O movimento estudantil tem deixado sua marca na história nacional e não poderia deixar de estar no Cesnors/UFSM
Essa história poderia começar com era uma vez, mas isso parece muito distante. O que vou contar é recente e ainda presente com perspectivas de futuro. Agora, se é de sucesso como o passado, só deixando acontecer para saber.
Em um momento em que o país todo aspirava por uma reforma universitária, bem como a expansão do ensino superior público, é inaugurado o nono centro da Universidade Federal de Santa Maria, o cesnors. Este centro ficou dividido em duas cidades longe 300 km da sede Santa Maria: Palmeira das Missões e Frederico Westphalen. Tudo era novo. Tudo era um desafio (e continua sendo). Isso despertou os primeiros acadêmicos para a organização. Era o início do Movimento Estudantil (ME).
Esta história se detém ao campus de Frederico Wstpahlen que tem a sua sede na linha sete de setembro, perto das instalações do Colégio Agrícola (CAFW), perto da cascata do “Panelão”, de outras tantas cascatas de nome desconhecido, mas de beleza incontestável. Fica perto também de matas nativas e de minifúndio de monocultura familiar. No primeiro semestre, o trajeto que os estudantes percorriam era um misto de safári e de aventura com fortes emoções. A estrada percorrida era uma parte de calçamento e outra de cascalho e rodeada ora por lavouras ora por uma vegetação intrusa que se permitia adentrar o ônibus pelas janelas quando o mesmo passava. Na travessia de um dos três rios existentes no trajeto, não havia ponte e o ônibus passava por dentro de seu leito. Uma certa tarde, na volta para casa, chovia torrencialmente e o nível das águas subira muito, mas mesmo assim o habilidoso motorista tentou atravessar o riacho. Resultado: o ônibus encalhou, ficou submerso na água até acima dos pneus, fato recordado seguidamente pelos estudantes que foram retirados do ônibus às pressas, .
A precariedade no transporte era apenas um agravante diante de todas as necessidades daquele lugar, daquele centro universitário que não possuía nem quadro negro, nem classes, nem salas de aula ou professores suficientes para ministrar as aulas. Diante deste contexto os estudantes não se conformaram em esperar para ver o que acontecia. O estudante Marcos Corbari foi um dos articuladores, como ele mesmo se intitulou, dos primeiros debates, das primeiras discussões. “Se bem me lembro, nossa primeira necessidade era transporte, depois vieram os pleitos de alimentação, bolsas subsidiadas, professores, equipamentos para laboratórios, técnicos e casa do estudante. Boa parte disso foi sendo conquistado, e creio que o "germe" gerador disso tudo tenha se originado daquelas primeiras discussões, das primeiras viagens a santa maria, das primeiras peleias, quando ainda éramos apenas três cursos em seus dois primeiros semestres letivos” relatou Marcos, estudante de Jornalismo que ingressou na primeira turma em outubro de 2006.
No primeiro semestre de atividades do cesnors foram criados os Diretórios Acadêmicos de Jornalismo, Agronomia e Engenharia Florestal respectivamente. Com os diretórios criados e oficializados os estudantes puderam ocupar as cadeiras reservadas aos acadêmicos nas instancias deliberativas dos cursos e do centro, fazendo valer a vontade e as necessidades dos estudantes nestas instancias.
Mas as dificuldades de infraestrutura e recursos humanos é o que mais repercutia nas discussões. Moacir Tuzzin, estudante da primeira turma de Agronomia, se considera protagonista do movimento estudantil especialmente em dois momentos da recente história do cesnors: a redução de problemas com a falta de professores, onde estudantes do mesmo curso realizaram um protesto no dia da posse do diretor, com a presença do reitor Clóvis Lima, o que teve como efeito a quase regularização do corpo docente nos semestres seguintes outro momento importante foi a realização de protestos pela licitação pública do transporte, manifestações que aconteceram no dia 30 de junho e 1° de julho de 2008 no centro da cidade. Moacir traz presente os valores já pagos pela passagem até a universidade: “no inicio do Cesnors, cada passagem tinha o custo de R$ 2,00 e hoje o custo está em R$ 0,60.”
Não bastasse os problemas locais, os diretórios acadêmicos não conseguiam estreitar as relações com o DCE, que fica na sede. Demorou algum tempo para se estabelecer um bom diálogo e o reconhecimento do DCE para com os estudantes do Cesnors, que mostrou sua força como movimento estudantil durante o Congresso Estudantil, em 2009, quando mais de 60 estudantes de Palmeira das Missões e Frederico Westphalen foram decisivos nas votações e deliberações do evento, que é a instância máxima deliberativa para o movimento estudantil da universidade. A partir de então, os diretórios acadêmicos do Cesnors estão representados também pelo DCE, incluído nas pautas e nas lutas como universitários da UFSM.
Esse envolvimento com as causas estudantis e seus pleitos, despertou em alguns estudantes a vontade e a necessidade de se engajar ainda mais nas lutas e organização do ME. Foi o que aconteceu com Mairo, estudante de Agronomia, que admite: “Me vejo mais protagonista na construção do DCE e da FEAB principalmente quando assumimos uma condição de direção da luta estudantil. Considero que após alguns anos o ME do Cesnors -FW tem tido uma maturidade frente as executivas de curso, UNE, UEE, DCEs, e frente a própria Universidade, maturidade esta conquistada com a luta desde o começo do ME aqui.”
Enquanto Mairo parte do ME local rumo a outros espaços de luta, estudantes como André Rosa Lopes, de jornalismo, preferem e se preocupam mais com as coisas simples e cotidianas nas atividades de um diretório acadêmico. Ele foi um dos colaboradores na organização da I Semana Acadêmica do curso de Jornalismo, no ano de 2008, quando fazia parte do Diretório Acadêmico.
Atualmente, os últimos cursos a iniciarem as suas atividades no Cesnors, os curso de Engenharia Ambiental e de Relações Pública, também tem o seu diretório acadêmico constituído. Juntos, os cinco diretórios do Cesnors-FW formam um conselho de DA's que se reúne periodicamente e discute as ações a serem tomadas em torno dos pleitos levantados pela comunidade acadêmica discente.
Tanto para Marcos, como para Mairo, Moacir e André, o motivo que fez com que se engajassem no movimento estudantil foi a vontade de lutar pelos direitos dos estudantes, participar da construção de uma universidade que atenda às necessidades dos estudantes na conquista de uma universidade pública de qualidade.
Josiane Canterle / Da Hora
Produção cultural, eventos e festivais de música. Planejamento Estratégico e Operacional, Formação política, para sindicatos e ONGs
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