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terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Lula, o filho do Brasil
Athos ronaldo Miralha da Cunha
Como nos últimos tempos virei um twitteiro de marca menor. Vivo raciocinando em 140 caracteres. E isso é um problema. Exercitamos o poder da síntese, mas quando desejamos algo mais, poderemos patinar além da vigésima sétima palavra.
Então, ao sair da sala de cinema após ter assistido “Lula, o filho do Brasil” formei a seguinte frase para resumir uma opinião, acerca do longa, no twitter “quem é apaixonado... chora. Quem admira... gosta. Quem odeia... torce o nariz. Gostei.”
Assim sendo, tenho que explicar porque gostei. Sou um admirador de Lula, pela sua trajetória, de onde veio e onde conseguiu chegar. Lula é uma exceção, um predestinado. Não sou um fã incondicional, reconheço os programas de inclusão social, bem como critico o que está ainda a desejar no seu governo. Lula e seu governo não são a perfeição absoluta. Mas isso é outra análise.
Voltando ao filme. É bom porque retrata a saga de uma família em busca de melhores dias. É bom porque tem plasticidade, tem história e não vemos uma ode ao cara... uma idolatria. Devemos lembrar que é baseado em fatos reais, assim, tem um jeitinho para tornar o sindicalista romântico. Lula não é indeciso. É certeiro. Sua conduta é ilibada. Nós gaúchos somos racionais, pouco emotivos e desconfiados. Talvez o filme não provoque sentimentos que nos induza a retribuir nas urnas no próximo pleito. Mas acredito que no nordeste do Brasil haverá mais soluços no cinema e o culto ao herói será mais visível.
Havia lido que a cena do Lula falando – com os devidos “s” – e a galera repetindo para os demais era muito bonita. E é. A outra cena era de que diante da morte de um “patrão” pelos trabalhadores em greve, a reação de Lula não foi bem a retratada. Isso foi o que li antes, mas um dado me chamou atenção. A filha Lurian, que nasceu após a morte da primeira esposa e antes do casamento com Marisa, não é contada. Então, nesse momento, o diretor peca por omissão. Existe uma filha. Existe um homem viúvo em busca de uma vida nova.
Como tenho um amigo que viu o filme e enxergou propaganda explícita para o PT, entrei no cinema com esse sentimento. Não foi o que vi. Acho que a película acaba no momento certo, “minutos” antes da fundação do Partido dos Trabalhadores. Ficou de bom tamanho. Caso contrário nem nós, os racionais e insensíveis, perdoaríamos. Fiquei com a impressão que uma versão de “Lula, o filho do Brasil” será mais fidedigna após a sua morte. E que seja daqui a 40 anos ou mais.
Acho que consegui dizer que gostei do filme. Ou não?
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