Produção cultural, eventos e festivais de música. Planejamento Estratégico e Operacional, Formação política, para sindicatos e ONGs

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

3ª Manoca do Canto Gaúcho acontece neste sábado, na Dom Alberto, com os maiores nomes do nativismo e os 700 lugares esgotados há uma semana

Uma festa do nativismo 3ª Manoca do Canto Gaúcho acontece neste sábado, na Dom Alberto, com os maiores nomes do nativismo e os 700 lugares esgotados há uma semana Com uma lista de espera de quase 200 pessoas e os 700 ingressos esgotados, o auditório da Faculdade Dom Alberto recebe neste sábado, a partir das 19h30min, os maiores nomes do nativismo para a final da 3ª Manoca do Canto Gaúcho, o festival de Santa Cruz do Sul. Subirão ao palco 14 composições, duas delas representando Santa Cruz do Sul, classificadas na fase local. O evento é promovido pela Associação Cultural Pró-Rio Grande, Faculdade Dom Alberto e Gazeta Grupo de Comunicações, com apoio da ATS, Poder Público Municipal, entidades e empresas do município. O CD com as 14 músicas concorrentes, mais três faixas-bônus de autoria dos jurados será vendido no local a R$ 10,00. O kit de CD e camiseta será comercializado a R$ 20,00. Ao palco da 3ª Manoca subirão alguns dos cantores mais premiados nos festivais nativistas este ano, como Rainier Spohr, Matheus Leal, Nilton Ferreira, Juliano Javoski, Robledo Martins, Rui Carlos Ávila, Clênio Bibiano, Danieli Rosa, Ita Cunha, Airam Cardoso e representando Santa Cruz do Sul, Tiago Oliveira e os Irmãos Marques, entre outros. O show de abertura será de Neco Machado e convidados (entre eles os jurados Douglas Osterberg - Grupo Recuerdos de Pampa -, Mateus Lampert, Jader Leal e Roberto Luçardo). DUPLA - Após a apresentação das concorrentes, o grande show da mais famosa dupla gaúcha da atualidade, vencedora do prêmio TIM na categoria dupla regional, César Oliveira e Rogério Melo, lançando o DVD “O Campo”. Segundo César Oliveira, em recente entrevista à Rádio Gazeta AM, será um momento de reencontrar os muitos amigos de Santa Cruz do Sul depois de pelo menos três anos que não vinham apresentar seus shows na cidade. “É gratificante voltar a Santa Cruz do Sul, perceber que na região está consolidado um grande festival nativista e reencontrar tantos amigos que estão envolvidos nesta promoção e que têm grande carinho pelo trabalho meu e do Rogério”, destacou. O festival distribuirá cerca de R$ 2 mil em prêmios e troféus em nove categorias. Segundo o presidente da Associação Cultural Pró-Rio Grande, Diego Moura, a grande procura por ingressos não surpreendeu os organizadores. “Já tínhamos esta previsão desde que houve lotação completa na fase local, mas a infra-estrutura do auditório da Faculdade Dom Alberto é excelente e a programação do festival foi mantida”, destacou. Segundo ele, a parceria entre Pró-Rio Grande e Dom Alberto está confirmada para 2009. “Mas, o festival será maior. Além da fase local, faremos a final em dois dias, pois a Manoca cresceu muito e precisaremos ampliar o formato. Além disso, aprovamos projeto cultural na Lei Rouanet e o aporte de recursos para o próximo ano será maior”, frisou. Manoca 2009 está na Lei Rouanet Se a 3ª Manoca do Canto Gaúcho já conquistou absoluto sucesso de público, a quarta edição será ainda maior. Na última terça-feira o projeto de realização da 4ª Manoca do Canto Gaúcho foi aprovado para receber os incentivos da Lei Rouanet. O projeto foi elaborado pelo produtor cultural Tiago Cesarino, que no próximo sábado estará reunido com a comissão de Cultural e de Projetos da Associação Cultural Pró-Rio Grande pra elaboração do cronograma do evento e estratégias de captação. Além disso, a associação fez seu cadastro na Lei de Incentivo à Cultura e avalia esta semana propostas de produtores culturais para ingressar com o projeto da 4ª Manoca também neste programa. A Lei Rouanet aprovou incentivos para gravação de um DVD da Manoca. “Temos investidores