29 de novembro é Dia Internacional de Solidariedade ao povo palestino. “Stop the Wall” e CUT organizam ações conjuntas
Escrito por: Leonardo Severo
Maren Mantovani (BDS) e João Felício (CUT)
Integrante da organização em defesa dos direitos humanos do povo palestino “Stop the Wall” – entidade que luta contra a construção do muro do apartheid de Israel – e relações internacionais da BDS (Boicote, Desinvetimento e Sanções) – movimento que congrega centrais sindicais e movimentos populares contra a ocupação israelense -, Maren Montovani foi recebida pelo secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício.
Na oportunidade, o professor João Felício reiterou a condenação histórica da Central à ocupação colonial e racista dos territórios palestinos, bem como aos inúmeros atropelos de Israel às resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU), sublinhando o apoio ao direito inalienável do povo palestino à auto-determinação e ao retorno dos refugiados, como expresso no 9º Concut.
Destacando a identidade com a determinação do povo palestino em sua luta por soberania, João Felício manifestou a solidariedade da CUT contra a construção do muro que retalha o território árabe e em repúdio à multiplicação dos assentamentos de Israel e ao cerco ilegal e desumano à Faixa de Gaza.
Maren agradeceu o apoio e denunciou com inúmeros exemplos a política de terrorismo de Estado e segregação levada a cabo pelos sionistas, que mantêm mais de sete mil palestinos presos - entre eles adolescentes e crianças -, do roubo da maior parte da água e da quase totalidade das terras férteis por Israel e de todo tipo de arbitrariedades cometidas pelos ocupantes. A multiplicação dos check-points, as mais de 600 barreiras militares israelenses que tornam impossível a locomoção por terras palestinas, é uma entre tantas violações que transformam trajetos de minutos numa verdadeira odisseia.
A ativista sublinhou o significado da solidariedade da CUT e de todo o povo brasileiro contra o muro segregacionista erguido por Israel, bem como suas políticas “que lembram o regime nazista”. “A mesma empresa que constroi o muro do apartheid contra os palestinos, informou, é a que ergue a muralha que separa os Estados Unidos do México. Daí a importância de termos ações dos movimentos sindical e social articuladas internacionalmente”, frisou. Ela lembrou do êxito da mais recente campanha de boicote contra produtos made in Israel, que conseguiu chamar a atenção da opinião pública mundial ao bloquear importantes portos como o da África do Sul, Suécia, Noruega, Índia e até mesmo o de San Francisco, nos EUA.
O fato do Brasil se somar a um boicote a produtos israelenses – já que é o terceiro maior consumidor de armas de Israel e com algumas produções conjuntas no setor armamentista -, ponderou Maren, tende a fazer com que uma eventual adesão à campanha de boicote, desinvestimento e sanções contra o país sionista tenha grandes repercussões. “O regime israelense sente sempre quando é pressionado no bolso. É o dinheiro que o faz reagir. Daí a relevância de uma campanha de solidariedade que levante questões como a não-assinatura ou rompimento com os Tratados de Livre Comércio (TLCs) com Israel”.
A ativista italiana convidou a CUT a organizar uma delegação sindical para se fazer presente na Palestina no dia 30 de março de 2011, quando é lembrado o Dia da Terra – data em que houve um confisco massivo das terras mais férteis por Israel. Conforme Maren, o peso e a representatividade nacional e internacional da CUT tornam toda e qualquer ação da central brasileira em repúdio e condenação à política segregacionista israelense, “muito significativa”.
Ao final da reunião, João Felício disse que, com base nas novas informações e no agravamento da crise humanitária, a CUT vai ampliar a mobilização para o cancelamento do Acordo de Livre Comércio com Israel, bem como exigir o fim do comércio de armas com aquele país.
Ao mesmo tempo, o dirigente cutista defendeu que é hora de ampliar as relações bilaterais entre as organizações para que os trabalhadores e a sociedade brasileira se mantenham informados sobre a realidade da ocupação e em permanente luta contra a injustiça. Entre as propostas apresentadas, está a de que os professores brasileiros debatam durante um dia no ano sobre a situação desumana a que os palestinos vêm sendo submetidos.
“A delegação palestina, junto com a cubana, é sempre uma das mais aplaudidas nos congressos da CUT. Estreitar as relações com o povo palestino é um sentimento solidário que está muito presente na nossa base e na sociedade brasileira. Lutamos para que todos os povos do mundo tenham direito à sua soberania e auto-determinação, sem o que não há liberdade”, concluiu João Felício, aceitando o convite para visitar o país ocupado.
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