Produção cultural, eventos e festivais de música. Planejamento Estratégico e Operacional, Formação política, para sindicatos e ONGs
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
SHANA MÜLLER APRESENTA SUA MÚSICA NO PROGRAMA GALPÃO NATIVO
A cantora ainda participa do Rodeio Internacional de Vacaria neste final de semana
A cantora nativista Shana Müller participará do programa Galpão Nativo, da TVE, neste domingo, dia 31 de janeiro. A presença acontece em decorrência do lançamento de seu novo trabalho 'Brinco de Princesa'.
Shana pertence ao cenário musical tradicionalista desde os oito anos de idade. Em 2004, lançou o álbum de estreia solo 'Gaúcha'. Em 2006, seu trabalho de intérprete seguiu-se com o CD 'Firmando o Passo'. Reconhecida no Estado e em países da América Latina, por mais de uma oportunidade, a cantora esteve no palco com grandes nomes da música, como Luiz Carlos Borges e Mercedes Sosa.
Neste final de semana, a cantora fará o primeiro show desde o lançamento de seu novo trabalho, 'Brinco de Princesa', no rodeio Internacional de Vacaria. O álbum pode ser encontrado nas melhores lojas da área, em Porto Alegre e no Interior, por R$ 11,90. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (51) 3012.6810 e (51) 3372.5179.
Biografia e discografia
Shana Müller começou a cantar aos 8 anos de idade. Seus primeiros passos na música regional gaúcha foram dados a partir da gravação de “Vitória-régia”, com o cantor Wilson Paim. Em 2004 Shana estreou carreira solo, lançando o CD “Gaúcha” (Usa Discos). Com músicas da linha campeira rio-grandense e do folclore latino-americano, o disco traz canções como “Um Vistaço na tropa”, “Soy el chamamé”, “Do Fundo da alma”, entre outras. Em 2006, lançou seu segundo trabalho, intitulado “Firmando o passo” (Usa Discos), dando continuidade a proposta da mulher gaúcha interpretando o repertório de canções bem regionais. Este trabalho recebeu a indicação ao Prêmio Açorianos de Música na categoria Melhor Disco Regional no ano de 2007.
A cantora já levou seu show por diversas vezes a Argentina, onde também esteve ao lado de músicos como Luiz Carlos Borges e Yamandú Costa; participou do Festival Nacional de Folclore de Cosquin, Festival Nacional de Chamamé de Corrientes, além de apresentações na Província de Neuquen, no mesmo país.
Além dos seus discos, a cantora registra, ainda, algumas participações em festivais nativistas, como o primeiro lugar na Linha de Manifestação Rio-grandense do 21º Reponte da Canção, de São Lourenço do Sul, ao defender a música “Até Morrer” ao lado de Ernesto Fagundes; e o terceiro lugar na 8A. Sentinela da Canção (2007), de Caçapava do Sul.
Em 2007 recebeu a premiação de Melhor Intérprete na 4ª edição da Aldeia da Música do Mercosul, em Gravataí; Melhor Intérprete e 10º lugar no Festival Um Canto Para Martin Fierro, de Santana do Livramento; Melhor intérprete na 4ª edição Galponeira de Bagé (em 2008); além de ter participado da música vencedora da Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana e do Carijo do Canto Gaúcho, ao lado do Grupo Buenas e M’espalho do qual é integrante. No mês de junho de 2009, recebeu em Brasília no 1º. Festival Pampa e Cerrado, a Premiação de Melhor Intérprete. Ainda em 2009, recebeu o Troféu Mercedes Sosa da 23ª edição do Musicanto de Santa Rosa como Melhor Intérprete.
INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA:
Adriano Cescani e Robledo Milani
Phosphoros Novas Ideias
Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil
(51) 3012.6810 – (51) 8184.1561
phosphoros@phosphoros.com.br – www.phosphoros.com.br/dreamland
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Haiti: EUA desmancharam produção e agora doam arroz ao país
Porque os Estados Unidos devem milhares de milhões ao Haiti? Collin Powell, ex-secretário de Estado dos EUA, afirmou que a sua visão de política externa é como “a regra da loja de louças”. Ou seja, “se partes, pagas”. Os EUA têm-se esforçado por partir o Haiti há mais de 200 anos. O país está em dívida para com o Haiti. Não é caridade. Está em dívida por uma questão de justiça. Compensações. E também não são os 100 milhões prometidos pelo presidente Obama. Os EUA devem milhares de milhões ao Haiti - com M grande.
Os EUA têm-se esforçado por estragar o Haiti há séculos. Usaram o Haiti como uma plantação. Ajudaram a sangrar o país economicamente desde que ele se libertou, invadiram-no repetidamente, apoiaram ditadores que abusaram do povo, usaram o país como uma lixeira, para vantagem econômica própria, arruinando as estradas e a agricultura e derrubaram titulares de cargos eleitos popularmente. Os EUA usaram até o Haiti como um velho dono de plantação e esgueiraram-se até lá repetidamente para recreação sexual.
Eis a mais breve história de alguns dos maiores esforços para estragar o Haiti. Em 1840, quando o Haiti conseguiu libertar-se da França na primeira revolução de escravos bem sucedida no mundo, os EUA recusaram-se a reconhecer o país. Os EUA continuaram a recusar o reconhecimento do Haiti por mais 60 anos. Por quê? Porque continuaram a escravizar milhões dos seus próprios cidadãos e temiam que reconhecer o Haiti pudesse encorajar uma revolução de escravos nos EUA.
Depois da revolução de 1840, o Haiti foi sujeito a um embargo econômico mutilador pela França e pelos EUA. As sanções dos EUA duraram até 1863. A França acabou por usar o seu poder militar para forçar o Haiti a pagar compensações pelos escravos que eram libertados. As compensações foram de 150 milhões de francos. A França vendeu todo o território da Luisiana aos EUA por 80 milhões de francos. O Haiti foi forçado a pedir dinheiro emprestado a bancos da França e dos EUA para pagar compensações à França. Um grande empréstimo dos EUA para pagar aos franceses foi finalmente liquidado em 1947. O valor corrente do dinheiro que o Haiti foi forçado a apagar aos bancos de França e EUA?
Mais de 20 milhares de milhões - com M grande. Os EUA ocuparam e governaram o Haiti pela força de 1915 a 1934. O presidente Woodrow Wilson enviou tropas para invadir o país em 1915. Revoltas de haitianos foram abatidas pelo exército dos EUA - matando mais de 2000 numa só escaramuça. Durante os dezenove anos seguintes os EUA controlaram as alfândegas no Haiti, recolheram impostos, e dirigiram muitas instituições governamentais. De 1957 a 1986, o Haiti foi forçado a viver sob os ditadores apoiados pelos EUA “Papa Doc” e “Baby Doc” Duvalier. Os EUA apoiaram estes ditadores econômica e militarmente porque faziam o que os EUA queriam e eram politicamente anti-comunistas - agora traduzível por ser contra os direitos humanos do seu povo. Duvalier roubou milhões do Haiti e acumulou centenas de milhões em dívida que o Haiti ainda tem. Estimativas apontam para que o Haiti tenha 1,3 bilhão em dívida externa e que 40% dessa dívida tenha sido acumulada pelos Duvalier apoiados pelos EUA.
Há 30 anos o Haiti não importava arroz. Hoje o Haiti importa quase todo o seu arroz. Embora o Haiti fosse a capital da cultura de cana das Caraíbas, hoje importa açúcar também. Por quê? As organizações financeiras mundiais dos EUA e dominadas pelos EUA - o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial - forçaram o Haiti a abrir os seus mercados ao mundo. Então os EUA despejaram milhões de toneladas de arroz e açúcar subsidiados no Haiti - rebaixando os preços dos lavradores e arruinando a agricultura do país.
Ao fazê-lo, os EUA forçaram o Haiti a ser o terceiro maior mercado de arroz dos EUA. Bom para os EUA, mau para o Haiti. Em 2002 os EUA retiveram centenas de milhões de dólares de empréstimos ao Haiti que deviam ser usados, entre outros projetos públicos, com educação, estradas. São estas mesmas estradas que as equipes de salvamento têm tido tantos problemas em cruzar agora.
Em 2004 os EUA de novo destruíram a democracia no Haiti quando apoiaram o golpe contra Aristide, o presidente eleito do país. As grandes empresas dos EUA têm vindo a emparceirar ao longo de anos com a elite haitiana para dirigir fábricas escravizantes onde fervilham dezenas de milhares de haitianos que ganham menos de 2 dólares por dia. O povo haitiano tem resistido ao poder econômico e militar dos EUA e doutros logo desde a independência. Os haitianos também cometeram os seus erros. Mas o poder dos EUA forçou os haitianos a pagar preços elevados - mortes, dívida e abusos. É tempo de o povo dos EUA se juntar aos haitianos e inverter o curso das relações EUA-Haiti.
Essa breve história mostra porque razão os EUA devem bilhões ao Haiti. Isto não é caridade. Isto é justiça. Isto são compensações. A crise corrente é uma oportunidade para o povo nos EUA se assumir como tendo de pagar pela história de dominação do Haiti e para dar uma resposta verdadeiramente justa. Autor: Bill Quigley - Diretor do Center for Constitutional Rights e professor de Direito na Loyola University de Nova Orleans. É um sobrevivente do Katrina e tem estado ativo pelos direitos humanos no Haiti ao longo de anos no Institute for Justice and Democracy no Haiti.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Investimento em pesquisa no Brasil é um dos mais altos, apontam EUA.
O Brasil é um dos países em que os investimentos em pesquisa e desenvolvimento mais crescem no mundo, afirma o Conselho de Ciência e Engenharia dos Estados Unidos, que acaba de soltar o seu relatório bianual.
O foco central do relatório são os Estados Unidos, mas, quando são feitas comparações internacionais, o Brasil aparece bem algumas vezes, como na expansão nos investimento em pesquisa, calculada em 10% anuais. O destaque entre os emergentes, porém, é a China, com uma taxa de crescimento da ordem de 20%. O desempenho brasileiro também é positivo no número de publicações de artigos em revistas acadêmicas internacionais. "Ciência e tecnologia não são mais uma província das nações desenvolvidas", conclui o relatório. "Elas se tornaram mais democráticas."
Os investimentos mundiais em ciência em tecnologia são calculados em US$ 1,1 trilhão em 2007, ano mais recente com dados disponíveis, o que equivale ao dobro dos US$ 525 bilhões observados em 1996. "A cada 11 anos, os investimentos em pesquisa e desenvolvimentos duplicam", afirma o relatório. O Brasil tem apenas uma fração desse valor, com investimentos calculados em US$ 13 bilhões em 2006. Os Estados Unidos mantêm a dianteira no ranking de investimentos, com US$ 369 bilhões; o Japão vem em seguida; com US$ 148 bilhões; e, na terceira posição, aparece a China, com US$ 102 bilhões.
Os dados sobre investimento em pesquisa são coletados pela OCDE, o clube dos países ricos, e incluem apenas os seus membros e alguns países selecionados. O Brasil, que não é sócio da OCDE, não está nas estatísticas. Mas o relatório usa dados coletados pela Unesco, organismo das Nações Unidas para cultura e educação, para mostrar que o Brasil está se tornando mais importante na área de pesquisa e desenvolvimento.
"Índia e Brasil estão entre os países com o melhor desempenho, ainda que não façam parte das estatísticas oficiais", afirma o relatório, que diz que os dois países dobraram o volume de investimentos desde meados de 1990. "Brasil e a Índia estão entre os 15 maiores países que mais investem em pesquisa e desenvolvimento."
Apesar de seu rápido crescimento, a China ainda tem uma relação entre investimento e o Produto Interno Bruto (PIB) relativamente pequena, de apenas 1,49%. Especialistas costumam citar como nível desejável percentuais acima de 3% do PIB, diz o conselho americano de ciência e tecnologia . Os Estados Unidos estão muito próximos disso (2,69%) e o Japão supera esse percentual (3,44%). O relatório não calcula o percentual do Brasil.
