No país da contradição, mais uma das manifestações da burguesia segregadora...
O recém eleito deputado federal Tiririca, não é o candidato dos sonhos ou tampouco sabe o que faz um deputado, como ele mesmo anuncia.
Não votaria nele para esta função, por questões político-partidárias, mas não pelas razões com que denunciam os veículos de comunicação ou magistrados juízes.
A mesma elite que anda dizendo por aí mundo afora, que a política no Brasil é uma piada, pois elege palhaços pobres e semianalfabetos, como o acusam, é a elite que furta da camada pobre da população o direito ao acesso à educação.
Tiririca é hoje acusado de não ter a educação que um deputado empresário teve, e que assim, seu direito à estar na política deve ser vedado.
Sem méritos ou deméritos do envolvimento de Tiririca com a política institucional, o que está em questão agora, é a campanha de culpabilização deste sujeito, por ter nascido pobre e não ter o mesmo grau de conhecimento que um bem sucedido deputado deveria ter.
Esse discurso nasce na mesma ordem em que nasceu aquele que dizia que o presidente Lula jamais deveria ter se metido na cadeira presidencial e que sujeitos de classe subalterna devem ficar de fora da disputa do Estado. Eu, na condição de freireana que me encontro, não consigo admitir que falta de instrução educativa possa ser o pecado mortal de Tiririca.
O que está em questão neste momento, já não é a capacidade ou não do Tiririca ser um bom deputado, ou levar a vida no congresso na brincadeira, mas o insulto à elite dominante, de que um pobre semianalfabeto ocupe as cadeiras historicamente marcadas por muitos membros orgânicos da instrumentalização do capital.
Com tamanha polêmica, a pequena-burguesia nacional sente-se mil vezes mais horrorizada com um homem pobre brincando com a política em seu horário eleitoral, do que eleger e reeleger alguns deputados e senadores que são escrachadamente a grande comédia nacional que envergonham o cenário político há anos, porém bancam aos ?sérios? engravatados e assim conquistam mais confiança que o palhaço em questão.
A situação do Tiririca neste momento, de uma forma ou de outra, até mesmo através de métodos contraditórios, nada mais expressa, que a luta de classes diante do nosso nariz.
Afinal, pobre não entende de política, nem nunca vai entender e seu lugar é bem longe das estruturas do Estado.
E sempre lembrando, o Tiririca está na coligação da Dilma... isso também ajuda a campanha anti-Tiririca a decolar nos meios elitistas.
Ingrid Wink
Gravataí
RS
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