuir com esse debate que é estratégico.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Homenagem a Adão Preto - PERDEMOS UM GRANDE LUTADOR SOCIAL
(João Pedro Stedile)
Conheci nosso querido Adão Pretto, há mais de 30 anos. Nos conhecemos numa atividade de pastoral da diocese de Frederico, aonde ele era um líder de sua comunidade e ministro da eucaristia. Frei Sergio Gorgen o apresentou fazendo muito boas referencias, de que se tratava de um pequeno agricultor, lutador, honesto, trabalhador, pai de nove filhos. E que tinha muito futuro. Criava sua família com o trabalho na roça, nas costas do rio Miraguai.
Naqueles tempos de ditadura militar, era muito difícil encontrar pessoas corajosas, que se dispusessem a defender os interesses da comunidade. Desde o inicio o admirei por sua sensibilidade social, por sua coerência, e franqueza. Nos encontros, costumava colocar em versos singelos, as idéias que matutava e as avaliações que fazia da política.
Por sua liderança e dedicação, foi eleito presidente do sindicato dos trabalhadores rurais do município de Miraguai, naqueles finais da década de setenta, na onda das oposições sindicais, que renovaram nosso movimento sindical.
No sindicato, dedicou-se a organizar os pequenos agricultores na luta por preços melhores, e também, com tantos sem-terras na sua base, passou a organizar o movimento dos sem terra.
Logo, transformou- se numa referencia política em toda região. Lembro dele, também, da romaria da terra que realizamos em 1981, na encruzilhada Natalino, com nosso primeiro grande acampamento. Adão Pretto declamou com um filho pequeno, uma trova gauchesca denunciando as formas capitalistas de exploração dos pequenos agricultores e a necessidade da luta. Impactou a todos os mais de 25 mil participantes.
O tempo foi passando, e em 1986 organizamos a maior ocupação de terras no Rio Grande do sul, que foi a então fazenda Anoni. Com mais de 2,5 mil famílias. E lá estava o Adão Preto.
Naquele mesmo ano, elegeu-se deputado estadual. Seria o primeiro deputado estadual camponês a tomar posse na assembléia legislativa. Uma grande vitoria do movimento camponês do Rio grande do sul. No inicio muitos colunistas da imprensa burguesa, riam de seu pouco estudo, afinal tinha apenas a terceira série do primário. A resposta veio numa atuação exemplar em defesa dos pequenos agricultores e sem-terras que impactou a toda sociedade gaucha, e lhe deu o Premio Springer de melhor deputado.
Depois elegeu-se deputado federal, defendendo com a mesma garra e coerência na Câmara dos Deputados e no dia a dia, os interesses da classe trabalhadora. Adão Preto não era o parlamentar padrão, que conhecemos. Não gostava da tribuna. Mas estava presente em todas as lutas sociais que se realizaram nesses últimos vinte anos. E as fazia repercutir no parlamento, na forma de leis ou de denuncia. Sempre o mesmo. Simples. Com uma coerência impressionante. Nunca titubeou. O critério básico que usava em sua vida e na participação política era se perguntar, o que interessa aos trabalhadores? E independente de tudo, os defendia.
Também, deu exemplo na sua forma de fazer campanha política. Nunca aceitou receber nenhum centavo de ajuda financeira de nenhuma empresas. Por mais que seus colegas o debochavam de perder oportunidades de receber polpudas ajudas das aracruzes, Vales, e outros corruptores. Todas as campanhas foram realizadas pela militância, e em debates das idéias e de projetos.
Os trabalhadores, o povo gaucho perde um de seus grandes lutadores sociais. O MST e a via campesina perde um de seus líderes mais coerentes e dedicados. Todos nos perdemos. Mas fica seu exemplo. Que certamente o imortalizará.
Grande Adão Pretto, nos deixará saudades a todos.
Porto Alegre, 5 de fevereiro de 2009.
Joao Pedro Stedile
Ao companheiro Adão Preto que nos deixou a Luz de seu exemplo
[Luz que persiste.]
Nasceu uma estrela
na explosão das lutas camponesas
ofuscando os fuzis na simplicidade,
na coragem miúda, franzina e sincera.