As empresas privadas respondem pela maior parte dos investimentos em ciência e tecnologia. Nos Estados Unidos, sua participação é de 72%. As empresas multinacionais americanas investiram US$ 31,1 bilhões em pesquisas em tecnologia fora dos Estados Unidos em 2006. A Alemanha é o país que mais recebe investimentos das multinacionais americanas, com US$ 4,919 bilhões. O Brasil recebeu US$ 571 milhões em investimentos em pesquisa das multinacionais americanas, à frente da Índia (US$ 310 milhões), mas atrás da China (US$ 804 milhões).
A maior parte dos investimentos de multinacionais americanas no Brasil vai para o setor de transportes e equipamentos, no qual está a indústria automobilística, com 53% dos investimentos. Depois vêm o setor químico (24%) e indústria de máquinas (8,4%).
O Brasil teve, em 2007, 11.885 artigos publicados em revistas acadêmicas, bem acima dos 3.436 de 1995. "O Brasil teve a maior taxa de crescimento na América Latina entre os países que produzem mais de mil artigos por ano, com crescimento de 10,9%, seguido de México (6,7%), Chile (5,8%) e Argentina (4,8%)", diz o relatório.
Os brasileiros também têm, cada vez mais, escrito artigos em conjunto com argentinos. Normalmente, pesquisadores de países emergentes se associam a pesquisadores de países desenvolvidos, onde a infraestrutura de pesquisa costuma ser melhor. Mas o relatório do comitê americano de ciência e engenharia identifica uma tendência crescente de colaborações entre países vizinhos.
No relatório é calculado um índice de colaborações de artigos entre pesquisadores de diferentes países. Valores abaixo de 1 significam colaboração pequena. Os EUA e o Brasil têm um indicador conjunto de 0,88, enquanto os americanos têm um indicador de 1,03 com o México. Valores acima de 1 significam forte colaboração. Brasil e Argentina têm índice de 5,32, o maior do mundo.
http://www.pt.org.br/portalpt/noticias/internacional-1/investimento-em-pesquisa-no-brasil-e-um-dos-mais-altos-apontam-eua-2830.html
sábado, 23 de janeiro de 2010
REALIZADA TRIAGEM DO 26° REPONTE DA CANÇÃO
Os jurados do 26° Reponte da Canção concluíram nesta sexta-feira, 22, a triagem dos trabalhos inscritos. Foram apresentadas quase 600 obras nas linhas Campeira e Livre, oriundas em sua maioria do nosso Estado. Entretanto houve concorrentes de outros estados do Brasil, do Uruguai e da Argentina. Paralelamente, foram selecionadas também as 10 músicas das inscritas no 18° Pérola Em Canto, que ocorrerá juntamente com a 26ª edição do Reponte. Para o 26º Reponte foram selecionadas 14 músicas, sendo 7 em cada linha (Vide anexo). Os jurados Paulinho Pires, Rodrigo Bauer e Silvério Barcellos da linha Campeira e Ivo Ladislau, Martim Cesar e o lourenciano Jorge Xavier na linha Livre estarão de volta quando da realização do evento, de 11 a 14 de março de 2010, quando acontecerá a apresentação das músicas selecionadas, para apontar as canções premiadas. Depois do sucesso das últimas edições, a Comissão Organizadora entende que o grande número de trabalhos inscritos, endossa a opinião de que o Reponte é hoje um dos grandes festivais nativistas do Estado, com as portas abertas também aos artistas da Grande Pampa. Shows de excelente qualidade ocorrerão durante a realização do Reponte 2010, dente eles Rui Biriva, Cristiano Quevedo, Aluisio Rockemback, Fernando Saalfeld, Sérgio Rojas, Grupo Tarancón, Cadica Danças, bem como a realização do Encontro de Invernadas, para realização do V São Lourenço em Dança. O Galpão Crioulo do Camping da Lagoa sediará as apresentações programadas.
Comissão Organizadora do 26° Reponte da Canção de São Lourenço do Sul
CLASSIFICADAS
Linha Campeira
-Por Mãos de Guitarreiros (Pelotas/ São Gabriel) Zamba
Letra: Otávio Severo e Adriano S. Alves
Música: André Teixeira
-Os Meus Oveiros Andantes (Bagé) Milonga
Letra: Lisandro Amaral
Música: Lisandro Amaral e Guilherme Collares
-Divisa (São Luiz Gonzaga/ Porto Alegre) Chacarera
Letra: Binho Pires
Música: Erlon Péricles
-Eu Sou Cantor (Santana do Livramento) Rasguido Doble
Letra: Rogério Ávila
Música: Leonel Gomez
-Conversa de Carreteiro (Porto Alegre) Milonga
Letra: Aureliano de Figueiredo Pinto (em memória)
Música: Airton Pimentel
-Seu Espinho e Flor de Tuna (Uma Fábula de Amor no Campo) Toada
(Lavras do Sul/ Candiota)
Letra: Gujo Teixeira
Música: Cristian Camargo
-El Vaciador (Pelotas/ Santana do Livramento) Polca
Letra: Chistian Davesac
Música: Juliano Moreno e Daniel Cavalheiro
SUPLENTES
-1- A Sombra de Um Taura (Arroio Grande/ Porto Alegre) Milonga
Letra: Cauê Machado e Fábio Maciel
Música: Zé Renato Daudt
-2- Primaveril (Alegrete/ Porto Alegre) Rasguido Doble
Letra: Zeca Alves
Música: Carlos Madruga
SUPLENTES - ESPANHOL
Vida de Campo (Brasília/ Pelotas) Chacarera
Letra: Jorge Frederico Duarte Webber
Música: Maicon Gonzalez
Linha Livre
-Essas Casas (Pelotas/ Porto Alegre) Toada
Letra: Álvaro Barcellos
Música: Marco Aurelio Vasconcellos
-Navio Negreiro (Tramandai) Afro
Letra: Chico Saga
Música: Mário Tressoldi e Nilton Junior
-Cantores da Praça (Santana do Livramento) Milonga Estilo
Letra/ Música: Volmir Coelho
-Tropeiro das Águas (Camaquã) Chamarrita
Letra/ Música: Celino Leite
-O Parto da Arte (Uruguaiana/ Santa Maria) Milonga
Letra: Silvio Genro
Música: Penna Flores
-Ponto Final de Ser Ausente (Santo Ângelo e Guaíba) Milonga
Letra: Tadeu Martins
Música: João Bosco Ayala
-No Me Vallan a Buscar (Ciudad de La Costa/ Uruguai) Serranera
Letra/ Música: Oscar Massitta
SUPLENTES
-De Porteira Escancarada (Santa Maria) Chacarera
Letra: Gustavo Gonzalez
Música: Luis Carlos Ranoff
SUPLENTES ESPAÑOL
-Pa´ Mi Querencia (La Plata/ Argentina) Chacarera
Letra: Alejandro Polero
Música: Miguel Dario Diaz
CLASSIFICADAS – Pérola em Canto
Linha Campeira
-A Cravo e Martelo (Chamarra)
Letra: Anselmo Krüger Schaun
Música: Anselmo Krüger Schaun e Cristiano Vargas Thurow
-Sempre Milonga (Milonga)
Letra: Rodrigo Spiering/ Cristiano Vargas Thurow
Música: Anselmo Krüger Schaun
-O Homem da Perna Só (Chamarra)
Letra/ Música: Adão Quevedo
-A Mim Me Basta (Chamamé)
Letra: Lauri Lopes
Música: Cristiano Vieira
-No Garrão do Continente (Milonga Arrabaleira)
Letra: Eduardo dos Santos Kern
Música: Danilo Kuhn
SUPLENTE
-Cenário de Carneada (Chamarra)
Letra/ Música: Jorge Nei Almeida de Oliveira
LINHA LIVRE
-Coplas de Sol e Lua (Milonga)
Letra: Mauro Ubiratan da Rosa
Música: Alaor Madruga
-O Poeta e o Ferreiro (Milonga)
Letra: Luiz Antonio Weber
Música: Guerda Maria Jun e Cristiano Vieira
-Morena Flor (Canção)
Letra: Agenor de Mello Coelho
Música: Fernando Aldeia dos Santos
-Guitarra Querência (Milonga)
Letra: Allan Otto
Música: Andriego Von Laer.
-O Pescador e o Amor (Maçambique)
Letra/ Música: Danilo Kuhn
SUPLENTE
-Romance de Agosto (Milonga)
Letra: Tiago Guilherme Iepsen
Música: Frederico Seus e Vilson F. Silva
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Nota Pública de apoio ao III Plano Nacional de Direitos Humanos
A Frente Nacional pelo fim da Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto* vem a público manifestar o seu apoio ao III PNDH.
Na luta pela efetivação da democracia, dos direitos humanos e da construção de um país em que não se tolera mais as desigualdades o III PNDH cumpre um papel fundamental no sentido de nortear as Políticas Públicas. E sem dúvida representa avanços aos dois planos anteriores, no que tange a democratização do processo de construção do mesmo e nas próprias resoluções tomadas.
O Plano não se furta a tocar em questões essenciais para a construção de uma sociedade com justiça, igualdade e soberania ao recomendar: a descriminalizaçã o e a legalização do aborto, o apoio a uma legislação que garante igualdade jurídica para lésbicas, gays, travestis e outros, como a lei que reconhece a união civil entre pessoas do mesmo sexo, recomenda que se assegure um marco jurídico na questão dos conflitos agrários e, por fim, recomenda a instituição de uma comissão para investigar os crimes de tortura perpetrados pelo exército durante a ditadura militar.
A apuração e o esclarecimento público da tortura praticada contra homens e mulheres que lutaram contra a ditadura militar são fundamentais para garantir o direito à memória e à verdade histórica. Por isso, apoiamos a iniciativa do 3ª PNDH de, finalmente, instituir a comissão de verdade e apurar estes crimes, assim como foi feito na Argentina e Chile, por exemplo. A resistência dos militares sobre este assunto se soma com outras ações que faz em conjunto com o poder econômico, pretendendo manter-se no controle do país, impedindo a real democratização da sociedade brasileira.
No tema do aborto, entendemos que esta será uma grande oportunidade de realizarmos um debate honesto capaz de acumular contribuições que apontem para superação do arcaísmo e patriarcalismo que rege as idéias sobre o tema. É urgente que a legislação que criminaliza a prática do aborto e viola os direitos reprodutivos seja revista e alterada. E a hipocrisia com que se trata o tema seja definitivamente enterrada.
No Brasil, são realizados a cada ano aproximadamente 1 milhão de aborto s de forma clandestina, colocando em risco a saúde e a vida das mulheres pobres, especialmente as mulheres negras.
A frente nacional pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto em sua declaração nacional de dezembro 2009 já chamava atenção: “Recrudesce no Brasil um processo de criminalização dos movimentos sociais, de organizações e militantes. Tal criminalização tem como objetivo bloquear o avanço das lutas por direitos e transformação social.”
No caso da luta das mulheres não é diferente. Forças patriarcais tradicionais - constituídas pelas oligarquias, a ultra-direita fascista e setores fundamentalistas das igrejas cristãs - nos últimos anos tem sido protagonistas de um processo de perseguição e criminalização da luta das mulheres por autonomia e autodeterminação reprodutiva.
Numa perversa aliança entre neoliberais e conservadores, vivemos uma conjuntura de cerceamento do direito ao debate democrático sobre a problemática do aborto, ao mesmo tempo em que cresce no Estado o poder e influência destas forças, que ocupam o parlamento, os espaços de controle social e avançam no controle da gestão da rede pública de educação e de saúde.
