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terça-feira, 29 de março de 2011

Em cartaz de 1º a 10 de abril: Mostra 1959 | O Ano Mágico do Cinema Francês

ENTRADA FRANCA
O CineBancários, em parceria com o Sesc-RS, coloca em cartaz, a partir do dia 1º de abril, a mostra 1959 – O Ano Mágico do Cinema Francês. Foram reunidos cinco títulos produzidos no último ano da década de 50 que impulsionaram o movimento conhecido como Nouvelle Vague. A seleção fica no CineBancários até o dia 10 de abril, às 15h, 17h e 19h, sempre com entrada franca.


A programação reúne uma seleção de obras-primas assinadas por um grupo de diretores à época ainda jovens – Jean-Luc Godard (Acossado), Alain Resnais (Hiroshima, Meu Amor), Claude Chabrol (Quem Matou Leda?), François Truffaut (Os Incompreendidos) – mas que em pouco tempo seriam colocados entre os grandes mestres do cinema.

Os Incompreendidos, por exemplo, deu a Truffaut a Palma de Ouro de Melhor Direção e apresentou oficialmente o Nouvelle Vague ao mundo. Também integra a mostra um título lançado em 1959 de Robert Bresson (Pickpocket), diretor francês que mesmo não fazendo parte do movimento, influenciou-o profundamente.

SINOPSE DOS FILMES:

Acossado(À Bout de Souffle), de Jean-Luc Godard. França, 1959, 90 minutos.
De forma inovadora e iconoclasta, narra a fuga de um ladrão parisiense. Após roubar um carro em Marselha e assassinar um policial para não ser preso por excesso de velocidade, Michel Poiccard foge para Paris. Na cidade, apresentada como um dos personagens do filme, o fugitivo conhece Patrícia, uma bela estudante norte-americana. Os dois se envolvem e a jovem torna-se sua cúmplice. Ela esconde Michel em seu apartamento até que ele receba um dinheiro que lhe devem. Logo o procurado sai novamente pelas ruas da cidade e comete pequenos delitos, até ser visto por um informante e receber final trágico. Acossado foi um divisor na história do cinema, propondo uma nova aproximação ao espectador, entre muitas outras inovações técnicas e conceituais.

Nascido em Paris em 1930, Godard viveu a infância e a juventude na Suíça. De volta à França, estudou Etnologia na Sorbonne e, a partir de 1952, atuou como crítico e pensador nas revistas Cahiers du Cinéma e La Gazette du Cinéma. Em 1959, dirigiu seu primeiro filme: Acossado (Ã Bout de Souffle). O longa-metragem, um dos primeiros da Nouvelle Vague - e considerado por muitos como seu mais marcante exemplar -, apresentou diversas inovações narrativas, como a filmagem com a câmera na mão e cortes agressivos. Em 1985, apresentou uma versão modernizada da Virgem Maria em Je Vaus Saiu e Marie. O filme provocou polêmica no Vaticano e foi proibido em diversos países. Entre os principais prêmios de Jean-Luc Godard estão o Urso de Ouro, no Festival de Berlim de 1965, por Alphaville, e o Leão de Ouro, no Festival de Veneza de 1982, em homenagem a sua carreira.

Os Incompreendidos (Les Quatre Cents Coups), de François Truffaut. França, 1959, 99 minutos.
Conta a história do adolescente Antoine Doinel. Desprezado pela mãe e ignorado pelo padrasto, o garoto deixa de frequentar as aulas para ir ao cinema e sair com os amigos. Certo dia, é descoberto pelos pais e esbofeteado em frente aos colegas. Tempos depois, ao plagiar um texto de Balzac e se desentender com o professor, ele abandona a escola definitivamente e foge de casa. Na rua, passa a viver de pequenos furtos, é preso e conhece os métodos de violência dos reformatórios infanto-juvenis. O filme é quase um documentário autobiográfico, com várias ações retiradas da própria vida do diretor. A narrativa é acerca de um dos assuntos mais caros à Nouvelle Vague, técnica e existencialmente: a liberdade.

Criado pelos avós, Truffaut nasceu em Paris, em 1932. Após juventude conturbada, recebeu incentivo do crítico de cinema André Bazin, de quem foi secretário pessoal. Escreveu no periódico Ciné Club du Quartier Latin e na revista Cahiers du Cinéma. Em 1959, realizou Os Incompreendidos, seu primeiro filme. O longa-metragem, quase um retrato real da infância do diretor e uma das primeiras manifestações da Nouvelle Vague, concedeu a ele a Palma de Ouro de Melhor Direção no Festival de Cannes. Jovens problemáticos seriam vistos também em outros filmes do diretor, como O amor aos vinte anos (L'Amour à Vingt Ans), de 1962, e Beijos proibidos (Baisers Volés), de 1968. Após 25 anos de carreira, faleceu dramaticamente em 1984 devido a um tumor no cérebro.

