Produção cultural, eventos e festivais de música. Planejamento Estratégico e Operacional, Formação política, para sindicatos e ONGs
domingo, 30 de novembro de 2008
Movimentos Sociais entregam carta ao Presidente Lula
Presidente Lula,
Cumprimentamos o Governo Federal pela iniciativa de ouvir os
movimentos sociais e sindicais, populares, pastorais sociais e
entidades que atuamos organizando nosso povo, diante do grave quadro
de crise que já se faz sentir, e que tudo
leva a crer se
aprofundará sobre nossa economia, nossa sociedade e em especial sobre
o povo brasileiro.
Queremos aproveitar essa oportunidade para manifestar nossas propostas
concretas que o Governo Federal deve tomar para preservar, sobretudo,
os interesses do povo, e não apenas das empresas e do lucro do
capital.
O conjunto dessas propostas se insere no espírito geral, de que
devemos aproveitar a brecha da crise para mudar a política
macroeconômica de natureza neoliberal, e ir construindo um novo modelo
de desenvolvimento nacional, baseado em outros parâmetros, sobretudo
na distribuição de renda, na geração de emprego e no fortalecimento do
mercado interno.
Nossa preocupação fundamental é aproveitar para que nessa mudança se
logrem medidas concretas que visem melhorar as condições de vida de
nosso povo, garantindo os direitos à educação pública, gratuita,
democrática e de qualidade em todos níveis, à moradia digna, ao acesso
à cultura e às reformas urbana e agrária.
Infelizmente, a maioria do nosso povo não tem acesso a esses direitos
básicos. Sabemos que poderosos interesses dos capitalistas locais,
das empresas transnacionais e, sobretudo do sistema financeiro,
concentra cada vez mais riqueza, renda, e impedem que nosso povo
usufrua da riqueza por ele produzida.
Já estamos cansados de tanta dominação capitalista, e agora assistimos
às crises financeiras e à ofensiva dos interesses do império que
controla as riquezas naturais, minerais, a água, as sementes, o
petróleo, a energia e o resultado de nosso trabalho.
Diante disso, queremos apresentarlhe
algumas propostas concretas para
que possamos resolver, de fato, os problemas do povo, e impedir que de
novo as grandes empresas transnacionais e os bancos transfiram para o
povo o custo da crise:
Propostas de articulações internacionais:
1. Defendemos como resposta à crise o fortalecimento da estratégia
de integração regional, que se materializa a partir dos mecanismos
como: MERCOSUL, UNASUL e ALBA.
2. Apoiamos medidas como a substituição do dólar nas transações
comerciais por moedas locais, como recentemente fizeram Brasil e
Argentina, e sugerimos que esta medida deva ser adotada pelo conjunto
dos paises da América Latina.
3. Defendemos a consolidação o mais rápido possível do BANCO DO
SUL, como um agente que promova o desenvolvimento regional e que
auxilie o crescimento do mercado interno entre os paises da América
Latina e como um mecanismo de controle de nossas reservas, para
impedir a especulação dos bancos, do FMI, e dos interesses do capital
dos Estados Unidos.
4. Nós afirmamos que a atual crise econômica e financeira é de
responsabilidade dos países centrais e dos organismos dirigidos por
eles, como a OMC, o Banco Mundial e o FMI. Defendemos uma nova ordem
internacional, que respeite a soberania dos povos e nações.
5. Pedimos vosso empenho e compromisso pela retirada imediata de
todas as forças estrangeiras do Haiti. Nenhum país da América Latina
deve ter bases e presença militar estrangeira. Propomos, em seu
lugar, a constituição de um fundo internacional solidário para
reconstrução econômica e social daquele país. Apresentamos também
nossa oposição à reativação da Quarta Frota da Marinha de Guerra dos
Estados Unidos em águas da América Latina.
PROPOSTAS DE POLITICAS INTERNAS
1. Controlar e reduzir imediatamente as taxas de juros.
2. Impor um rigoroso controle da movimentação do capital financeiro
especulativo, instituindo quarentenas e impedindo o livre circular,
penalizando com elevados impostos suas ganâncias.