Hoje, no Brasil, parte dos algozes da inquisição com suas vestes e capuzes tem uma nova face: o paletó, o jaleco branco, a toga, que no legislativo, nos tribunais, serviços de saúde, delegacias se arvoram a prender, julgar, punir e condenar as mulheres que, em situação limites de sua vida, optaram pela prática do aborto como último recurso diante de uma gravidez indesejada. Neste sentido o III PNDH será um importante instrumento de luta.
Nós integrantes da Frente Nacional pelo Fim da Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto reafirmamos:
* Nosso compromisso com a defesa radical das mulheres e movimentos sociais engajados nas lutas sociais;
* Nosso compromisso com a construção de um Brasil justo e democrático apontado no 3º PNDH;
* Nosso apoio ao Ministro Paulo Vannuchi em sua iniciativa de romper o silêncio para apurar os crimes de tortura cometidos durante a ditadura e sua decisão de não comparar lutadoras(os) da resistência aos torturadores;
* Nosso apoio a toda iniciativa que faça avançar o direito a terra e a reforma agrária;
* Nosso apoio a construção de uma sociedade sem preconceitos e com direitos para as lésbicas gays, travestis e outros;
* Nosso apoio a todas as iniciativas para a democratização dos meios de comunicação.
E convocamos todas as mulheres e suas organizações a mobilizarem sua inquietude, rebeldia e indignação na luta feminista pela defesa do direito das mulheres de tomarem decisões sobre suas vidas de forma soberana.
Exigimos dos poderes da República que mantenha o III PNDH em sua integralidade, a observância dos Tratados Internacionais, dos quais o Brasil é signatário, e a observância das resoluções das Conferências Nacionais de Políticas para Mulheres que colocam a legalização do aborto como um direito a ser assegurado para as mulheres.
Pela autonomia e cidadania de todas as mulheres!
Pelo fim da criminalização das mulheres!
Pela legalização do aborto!
Frente Nacional pelo Fim da Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto*
*É composta por organizações feministas e gerais (CUT e UNE, por exemplo). A Marcha Mundial das Mulheres faz parte da Frente.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Casoy e Gandra: CCC e Opus Dei unidos
Casoy e Gandra: CCC e Opus Dei unidos
Casoy e Gandra: CCC e Opus Dei unidos
O “âncora” da TV Bandeirantes, Boris Casoy, resolveu assumir de vez o seu direitismo raivoso. Depois de humilhar os garis que desejaram feliz ano novo - “Que merda. Dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras... Dois lixeiros... O mais baixo da escala do trabalho” – e de receber uma bateria de duras críticas, ele decidiu radicalizar as suas posições. Nesta semana, Casoy acionou o jurista Ives Gandra, notório militante da seita fundamentalista Opus Dei, para falar sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos, de autoria do ministro Paulo Vannuchi.
Logo na abertura do Jornal da Band, o âncora, que é metido a dono da verdade, dá a sua opinião tendenciosa. “O novo decreto de direitos humanos do governo é criticado pela sociedade e até por ministros de estado. A lei estabelece censura aos meios de comunicação, é contra o direito de propriedade e de liberdade religiosa. Especialistas consideram o projeto o primeiro passo para um regime ditatorial”. Casoy mente descaradamente ao tratar plano como uma imposição autoritária do presidente, já que ele será debatido no parlamento. Quanto aos tais especialistas, ele ouve somente uma “personalidade” ligada à ditadura, ao latifúndio e aos setores mais reacionários da sociedade.
Visão tendenciosa e eleitoreira
Na sequência, um narrador em off reforça a visão preconceituosa e mentirosa. “A nova lei que o presidente Lula assinou sem ler passou pelo crivo direto da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, virtual candidata do PT à presidência da República, e dos ministros da Justiça, Tarso Genro, da Comunicação, Franklin Martins, e dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi. É um emaranhado de artigos e parágrafos que muitas vezes ataca a Constituição”. O objetivo, nesta narração, é nitidamente eleitoreiro, como palanque do tucano José Serra, o candidato da mídia hegemônica.
Criado o cenário para o desgaste do governo, o repórter Sandro Barboza inicia a entrevista com “um dos mais conceituados juristas internacionais”, Ives Gandra. O “jornalista”, que também não esconde suas posições direitistas nas perguntas, apenas deixa de informar aos telespectadores que o bajulado especialista participou da campanha presidencial de Geraldo Alckmin (o tucano que é seguidor do Opus Dei) e defende tudo o que é há de mais retrógrado e conservador na sociedade brasileira. Apesar da ânsia de vômito, vale à pena conhecer a grotesca “entrevista”:
As idéias de um direitista convicto
Jornal da Band: O projeto prevê que o proprietário rural que tiver uma fazenda invadida não poderá mais recorrer ao Judiciário.
Gandra: O que eles tão pretendendo é dar direito àquele que invadir qualquer terra fazer com que uma vez que for invadido o direito de propriedade deixa de ser do proprietário, passa a ser do invasor.
JB: A lei quer evitar a divulgação de símbolos religiosos.
Gandra: Se não pode mais haver símbolos religiosos nós temos que mudar o nome da cidade de São Paulo e todas as cidades que tem nomes de santos não poderão mais ter.
JB: Será criada uma comissão para controlar o conteúdo dos meios de comunicação.
Gandra: No momento em que se elimina a liberdade de imprensa nós estamos perante efetivamente o início de uma ditadura.
JB: Um novo imposto sobre grandes fortunas seria instituído.
Gandra: É um imposto que afasta investimentos porque aquele que formou um patrimônio depois é tributado em todas as operações e ainda vai ser tributado no seu patrimônio pessoal.
JB: As prostitutas contariam com direitos trabalhistas e carteira assinada.
Gandra: Isso não é profissão. Na prática o verdadeiro direito humano é tirar essas moças de onde elas estão e dar profissões dignas a elas.
JB: Os responsáveis pelas torturas durante a ditadura militar seriam julgados. Já os guerrilheiros que também torturaram ficariam livres de qualquer punição.
Gandra: Torturador de esquerda é um santo. Torturador de direita é um demônio. É um decreto preparatório para um regime ditatorial.
O novo “comando do terror”
Com mais esta “reporcagem” no seu currículo, Boris Casoy elimina qualquer ilusão sobre a sua neutralidade e imparcialidade jornalística. O blog Cloaca News, inclusive, conseguiu descobrir a revista Cruzeiro, de 9 de novembro de 1968, que denunciou Casoy como ativista do Comando de Caça aos Comunistas (CCC). Tem até a foto dele mais jovem. Intitulada “CCC ou comando do terror”, a matéria comprova que este agrupamento promoveu vários atentados terroristas nos anos 1960/1970, inclusive contra os artistas do Teatro Roda Vida e contra os estudantes da USP.
Agora, o âncora fecha o ciclo e se une ao Opus Dei para criar um novo “comando do terror”. Para quem não conhece esta seita religiosa, reproduzo trechos de três artigos de minha autoria:
O Opus Dei (do latim, Obra de Deus) foi fundado em outubro de 1928, na Espanha, pelo padre Josemaría Escrivá. O jovem sacerdote de 26 anos diz ter recebido a “iluminação divina” durante a sua clausura num mosteiro de Madri. Preocupado com o avanço das esquerdas no país, este excêntrico religioso, visto pelos amigos de batina como um “fanático e doente mental”, decidiu montar uma organização ultra-secreta para interferir nos rumos da Espanha. Segundo as suas palavras, ela seria “uma injeção intravenosa na corrente sanguínea da sociedade”, infiltrando-se em todos os poros de poder. Deveria reunir bispos e padres, mas, principalmente, membros laicos, que não usassem hábitos monásticos ou qualquer tipo de identificação.
Reconhecida oficialmente pelo Vaticano em 1947, esta seita logo se tornou um contraponto ao avanço das idéias progressistas na Igreja. Em 1962, o papa João 23 convocou o Concílio Vaticano II, que marca uma viragem na postura da Igreja, aproximando-a dos anseios populares. No seu fanatismo, Escrivá não acatou a mudança. Criticou o fim da missa rezada em latim, com os padres de costas para os fiéis, e a abolição do Index Librorum Prohibitorum, dogma obscurantista do século 16 que listava livros “perigosos” e proibia sua leitura pelos fiéis. “Este concílio, minhas filhas, é o concílio do diabo”, garantiu Escrivá para alguns seguidores, segundo relato do jornalista Emílio Corbiere no livro “Opus Dei: El totalitarismo católico”.
O poder no Vaticano
Josemaría Escrivá faleceu em 1975. Mas o Opus Dei se manteve e adquiriu maior projeção com a guinada direitista do Vaticano a partir da nomeação do papa polonês João Paulo II. Para o teólogo espanhol Juan Acosta, “a relação entre Karol Wojtyla e o Opus Dei atingiu o seu êxito nos anos 80-90, com a irresistível acessão da Obra à cúpula do Vaticano, a partir de onde interveio ativamente no processo de reestruturação da Igreja Católica sob o protagonismo do papa e a orientação do cardeal alemão Ratzinger”. Em 1982, a seita foi declarada “prelazia pessoal” – a única existente até hoje –, o que no Direito Canônico significa que ela só presta contas ao papa, que só obedece ao prelado (cargo vitalício hoje ocupado por dom Javier Echevarría) e que seus adeptos não se submetem aos bispos e dioceses, gozando de total autonomia.
O ápice do Opus Dei ocorreu em outubro de 2002, quando o seu fundador foi canonizado pelo papa numa cerimônia que reuniu 350 mil simpatizantes na Praça São Pedro, no Vaticano. A meteórica canonização de Josemaría Escrivá, que durou apenas dez anos, quando geralmente este processo demora décadas e até séculos, gerou fortes críticas de diferentes setores católicos. Muitos advertiram que o Opus Dei estava se tornando uma “igreja dentro da Igreja”. Lembraram um alerta do líder jesuíta Vladimir Ledochowshy que, num memorando ao papa, denunciou a seita pelo “desejo secreto de dominar o mundo”. Apesar da reação, o papa João Paulo II e seu principal teólogo, Joseph Ratzinger, ex-chefe da repressora Congregação para Doutrina da Fé e atual papa Beto 16, não vacilaram em dar maiores poderes ao Opus Dei.
Vários estudos garantem que esta relação privilegiada decorreu de razões políticas e econômicas. No livro “O mundo secreto do Opus Dei”, o jornalista canadense Robert Hutchinson afirma que esta organização acumula uma fortuna de 400 bilhões de dólares e que financiou o sindicato Solidariedade, na Polônia, que teve papel central na débâcle do bloco soviético nos anos 90. O complô explicaria a sólida amizade com o papa, que era polonês e um visceral anticomunista. Já Henrique Magalhães, numa excelente pesquisa na revista A Nova Democracia, confirma o anticomunismo de Wojtyla e relata que “fontes da Igreja Católica atribuem o poder da Obra a quitação da dívida do Banco Ambrosiano, fraudulentamente falido em 1982”.
O vínculo com os fascistas
Além do rigoroso fundamentalismo religioso, o Opus Dei sempre se alinhou aos setores mais direitistas e fascistas. Durante a Guerra Civil Espanhola, deflagrada em 1936, Escrivá deu ostensivo apoio ao general golpista Francisco Franco contra o governo republicano legitimamente eleito. Temendo represálias, ele se asilou na embaixada de Honduras, depois se internou num manicômio, “fingindo-se de louco”, antes de fugir para a França. Só retornou à Espanha após a vitória dos golpistas. Desde então, firmou sólidos laços com o ditador sanguinário Francisco Franco. “O Opus Dei praticamente se fundiu ao Estado espanhol, ao qual forneceu inúmeros ministros e dirigentes de órgãos governamentais”, afirma Henrique Magalhães.