Estrela luz que não esqueço,
tem no primeiro nome
o primeiro de todos, Adão.
No sobre nome,
a força, a beleza e a historia.
Adão Preto.
Da estrela corpo inexiste,
ficou a luz ofuscando os poderosos
que nunca poderão apagá-la,
Luz que persiste.
iluminando a esperança
de outubros vindouros
no exemplo de vida
simples e comprometida
como sua história de lutas.
Poeta dos pampas
Trovador de denuncias
e alegrias, nas pequenas
e grandes vitórias.
Gaucho de nascimento
encantou a juventude
petista e social de minha mocidade
todos queríamos ser Adãos.
Nem todos serão estrelas
nesta constelação
Márcio Cruz
Secretário de Mov. Populares do PT-SP
Morre o deputado federal Adão Pretto
Parlamentar estava internado em hospital de Porto Alegre para tratamento de pancreatite
Morreu às 7h42min desta quinta-feira, no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, o deputado federal Adão Pretto (PT). O parlamentar, de 63 anos, estava internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do estabelecimento. Pretto foi internado no dia 15 para tratamento de uma crise de pancreatite.
Na noite de terça-feira, depois de os médicos diagnosticarem uma necrose no pâncreas, ele foi submetido a uma cirurgia. Na quarta-feira, o seu quadro de saúde se agravou.
Porta-voz dos pequenos agricultores e dos sem-terra no parlamento desde 1987, quando tomou posse para o primeiro mandato de deputado estadual pelo PT, Pretto era um dos principais defensores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Congresso e um de seus fundadores no RS. Ele estava no sexto mandato na Câmara dos Deputados.
Agricultor por profissão, Pretto nasceu em Coronel Bicaco (RS) em 18 de dezembro de 1945. Ele começou sua trajetória política no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Miraguaí e na Pastoral Rural da Igreja Católica. Em 1985, participou na ocupação da Fazenda Annoni, entre Carazinho e Sarandi (RS).
Em 1990, ao terminar seu mandato na Assembleia Legislativa gaúcha, elegeu-se deputado federal. O último projeto de lei do deputado foi apresentado em outubro do ano passado. A proposta acaba com o pagamento de indenização compensatória nos processos de desapropriação para fins de reforma agrária.
O velório do parlamentar será realizado no Salão Julio de Castilhos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A sessão legislativa de hoje foi cancelada. O sepultamento ainda não havia sido marcado.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Projeto que altera Lei Rouanet gera polêmica
Jornal do Commercio – Recife
Presidência da República
O Ministério da Cultura preparou projeto com mudanças na Lei Rouanet que promete provocar polêmica no meio artístico. O texto, que aguarda aval da Casa Civil para ir à consulta pública, abre brecha para a criação de contribuições que seriam cobradas dos produtores culturais. Esse dinheiro será uma das fontes de renda de fundos setoriais que serão criados, segundo proposta do MinC.
O governo quer instituir os fundos para destinar recursos a quem não tem acesso aos grandes patrocinadores. Cada fundo terá um comitê gestor formado por representantes do governo e do setor. Caberá ao comitê decidir se será necessário ou não criar novas contribuições.
Além do fundo setorial do Audiovisual, serão criados outros quatro: das Artes, do Patrimônio, do Livro e da Diversidade Cultural. As contribuições são novas taxas negociadas pelo comitê gestor, que deverá ter pelo menos metade de seus membros da sociedade civil. No caso do fundo setorial das Artes, por exemplo, poderá ser cobrado dos produtores teatrais um percentual do dinheiro arrecadado nos espetáculos. O dinheiro iria para o fundo e o governo poderia aplicá-lo em projetos fora do eixo Rio-São Paulo que têm dificuldade de atrair o interesse dos patrocinadores.