interessados, a partir de negociações previamente estabelecidas pela diretoria e pelo produtor cultural. Agora, vamos ampliar o leque das negociações”, explicou o presidente Diego Moura. O coordenador-geral da 3ª Manoca, Cleiton Santos, destacou que a entidade promoveu neste ano os preparativos das duas edições. “Consolidamos parcerias importantes e de longo prazo, inclusive os projetos de incentivo à cultura, que garantem a sustentação do festival pelos próximos anos. É bom poder dizer que Santa Cruz do Sul tem o seu festival nativista consolidado. E vai ser ainda maior em 2009”, destacou Santos. Segundo ele, em 2009 será mantida a fase local, criada este ano. “A final será em dois dias. O crescimento do festival não comporta mais a final em apenas uma noite. O calendário de eventos de Santa Cruz do Sul já pode incluir a 4ª Manoca do Canto Gaúcho nos dias 28, 29 e 30 de agosto de 2009”, acrescentou Cleiton Santos. O presidente Diego Moura afirmou que a parceria da Manoca com a Faculdade Dom Alberto e a Gazeta Grupo de Comunicações, entre outros apoiadores, para 2009 já está acertada, dependendo apenas de formalização. “Os resultados falam por si”, destacou. Para o vice-presidente Rovani Morales, a estratégia de trabalhar com uma programação prévia, metas bem definidas e os pés no chão, foi fundamental para esta edição do evento e o início do planejamento da próxima. Novos talentos nativistas Engana-se quem pensa que o projeto da Manoca do Canto Gaúcho fica restrito a realização de um festival musical. Também neste sábado, mas pela manhã, terá início o projeto “Novos Talentos Nativistas”, na Faculdade Dom Alberto. Trata-se de um curso de 60 horas, coordenado pelos professores Neidmar Roger Alves (Dom Alberto) e Iran Pas (Associação Cultural Pró-Rio Grande), que visa apresentar aos jovens estudantes conceitos de história, musicalidade, literatura, poesia e conhecimento da cultura do Rio Grande do Sul. O projeto pode contemplar até 30 jovens de 7 a 15 anos e as últimas vagas têm inscrições ainda estão abertas na Dom Alberto ou no site www.domalberto.edu.br . Neidmar Alves, coordenador Cultural e de Responsabilidade Social da Dom Alberto, explica que a iniciativa visa consolidar o conhecimento da cultura gaúcha entre os jovens, dentro de métodos educacionais. “Assim, estaremos fortalecendo não apenas a identidade cultural destes jovens, como criando oportunidade de desenvolvimento dos talentos regionais para as fases estudantil e local e, porque não, final, da Manoca do Canto Gaúcho”, frisou Alves. Iran Pas destaca que o trabalho será todo desenvolvido a partir da poesia e da música gaúcha, num sistema inovador. Neste segundo semestre de 2008 o projeto-piloto será trabalhado em turno invertido das aulas do currículo escolar e aos sábados pela manhã. “Além dos professores engajados nos projetos, ofereceremos oficinas com músicos que participaram da Manoca”, esclarece. Segundo ele, a intenção é fortalecer o projeto para 2009, de acordo com a demanda. “A importância deste projeto reside na oportunidade que os jovens têm de descobrir na sua juventude a sua veia poética e, com isso, ganhar a cidade e o Estado com o fortalecimento de sua cultura musical. Também serve para aprimorar o conhecimento dos jovens a cerca da literatura regional, folclore e da história rio-grandense, o que certamente será de grande valia para reforçar o conteúdo escolar”, destaca Iran pas. SERVIÇO O que: Final da 3ª Manoca do Canto Gaúcho Quando: Neste sábado, a partir das 19h30min (portas abertas a partir das 18h45min) Onde: Auditório da Faculdade Dom Alberto Quem: os maiores nomes do nativismo gaúcho Ingressos: esgotados (há fila de espera) Produtos: CD a R$ 10,00 e camisetas a R$ 15,00 (Kit com CD e camiseta sai por R$ 20,00). Promoção: Associação Cultural Pró-Rio Grande, Faculdade Dom Alberto, Gazeta Grupo de Comunicações Apoio: Poder Público Municipal, ATS, empresas e entidades do município Por que o nome Manoca? Manoca é o conjunto de 20 