3. 3. Defendemos que todos os governos devem utilizar as riquezas
naturais, da energia, do petróleo, dos minérios, para criar fundos
solidários para investir na solução definitiva dos problemas do povo,
como direito ao emprego, educação, terra e moradia. Para isso, o
governo brasileiro precisa cancelar imediatamente o novo leilão do
petróleo, marcado para dia 18 de dezembro.
4. O governo federal deve revisar a política de manutenção do
superávit primário, que é uma velha e desgastada orientação do FMI um
dos responsáveis pela crise econômica internacional. E devemos usar
os recursos do superávit primário para fazer volumosos investimentos
governamentais, na construção de transporte publico e de moradias
populares para a baixa renda, dando assim uma grande valorização à
reforma urbana e agrária, incentivando a produção de alimentos pela
agricultura familiar e camponesa. É preciso investimentos maciços, na
construção de escolas, contratação de professores para universalizar o
acesso à educação de nossos jovens, em todos os níveis, em escolas
públicas, g p ratuitas e de qualidade.
5. Defendemos que o governo estabeleça metas para a abertura de
novos postos de empregos, a partir de um amplo programa de incentivo à
geração de empregos formais, em especial entre os jovens. Reajustar
imediatamente o salário mínimo e os benefícios da previdência social,
como principal forma de distribuição de renda entre os mais pobres.
6. Controlar os preços dos produtos agrícolas pagos aos pequenos
agricultores, implantando um massivo programa de garantia de compra de
alimentos, através da CONAB. Hoje, as empresas transnacionais que
controlam o comércio agrícola estão penalizando os agricultores,
reduzindo em 30%, em média os preços pagos do leite, do milho, dos
suínos e das aves. Mas, no supermercado, o preço continua subindo.
7. Revogar a Lei Kandir e voltar a ter imposto sobre as exportações
de matérias primas agrícolas e minerais, para que a população não seja
mais penalizada, para estimular sua exportação.
8. O governo federal não pode usar dinheiro público para subsidiar
e ajudar a salvar os bancos e empresas especuladoras, que sempre
ganharam muito dinheiro e agora, na crise querem transferir seu ônus
para toda sociedade. Quem sempre defendeu o mercado como seu
"deusregulador",
agora que assuma as conseqüências dele. Nesse
sentido os bancos públicos (BNDES, Caixa Econômica Federal e Banco do
Brasil) deveriam estar orientados não para socorrer o grande capital e
sim para o benefício de todos os povos.
9. Reduzir a jornada de trabalho, em todo o país e em todos os
setores, sem redução de salário, como uma das formas de aumentar as
vagas. E penalizar duramente as empresas que estão demitindo.
10. A mídia permanece concentrada nas mãos de poucos grupos
econômicos. Este quadro reforça a difusão de um pensamento único que
privilegia o lucro em detrimento das pessoas e exclui a visão dos
segmentos sociais e de suas organizações do debate publico. Para
reverter esta situação e colocar a mídia a serviço da sociedade, é
preciso ampliar o controle da população sobre as concessões de rádio e
TV, fortalecer a comunicação pública e garantir condições para o
funcionamento das rádios comunitárias, acabando com a repressão sobre
elas. Por tudo isso, é urgente que o governo federal convoque a
Conferencia Nacional de Comunicação.
11. Para garantir os territórios e a integridade física e cultural
dos povos indígenas e quilombolas como determina a Constituição, o
Governo Federal deve continuar demarcando as terras e efetivando a
desintrusão desses territórios em todo o país, sem ceder às crescentes
pressões dos setores antiindígenas – tanto políticos, como econômicos.
Na luta por seus direitos territoriais, os povos indígenas e
quilombolas têm enfrentado a violência e a discriminação cada vez mais
forte em todo o país. Chamamos especial atenção, nesse momento, para a
urgência de se demarcar as terras tradicionais do povo indígena
Guarani Kaiowá que vive no Mato Grosso do Sul. Atualmente, eles estão
confinados em ínfímas porções de terra e, principalmente por causa
disso, há um alto índice de suicídios entre o povo.