Há também fortes indícios de que Josemaría Escrivá nutria simpatias por Adolf Hitler e pelo nazismo. De forma simulada, advogava as idéias racistas e defendia a violência. Na máxima 367 do livro Caminho, ele afirma que seus fiéis “são belos e inteligentes” e devem olhar aos demais como “inferiores e animais”. Na máxima 643, ensina que a meta “é ocupar cargos e ser um movimento de domínio mundial”. Na máxima 311, ele escancara: “A guerra tem uma finalidade sobrenatural... Mas temos, ao final, de amá-la, como o religioso deve amar suas disciplinas”. Em 1992, um ex-membro do Opus Dei revelou o que este havia lhe dito: “Hitler foi maltratado pela opinião pública. Jamais teria matado 6 milhões de judeus. No máximo, foram 4 milhões”. Outra numerária, Diane DiNicola, garantiu: “Escrivá, com toda certeza, era fascista”.
Escrivá até tentou negar estas relações. Mas, no seu processo de ascensão no Vaticano, ele contou com a ajuda de notórios nazistas. Como descreve a jornalista Maria Amaral, num artigo à revista Caros Amigos, “ao se mudar para Roma, ele estimulou ainda mais as acusações de ser simpático aos regimes autoritários, já que as suas primeiras vitórias no sentido de estabelecer o Opus Dei com estrutura eclesiástica capaz de abrigar leigos e ordenar sacerdotes se deram durante o pontificado do papa Pio XII, por meio do cardeal Eugenio Pacelli, responsável por controverso acordo da Igreja com Hitler”. Outro texto, assinado por um grupo de católicas peruanas, garante que a seita “recrutou adeptos para a organização fascista ‘Jovem Europa’, dirigida por militantes nazistas e com vínculos com o fascismo italiano e espanhol”.
Pouco antes de morrer, Josemaría Escrivá realizou uma “peregrinação” pela América Latina. Ele sempre considerou o continente fundamental para sua seita e para os negócios espanhóis. Na região, o Opus Dei apoiou abertamente várias ditaduras. No Chile, participou do regime terrorista de Augusto Pinochet. O principal ideólogo do ditador, Jaime Guzmá, era membro ativo da seita, assim como centenas de quadros civis e militares. Na Argentina, numerários foram nomeados ministros da ditadura. No Peru, a seita deu sustentação ao corrupto e autoritário Alberto Fujimori. No México, ajudou a eleger como presidente seu antigo aliado, Miguel de La Madri, que extinguiu a secular separação entre o Estado e a Igreja Católica.
Infiltração na mídia
Para semear as suas idéias religiosas e políticas de forma camuflada, Escrivá logo percebeu a importância estratégica dos meios de comunicação. Ele mesmo gostava de dizer que “temos de embrulhar o mundo em papel-jornal”. Para isso, contou com a ajuda da ditadura franquista para a construção da Universidade de Navarra, que possuí um orçamento anual de 240 milhões de euros. Jornalistas do mundo inteiro são formados nos cursos de pós-graduação desta instituição. O Opus Dei exerce hoje forte influência sobre a mídia. Um relatório confidencial entregue ao Vaticano em 1979 pelo sucessor de Escrivá revelou que a influência da seita se estendia por “479 universidades e escolas secundárias, 604 revistas ou jornais, 52 estações de rádio ou televisões, 38 agências de publicidade e 12 produtores e distribuidoras de filmes”.
Na América Latina, a seita controla o jornal El Observador (Uruguai) e tem peso nos jornais El Mercúrio (Chile), La Nación (Argentina) e O Estado de S.Paulo. Segundo várias denúncias, ela dirige a Sociedade Interamericana de Imprensa, braço da direita na mídia hemisférica. No Brasil, a Universidade de Navarra é comandada por Carlos Alberto di Franco, numerário e articulista do Estadão, responsável pela lavagem cerebral semanal de Geraldo Alckmin nas famosas “palestras do Morumbi”. Segundo a revista Época, seu “programa de capacitação de editores já formou mais de 200 cargos de chefia dos principais jornais do país”. O mesmo artigo confirma que “o jornalista Carlos Alberto Di Franco circula com desenvoltura nas esferas de poder, especialmente na imprensa e no círculo íntimo do governador Geraldo Alckmin”.
O veterano jornalista Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, há muito denuncia a sinistra relação do Opus Dei com a mídia nacional. Num artigo intitulado “Estranha conversão da Folha”, critica seu “visível crescimento na imprensa brasileira. A Folha de S.Paulo parecia resistir à dominação, mas capitulou”. No mesmo artigo, garante que a seita “já tomou conta da Associação Nacional de Jornais (ANJ)”, que reúne os principais monopólios da mídia do país. Para ele, a seita não visa a “salvação das almas desgarradas. É um projeto de poder, de dominação dos meios de comunicação. E um projeto desta natureza não é nem poderia ser democrático. A conversão da Folha é uma opção estratégica, política e ideológica”.
A “santa máfia”
Durante seus longos anos de atuação nos bastidores do poder, o Opus Dei constituiu uma enorme fortuna, usada para bancar seus projetos reacionários – inclusive seus planos eleitorais. Os recursos foram obtidos com a ajuda de ditadores e o uso de máquinas públicas. “O Opus Dei se infiltrou e parasitou no aparato burocrático do Estado espanhol, ocupando postos-chaves. Constituiu um império econômico graças aos favores nas largas décadas da ditadura franquista, onde vários gabinetes ministeriáveis foram ocupados integralmente por seus membros, que ditaram leis para favorecer os interesses da seita e se envolveram em vários casos de corrupção, malversação e práticas imorais”, acusa um documento de católico do Peru.
A seita também acumulou riquezas através da doação obrigatória de heranças dos numerários e do dizimo dos supernumerários e simpatizantes infiltrados em governos e corporações empresariais. Com a ofensiva neoliberal dos anos 90, a privatização das estatais virou outra fonte de receitas. Poderosas multinacionais espanholas beneficiadas por este processo, como os bancos Santander e Bilbao Biscaia, a Telefônica e empresa de petróleo Repsol, tem no seu corpo gerencial adeptos do Opus.
Para católicos mais críticos, que rotulam a seita de “santa máfia”, esta fortuna também deriva de negócios ilícitos. Conforme denuncia Henrique Magalhães, “além da dimensão religiosa e política, o Opus Dei tem uma terceira face: da sociedade secreta de cunho mafioso. Em seus estatutos secretos, redigidos em 1950 e expostos em 1986, a Obra determina que ‘os membros numerários e supernumerários saibam que devem observar sempre um prudente silêncio sobre os nomes dos outros associados e que não deverão revelar nunca a ninguém que eles próprios pertencem ao Opus Dei’. Inimiga jurada da Maçonaria, ela copia sua estrutura fechada, o que frequentemente serve para encobrir atos criminosos”.
O jornalista Emílio Corbiere cita os casos de fraude e remessa ilegal de divisas das empresas espanholas Matesa e Rumasa, em 1969, que financiaram a Universidade de Navarra. Há também a suspeita do uso de bancos espanhóis na lavagem de dinheiro do narcotráfico e da máfia russa. O Opus Dei esteve envolvido na falência fraudulenta do banco Comercial (pertencente ao jornal El Observador) e do Crédito Provincial (Argentina). Neste país, os responsáveis pela privatização da petrolífera YPF e das Aerolineas Argentinas, compradas por grupos espanhóis, foram denunciados por escândalos de corrupção, mas foram absolvidos pela Suprema Corte, dirigida por Antonio Boggiano, outro membro da Opus Dei. No ano retrasado, outro numerário do Opus Dei, o banqueiro Gianmario Roveraro, esteve envolvido na quebra da Parlamat.
“A Internacional Conservadora”
O escritor estadunidense Dan Brown, autor do best seller “O Código da Vinci”, não vacila em acusar esta seita de ser um partido de fanáticos religiosos com ramificações pelo mundo. O Opus Dei teria cerca de 80 milhões de fiéis, muitos deles em cargos-chaves em governos, na mídia e em multinacionais. Henrique Magalhães garante que a “Obra é vanguarda das tendências mais conservadoras da Igreja Católica”. Num livro feito sob encomenda pelo Opus Dei, o vaticanista John Allen confessa este poderio. Ele admite que a seita possui um patrimônio de US$ 2,8 bilhões – incluindo uma luxuosa sede de US$ 60 milhões em Manhattan – e que esta fortuna serve para manter as suas instituições de fachada, como a Heights School, em Washington, onde estudam os filhos dos congressistas do Partido Republicano de George W.Bush.
Numa reportagem que tenta limpar a barra do Opus Dei, a própria revista Superinteressante, da suspeita Editora Abril, reconhece o enorme influência política desta seita. E conclui: “No Brasil, um dos políticos mais ligados à Obra é o candidato a presidente Geraldo Alckmin, que em seus tempos de governador de São Paulo costumava assistir a palestras sobre doutrina cristã ministradas por numerários e a se confessar com um padre do Opus Dei. Alckmin, porém, nega fazer parte da ordem”. Como se observa, o candidato segue à risca um dos principais ensinamentos do fascista Josemaría Escrivá: “Acostuma-se a dizer não”.
Os tentáculos no Brasil
No Brasil, o Opus Dei fincou a sua primeira raiz em 1957, na cidade de Marília, no interior paulista, com a fundação de dois centros. Em 1961, dada à importância da filial, a seita deslocou o numerário espanhol Xavier Ayala, segundo na hierarquia. “Doutor Xavier, como gostava de ser chamado, embora fosse padre, pisou em solo brasileiro com a missão de fortalecer a ala conservadora da Igreja. Às vésperas do Concílio Vaticano II, o clero progressista da América Latina clamava pelo retorno às origens revolucionárias do cristianismo e à ‘opção pelos pobres’, fundamentos da Teologia da Libertação”, explica Marina Amaral na revista Caros Amigos.
Ainda segundo seu relato, “aos poucos, o Opus Dei foi encontrando seus aliados na direita universitária... Entre os primeiros estavam dois jovens promissores: Ives Gandra Martins e Carlos Alberto Di Franco, o primeiro simpático ao monarquismo e candidato derrotado a deputado; o segundo, um secundarista do Colégio Rio Branco, dos rotarianos do Brasil. Ives começou a freqüentar as reuniões do Opus Dei em 1963; Di Franco ‘apitou’ (pediu para entrar) em 1965. Hoje, a organização diz ter no país pouco mais de três mil membros e cerca de quarenta centros, onde moram aproximadamente seiscentos numerários”.
Crescimento na ditadura
Durante a ditadura, a seita também concentrou sua atuação no meio jurídico, o que rende frutos até hoje. O promotor aposentado e ex-deputado Hélio Bicudo revela ter sido assediado duas vezes por juízes fiéis à organização. O expoente nesta fase foi José Geraldo Rodrigues Alckmin, nomeado ministro do STF pelo ditador Garrastazu Médici em 1972, e tio do atual presidenciável. Até os anos 70, porém, o poder do Opus Dei era embrionário. Tinha quadros em posições importantes, mas sem atuação coordenada. Além disso, dividia com a Tradição, Família e Propriedade (TFP) as simpatias dos católicos de extrema direita.
Seu crescimento dependeu da benção dos generais golpistas e dos vínculos com poderosas empresas. Ives Gandra e Di Franco viraram os seus “embaixadores”, relacionando-se com donos da mídia, políticos de direita, bispos e empresários. É desta fase a construção da sua estrutura de fachada – Colégio Catamarã (SP), Casa do Moinho (Cotia) e Editora Quadrante. Ela também criou uma ONG para arrecadar fundos: OSUC (Obras Sociais, Universitárias e Culturais). Esta recebe até hoje doações do Itaú, Bradesco, GM e Citigroup. Confrontado com esta denúncia, Lizandro Carmona, da OSUC, implorou à jornalista Marina Amaral: “Pelo amor de Deus, não vá escrever que empresas como o Itaú doam dinheiro ao Opus Dei”.