a 25 folhas de tabaco reunidas para secagem e cura, atadas por outra folha de mesmo tipo e padrão enrolada. Segundo o vice-presidente da Associação Cultural Pró-Rio Grande, Rovani Morales, é uma das mais usuais maneiras artesanais de classificar o fumo. “Deu nome ao festival por tratar-se de um termo usual ao homem rural de Santa Cruz do Sul e do produto que é a base da economia deste gaúcho município”, destaca Morales. Quem julga: O júri é composto pelo cantor e compositor Roberto Luçardo (Piratini), violonista, cantor e compositor Douglas Osterberg (Camaquã), cantor, compositor Neco Machado (Rio Pardo), instrumentista, cantor e compositor Jader Leal (Porto Alegre) e pelo poeta Mateus Lampert (Livramento). Ordem de Apresentação e CD Música Intérprete (s) Ritmo Autor (L) Autor (M) No Sul do País Raineri Spohr/Danieli Rosa Milonga Martin César Gonçalves Maikel Paiva Sorvendo Recuerdos Airam Cardoso Milonga Marco H. Lopes (In Memorian) Maurício Lopes Do Franqueiro ao Crioulo Lageano Adriano Posai/Daniel Silva/ Nilton Ferreira/ Pedro Jr. da Fontoura Canção Tropeira Sérgio Saretto e Romulo Furtado Nilton Ferreira O Último Tombo Robledo Martins Adão Quevedo Robledo Martins As Luzes da Tapera Evandro Marques/Guga Marques/Anderson Marques Chamarra Glauco Lemos Daniel Petri Guitarreiro Raineri Spohr Milonga Fábio Maciel Raineri Spohr Estância Cuarahiverá Juliano Javoski/Nilton Ferreira Chamarra Juliano Javoski Zulmar Benitez Ante as Ruínas Missioneiras Robledo Martins/Rui Carlos Ávila Cifra por Milonga Noel Guarany (in Memoriam), João Sampaio e Mauro Aquino Robledo Martins/Rui Carlos Ávila Da Alma um Canto pra os Meus Tiago Oliveira Milonga Tiago Oliveira Tiago Oliveira Na Fazenda Paraíso Matheus Leal/Ita Cunha Chamarra Davi Teixeira Davi Teixeira Milonga a Pedro Luzero Clênio Bibiano/Júlio Machado Milonga Gujo Teixeira Clênio Bibiano Quando um Rio é um Triste Poeta das Cheias Danieli Rosa Milonga Xirú Antunes Raineri Spohr O meu Sonho de Campeiro Ita Cunha/Matheus Leal Chamarra Alex Silveira Matheus Leal Aos Olhos da Porteira Rui Carlos Ávila Milonga Nino Ferraz Rui Carlos Ávila Faixas-bônus do CD Depois dos Mates Jader Leal Chamamé Mateus Lampert Jader Leal Um Dia de Marcação Neco Machado Chamamé Neco Machado Neco Machado Milonga do Retovo Roberto Luçardo e Guilherme Collares Milonga Vasco Veleda Roberto Luçardo Fonte: Pró-Rio Grande

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Pesquisa - Intolerância à diversidade sexual

Pesquisa - Intolerância à diversidade sexual RLS e Parceiros - 5/8/2008 Gustavo Venturi (Fundação Perseu Abramo) "Deus fez o homem e a mulher [com sexos diferentes] para que cumpram seu papel e tenham filhos" (frase popular, anônima, que tem a concordância de 11 em cada 12 brasileiros/as) Acaba de sair do forno a mais recente pesquisa social do Núcleo de Opinião Pública (NOP), intitulada Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil, Intolerância e respeito às diferenças sexuais nos espaços público e privado – uma realização da Fundação Perseu Abramo, em parceria com a alemã Rosa Luxemburg Stiftung. Com dados coletados em junho de 2008 (1), a pesquisa percorreu processo de elaboração semelhante ao de estudos anteriores do NOP (2), tendo sido convidados pela FPA para definir quais seriam as prioridades a investigar, entidades e pesquisadores dedicados ao combate e ao estudo da estigmatização e da discriminação dos indivíduos e grupos com identidades sexuais que fogem à heteronormatividade – lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT). Com o intuito de subsidiar ações para que as políticas públicas avancem em direção à eliminação da discriminação e do preconceito contra as populações LGBT, de forma a diminuir as violações de seus direitos e a facilitar a assunção e afirmação de suas identidades sexuais, buscou-se mensurar tanto indicadores objetivos de práticas discriminatórias em razão da orientação sexual das pessoas, quanto as percepções sobre o fenômeno (indicadores subjetivos, portanto) e manifestações diretas e indiretas de atitudes preconceituosas. A pesquisa cobriu assim um amplo espectro de temas, de modo que o relato que segue constitui tão somente uma leitura preliminar – entre muitas que certamente os dados obtidos permitirão – e sobre parte dos resultados que, à primeira vista, parecem mais relevantes. O preconceito dos outros Indagados sobre e existência ou não de preconceito contra as pessoas LGBT no Brasil, quase a totalidade da população responde afirmativamente: acreditam que existe preconceito contra travestis 93% (para 73% muito, para 16% um pouco), contra transexuais 91% (respectivamente 71% e 17%), contra gays 92% (70% e 18%), contra lésbicas 92% (para 69%, para 20%) e, tão freqüente, mas um pouco menos intenso, 90% acham que no Brasil há preconceito contra bissexuais (para 64% muito, para 22% um pouco). Mas perguntados se são preconceituosos, apenas 29% admitem ter preconceito contra travestis (e só 12% muito), 28% contra transexuais (11% muito), 27% contra lésbicas e bissexuais (10% muito para ambos) e 26% contra gays (9% muito). (GRAFICO 1) O fenômeno de atribuir os preconceitos aos outros sem reconhecer o próprio é comum e esperado, posto que por definição a atitude preconceituosa é politicamente incorreta. No entanto, chama a atenção, neste caso, as taxas relativamente elevadas de pessoas que admitem ter preconceitos contra os grupos LGBT: na pesquisa Idosos no Brasil, em 2006, 85% dos não idosos (16 a 59 anos) afirmaram que há preconceito contra idosos na sociedade brasileira, mas apenas 4% admitiram ser preconceituosos em relação aos mais velhos; e na pesquisa Discriminação racial e preconceito de cor no Brasil, em 2003, 90% reconheciam que há racismo no Brasil, 87% afirmaram que os brancos têm preconceito contra os negros mas apenas 4% dos de cor não preta assumiram ser preconceituosos em relação aos negros. Certamente é preciso aprofundar a investigação sobre o fato de o preconceito contra a população LGBT ser mais admitido. Mas duas hipóteses, não necessariamente excludentes, parecem concorrer para explicar esse contraste: tomando o dado em sua 'literalidade' (como em geral convém, até prova em contrário), a maior admissão de preconceito contra LGBT seria expressão de um preconceito efetivamente mais arraigado, mais assimilado e menos criticado socialmente. A alta disseminação de piadas sobre 'bichas', 'veados' ou 'sapatonas', por exemplo, e sua aceitação social, como atesta a presença cotidiana de personagens caricaturais em novelas e programas na TV, considerados humorísticos, também seriam evidências disso. A segunda hipótese é que a maior admissão de preconceito contra LGBT tem a ver com a 'natureza' da identidade sexual, para muitos vista como uma opção ou preferência – em contraste com as identidades 'raciais' ou etárias que, de modo mais evidente, independem das escolhas individuais, sendo assim não passíveis de crítica (ao menos deste ponto de vista) e, conseqüentemente, mais incorreto discriminá-las. De fato, 31% discordam (25% totalmente) que "ser homossexual não é uma escolha, mas uma tendência ou destino que já nasce com a pessoa", e 18% concordam apenas em parte (só 37% concordam totalmente). Ora, se acho que é gay (ou lésbica) quem quer, posso considerar sua opção um erro e punir (discriminar) quem a faz. É sintomático a esse respeito que, diante de duas alternativas, se "os governos deveriam ter a obrigação de combater a discriminação contra homossexuais, bissexuais, travestis e transexuais", ou se "isso é um problema que as pessoas têm de resolver entre elas", 70% concordem com a segunda alternativa, contra apenas 24% que entendem que o combate contra a discriminação da população LGBT deve ser objeto de políticas de governo. Em contraste, em 2003, 36% avaliaram que "os governos deveriam ter a obrigação de combater o racismo e a discriminação racial", contra 'apenas' 49% que consideraram que "isso é um problema que