Escrito por Ag. CUT Leonardo Severo | |
Cerca de três mil lideranças sindicais, estudantis, femininas e comunitárias aprovaram por aclamação o projeto "nacional e popular" que aponta para a "construção de um Brasil soberano, justo, democrático e desenvolvido". Cerca de três mil lideranças sindicais, estudantis, femininas e comunitárias se reuniram em assembleia da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) nesta segunda-feira (31 de maio) na quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo, onde aprovaram por aclamação o projeto "nacional e popular" que aponta para a "construção de um Brasil soberano, justo, democrático e desenvolvido". "Essa Assembleia é uma forte, uma contundente demonstração de unidade dos movimentos populares do campo e da cidade que enviam um recado bastante claro: queremos consolidar as mudanças dos últimos anos, ampliar as conquistas, avançar nas mudanças que ainda faltam e impedir qualquer retrocesso", explica Antonio Carlos Spis, membro da CUT e da CMS. Conforme o veterano líder petroleiro, "neste confronto de projetos antagônicos, assumimos plenamente o nosso lado com o compromisso de varrer o passado e construir o futuro, dando vez e voz às amplas maiorias sufocadas pela exclusão". Na avaliação do presidente da CUT, Artur Henrique, foi "uma assembleia histórica, que envolveu e mobilizou a riqueza da diversidade dos trabalhadores do campo e da cidade, do setor público e privado, de homens e mulheres, jovens e idosos para afirmar um projeto nacional, democrático e popular que contempla questões fundamentais como a reforma agrária, a luta pela moradia popular, a garantia dos recursos do pré-sal para o povo brasileiro e a igualdade de oportunidades". Unificação Conforme Artur, o debate amplo e fraterno realizado no seio da Coordenação dos Movimentos Sociais, que congrega 28 entidades, qualifica a contribuição para a disputa de projetos que vai marcar as eleições deste ano. "Eles querem voltar a comandar o país para fazer o que já fizeram nos tempos de FHC e o que fizeram por mais de 20 anos no Estado de São Paulo com o governo da privatização, dos pedágios, dos presídios e da paulada nos professores e nos movimentos sociais. O nosso projeto é outro, é democrático-popular. Com o presidente Lula, garantimos o aumento do salário mínimo e programas de inclusão como o Luz Para Todos, os territórios da cidadania, o Bolsa Família, que valorizam o trabalhador, que fortalecem políticas de geração de emprego e renda. Daí a nossa responsabilidade de impedir o retrocesso em 2010", enfatizou. Saudando cada um dos construtores do evento de "extrema riqueza e diversidade", o presidente cutista conclamou a todos para seguirem firmes no combate. "Precisamos fortalecer nossa unidade de ação, pois a crise que vem de fora não é só econômica ou financeira, mas ganha dimensões ambientais, agrárias, alimentares e energéticas. Originada nos EUA, ela atinge hoje a Grécia, Espanha, Itália, afetando o salário, o emprego e os direitos. Com nossa mobilização, o Brasil está mostrando ao mundo que outro modelo é possível, que o desenvolvimento é possível", sublinhou. Artur lembrou que a direita não conta com movimento social, mas "tem os meios de comunicação para fazer a disputa pelo seu projeto político", o que amplia a responsabilidade de cada um e cada uma dos presentes no confronto com a reação. "Esta mesma CMS que saiu às ruas para defender o projeto diante das ameaças golpistas agora tem um desafio grande: eleger uma mulher para a Presidência da República", sublinhou. Representando a Marcha Mundial das Mulheres, Sônia Coelho conclamou os presentes a batalhar com o mesmo empenho com que enterraram a Alca a derrotar a irracionalidade "que se sustenta no monopólio dos meios de comunicação para ditar modelos e impor comportamentos, que afirmam o lucro e a ganância sobre a sustentabilidade da vida humana, que defende a lógica do superávit primário e dos juros altos, que valoriza o latifúndio improdutivo em detrimento da agricultura familiar, que quer o Estado beneficiando bancos e transnacionais, que assenta seus pilares na violência contra a mulher, os jovens e os negros, que criminaliza os movimentos sociais". O presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Yann Evanovick, defendeu ações governamentais como o ProUNE, que garantiram mais de 400 mil jovens dentro das universidades, a duplicação do número de Cefets (Escolas Técnicas Federais) e a abertura de mais de 600 mil empregos para os jovens. "A política do antigo governo era construir reformatório, a deste é construir escolas e universidades", ressaltou. Em nome