Ofensiva recente na região
Na fase recente, o Opus Dei está excitado, com planos ousados para conquistar maior poder político na América Latina. Em abril de 2002, a seita participou ativamente do frustrado golpe contra o presidente Hugo Chávez, na Venezuela. Um dos seus seguidores, José Rodrigues Iturbe, foi nomeado ministro das Relações Exteriores do fugaz governo golpista. A embaixada da Espanha, governada na época pelo neo-franquista Partido Popular (PP), de José Maria Aznar – cuja esposa é do Opus Dei –, deu guarita aos seus fiéis. Outro golpista ligado à seita, Gustavo Cisneiros, é megaempresário das telecomunicações no país.
Em dezembro do ano passado, o Opus Dei assistiu a derrota do seu candidato, Joaquim Laví, ex-assessor do ditador Augusto Pinochet, à presidência do Chile. Já em maio deste ano, colheu uma nova derrota com a candidatura de Lourdes Flores, declarada numerária do partido Unidade Nacional. Em compensação, a seita comemorou a vitória do narco-terrorista Álvaro Uribe na Colômbia, que também dispôs de milhões de dólares do governo George Bush. Já no México, outro conhecido simpatizante do Opus Dei, Felipe Calderon, ex-executivo da Coca-Cola, venceu uma das eleições mais fraudulentas da história deste país.
http://altamiroborges.blogspot.com/2010/01/casoy-e-gandra-ccc-e-opus-dei-unidos.html
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
NOTA DO MST-PA SOBRE REPORTAGEM DA REVISTA VEJA
1-O MST do Pará esclarece que não tem nenhuma fazenda ocupada no município de Tailândia, como afirma a reportagem da Revista Veja "Predadores da floresta" nesta semana. Não temos nenhuma relação com as atividades nessa área. A Veja continua usando seus tradicionais métodos de mentir e repetir mentiras contra os movimentos sociais para desmoralizá-los, como lhes ensinou seu mestre Joseph Goebbels. A reportagem optou por atacar mais uma vez o MST e abriu mão de informar que o nosso movimento não tem base social nesse município, dando mais um exemplo de falta de respeito aos seus leitores.
2-A área mencionada pela reportagem está em uma das regiões onde mais se desmata no Pará, com um índice elevado de destruição de floresta por causa da expansão do latifúndio e de madeireiras. Em 2007, a região de Tailândia sofreu uma intervenção da Operação Arco de Fogo, da Polícia Federal, e latifundiários e donos de serrarias foram multados pelo desmatamento. Os madeireiros e as empresas guseiras estimulam o desmatamento para produzir o carvão vegetal para as siderúrgicas, que exportam a sua produção. Por que a Veja não denuncia essas empresas?
3-Na nossa proposta e prática de Reforma Agrária e de organização das famílias assentadas, defendemos a recuperação das áreas degradas e a suspensão dos projetos de colonização na Amazônia. Defendemos o "Desmatamento Zero" e a desapropriação de latifúndios desmatados para transformá-los em áreas de produção de alimentos para as populações das cidades próximas. Também defendemos a proibição da venda de áreas na Amazônia para bancos e empresas transnacionais, que ameaçam a floresta com a sua expansão predatória (como fazem o Banco Opportunity, a Cargill e a Alcoa, entre outras empresas).
4-A Veja tem a única missão de atacar sistematicamente o MST e a organização dos camponeses da Amazônia, para esconder e defender os privilégios dos verdadeiros saqueadores das riquezas naturais. Os que desmatam as florestas para o plantio de soja, eucalipto e para a pecuária extensiva no Pará não são os sem-terra. Esse tipo de exploração é uma necessidade do modelo econômico agroexportador implementado no Estado, a partir da espoliação e apropriação dos recursos naturais, baseado no latifúndio, nas madeireiras, no projeto de exportação mineral e no agronegócio.
5-Por último, gostaríamos de comunicar à sociedade brasileira que estamos construindo o primeiro assentamento Agroflorestal, com 120 famílias nos municípios de Pacajá, Breu Branco e Tucuruí, no sudeste do Estado, em uma área de 5200 hectares de floresta. Nessa área, extraímos de forma auto-sustentável e garantimos renda da floresta para os trabalhadores rurais, que estão organizados de maneira a conservar a floresta e o desenvolvimento do assentamento.
DIREÇÃO ESTADUAL DO MST DO PARÁ
Marabá, 12 de janeiro de 2010
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Palestras e livro denunciam as ameaças das plantações de eucaliptos no RS
Palestras e livro denunciam as ameaças das plantações de eucaliptos no RS
Na quinta-feira (17/12), Dia do Bioma Pampa, ocorre às 19h, no plenarinho da Assembléia Legislativa do Estado, as palestras “Impactos sócio-econômicos e ambientais da silvicultura para celulose no Cone Sul”, com o Jornalista Uruguaio Victor Bacchetta, autor do livro “A Fraude da Celulose”, e “Ameaças das monoculturas arbóreas à biodiversidade do Bioma Pampa”, com o professor Valério Pillar, do Departamento de Ecologia da UFRGS . O livro “A Frauda da Celulose” será lançado e terá sessão de autógrafos sexta-feira (18/12), às 18h30min, na Livraria Palmarinca, Rua Jerônimo Coelho, 281.
A edição em português foi possível através da parceria dos Sindicatos dos Trabalhadores Sintrajufe, Sindiágua, Semapi, Sinpro-RS e Sindisprev- RS que apoiaram com recursos a iniciativa do jornalista Renzo Bassanetti.
A obra foi traduzida por que faz um contraponto às desinformações veiculadas pela nossa mídia, que colocam o modelo florestal da celulose como a salvação econômica da metade sul do RS.
O autor comprova que as promessas do setor são uma fraude, aumenta a exclusão social, emprega menos pessoas que o grande latifúndio e concentra renda nas mãos de poucos grupos. Demonstra ainda que estas corporações estão se instalando aqui, por causa da terra e da mão de obra extremamente baratas para os padrões europeus, por órgãos ambientais sucateados e sem condições de fazer um monitoramento adequado, incentivos e isenções fiscais que não obteriam em nenhuma outra parte do planeta.
Tudo isso também por que a Europa, em função do imenso passivo ambiental dessa atividade, começou a fazer exigências que diminuiram muito a lucratividade dessas empresas por lá.
Por: www.semapirs.com.br
Em defesa dos diretos humanos, da verdade e da justiça
Nota oficial da CUT Nacional em apoio ao PNDH
Em defesa dos diretos humanos, da verdade e da justiça
O Programa Nacional de Direitos Humanos do Governo Federal tem levantado um debate importante na sociedade brasileira com suas propostas de democratização e de aplicação dos direitos fundamentais para amplos setores sociais. Essas propostas alteram o status quo de quem advoga a manutenção do silêncio, pois suscita a investigação da verdade e da justiça sobre os crimes de lesa-humanidade cometidos por agentes de estado. Nos países que têm essa mácula, isso é mais um direito, é um desejo legitimo da sociedade e deve ser implementado pelo Estado.
Os defensores da tortura alegam que os dois lados em conflito deveriam ser investigados. Acontece que os opositores da ditadura militar já foram punidos, com sequestros, cárceres clandestinos, estupros, mortes, “desaparecimentos”, prisões, torturas, exílios forçados. Mesmo dentro das leis do regime de exceção, foram cometidos crimes de lesa-humanidade que nunca foram investigados. O Brasil é o único país da América Latina que ainda não julgou seus torturadores.
A CUT se soma aos diversos setores sociais e do governo federal, especialmente, com o Ministro Paulo Vannuchi, na defesa da democratização da sociedade brasileira. Banalizar a tortura favorece a continuidade da violência dos agentes de Estado contra a população pobre e dos movimentos sociais no país.
Não à impunidade! Que a verdade e justiça prevaleçam sobre os torturadores!
Central Única dos Trabalhadores
Crepúsculo do capitalismo, nostalgias, heranças, barbáries e esperanças no início do século XXI.
Jorge Beinstein (*)
Este texto se baseia nas conferências apresentadas nos seminários “Margem Esquerda-Istvan Meszaros” (USP – Editorial Boitempo, 18-21 de agosto de 2009) e “Crisi globale, lavoro, democrazia” (Fondazione Guido Piccini – Facultà di Economia dell Università degli Studi di Brescia, Brescia, 27-28 de novembro de 2009).
Começo do fim (ou fim do começo) da crise?
Desde o início de 2009, Ben Bernanke assinalava que antes do fim do ano começaríamos a ver sintomas claros de superação da crise. No mês de agosto, anunciou que “o pior da recessão havia ficado para trás” (1). Antes do estouro da bolha financeira, em setembro de 2008, Bernanke prognosticava que tal estouro nunca iria ocorrer e, quando finalmente ocorreu, seu novo prognóstico era que em pouco tempo viria a recuperação. Agora, o presidente do Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos) decidiu não esperar mais e anuncia ao mundo o começo do fim do pesadelo.
Ele não foi o único a fazê-lo. Uma espantosa campanha midiática vem utilizando alguns sinais isolados para impor essa idéia. Deste modo, o renascimento da bolha das bolsas de valores mundiais, desde meados de março, foi apresentado como o sintoma de uma melhoria econômica geral. Uma nuvem de “especialistas” nos explicou que a euforia da Bolsa estava antecipando o fim da recessão.
Na verdade, as injeções massivas de dinheiro dos governos das grandes potências econômicas beneficiando principalmente o sistema financeiro geraram enormes excedentes de fundos que, em condições de retração generalizada da produção e do consumo, encontraram nos negócios das bolas um espaço favorável para tornar seus capitais rentáveis. Jogando na alta dos valores das ações, empurraram para cima seus preços, o que, por sua vez, estimulou o investimento de mais e mais dinheiro na Bolsa. A isto devemos acrescentar que o motor da euforia das bolsas mundiais, a bolsa dos EUA, além do dinheiro derivado das operações locais de socorro, recebeu importantes fluxos de fundos especulativos externos que, aproveitando a persistente queda do dólar, precipitaram-se na compra de ações baratas e em alta.
Repetiu-se assim a seqüência especulativa do final dos anos 1990 e de 2007, com uma diferença decisiva: o contexto da bolha atual não é o crescimento da economia, mas sim a recessão (ou, no melhor dos casos, a estagnação). As bolhas anteriores (financeiras, imobiliárias, comerciais, etc.) interagiam “positivamente” com o resto das atividades econômicas. As altas nos preços das ações ou das habitações incentivavam o consumo e a produção e estes crescimentos, por sua vez, geravam fundos que em boa medida se voltavam para os negócios especulativos, produzindo-se assim uma espécie de circulo virtuoso especulativo-consumista-produtivo de caráter global em última instância perverso, destinado ao desastre no médio prazo, mas que causava “prosperidade no curto prazo”.
A bolha das bolsas de 2009, pelo contrário, contrasta com baixos níveis de consumo e investimentos produtivos e altos níveis de desemprego. Os excedentes de capitais bloqueados por uma economia produtiva declinante conseguem lucros na especulação financeira. O que ocorre então, graças às fabulosas operações de socorro dos governos, é um circulo vicioso baseado na especulação financeira e no crescimento débil ou negativo.
No caso do governo norte-americano este efeito negativo foi suavizado através de enormes subsídios que conseguiram incentivar alguns consumos e, deste modo, desacelerar primeiro e depois reverter a curva descendente do Produto Interno Bruto. Às fortes quedas do último trimestre de 2008 e do primeiro de 2009, sucedeu-se um decréscimo suave no segundo trimestre e um crescimento no terceiro impulsionado pelos subsídios governamentais para a compra de automóveis e habitações mais os gastos militares. Mas, por trás desta efêmera recuperação, aparece a expansão desenfreada do déficit fiscal e do endividamento público.