as pessoas têm de resolver entre elas, sem a interferência do governo". O preconceito dissimulado Como na pesquisa sobre a questão racial, nesta também partimos do pressuposto que a maioria não admitiria os próprios preconceitos. Assim, antes de qualquer referência explícita à temática da discriminação e do preconceito, o questionário tratou de captar manifestações indiretas de intolerância com a diversidade sexual. (Gráfico 2) Inicialmente, solicitou-se a cada entrevistado/a que dissesse, sobre diferentes "grupos de pessoas" o que sentia normalmente ao ver ou encontrar "desconhecidos do tipo deles": "(1) repulsa ou ódio, não gosta nem um pouco de encontrar; (2) antipatia, não gosta muito, prefere não encontrar; (3) indiferença, não gosta nem desgosta, tanto faz encontrá-los ou não; ou (4) satisfação, alegria, gosta de encontrá-los". Considerando-se a soma de (1) e (2) como indicador de aversão ou intolerância, dentre 28 grupos sociais sugeridos – grupos raciais, econômicos, em conflito com a lei, étnicos, religiosos etc. – as identidades sexuais que discrepam da normatividade heterossexual só perderam em taxa de intolerância para dois líderes incontestes: ateus (42% de aversão, sendo 17% de repulsa ou ódio e 25% de antipatia) e usuários de drogas (respectivamente 41%, 17% e 24%). Dizem não gostar de encontrar transexuais 24% (10% de repulsa/ódio, 14% de antipatia), travestis 22% (respectivamente 9% e 13%), lésbicas 20% (8% e 12%), gays e bissexuais 19% cada (ambos 8% e 11%) – praticamente igualados em taxas de aversão, por exemplo, a garotos de programa (25%), prostitutas (22%), ex-presidiários (21%) e ciganos (19%); acima, por exemplo, de mendigos (11%), judeus (11%) e muçulmanos (10%) e 'gente com Aids' (9%), e ainda muito acima de índios (3%), negros ou orientais (2% cada) e brancos (menos de 1%). A seguir definiu-se homossexuais como "pessoas que se interessam afetiva e sexualmente por pessoas do mesmo sexo" e foram faladas frases – "coisas que costumam ser ditas sobre os gays e as lésbicas, que algumas pessoas acreditam e outras não" – solicitando-se a cada entrevistado/a que manifestasse seu grau de concordância ou de discordância com as mesmas. (Gráfico 3) A frase epígrafe "Deus fez o homem e a mulher com sexos diferentes para que cumpram seu papel e tenham filhos" tem a concordância, em algum grau, de 92% (sendo 84% totalmente), contra apenas 5% que discordam; e concordam que a "homossexualidade é um pecado contra as leis de Deus" 66% (58% totalmente), contra 22% que discordam (17% totalmente) – dados que revelam o tamanho da colaboração religiosa para a intolerância com a diversidade sexual. E a contribuição do discurso médico não fica muito distante: 40% concordam (29% totalmente) que "a homossexualidade é uma doença que precisa ser tratada", embora 48% discordem (41% totalmente). São claras expressões de preconceito também as concordâncias majoritárias com a idéia de que "as pessoas bissexuais não sabem o que querem, são mal resolvidas" (57% concordam, sendo 44% totalmente, contra 27% de discordância), e com a afirmação de que "quase sempre os homossexuais são promíscuos, isto é, têm muitos parceiros sexuais" (45% concordam, contra 36% que discordam). Há ainda o apoio a potenciais medidas discriminatórias, manifestas nas frases: "casais de gays ou de lésbicas não deveriam andar abraçados ou ficarem se beijando em lugares públicos" (64% de concordância, sendo 52% totalmente, contra 27% de discordância), e "casais de gays ou de lésbicas não deveriam criar filhos" (47% concordam, 38% totalmente; 44% discordam, 35% totalmente). Por fim, 37% concordam que "a homossexualidade é safadeza e falta de caráter" e 34% que "os gays são os principais culpados pelo fato da Aids estar se espalhando pelo mundo". Em suma, a primeira leitura desta pesquisa dá números ao que já se suspeitava: por trás da imagem de liberalidade que o senso comum atribui ao povo brasileiro, particularmente em questões comportamentais