12. Realizar a auditoria integral da dívida pública para lançar as
bases técnicas e jurídicas para a renegociação soberana do seu
montante e do seu pagamento, considerando as dívidas histórica, social
e ambiental das quais o povo trabalhador é credor.
13. Defendemos uma reforma política que amplie os espaços de
participação do povo nas decisões políticas. Uma reforma não apenas
eleitoral, mas que amplie os instrumentos de democracia direta e
participativa.
14. Em tempos de crise, há uma investida predatória sobre os
recursos naturais como forma de acumulação fácil e rápida, por isso
não podemos aceitar as propostas irresponsáveis de mudanças na
legislação ambiental por parte dos representantes do agronegócio, que
pretende reduzir as áreas de reservas legais na Amazônia e as áreas de
encosta, topo de morros e várzeas no que resta da Mata Atlântica.
Propomos a criação de uma política de preservação e recuperação dos
biomas brasileiros.
15. Contra a criminalizacao da pobreza e dos movimentos sociais.
Pelo fim da violência e pelo livre direito de manifestação dos que
lutam em defesa dos direitos econômicos, sociais e culturais dos
povos.
Esperamos que o governo ajude a desencadear um amplo processo de
debate na sociedade, em todos os segmentos sociais, para que o povo
brasileiro perceba a gravidade da crise, se mobilize e lute por
mudanças.
Atenciosamente,
Via Campesina
Assembléia Popular – AP
Coordenação dos Movimentos Sociais – CMS
Grito dos Excluídos Continental
Grito dos Excluídos Brasil
Associação Nacional de Ong's – ABONG
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
Central Única dos Trabalhadores – CUT
União Nacional dos Estudantes – UNE
Marcha Mundial de Mulheres – MMM
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB
Central Geral dos Trabalhadores do Brasil – CGTB
Central de Movimentos Populares – CMP
Associação Brasileira de Imprensa – ABI
Confederação das Associações das C Associações de Moradores – CONAM
Caritas Brasileira
CNBB/Pastorais Sociais
Comissão Pastoral da Terra – CPT
Conselho Indigenista Missionário – CIMI
Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
Movimento das Mulheres Camponesas – MMC
União Brasileira de Mulheres – UBM
Coordenação Nacional de Entidades Negras – CONEN
Movimento dos Trabalhadores Desempregados – MTD
Movimento Trabalhadores Sem Teto – MTST
União Nacional Moradia Popular – UNMP
Confederação Nacional das Associações de Moradores – CONAM
Movimento Nacional de Luta por Moradia – MNLM
Ação Cidadania
Conselho Brasileiro de Solidariedade com Povos que Lutam pela Paz – CEBRAPAZ
Associação Brasileira de Rádios Comunitárias – ABRAÇO
Coletivo Brasil de Comunicação – INTERVOZES
Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais
Jubileu Sul Brasil
Movimento pela Libertação dos Sem Terras – MLST
União Estudantes Secundaristas – UBES
União Juventude Socialista – UJS
Evangélicos pela Justiça – EPJ
E
União nacional U de Entidades Negras – UNEGRO
Federação Estudantes de Agronomia do Brasil – FEAB
Pastoral da Juventude do Meio Rural – PJR
Associação dos Estudantes de Engenharia Florestal – ABEEF
Movimento dos Trabalhadores Desempregados – MTD
Confederação Nacional Trabalhadores Entidades de Ensino – CONTEE
Confederação Nacional Trabalhadores da Educação – CNTE
Confederação Nacional do Ramo Químico – CNQ/CUT
Federação Única dos Petroleiros – FUP
Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas – SINTAP/CUT
Associação Nacional de Pósgraduandos
– ANPG
Confederação Nacional dos Metalúrgicos – CNM/CUT
Movimento Camponês Popular – MCP
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB
Conselho Indigenista de Roraima – CIR
Federação Trabalhadores Metalúrgicos do Rio Grande do Sul
Ação Franciscana de Ecologia e Solidariedade
Instituto Nacional Estudos Sócioeconômicos
INESC
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