É evidente que a economia norteamericana não sai da armadilha da decadência. Os alívios transitórios, as tentativas de recuperação, os crescimentos viciados fortalecem e recompõem os mecanismos parasitários que conduziram ao desastre atual. O afundamento do império (do centro articulador do mundo capitalista) arrasta o conjunto do sistema mundial. Agora, no final de 2009, nos encontramos à espera de uma próxima segunda queda recessiva (2010 poderia ser o ano desta catástrofe) seguramente mais forte do que a do último trimestre de 2008. Os socorros financeiros globais de 2008-2009 desaceleraram a queda econômica, mas geraram enormes déficits fiscais nas potências centrais, o que as coloca diante de graves ameaças inflacionárias e de um enfraquecimento extremo na capacidade de pagamento de seus Estados, cuja generosidade fiscal (para as grandes empresas e as instituições financeiras) não conseguiu gerar a desejada decolagem do investimento e do consumo que era anunciada por seus dirigentes.
Segundo eles, esse prometido golpe de demanda deveria produzir a reativação durável da economia mundial e, conseqüentemente, a redução dos déficits, a anulação do perigo inflacionário, etc. Conseguiram apenas modestas reativações de certos consumos, algumas ilusões estatísticas (crescimentos do PIB, etc.) e mais parasitismo. O fracasso é evidente, o que não impede que voltem mais uma vez a aplicar suas inúteis medicinas intervencionistas (em uma curiosa combinação ideológica de neoliberalismo e neokeynesianismo financeiro). E farão isso até que se esgotem os recursos, prisioneiros da loucura geral do sistema. Em seus cérebros, não entra a realidade da violenta mudança de época que tornou obsoletos vários de seus instrumentos.
Pior ainda, não se trata só de uma “crise econômica”. Outras “crises” estão avista e a qualquer momento podem golpear com força um sistema global muito frágil. Entre elas, devemos destacar as crises energética e alimentar (que se fizeram presentes durante o ano de 2008). Ou a degradação do complexo militar-industrial dos EUA envolvendo o conjunto de aparatos militares da OTAN, atolados nas guerras do Iraque e Afeganistão-Paquistão e mergulhados em uma catastrófica crise de percepção: a surpreendente resistência destes povos periféricos ultrapassa sua capacidade de compreensão da realidade. Repete-se em um nível muito mais elevado o “efeito Vietnã”, ou o desconcerto de Hitler diante da avalanche soviética. Também é necessário mencionar as crises urbana e ambiental que juntamente com o declínio de valores morais e culturais, de crenças sociais, vem afogando gradualmente os paradigmas decisivos do mundo burguês, desordenando e deteriorando os sistemas políticos, as estruturas de inovação produtiva e os mecanismos de manipulação midiática.
Em resumo, parece que nos encontramos diante de uma convergência de numerosas “crises”. Na verdade, trata-se de uma única crise gigantesca, com diversos rostos, de dimensão (planetária) nunca antes vista na história. Seu aspecto é o de um grande crepúsculo que ameaça prolongar-se durante um longo período.
1968-2007: a etapa preparatória
A crise atual teve um longo período de gestão (aproximadamente entre 1968 e 2007), durante o qual desenvolveu-se uma crise crônica de superprodução que foi acumulando parasitismo e depredação do ecossistema. O processo destas quatro décadas pode ser interpretado como uma postergação do desastre graças à expansão financeiro-militar (centrada nos EUA), a integração periférica de mão de obra industrial barata (China, etc.), a depredação acelerada de recursos naturais (em especial os energéticos não renováveis) e a pilhagem financeira de um amplo leque de países subdesenvolvidos. Também pode ser visto sob a forma de uma “fuga para a frente” do sistema impulsionada por seus grandes motores parasitários.
Ambas visões deveriam ser integradas utilizando o conceito de “capitalismo senil” (2), ou seja, um fenômeno de envelhecimento avançado do sistema que emprega todo seu complexo instrumental anti-crise acumulado em uma longa história de dois séculos, mas que não pode impedir o agravamento de suas enfermidades e de sua decadência. A expansão do parasitismo e o declínio da dinâmica produtiva global constituem processos estreitamente vinculados. Desde meados dos anos 1970, as taxas de crescimento do Produto Bruto mundial se moveram de maneira irregular em torno de uma linha descendente, enquanto que a especulação financeira crescia a um ritmo vertiginoso. Se observamos o comportamento das três economias centrais: os EUA, a União Européia e o Japão, constataremos que, ao longo das últimas três décadas, a queda de suas taxas de crescimento de capital líquido (taxa de acumulação) contrastou com o aumento dos lucros empresariais. A chave do fenômeno está na crescente orientação do conjunto destas economias para a especulação financeira (3).
A hipertrofia financeira foi, ao mesmo tempo, causa e efeito da decadência produtiva. A desaceleração da chamada “economia real” gerava fundos ociosos que eram dirigidos para a especulação como via de saída para tornar o capital rentável. Em conseqüência, tais atividades expandiam-se absorvendo capitais disponíveis, dominando com sua subcultura do lucro imediato a totalidade do sistema, degenerando-o e fazendo com que perdesse dinamismo. Um estudo rigoroso do fenômeno demonstra que não existem duas esferas opostas, uma financeira e outra produtiva, com comportamentos diferenciados. Pelo contrário, nos encontramos diante de um único espaço de negócios fortemente interrelacionados, muitas vezes com operadores econômicos combinando ambas atividades. De um ponto de vista macroeconômico, não é possível descrever suas trajetórias sem integrá-las em uma dinâmica capitalista comum que busca a maximização dos lucros.
Por sua parte, o complexo militar-industrial norteamericano sofreu um golpe muito duro ao ser derrotado no Vietnã em meados dos anos 1970, mas as necessidades estruturais do capitalismo deram-lhe novo impulso e ele deu um enorme salto quantitativo no início da década dos 1980 com o mega-programa militar do presidente Reagan. Esse programa pareceu ficar bloqueado com a vitória dos EUA na Guerra Feria, no início dos 1990. Como legitimar aumentos de gastos com o desaparecimento do inimigo? No entanto, ao final da década, o Império havia conseguido fabricar um estranho “inimigo” que permitiu uma nova expansão militarista: o terrorismo internacional, um inimigo difuso, altamente virtual, e justificativa de uma prolongada aventura colonial na Eurásia, tratando de controlar a franja territorial que se estende desde os Bálcãs até o Paquistão, atravessando Iraque, Irã, países da Ásia Central, em cujo coração (ao redor do Golfo Pérsico e da bacia do Mar Cáspio) encontra-se cerca de 70% dos recursos petrolíferos do planeta.
A vitória nesta guerra permitiria ao Império encurralar a Rússia e a China e assegurar a fidelidade de seu grande aliado estratégico, a União Européia, consolidando assim sua hegemonia, impondo condições financeiras e comerciais muito duras ao resto mundo, já que a economia imperial declinante necessita de doses crescentes de riquezas externas para sobreviver. Como no passado, se conjugaram as necessidades “internas”, próprias da reprodução da economia norte-americana (onde os gastos militares cumprem um papel decisivo), com a necessária reprodução da exploração imperialista. Neste sentido, não se tratou de um fenômeno novo. Nos anos 1930, os gastos militares permitiram aos EUA sair da recessão e, ao mesmo tempo, emergir como a grande superpotência capitalista depois da Segunda Guerra Mundial.
Logo em seguida, mais de quarenta anos de Guerra Fria constituíram-se em uma importante contribuição para o crescimento de seu Produto Interno Bruto, superando diversas ameaças recessivas (no fim dos anos 1940, no início dos anos 1980, etc.). A novidade da última militarização (a partir do final da década dos 1990) foi dada pela extrema deformação parasitária da sociedade imperial o que significou o desenvolvimento de uma etapa radicalmente diferente de todas as anteriores.
O declínio do centro do mundo
É necessário constatar que nos encontramos diante do declínio do centro do mundo, os Estados Unidos, e que essa decadência não vem acompanhada da ascensão de nenhum outro centro imperialista mundial para substituir a potência declinante. As outras grandes potências (União Européia, Japão, Rússia, China) encontram-se embarcadas todas no mesmo barco global à deriva.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o capitalismo se estruturou em torno dos EUA, espaço fundamental de todos os negócios (produtivos, financeiros, midiáticos, etc.). Sua degradação desde o início dos anos 1970 e sua decadência atual expressa um mal universal: o parasitismo estadunidense não tem sido outra coisa que sua manifestação específica, central e acelerada pela crise crônica global de superprodução (incluídos os pseudo-milagres como a expansão chinesa, o renascimento russo ou a integração européia). O parasita norte-americano consumia acima de sua capacidade produtiva porque as economias da Europa, China, Japão, etc., precisavam vender seus bens e serviços e investir seus excedentes financeiros. Isso gerou uma interdependência cada vez mais profunda que foi chamada de “globalização” e a propaganda neoliberal descreveu-a como uma espécie de etapa superior do capitalismo, superadora do sistema vigente entre o fim da Segunda Guerra Mundial e a crise dos anos 1970.
Foi construída uma imagem idílica de um capitalismo transnacional liberado da tutela dos grandes estados nacionais e crescendo indefinidamente em torno dos círculos virtuosos interrelacionados da revolução tecnológica, da expansão do consumo e das finanças globais. Na verdade o que se impôs foi um capitalismo global completamente hegemonizado pelos negócios financeiros e articulados em torno de um grande centro imperialista com claros sintomas de decadência, acumulando dívidas públicas e privadas, externas e internas, cada vez mais dependentes de suas periferias desenvolvidas e subdesenvolvidas.
Seria um erro grosseiro considerar o fenômeno parasitário como um fato específico, exclusivo da sociedade norte-americana. Trata-se, na verdade, de um processo mundial. A financeirização, a proliferação de redes mafiosas e negócios de gansgters (como o tráfico de drogas, a prostituição, os saques de empresas públicas periféricas, etc.) atravessa todas as elites capitalistas dos países centrais e produz uma rápida conversão-degradação de numerosas burguesias do chamado mundo subdesenvolvido, transformadas em autênticas lumpen-burguesias periféricas. Poderia dizer-se que o caso chinês é a exceção, mas não é assim. A China é uma grande exportadora industrial, mas acumula fabulosos excedentes financeiros e cumpre um papel muito importante nos negócios especulativos mundiais. Suas elites dirigentes são altamente corruptas e, em última instância sua industrialização é completamente funcional à reprodução do capitalismo financeiro global, especialmente na fase mais recente da economia norte-americana, fornecendo-lhe mercadorias baratas e acumulando, em troca, dólares, bônus do tesouro e outros papéis. Deste modo, a elite chinesa participa ativamente da festa parasitária global, formando parte do restrito clube dos ricos do mundo (sua base social de trabalhadores e camponeses faz parte da massa proletária de pobres, oprimidos e explorados).
Por outro lado, a realidade da crise desmente as fantasias dos “descolamentos” nacionais ou regionais em relação ao afundamento dos EUA. Ao contrário, mostra o desespero das outras grandes potências diante do declínio de seu espaço central de negócios. O que estamos presenciando não é a substituição da unipolaridade por alguma forma de multipolaridade eficaz, por meio de uma repartição completa do mundo entre potências centrais, mas sim seu deslocamento paulatino para um processo de despolarização, onde vão se abrindo múltiplos espaços nos quais os controles imperialistas (norte-americanos, europeus e outros) estão enfraquecendo, ou, dito de outro modo, onde a articulação capitalista do mundo se debilita ao ritmo da crise. E os antecedentes históricos (sobretudo se pensarmos no que ocorreu a partir da Primeira Guerra Mundial) assinalam que se isso ocorre, se a hierarquia mundial do capitalismo (econômica, política, cultural e militar) entra em crise, então irrompem as condições objetivas e subjetivas para as rebeliões das vítimas do sistema.