e de sexualidade, há graus de intolerância com a diversidade sexual bastante elevados – coerentes, na verdade, com a provável liderança internacional do Brasil em crimes homofóbicos. O que indica que há muito por fazer, em termos de políticas públicas, para tornar realidade o nome do programa da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, criado 2004, Brasil sem Homofobia – ele mesmo, segundo a pesquisa, conhecido por apenas 10% da população (2% dizem conhecê-lo e 8% já ouviram falar). Outros temas foram abordados no levantamento, inclusive de políticas contra a discriminação LGBT para as áreas de educação, saúde, emprego, justiça, cultura e direitos humanos, mas não há espaço aqui para tratá-las. Se lembrarmos ainda que os resultados gerais aqui expostos (médias nacionais) podem acobertar contrastes importantes num país como o nosso, atravessado por desigualdades de classe social, de gênero, raciais e regionais, fica o convite aos interessados para aprofundarem a análise desta introdução, buscando mais dados da pesquisa Diversidade sexual e homofobia no Brasil, em breve disponíveis no portal da FPA (www.fpabramo.org.br) e em futura publicação da Editora da FPA. NOTAS * Colaboraram, com Gustavo Venturi, Rita Dias e Vilma Bokany, analistas do Núcleo de Opinião Pública (NOP) da Fundação Perseu Abramo. Gustavo Venturi, doutor em Ciência Política e mestre em Sociologia pela USP, é coordenador do NOP e diretor da Criterium Assessoria em Pesquisas. (1) Levantamento quantitativo (survey) com amostragem probabilística nos primeiros estágios (sorteio de municípios, setores censitários e domicílios) e controle de cotas de sexo e idade (IBGE) para a seleção dos indivíduos (estágio final). Total de 2.014 entrevistas com população acima dos 15 anos de idade (todas as classes sociais), dispersa nas áreas urbanas de 150 municípios (pequenos, médios e grandes), em 25 UFs, nas cinco macro-regiões do país (Sudeste, Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste). Abordagem domiciliar, com aplicação de questionários estruturados (versões A e B, aplicados a duas sub-amostras espelhadas), somando 92 perguntas distintas (cerca de 250 variáveis), com duração média das entrevistas em torno de uma hora. Margens de erro de até ± 3 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%. Coleta dos dados entre 07 e 22 de junho de 2008. (2) Idosos no Brasil, desafios e expectativas na 3a idade (2006, em parceria com os SESC SP e Nacional), Perfil da juventude brasileira (2003, em parceira com o Instituto Cidadania), Discriminação racial e preconceito de cor no Brasil (2003, em parceira com a Rosa Luxemburg Stiftung) e A mulher brasileira nos espaços público e privado (2001). Para resultados, ver www.fpabramo.org.br e respectivas publicações da Editora FPA.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Yeda Crusius e o Inferno do PSDB

O PSDB, partido do ex-príncipe FHC e dos presidenciáveis José Serra e Aécio Neves, atravessa um dos piores momentos dos seus 20 anos de vida, completados em junho último. O seu inferno astral se estende por todo o país. Dois governadores tucanos, de Alagoas e da Paraíba, correm o risco de perder seus mandatos, metidos em corrupção e crises. Em São Paulo, o partido chafurda no escândalo da Alstom, multinacional que deu R$ 15 milhões em propina em troca de contratos bilionários com as estatais – e que acaba de fechar nova negociata no valor de R$ 706 milhões. A crise existencial da social-democracia tupiniquim é abissal e enterrou de vez o cínico discurso da ética. Como reflexo, o PSDB se apresenta para as decisivas eleições municipais de 2008 mais desidratado. Disputará o pleito apenas em 11 capitais e, na maioria delas, sem chances de vitória. Para piorar, os neoliberais tucanos romperam a sua aliança histórica com os oligarcas do ex-PFL. Na estratégica capital paulista, o partido está fraturado, numa briga fratricida entre José Serra, que apóia o candidato do demo, e o seu