Hoje, enquanto o Sudeste recebe 55% dos investimentos, a região Norte recebe apenas 4%. Com a nova lei, a sociedade e a classe artística poderão ajudar a definir critérios para estimular o financiamento de projetos desinteressantes comercialmente. O novo fundo das Artes poderá definir que um evento de música erudita na Paraíba tenha 100% de isenção, enquanto uma apresentação em São Paulo conte com isenção menor. O patrocinador do evento na Paraíba poderá abater no Imposto de Renda tudo o que aplicou. “Tem uma demanda reprimida em todo o território nacional. Uma das distorções é a concentração regional ‘na Avenida Paulista’ e a concentração dos proponentes”, avalia Roberto Nascimento, secretário de Fomento e Incentivo à Cultura do ministério.
Outra meta do governo é aumentar a arrecadação de recursos privados nos investimentos culturais. Para isso, o projeto estabelece a criação de várias faixas de isenção fiscal para a verba destinada ao patrocínio. Hoje, só há duas faixas: teatro, livros de valor artístico, música erudita e instrumental, exposições de artes visuais, doações para bibliotecas e documentários e curtas e médias metragens dão direito a 100% de renúncia fiscal. Os projetos das demais áreas têm 30% de isenção no Imposto de Renda.
A reforma da Lei Rouanet, que tem 17 anos de vida, foi apontada pelo ministro Juca Ferreira como prioridade de sua gestão logo no discurso de posse. Nos encontros que teve com empresários e artistas, Juca afirmou que o Brasil vive um “apartheid cultural”.
O ministério também briga para engordar seus recursos. Atualmente com orçamento equivalente a 0,6% do PIB, a pasta quer contar com, no mínimo, 1% do total dos bens e serviços produzidos no Brasil. O projeto deve ser submetido a consulta pública na próxima semana. Serão 45 dias para a sociedade civil apresentar críticas e sugestões ao texto. Só então a redação final será enviada ao Congresso para votação.
Popularidade de Lula cresce junto com a crise: 84%
No Brasil de hoje, ou o sujeito faz oposição a Lula ou é inteligente. Depois de seis anos no poder, Lula tem um sucesso de refrigerante. Difícil saber se o humano é uma dimensão que existe em Lula. Seria tolice incluir o nome de Lula entre "os dez mais populares". A multidão aos seus pés gritaria, lambendo-lhe os sapatos: "Injustiça!"
Aos olhos da grossa maioria, Lula é, sozinho, "os dez mais". Igualá-lo a outros nove soaria a heresia, iniqüidade hedionda. Só duas coisas parecem crescer no Brasil: a crise e a popularidade de Lula.
De acordo com o instituto Sensus, Lula é aprovado por 84% dos brasileiros. Só 12% miram Lula com olhos de desaprovação. Outros 3,9% não quiseram responder. Decerto não acreditam em Deus.
Nunca na história da série Sensus, inicida em 98, alguém cravara semelhante índice. O Lula de 2009, com o desgaste de seis anos, já ultrapassou o Lula de 2003.
A popularidade do Lula inaugural, presidente novinho em folha, batera em 83,6%.
Lula é mais bem avaliado do que o governo Lula, cuja aprovação é de notáveis 72,5%.
O desempenho de Lula desafia a moderna sociologia. E deixa perplexa a oposição. Diz a lógica que, assediado pela crise, o prestígio de Lula tende a declinar.
A essa altura, porém, talvez convenha render homenagens à ilógica. O estilo de Lula parece pulsar no ritmo do coração da massa. "Marolinha", "sifu"... Lula fala na sublíngua do povo.
Ele traz na boca a palavra suada de rua, suda de cotidiano. Há crise? Culpa dos EUA. Há demissões? Os empresários são medrosos. O noticiário é ácido? Pouco se me dá. Não leio. Tenho azia. Nesse ritmo, não resta à oposição senão sentar no meio-fio e chorar lágrimas de esguicho.
- Serviço: Pressionando aqui, você chega ao relatório com os dados da pesquisa Sensus.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Os capitalistas já preparam um gigantesco estelionato para se salvarem
Soros sugere um gigantesco 'Proer global'
A reportagem é de *Clóvis Rossi* e publicada pelo jornal *Folha de S. Paulo*,
Coerente com a sua afirmação de que o sistema financeiro global sofreu um colapso, George Soros propõe construir um novo sistema. Para tanto, defende uma espécie de "Proer global" de um montante inimaginável: para recapitalizar os bancos, seria necessário, só nos Estados Unidos, algo em torno de US$ 1,5 trilhão.
