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terça-feira, 7 de setembro de 2010

PAIXÃO É O PATRONO

PAIXÃO É O PATRONO

A praça já tem seu novo símbolo. A Câmara Rio-Grandense do Livro, entidade promotora da Feira do Livro de Porto Alegre, anunciou neste 31 de agosto o nome do tradicionalista Paixão Côrtes como o novo patrono do evento.
O anúncio foi feito pelo patrono 2009, Carlos Urbim e pelo presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, o editor João Carneiro. O novo patrono foi escolhido por um colegiado de notáveis dentre uma lista com cinco finalistas - sistema de escolha adotado pela primeira vez na eleição do ano passado. Antes disso, o patrono era eleito dentre uma nominata com 10 indicados. Além de Côrtes, concorriam a patrono este ano os escritores Airton Ortiz, Jane Tutikian, Juremir Machado da Silva e Luís Augusto Fischer.
Um dos criadores do Movimento Tradicionalista, o novo patrono é, literalmente, um monumento cultural do Estado. Entre as demais credenciais de seu extenso currículo, João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes foi o modelo para que o escultor Antônio Caringi moldasse a estátua do Laçador, em Porto Alegre, em 1954.
Foi, também, ao lado de Luiz Carlos Barbosa Lessa e Glaucus Saraiva, um dos criadores doMovimento Tradicionalista Gaúcho. Curiosamente, Paixão Côrtes se elege patrono da Feira do Livroexatamente uma década depois de seu companheiro de empreitada, Barbosa Lessa, ter sido escolhido para a mesma função, no ano 2000.
Agrônomo de formação, Côrtes projetou seu nome na cultura do Estado como compositor, folclorista e pesquisador das tradições gaúchas. Nascido em Santana do Livramento em 1927, era estudante do Colégio Júlio de Castilhos quando conheceu Lessa e Saraiva e, com outros colegas do mesmo estabelecimento, resolveram se dedicar à pesquisa de campo das tradições do Rio Grande do Sul - que consideravam relegadas a segundo plano.
O trio participou da fundação do primeiro Centro de Tradições Gaúchas do Estado, o 35, em 1948. Também em parceria com Barbosa Lessa, Paixão assinou títulos fundamentais da bibliografia teórica do tradicionalismo, como o Manual de Danças Gaúchas (de 1956) e Danças e Andanças da Tradição Gaúcha (1975).
Côrtes foi o idealizador da Chama Crioula, da Ronda Crioula e inspirador do desfile da Semana Farroupilha. Seu livro mais recente a ganhar a página impressa foi a reedição, em 2006, pela Corag, do estudo Folclore Gaúcho, publicado originalmente em 1987. A obra é uma síntese de décadas de pesquisa de campo realizadas por Paixão Côrtes, e descreve as origens e o contexto de práticas populares ligadas à religiosidade do gaúcho. Ele atualmente trabalha em um novo estudo sobre as danças tradicionais do Estado.
Os cinco patronáveis da Feira deste ano foram obtidos através de votação entre os associados daCâmara do Livro, o que inclui livreiros e editores. O nome do patrono saiu de uma segunda votação, feita por um conselho cultural composto por figuras de destaque, pessoas ligadas à universidade, ex-patronos e dirigentes da Câmara, a quem foi pedido que votassem em três candidatos cada um, escolhendo-se daí o mais votado.

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