carma Geraldo Alckmin, adorador do Opus Dei. O mensalão do PSDB gaúcho A mídia hegemônica, porém, tem prestado um excelente serviço aos tucanos – talvez saudosa das privatarias do passado. Ela blinda o PSDB, evitando falar das crises e falcatruas deste partido. Os mais poupados são os governadores José Serra e Aécio Neves, reservas estratégicas da burguesia para a disputa presidencial de 2010. O único caso gritante que não conseguiu esconder, apesar das tentativas, é o do Rio Grande Sul. Neste importante estado da federação, as feridas estão abertas e os podres vêem a tona. Hoje a governadora Yeda Crusius é o principal elo fraco dos tucanos. Há meses, ela sangra e mancha a falsa imagem do PSDB. Mas a governadora, que mais se parece uma aristocrata inglesa, mantém-se arrogante e esbanja inabilidade. No início do purgatório, seu governo foi acusado de desviar R$ 44 milhões do Detran para montar o famoso mensalão da sua base parlamentar. Ela negou, mas conversas gravadas entre seu vice, Paulo Feijó, e seu chefe da Casa Civil, Cezar Busatto, confirmaram o esquema ilícito. Desmascarada, ela disse desconhecer a sujeira e repassou a responsabilidade aos seus auxiliares diretos, exonerando quatro secretários. Agora, porém, é o empresário Lair Ferst, coordenador da campanha de Yeda Crusius em 2006, que afirma com todas as letras que ela participou ativamente do esquema de corrupção. Réu na ação criminal, junto com outras 39 pessoas, pelo desvio de R$ 44 milhões do Detran, ele garante: "É público e notório que houve o envolvimento da governadora neste processo". Antes ele havia negado a relação promíscua porque "não achava conveniente servir de munição para a oposição". Mas, abandonado, ele resolveu falar, o que pode causar a abertura do processo de impeachment. A suspeita mansão da governadora Outro caso grotesco afeta ainda mais a ex-vedete tucana. A oposição pediu ao Ministério Público Federal a investigação da compra de uma luxuosa mansão num bairro nobre de Porto Alegre. Há suspeitas de que parte do dinheiro desviado do Detran teria sido usado para a aquisição do novo imóvel, que custou R$ 750 mil, valor bem superior ao patrimônio declarado por Yeda Crusius na Justiça Eleitoral. Diante da grave acusação, ela alegou que adquiriu a mansão com o dinheiro da venda de dois apartamentos, avaliados em R$ 35 mil e R$ 218, e de um carro. Mas a oposição já descobriu que a desculpa é falsa, já que um dos imóveis está penhorado e não pode ser vendido. Diante de tantos descalabros, que nem a mídia venal consegue esconder, a governadora mantém o velho estilo tucano, fingindo-se de morta. Ela conta com a maioria na Assembléia Legislativa e com a ajuda de alguns jornalistas – também acusados de envolvimento no escândalo do Detran – para abafar as denúncias. Numa prova de total inabilidade, que deve irritar tucanos mais marotos, ela ainda enviou à Assembléia Legislativa pedido de reajuste de 143% nos seus rendimentos, que passaria de R$ 7,1 mil para R$ 17,3 mil mensais. Na mesma semana, ela viajou a Brasília para se contrapor ao piso nacional de R$ 950,00 dos professores proposto pelo governo federal e aprovado na Câmara de Deputados. Se depender de Yeda Crusius, o inferno astral do PSDB não terá fim.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Plenário aprova novas regras para cooperativas de trabalho

Agência Câmara Plenário aprova novas regras para cooperativas de trabalho Elton Bomfim O deputado Tarcísio Zimmermann foi o relator da proposta aprovada. O Plenário aprovou nesta quarta-feira a regulamentação das cooperativas de trabalho, que serão beneficiadas por um programa nacional de fomento, o Pronacoop. As medidas estão previstas no Projeto de Lei 4622/04, do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS). Com o objetivo de impedir fraudes, o projeto proíbe a criação de cooperativas para intermediar mão-de-obra terceirizada. Esse subterfúgio tem sido usado, nos últimos anos, para fazer contratações sem