Equivale a dizer que todos os brasileiros teriam que doar tudo o que foi produzido no país no ano passado (cerca de US$ 1,4 trilhão) e mais um pouquinho para atingir e injetar a quantia necessária no paciente moribundo.
Para os mercados emergentes, *Soros* calcula que seria preciso algo em torno de US$ 1 trilhão, o que, como é óbvio, não está nem estará disponível a curto ou médio prazo, ao menos de parte do setor privado.
"Só os governos têm esse dinheiro", observou.
A proposta de *Soros* foge da que está em debate: o que se discute é criar um "banco bom", a ser capitalizado, e deixar os "ativos tóxicos" para um "banco ruim". Claro que o mico ficaria nas mãos do governo. Soros acha que os ativos bons devem ser, sim, alocados para o novo banco, junto com a formidável injeção de capital por ele mencionada.
Joio e trigo
Perguntado como era possível separar ativos tóxicos de ativos bons, se até agora ninguém conseguiu chegar ao fundo da caixa preta em que se transformaram as operações financeiras em todo o mundo. "Dá para fazer", respondeu *Soros*, alegando que muitas instituições têm parâmetros que permitem calcular a contaminação. O investidor chegou a dizer que ele próprio apostaria dinheiro no novo banco "bom", porque "o retorno seria razoável".
Mas *Soros* é o primeiro a admitir que, até agora, o público em geral não comprou a ideia dessa maciça intervenção governamental. Acha, no entanto, que o aprofundamento da crise fará com que governos e sociedades se rendam ao inevitável.
O grande estelionato mercadista
FONTE: http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=19680
"O mercado se anima com rumor de que Obama pode comprar dívida podre da banca, dando anistia à farra de Wall Street", escreve Vinicius Torres Freire*, jornalista, em comentário publicado no jornal *Folha de S. Paulo,
Eis o artigo.
Barack Obama, o "cavaleiro da esperança", vai mesmo doar dinheiro para donos de bancos? Tão importante quanto o pacotão fiscal (gastos em obras, energia, educação, saúde e ciência) é a menos popular "fase dois" do pacote de salvação do sistema financeiro. Mesmo que seus efeitos práticos apareçam apenas daqui a um ano, o pacotão fiscal pode ter a utilidade de insinuar a consumidores e empresas que a situação não deve degringolar em depressão, reanimando os espíritos. Mas o pacotão funciona como o empurrão que faz um carro "pegar no tranco". Se o carro tem um defeito mecânico ou está sem combustível, porém, vai parar de novo. A pane nas finanças é uma das piores a afetar o carro da economia.
Obama terá de consertar as finanças. Ficou mais evidente que os bancos não têm capacidade de comprar nem pechinchas miúdas no mercado de instituições quase falidas. Não vão sair do chão puxando os cabelos. O problema é que, diz o rumor, o plano Obama para as finanças pode ressuscitar o plano Paulson-Bush, um presente para grandes acionistas e gestores da banca. O mercado ficou animadinho ontem por causa disso.
No plano Paulson, o governo compraria a dívida podre dos bancos por um preço alto e esperaria até que, no dia de são Nunca, ela voltasse a valer algo. Isto é, no mínimo, o governo daria a acionistas de bancos um quase trilionário empréstimo de pai para filho, com seguro grátis. Alternativa? Desapropriar, estatizar a preços módicos e revender os bancos que sobrarem quando tiver sido limpa a porqueira de Wall Street.
Caso ocorra a mãe de todas as socializações do prejuízo, é bom que se faça um registro, para o bem do serviço de prevenção da patranha, da bravata e do estelionato ideológicos:
1) O "cavaleiro da esperança", *Obama*, terá dado dinheiro a ricos;
2) Ficará gravado em pedra que a grande finança não apenas depende de normas e seguros estatais para funcionar: também tem o direito de ser ressarcida pelo público em caso de lambança, ficando com todos os lucros do período da farra;
3) A grande farra financeira ocorreu na década em que o crescimento médio dos EUA superou apenas o dos anos 1930, da Grande Depressão (mesmo excluídos 2008 e 2009; considerado o período que começa em 1930). Na década da farra, a renda do trabalho estagnou e a desigualdade aumentou nos EUA.