Não se trata de um processo ordenado, incluindo tentativas de reconversão estratégica dos mecanismos de dominação (como ocorre atualmente nos EUA sob a presidência de Barack Obama), de aproveitamentos por parte de outras grandes potências que tratam de se apropriar de espaços onde o poder imperial norte-americano se enfraqueceu, de autonomizações periferias às vezes bem sucedidas e às vezes condenadas ao fracasso. Quando certos gurus ocidentais mostram sua preocupação diante do possível desenvolvimento do que chamam de “despolarização caótica” (4) estão expressando um grande medo universal, consciente ou inconsciente frente à perspectiva da reaparição do odiado fantasma anti-capitalista, várias vezes declarado morto e exorcizado, mas que sempre permanece como uma ameaça.
Da crise de superprodução à crise geral de subprodução (esgotamento da civilização burguesa)
O desenlace de 2007-2008, início do longo crepúsculo do sistema, não foi nenhuma surpresa. Estava escrito nos avatares da “crise-controlada” das últimas quatro décadas. Mais ainda, é possível detectar caminhos, processo que ao longo de aproximadamente dois séculos percorrem toda a história do capitalismo industrial, desembocando agora em seu declínio geral. Há germes do parasitismo, anunciadores da futura decadência, presentes desde o nascimento do sistema, durante sua expansão juvenil e, muito mais, em sua fase madura.
A sucessão de crises de superprodução no capitalismo ocidental durante o século XIX não marcou um simples encadeamento de quedas e recuperações em níveis cada vez mais altos de desenvolvimento das forças produtivas. Após cada depressão, o sistema se recompôs, mas acumulando em sua trajetória massas crescentes de parasistismo. O câncer financeiro irrompeu triunfante entre fins do século XIX e início do século XX, obtendo o controle absoluto do sistema sete ou oito décadas depois. O seu desenvolvimento, porém, havia começado muito tempo antes, financiando estruturas industriais e comerciais cada vez mais concentradas e estados imperialistas onde se expandiram burocracias civis e militares. A hegemonia da ideologia do progresso e do discurso positivista serviu para ocultar o fenômeno e instalou a idéia de que o capitalismo, ao contrário das civilizações anteriores, não acumulava parasitismo, mas sim forças produtivas que, ao expandirem-se, criavam problemas de adaptação superáveis no interior do sistema mundial por meio de processos de “destruição criadora”. O parasitismo capitalista em grande escala, quando se tornava evidente, era considerado como uma forma de “atraso” ou uma “degeneração” passageira na marcha ascendente da modernidade.
Essa maré ideológica capturou também boa parte do anticapitalismo (em última instância “progressista”) dos séculos XIX e XX, convencido de que a corrente incontrolável do desenvolvimento das forças produtivas terminaria por enfrentar o bloqueio das relações capitalistas de produção, saltando por cima delas, esmagando-as com uma avalanche revolucionária de trabalhadores industriais dos países mais desenvolvimentos, aos quais se somariam os chamados “países atrasados”. A ilusão do progresso indefinido (mais ou menos turbulento) escondeu a perspectiva da decadência, deixando o pensamento crítico na metade do caminho, tirando-lhe radicalidade, com conseqüências culturais negativas evidentes para os movimentos de emancipação do centro e da periferia.
O militarismo moderno, por sua parte, finca suas raízes no século XIX ocidental, desde as guerras napoleônicas, chegando à guerra franco-prussiana até irromper na Primeira Guerra Mundial como “complexo militar-industrial”. No início, foi percebido como um instrumento privilegiado das estratégias imperialistas e, mais adiante, como instrumento de reativação econômica do capitalismo. Considerava-se, assim, só um aspecto do problema, ignorando ou subestimando sua profunda natureza parasitária: o fato de que, por trás do monstro militar a serviço da reprodução do sistema, escondia-se um monstro muito mais poderoso no longo prazo, um consumidor improdutivo, multiplicador de desequilíbrios, de irracionalidade no sistema de poder.
Atualmente, o complexo militar-industrial norte-americano (em torno do qual se reproduzem os de seus sócios da OTAN) gasta em termos reais mais de US$ 1 trilhão (5), contribuindo de maneira crescente para o déficit fiscal e, por conseguinte, para o endividamento do Império (e para a prosperidade dos negócios financeiros beneficiários deste déficit). Sua eficácia militar é declinante, mas sua burocracia é cada vez maior, a corrupção penetrou em todas as suas atividades e já não é o grande gerador de empregos como foi em outras épocas, uma vez que a tecnologia industrial-militar reduziu significativamente essa função. A época do keynesianismo militar como estratégia eficaz anti-crise pertence ao passado (6).
Presenciamos nos EUA a integração de negócios entre a esfera industrial-militar, as redes financeiras, as grandes empresas energéticas, as camarilhas mafiosas, as “empresas” de segurança e outras atividades muito dinâmicas, conformando o espaço dominante do sistema de poder imperial.
Tampouco a crise energética em torno da chegada do “Peak Oil” (a franja de máxima produção petroleira mundial a partir da qual se desenrola seu declínio) deveria ser restrita à história das últimas décadas. É necessário entendê-la como fase declinante do longo ciclo da exploração moderna dos recursos naturais não renováveis, desde o começo do capitalismo industrial que pode realizar sua expansão graças a esses insumos energéticos abundantes, baratos e facilmente transportáveis, desenvolvendo primeiro o ciclo do carvão sob a hegemonia inglesa no século XIX e, depois, o do petróleo, sob a hegemonia norte-americana no século XX.
Esse ciclo energético de dois séculos condicionou todo o desenvolvimento tecnológico do sistema e foi a vanguarda da dinâmica depredadora do capitalismo, estendida ao conjunto dos recursos naturais e do meio ambiente em geral. O que durante quase dois séculos foi considerado como uma das grandes proezas da civilização burguesa, sua aventura industrial e tecnológica, aparece agora como a mãe de todos os desastres, como uma expansão depredadora que põe em perigo a sobrevivência da espécie humana (que colocou essa expansão em curso). Em resumo, o desenvolvimento da civilização burguesa durante os dois últimos séculos (com raízes em um passado ocidental muito mais prolongado) terminou por engendrar um processo irreversível de decadência. A depredação ambiental e a expansão parasitária, estreitamente interrelacionadas, estão na base do fenômeno.
A dinâmica de desenvolvimento econômico do capitalismo, marcada por uma sucessão de crises de superprodução constitui o motor do processo depredador-parasitário que conduz inevitavelmente a uma crise prolongada de subprodução. A partir de um olhar superficial, poderíamos concluir que esta crise foi causada por fatores exteriores ao sistema: perturbações climáticas, escassez de recursos energéticos, etc., que bloqueiam ou mesmo fazem retroceder o desenvolvimento das forças produtivas. No entanto, uma reflexão mais rigorosa demonstra que a penúria energética e a degradação ambiental são o resultado da dinâmica depredadora do capitalismo, obrigado a crescer indefinidamente para não perecer, ainda que tal crescimento termine por destruir o sistema. Existe uma interrelação dialética perversa entre a expansão da massa global de lucros, sua velocidade crescente, a multiplicação das estruturas burocráticas civis e militares de controle social, a concentração mundial de renda, a ascensão da maré parasitária e a depredação do meio ambiente.
As revoluções tecnológicas do capitalismo têm sido, aparentemente, suas tábuas de salvação. De fato o foram durante muito tempo, incrementando a produtividade industrial e agrícola, melhorando as comunicações, os transportes, etc., mas, no longo prazo histórico, no balanço de vários séculos, constituem-se em uma armadilha mortal. Terminam por degradar o desenvolvimento que impulsionaram pelo fato de estarem estruturalmente baseadas na depredação ambiental, gerando um crescimento exponencial de massas humanas super-exploradas e marginalizadas. A cultura técnica da civilização burguesa se apóia em um duplo combate: o do homem contra a natureza (o contexto ambiental de sua vida) convertida em objeto de exploração, realidade exterior e hostil que precisa ser dominada e devorada; e o do homem (burguês) contra o homem (explorado e dominado) convertido em objeto manipulável.
O progresso técnico integra assim o processo de auto-destruição geral do capitalismo na direção de um horizonte de barbárie. Essa idéia vai muito mais além do conceito de bloqueio tecnológico ou de “limite estrutural do sistema tecnológico”, tal como formulado por Bertrand Gille (7). Não se trata da incapacidade do sistema tecnológico da civilização burguesa para seguir desenvolvendo forças produtivas, mas sim de sua alta capacidade enquanto instrumento de destruição de forças produtivas. Em resumo, a história das crises de super-produção conclui com uma crise geral de sub-produção, como um processo de destruição, de decadência sistêmica no longo prazo. Isso significa que a superação necessária do capitalismo não aparece como o passo indispensável para “a marcha do progresso”, mas sim, em primeiro lugar, como tentativa de sobrevivência humana e de seu contexto ambiental.
O processo de decadência em curso deve ser visto como a fase descendente de um longo ciclo histórico iniciado no final do século XVIII (8) que contou com dois grandes articuladores hoje declinantes: o ciclo de dominação imperialista anglo-norte-americano (etapa inglesa no século XIX e norte-americana no século XX) e o ciclo do estado burguês desde sua etapa “liberal industrial” no século XIX, passando por sua etapa intervencionista produtiva (keynesiana clássica) em boa parte do século XX, para chegar a sua degradação “neoliberal” a partir dos anos 1970-1980.
Enfim, é necessário assinalar que a convergência de numerosas crises mundiais pode indicar a existência de uma perturbação muito grave, mas não necessariamente o desdobramento de um processo de decadência geral do sistema. A decadência aparece como a última etapa de um longo ciclo histórico, sua fase declinante, seu envelhecimento irreversível (sua senilidade), o esgotamento de suas diversas funções. Levando ao extremo os reducionismos tão praticados pelas “ciências sociais” poderíamos falar de “ciclos” energético, alimentar, militar, financeiro, produtivo, estatal, etc., e assim descrever em cada caso trajetórias que se desenrolam no Ocidente entre fins do século XVIII e começos do século XIX, com raízes anteriores e envolvendo espaços geográficos crescentes até assumir finalmente uma dimensão planetária e começar logo a declinar em cada um deles. A coincidência histórica de todas esses declínios e a fácil detecção dessas interrelações entre todos esses “ciclos” nos sugerem a existência de um único super ciclo que os inclui a todos. Dito de outra maneira, a hipótese é que se trata de um ciclo da civilização burguesa que se expressa por meio de uma multiplicidade de “aspectos” (produtivo, moral, político, militar, ambiental, etc.).
Nostalgias, heranças e esperanças
Na esquerda, pululam os nostálgicos do século XX, que é apresentado como um período de grandes revoluções socialistas e antiimperialistas, desde a Revolução Russa até a vitória vietnamita, passando pela Revolução Chinesa, as vitórias anticolonialistas na Ásia e África, etc. Frente a essa sucessão de ondas revolucionárias o que veio depois, nas últimas décadas do século XX, aparece como uma desgraça. Ainda que também seja possível olhar esse “período maravilhoso” como uma sucessão de desilusões, de tentativas libertadoras fracassadas. Além disso, as esperanças (embaladas desde meados do século XIX) em vitórias proletárias no coração do mundo burguês – na Europa mais desenvolvida e na neo-Europa norte-americana, os Estados Unidos – nunca se concretizaram. O peso cultural do capitalismo gerando barbáries fascistas ou “civilizadas” integrações keynesianas dissipou toda possibilidade de superação pós-capitalista.
A última grande crise do sistema, desencadeada no início dos anos 1970, não produziu um deslocamento do mundo para a esquerda, mas justamente o contrário. Tudo isso contribuiu para confirmar a crença simplista, demolidora, de que o capital “sempre encontra alguma saída” (tecnológica, política, militar, etc.) para suas crises. Trata-se de um “pré-conceito” com raízes muito profundas, forjado durante muito tempo. Destruir esse mito constitui uma tarefa decisiva no processo de superação da decadência. Se esse objetivo não for atingido, a armadilha burguesa nos impedirá de sair de um mundo que vai afundando na barbárie. Isso já aconteceu ao longo da história com outras civilizações decadentes que puderam preservar sua hegemonia cultural degradando, neutralizando uma após outra todas as possíveis saídas superadoras.