da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dantas de Olveira (Bira), conclamou o plenário a se manifestar "em repúdio ao covarde e criminoso ataque realizado pelo exército de Israel contra a frota da paz que se dirigia com ajuda humanitária até a Faixa de Gaza, onde entregaria remédios e alimentos aos palestinos". Até o momento, o ataque, que atingiu seis navios na madrugada de segunda-feira, deixou mais de uma dezena de mortos e pelo menos 38 feridos. Solidariedade Além da moção de apoio ao povo palestino, foi aprovada uma "mensagem de solidariedade ao povo cubano", em que os movimentos sociais denunciam que os meios de comunicação vêm ecoando as investidas do imperialismo, "destilando toda a sorte de mentiras e calúnias contra Cuba, ao mesmo tempo em que se calam diante dos horrores e dos crimes cometidos todos os dias contra os direitos humanos, a paz e a soberania dos povos". O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas, frisou que assim como Israel sequer reconhece que dispõe de armas nucleares – embora tenha comprovadamente tentado negociá-las com o então regime de apartheid – os Estados Unidos não abrem mão da sua política de agressão contra os povos do mundo. "A intransigência frente ao acordo com o Irã intermediado pelo governo brasileiro, apontou, é uma demonstração cabal de uma postura belicista. No Brasil, defendeu Chagas, a prioridade é barrar a agenda do passado, do retrocesso, das privatizações, do entreguismo, derrotar os barões da comunicação, defender o pré-sal e retomar o monopólio público do petróleo". Membro da direção nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), João Paulo Rodrigues fez um pronunciamento enfático pela construção de um calendário de mobilização e de luta para enterrar de vez o neoliberalismo: "todos aqui querem derrotar os tucanos no Brasil". João Paulo realçou a necessidade de cerrar fileiras pelas riquezas do pré-sal para o povo brasileiro e sublinhou que o compromisso com o desenvolvimento da Pátria está vinculado ao amor pela Humanidade, defendendo solidariamente Cuba, Bolívia, Equador, Venezuela e Palestina. O coordenador geral da Unegro (União de Negros pela Igualdade), Edson França, citou inúmeros exemplos racistas esboçados por parlamentares do DEM e do PSDB "que têm se posicionado contra as cotas nas universidades". "O senador Heráclito Fortes foi contra até mesmo o feriado de Zumbi", denunciou. Destacando os inúmeros avanços conquistados a partir da unidade das centrais sindicais, o presidente da Força Sindical e deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT), lembrou que embora os movimentos sociais não tenham a Rede Globo, contam com a militância para derrotar o candidato que instituiu em São Paulo o "Pior Salário Do Brasil" e que, se eleito, "vai querer tirar direitos dos trabalhadores como FGTS e férias". Mudanças O documento aprovado pela plenária destacou que o Estado foi fortalecido no último período, "alcançando maior ritmo de desenvolvimento", "a distribuição de renda e o progresso social avançaram com a valorização do salário mínimo, das políticas sociais e a integração solidária do continente foi estimulada", porém, "muito mais há para ser feito". "Defendemos mudanças na política econômica, com redução dos juros e do elevado superávit primário, para que o país transite para um novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. Estas mudanças são fundamentais para contribuir com o fortalecimento e a ampliação dos programas sociais, investimentos em infraestrutura, saúde, educação, habitação, saneamento, energia, transporte público, geração de emprego e distribuição de renda. Sabemos que enquanto não resolvermos a grave desigualdade social motivada pela enorme concentração de renda e riquezas em nosso país não avançaremos na constituição de um Brasil democrático". Para a presidenta do Sindicato dos Bancários e anfitriã do evento, Juvandia Moreira Leite, há uma profunda sintonia com a pauta aprovada pela CMS, "pois ela atende aos nossos anseios e desejos de lutar e conquistar uma sociedade mais justa e igualitária". Entre outras lideranças se fizeram presentes o professor Eduardo de Oliveira, presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB); Lidia Correa, da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB); João Moraes, coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e Bartiria Costa, presidente da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam). |
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quarta-feira, 2 de junho de 2010
CMS aprova Projeto Nacional e Popular
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