Hiroshima, Meu Amor (Hiroshima Mon Amour), de Alain Resnais. França/Japão, 1959, 90 minutos.
 
Se passa entre uma manhã e uma tarde do mesmo dia. Com o uso de flashbacks e vinhetas, o diretor apresenta um thriller de infidelidade, obsessão e assassinato em um vinhedo da Provance. Lá vive Henri Marcoux, pai de uma família completamente desestruturada. O filho, desequilibrado, é um voyeur incontrolável; a filha, noiva de um oportunista; a esposa, uma mulher sem atitudes diante da escancarada traição do marido, amante declarado da bela e jovem vizinha Leda. Mas a jovem é misteriosamente assassinada em sua casa e os personagens tornam-se suspeitos do crime. Inteligente, crítica e detalhista, a narrativa aborda a decadência das relações burguesas na França do pós-guerra. Nessa obra estão as principais características artísticas da Nouvelle Vague francesa nascente. 


Filho de farmacêutico, Claude Chabrol nasceu em Paris, em 1930. Estudou Farmácia, Literatura e Direito. Foi publicista do escritório parisiense da 20th Century Fox e crítico da prestigiada revista Cahiers du Cinéma. Estreou na direção em 1958, com Nas garras do vício (Le Beau Serge) e, em 1960, com Os primos (Les Cousins). O primeiro filme recebeu o prêmio Jean Viga e o segundo, o Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim. Ambos tornaram-se marcos da Nouvelle Vague. Nos anos 1960, produziu quase duas dezenas de filmes, entre eles obras memoráveis como Entre amigas (Les Bonnes Femmes), As corças (Les Biches) e O açougueiro (Le Boucher). Hoje, com 50 anos de carreira, Claude Chabrol é um dos mais respeitados cineastas de todos os tempos.


Pickpocket (Pickpocket), de Robert Bresson. França, 1959, 79 minutos.
 
Introspectivo e revoltado com a estrutura social, o jovem Michel começa a bater carteiras pelo prazer e a emoção de roubar. Com o tempo, o hábito torna-se uma compulsão. Michel é preso e, na cadeia, reflete sobre seus atos ao perceber o forte choque causado em sua família e amigos. Ainda assim, ao ser solto, une-se a um ladrão veterano e volta ao crime. Sua consciência pesa novamente, agora por ter se apaixonado por Jeanne, vizinha que cuida de sua mãe. Entre os dois nasce uma relação afetuosa, capaz de motivar o protagonista a abandonar a compulsão ao roubo. O filme é uma concretização das teorias de Bresson acerca do cinema: o diretor buscava acentuar a distinção da linguagem cinematográfica em relação a todas as outras.

Nascido em 1901, em Bromont-Lamothe, na França, Robert Bresson graduou-se em Artes Plásticas e Filosofia. Ao deixar a faculdade, trabalhou um breve período como pintor, porém desenvolveu grande interesse pelo cinema. Em 1934 dirigiu seu primeiro filme, o média-metragem Les Affaires Publiques. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi enviado como prisioneiro de guerra a um campo de concentração alemão, onde ficou por mais de um ano. De volta a Paris, dirigiu seu primeiro longa-metragem, Anjos do pecado (Les Anges du Péché), em 1943. Entre os filmes mais conhecidos de sua carreira estão as adaptações literárias, como o próprio Pickpocket, de 1959, vagamente inspirado em Crime e castigo, de Dostoievski. Em 1995 recebeu o prêmio René Clair, da Academia Francesa, pelo co njunto da obra. Em 1999 faleceu por causas naturais.


GRADE DE HORÁRIOS

Sexta-feira (1º de abril)
15h – Quem matou leda?
17h -  Pickpocket
19h - Hiroshima, Meu Amor

Sábado (2 de abril)
15h – Pickpocket
17h - Quem matou leda?
19h -  Os Incompreendidos

Domingo (3 de abril)
15h – Acossado
17h -  Hiroshima, Meu Amor
19h - Quem matou leda?

Terça-feira (5 de abril)
15h – Acossado
17h – Os Incompreendidos
19h – Pickpocket

Quarta-feira (6 de abril)
15h – Hiroshima, Meu Amor
17h – Quem Matou Leda?
19h – Acossado

Quinta-feira (7 de abril)
15h – Os Incompreendidos
17h – Pickpocket
19h – Hiroshima, Meu Amor

Sexta-feira (8 de abril)
15h – Quem Matou Leda?
17h – Acossado
19h – Os Incompreendidos

Sábado (9 de abril)
15h – Pickpocket
17h – Hiroshima, Meu Amor
19h – Quem Matou Leda?


Domingo (10 de abril)
15h – Acossado
17h – Os Incompreendidos
19h – Pickpocket


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