Apenas mercadistas vulgares e estelionatários continuam a repetir que a finança desembestada foi a responsável pelo "período mais próspero da história" (ou a nova camarilha chinesa na verdade era toda composta de agentes de Wall Street?).
Abertas as inscrições para Canto Missioneiro
CANTO MISSIONEIRO da Música Nativa - 2º Edição, aonde a arte terrunha vem falar dos usos e costumes, da história, do folclore e do sentimento nativo que habita a alma de quem é gaúcho. Um sentimento que tropeia horizontes e tempos, e vem te convidar para visitar Santo Ângelo, a Capital das Missões, e conviver com a hospitalidade do povo missioneiro. trazendo novidades Confira o 1º CANTO PIÁ MISSIONEIRO.
2º Canto Missioneiro da Música Nativa
26 a 29 de marlo de 2009 - Santo Ângelo/RS
Inscrições até: 13 de fevereiro de 2009
Maiores informações: www.cantomissioneiro.com.br
Musicas Classificadas para o RS Mulher em Canto
Foi realizada no dia 29 de janeiro a triagem que classificou 10 musicas com o tema Mulher e 2 com o tema Lei Maria da Penha para o festival nativista RS mulher em Canto. as 12 canções classificas serão apresentadas em palco no dia 14 de fevereiro na cidade de Imbé no litoral norte do estado.
TEMA - LEI MARIA DA PENHA
A LEI DA LIBERDADE
Autor da Letra: Rodrigo Bauer
Autor da Música: Pedro Guerra
Cidade:São Borja/Osório
GRITO DE MARIA
Autor da letra: Antonio Augusto Fagundes/Marlene Pastro e Vera Lúcia Pastro
Autora da Música: Marlene Pastro
Cidade: Alegrete/Porto Alegre
S
UPLENTE
MARIAS DA PAZ
Autor da Letra: Túlio Souza
Autor da Música: Jean Kirchoff
Cidade:Porto Alegre/Santa Maria
TEMA - MULHER
ALMA DE MULHER
Autor da Letra: Miguel Machado da Silveira
Autor da Música: Miguel Machado da Silveira
Cidade: Uruguaiana
CHAMAMECERA
Autor da Letra: Diego Muller e João Sampaio
Autor da Música: Carla Zambiasi
Cidade:Canoas/Itaqui
DA MESMA CANÇÃO
Autor da Letra: Carlos Omar Villela Gomes
Autor da Música: Diogo Matos
Cidade:Santa Maria
LÁGRIMAS DE MULHER
Autor da Letra: Adão Quevedo
Autor da Música: Adão Quevedo e Mauricio Marques
Cidade: São Lourenço do Sul
MÃE, MULHER, IRMÃ E AMIGA
Autor da Letra: Érlon Péricles
Autor da Música: Érlon Péricles
Cidade:Porto Alegre/Santa Maria
MULHERES DO MAR
Autor da Letra: Nilton Júnior da Silveira
Autor da Música: Nilton Júnir da Silveira
Cidade:Santo Antonio da Patrulha
MULHER MISSIONEIRA
Autor da Letra: Alvandir Rodrigues
Autor da Música:Raúl Quiroga
Novo Hamburgo/São Leopoldo
PAMPA MULHER
Autor da Letra: Mário Amaral
Autor da Música: Tuny Brum
Cidade: Marabá-PA/ Santa Maria
ROMANCE DAS TRÊS VIÚVAS
Autor da Letra: Robson Barenho
Autor da Música: Daniel Gomes Pereira
Cidade:Porto Alegre
SÓ CONSIGO SER TRÊS
Autora da Letra:Greice Morelli
Autora da Música:Greice Morelli
Cidade: Porto Alegre
SUPLENTE
TRADUTOR DE ESTRELAS
Autor da letra: Vaine Darde
Autor da música: Daniel Torres
Cidade:Capão da Canoa/Porto Alegre
Assinar:
Postagens (Atom)