Escrito por Nathaniel Braia/HP
Drenagem em benefício dos bancos é rechaçada no 1º de Maio da Grécia
“Fora a Delegação do FMI” e “Tirem as mãos dos nossos direitos”, eram algumas das palavras de ordem entoadas por mais de meio milhão de manifestantes gregos que ocuparam as ruas de 75 cidades por toda a Grécia durante o 1º de Maio.
As Centrais PAME, GSEE e ADEDY (do setor público) convocaram as manifestações. Em Atenas mais de cem mil cercaram o parlamento e o Ministério das Finanças. O Ministério do Trabalho foi ocupado por trabalhadores.
A revolta pelos cortes de empregos, salários, pensões, benefícios e investimentos sociais anunciados pelo governo de Georges Papandreous para atender a ingerência do FMI, Banco Central Europeu e da primeira-ministra alemã, Ângela Merkel (todos condicionam a concessão do empréstimo para pagar os bancos aos decretos de arrocho), gerou choques com a polícia. Populares usaram porretes, mastros de bandeiras, barricadas e coquetéis Molotov no enfrentamento. Houve feridos entre os manifestantes e a polícia que informou de ferimentos em sete dos seus. Também em Tessalônica, parte dos protestos levaram a enfrentamentos com a polícia e ataques a bancos.
GREVE GERAL
Os trabalhadores gregos resistem com greves gerais, de funcionários públicos, setoriais, tratoraços, atos estudantis e manifestações por todo o país. As centrais sindicais aproveitaram as concentrações do 1º de Maio para convocar nova greve geral para o dia 5. “Vamos levar adiante uma luta massiva, organizada e de longo termo contra estas medidas pois elas só podem levar a uma depressão muito severa e a catapultar o desemprego”, declarou o presidente da GSEE, Ioannis Panagopoulos. O representante da ADEDY no ato de Atenas proclamou: “Os manifestantes protestam contra a medidas anunciadas pelo governo que está se transformando numa ‘Junta do FMI’ e não vamos parar por aqui”.
O Partido Comunista da Grécia condenou “a eliminação dos contratos coletivos de trabalho, a subversão dos direitos de aposentadoria, os drásticos cortes de benefícios conquistados com duras lutas, abolição dos salários mínimos e das restrições às demissões em massa”.
Assim que o FMI e o governo anunciaram a assinatura do acordo, os pilotos da Força Aérea da Grécia protestaram recusando-se a participar de vôos de um treinamento. Os cortes incluem a extinção de um abono bianual aos pilotos.
Os atos da Grécia repercutiram pela Europa. Falando para uma multidão reunida em Trafalgar Square, Londres, a secretária para a Região Sudoeste da Central de Sindicatos (TUC, sigla em inglês) Megan Dobney estimulou as lutas contra as medidas recessivas e anti-trabalhistas do governo inglês e expressou sua solidariedade com os trabalhadores gregos. “Celebramos a vitória da CWU (Sindicato dos Trabalhadores em Comunicação que acabam de fechar um acordo de melhora de salários e aposentadorias) e levamos a nossa solidariedade aos trabalhadores na Grécia”.
ODISSEIA
O primeiro-ministro recém-eleito, Papandreous, que havia anunciado medidas de combate à recessão que seu antecessor, o neoliberal Karamanlis, havia mergulhado o país, dá sinais de que entrou em parafuso. Após assinar o acordo com o FMI passando a este a supervisão das finanças gregas, na convenientemente distante e luxuosa ilha de Kastelorizo, afirmou que “o helenismo começa uma nova Odisséia”.
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