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segunda-feira, 18 de abril de 2011

A água enlameada e contaminada das privatizações



                        São quatro as multinacionais que controlam o cartel das privatizações da água no mundo. Elas são associadas a um grupo considerável de grandes trustes que apostam na água como uma mercadoria tão ou mais importante que o petróleo.
                        O Cartel que busca a privatização da distribuição da água no Brasil é composto por empresas conhecidas do grande público: o grupo francês Vivend está associado a Dominó Holdings S.A., que compõe com a Andrade Gutierres, com o Banco Mundial, o Banco Oportunity(aquele do escândalo do mensalão) – ligado ao City Bank – e a Copel Participações. A Águas do Brasil, subsidiária da Odebrecht, que pretende atuar na nossa região, também participa do Cartel das águas.
                        Quando o leitor ouvir falar em privatização da distribuição em Santa Cruz e Rio Pardo, pode associar esse processo a esse Cartel.
                        Somente Inglaterra e França tem água privatizada na Europa. Em Paris o Prefeito está exigindo a devolução porque as tarifas penalizam a população.
                        No Paraná o governo do Estado vendeu 39,71% das ações da Sanepar para o Cartel citado. Isso foi um desatino. O Governador Requião, recentemente, teve que reaver na justiça porque a população não suportava as tarifas.
                        No Brasil, nos municípios que privatizaram, o usuário vive um inferno. A diferença de tarifa chega a 2.600%. Em Campos-MG(onde o Cartel domina) a distribuição custa cinco vezes mais que os municípios vizinhos de água pública. No município de Embak-MG a administração não cobra a distribuição.
                        Em Carandaí-MG existem dois bairros com todos os encanamentos instalados, mas a distribuição não acontece porque a empresa entende que não há retorno financeiro.
                        A SUEZ(pertencente ao cartel das águas) tem a concessão da distribuição na capital da África do Sul, Joanesburgo. Lá a empresa instalou torneiras nos bairros pobres, em vez de instalações nas residências. Mas os usuários só podem abrir as torneiras depois de comprar um cartão pré-pago, tal qual a telefonia.
                        Com o tempo assistiremos a rarefação da água, não pela quantidade, mas pela qualidade. Há milhões de anos que a quantidade de água no mundo é a mesma. Esse marketing de melhorar a qualidade com a privatização é falso, tal qual o marketing sobre a água mineral. Essa não é potável e só a propaganda cria a ilusão que ela é melhor que a potável.
                        Transformar a água numa mercadoria significa mercantilizar a vida. Trata-se, também, de privatizar o poder político. Como vamos confiar as decisões sobre a vida a indivíduos privados? Essa sanha de privatizações tem como palco os cofres dos cartéis que disputam mercadorias com liquidez segura.
                        Na Itália mais de um milhão e meio de assinaturas em abaixo assinado contra a privatização. Em todo o mundo há fortes movimentos pela água pública. Em Manaus a Suez protagonizou uma CPI por causa dos danos à população.
                        As prefeituras que patrocinam a privatização estão longe do conceito republicano de democracia. Se inserem nesse contexto internacional insano do lucro à custa da vida.
                        Os valores em defesa da vida exigem a água fora do mercado, o mercado fora das águas. Como disse Charles Chaplin: “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios.”

                                                                                   Luiz Augusto Rodrigues
                                                                                              advogado
                                                                                luizaugustorp@hotmail.com

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