Por outro lado, o fato de o capitalismo ter ingressado em seu período de declínio significa, entre outras coisas, a aparição de condições civilizacionais para a irrupção de elementos práticos e teóricos que poderiam servir como base para o avanço (destrutivo-criador) do anti-capitalismo como fenômeno universal. Para isso é necessário (urgente) impulsionar a crítica radical e integrá-la com as resistências e os movimentos insurgentes e, a partir daí, com o leque mais amplo de massas populares golpeadas pelo sistema. A chave histórica desse processo necessário é a aparição de um movimento anti-capitalista plural, inovador (que poderíamos denominar, em uma primeira aproximação, de “humanismo revolucionário”) dedicado ao desenvolvimento de sujeitos populares revolucionários, de rupturas, destruições dos sistemas de poder, de opressões imperialistas, de estruturas de reprodução do capitalismo.
A sua implementação pode ser pensada como um duplo fenômeno de inovação social e de recuperação de memórias, de projetos de igualdade e liberdade que atravessaram os dois últimos séculos nos países centrais e periféricos. Um complexo processo universal teórico-prático de recuperação de raízes, de identidades pisoteadas pelas modernizações capitalistas, de crítica integral e intransigente contra as fraudes ideológicas do sistema, seus diversos fetichismos (da tecnologia, da auto-realização individualista, dissociadora, do consumo desenfreado, da coisificação do meio ambiente). Guerra global prolongada, conquista destrutiva (revolucionária) dos sistemas de poder significa o renascimento da idéia de revolução, de uma ofensiva libertadora contra os opressores internos e externos, de uma práxis emancipadora dos oprimidos e do rechaço permanente de todas as tentativas de estabilização do sistema.
A decadência aparece sob a forma de uma imensa totalidade burguesa inevitável. A sua superação só é possível a partir do desenvolvimento de sua negação absoluta, da irrupção de uma “totalidade negativa universal” (9) que, nas condições concretas do século XXI, deveria apresentar-se como convergência dos marginalizados, oprimidos e explorados do planeta. Não como sujeito solitário ou isolado, mas sim como aglutinador, como espaço insurgente de encontro de um amplo leque de forças sociais rebeldes, como vítima absoluta de todos os males da civilização burguesa e, por conseguinte, como líder histórico da regeneração humana (uma recomposição da visão de Marx do “proletariado” como sujeito universal emancipador).
Aqui é necessário assinalar uma diferença decisiva entre a situação atual e as condições culturais nas quais se apoiou o ciclo de revoluções a partir da Primeira Guerra Mundial. O atual começo da crise dispõe de uma herança única que é possível resumir como a existência de uma gigantesco patrimônio democrático, igualitário, acumulado ao longo do século XX por meio de grandes tentativas emancipadoras revolucionárias, reformistas, antiimperialistas mais ou menos radicais, inclusive com objetivos socialistas em muitas delas. Centenas de milhões de oprimidos e explorados em todos os continentes realizaram uma aprendizagem excepcional, obtiveram vitórias, fracassaram, foram enganados por usurpadores de todo tipo, receberam o exemplo de dirigentes heróicos, etc. Esta é outra maneira de olhar o século XX: como uma gigantesca escola de luta pela liberdade, onde o melhor da humanidade aprendeu muitas coisas que ficaram gravadas em sua memória histórica, não como lembrança pessimista de um passado irreversível, mas sim como descobrimento, como ferramenta cultural carregada definitivamente em sua mochila de combate.
Por volta de 1798, quando as esperanças geradas pela Revolução Francesa agonizavam, Kant sustentava com obstinação que “um fenômeno como esse não é esquecido jamais na história humana...é demasiado grande, demasiadamente ligado ao interesse da humanidade, demasiado difundido em virtude de sua influência sobre o mundo, por todas as partes, para que os povos não lembrem dele em alguma ocasião propícia e não sejam incitados por essa lembrança a repetir a tentativa” (10). O século XX equivale a dezenas de revoluções libertárias como a francesa, e muito mais do que isso se o considerarmos do ponto de vista qualitativo.
O patrimônio cultural democrático disponível agora pela humanidade oprimida, armazenado em sua memória, ao início da maior crise da história do capitalismo, é muito mais vasto, rico e denso que o existente no início da anterior crise prolongada do sistema (1914-1945). O pós-capitalismo não só constitui uma necessidade histórica (determinada pela decadência da civilização burguesa), como uma possibilidade real, com uma base cultural imensa nunca antes disponível. A esperança e o otimismo histórico aparecem, são visíveis através das ruínas, das estruturas degradadas de um mundo injusto.
Quatro esclarecimentos são necessários.
Primeiro: no início do século XXI, o sistema global ingressou em um período de crescimento zero, negativo ou muito débil. Isso não se deve à rebelião popular contra o crescimento alienante e destruidor do meio ambiente, mas sim à decadência da civilização burguesa. Nos anos 1970, Joseph Gabel expressava seus temores ante as consequências do esgotamento dos recursos naturais (era a época dos choques do petróleo e da teoria dos limites do crescimento) e a instalação de sociedades de penúria, de sobrevivência, fundadas na distribuição autoritária e hiper-elitista dos escassos bens disponíveis. Gabel assinalava que as utopias igualitárias se baseiam na abundância de bens, no fim da miséria, etc., algo oposto às experiências das sociedades de sobrevivência baseadas na distribuição hierárquica do poder e dos bens (11).
Poderíamos imaginar um cenário sinistro, onde logo após o desmoronamento da cultura do consumismo ante à evidência do fim do crescimento (pelo menos no médio prazo), o sistema gerasse uma espécie de reconversão ideológica apoiada na idéia de austeridade autoridade, na instalação de um conformismo profundamente conservador e ultra elitista impulsionado por um bombardeio midiático gigantesco e sustentado por sistemas repressivos eficazes; em resumo, algo como um neofascismo estabilizador. Para realizar com êxito essa reconversão cultural, o capitalismo precisaria dispor de uma capacidade de controle social universal, de assimilação de suas contradições e de um tempo de desenvolvimento que atualmente não são visíveis. Tudo parece indicar que sua dinâmica cultural, o imenso peso de seus interesses imediatos, as debilidades de seus sistemas de controle social (incluída aí a arma midiática), e sua fragmentação tornam esse futuro muito pouco provável. Pelo contrário, considerando a recente experiência dos “falcões” norte-americanos, a essência parasitária das elites dominantes mundiais sugere cenários turbulentos de confrontos militaristas-imperialistas, de rebeliões sociais, etc.
Fica pendente o tema da diminuição dos recursos naturais disponíveis e, por conseguinte, das técnicas produtivas e do tipo de bens produzidos. Uma metamorfose social complexa é possível, a partir da decadência do sistema, reinstalando utopias igualitárias baseadas na abundância (ponto de partida para a superação do mercado, para a extensão da gratuidade, etc.). Obviamente uma abundância de “outro tipo”, fraternal, criativa e não consumista-passiva, reconciliada com a comunidade e com a natureza. Desta maneira, à farsa capitalista da “abundância geral” (objetivo inalcançável, contraditório com a reprodução do sistema) ou ao pesadelo da sociedade de sobrevivência (autoritária, repressiva, elitista) se contrapõe a utopia da sociedade igualitária de abundância (outros bens, outras técnicas, outras formas de relação entre os seres humanos e destes com o meio ambiente).
Segundo: esse protagonismo radical dos oprimidos não tem porque nascer durante o primeiro dia da crise. É necessário um imenso processo de gestação atravessado por rebeliões populares e reações conservadoras, com avanços e retrocessos, uma longa marcha em um período muito denso e turbulento (cuja duração real é imprevisível), no qual estamos dando os primeiros passos. É um tempo de recuperação de memórias, de novos aprendizados, de construção complexa de uma nova consciência.
Terceiro: a existência do patrimônio democrático global antes mencionado poderia ser a base histórica da superação das frustrações socialistas do século XX, onde a reprodução da hegemonia cultural do capitalismo, articulada com tradições muito antigas de submissão bloqueavam os processos de auto-emancipação, reduzidos a movimentos de massas dirigidos por elites radicais, por dirigentes inevitavelmente autoritários, cujas vitórias resultavam em novos mecanismos de opressão. O desenrolar da história salta por cima da disputa sem solução entre comunistas estatistas e libertários: os primeiros desenvolvendo a possibilidade concreta da revolução, mas postergando para um futuro nebuloso a democracia de base (produzindo, assim, ao mesmo tempo, o fato revolucionário e as condições de seu fracasso); os segundos ignorando a existência de uma densa trama cultural negativa penetrando profundamente a consciência popular e, por conseguinte, a necessidade de complexas transações, desmantelamento de estruturas e estilos de vida, combinações pragmáticas, plurais, entre o velho e o novo.
Quarto: a periferia do capitalismo, o espaço dos povos pobres e marginalizados do planeta aparece como o lugar privilegiado para a irrupção destas forças libertadoras. Isso vem sendo demonstrado pela realidade, desde as resistências ao Império no Iraque e no Afeganistão, até a onda popular democrática na América Latina que já inclui alguns dos espaços mais avançados onde se postula a superação socialista do capitalismo. Ainda que não devamos subestimar suas prováveis prolongações futuras e interações com fenômenos da mesma natureza nos países centrais, coração visível da crise, aí a concentração de renda, o desemprego, o empobrecimento em grande escala se estendem ao ritmo da decadência do sistema. Suas elites aceleram sua degeneração parasitária, o que coloca o perigo de renovadas aventuras neofascistas e imperialistas, mas também a esperança na rebeldia de suas retaguardas populares internas.
A barbárie já está em marcha. A insurgência dos oprimidos, também.
Notas
(1) “Fed says worst of recession over”, BBC News, 12 Agosto, 2009.
(2) O conceito de capitalismo senil tal como é utilizado neste texto aparece nos anos 1970 em um trabalho de Roger Dangeville (Roger Dangeville, “Marx-Engels. La crise”, editions 10/18, Paris 1978) e é retomado por vários autores na década atual: Jorge Beinstein, “Capitalismo Senil”, Record, Rio de Janeiro, 2001; Samir Amin , “Au delà du capitalisme senile”, Actuel Marx -PUF, Paris 2002.
(3) Michel Husson, "Crise de la finance ou crise du capitalisme", http://hussonet.free.fr/denkntzf.pdf
(4) Richard N. Haass, “The Age of Nonpolarity. What Will Follow U.S. Dominance”, Foreign Affairs , May/June, 2008.
(5) Esta cifra é obtida somando o gasto do Departamento de Defesa e os gastos militares de outras áreas da administração pública. Chalmers Johnson, “Going bankrupt: The US's greatest threat “, Asia Times, 24 Janeiro, 2008.
(6) Scott B. MacDonald, “End of the guns and butter economy”, Asia Times, October 31, 2007.
(7) Bertrand Gille, “Histoire des techniques”, La Pléiade, Paris, 1978.
(8) Uma visão muito mais ampliada o integraria ao mega ciclo da civilização ocidental, chegando ao início do segundo milênio com as cruzadas e os primeiros germens comerciais do capitalismo na Europa, atravessando a conquista da América até chegar à revolução industrial inglesa, ás guerras napoleônicas e à expansão planetária da modernidade (imperialista, de raiz ocidental, é preciso destacar).
(9) Franz Jakubowsky, “Les superestructures idéologiques dans la conception matérialiste de l'histoire”, Etudes et Documentetion Internationales (EDI), París, 1976.
(10), Emmanuel Kant, “Filosofia de la historia”, Fondo de Cultura Económica, México, 1992.
(11), Joseph Gabel, “Idéologies II”, éditions anthropos, París, 1978.
(*) Economista argentino, professor na Universidade de Buenos Aires. É autor, entre outros livros, de "Capitalismo senil, a grande crise da economia global".
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
Fonte: Carta Maior
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