carteira assinada, o que deixa os profissionais sem os seus direitos trabalhistas. A proposta segue para o Senado. A matéria votada foi o substitutivo do deputado Tarcísio Zimmermann (PT-RS), da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público. Ficam fora das novas regras as cooperativas operadoras de planos privados de assistência à saúde; aquelas que atuam no transporte regulamentado pelo poder público e que detenham os meios de trabalho; e as de profissionais liberais cujos sócios exerçam as atividades em seus próprios estabelecimentos. Política nacional A proposta aprovada muda a Política Nacional de Cooperativismo, determinando jornada máxima de oito horas diárias e 44 semanais para os profissionais cooperados, além de pagamento de horas extras. Constituída com pelo menos sete sócios, a cooperativa de trabalho deverá garantir aos seus integrantes direitos como retiradas não inferiores ao piso da categoria profissional ou ao salário mínimo, no caso de não haver piso, calculadas proporcionalmente às horas trabalhadas. Em relação a esse ponto, o deputado Assis do Couto (PT-PR) observou que, se o pagamento for exigido na Justiça por um dos cooperados que não receber o valor por insuficiência de caixa, haverá uma situação jurídica estranha, pois o autor da ação será ao mesmo tempo réu . Fiscalização De acordo com a proposta aprovada, quem contratar a cooperativa responderá solidariamente pelo cumprimento das normas de saúde e segurança do trabalho quando os serviços forem prestados no seu estabelecimento, ou em local por ele determinado. O Ministério do Trabalho fiscalizará o cumprimento da lei originária do projeto, e quem for condenado por fraudar a legislação trabalhista não poderá ser eleito para cargo em cooperativa pelo período de até cinco anos contado da sentença transitada em julgado. Crédito O programa de fomento tem o objetivo de viabilizar a criação de linhas de crédito e o acesso a mercados e à comercialização da produção. Os recursos para as linhas de crédito do Pronacoop virão do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT); do Orçamento da União; e de outras fontes alocadas pelo Poder Público. Entre as mudanças feitas por Zimmermann, estão a inclusão da garantia do direito ao repouso semanal e anual remunerado e ao seguro de acidente de trabalho; e a possibilidade de que bancos cooperativos possam operar os recursos do Pronacoop. Zimmermann disse que o texto final foi elaborado com a ajuda das próprias cooperativas e representa um avanço para o setor. "Há hoje no Brasil mais de 1,5 milhão de trabalhadores nessa forma de organização. É por isso que uma lei é necessária", explicou.

O mito da degola da Praça da Matriz

A jornalista e doutora em Ciências Sociais, Débora Franco Lerrer, fala em entrevista como os meios de comunicação criaram o mito da “degola” do policial durante conflito entre sem terra e a Brigada Militar em Agosto de 1990, na Praça da Matriz [Porto Alegre]. Também mostra que a morte do cabo Valdeci de Abreu Lopes, uma das vítimas, apenas é reavivada hoje para criminalizar o MST. Reportagem: Raquel Casiraghi Débora Franco Lerrer Apenas depois de 18 anos de sua morte, o cabo Valdeci de Abreu Lopes recebeu uma homenagem de sua corporação, a Brigada Militar. Na última sexta-feira, dia 8 de Agosto, mais de cem policiais militares realizaram uma cerimônia em memória do colega, morto durante conflito com sem terra em Porto Alegre em 1990. O confronto na Praça da Matriz ficou conhecido pela morte do policial, que na época foi retratada pelos jornais como a “degola”. No entanto, livros e documentos posteriores contestam a versão. É o caso do livro “De como a mídia fabrica e impõe uma imagem – A ‘degola’ do PM pelos sem-terra em Porto Alegre”, da jornalista e socióloga Débora Franco Lerrer. Na entrevista a seguir, a autora fala como os meios de comunicação criaram o mito da “degola”. Também mostra que a morte do cabo Valdeci, uma das vítimas, apenas é reavivada hoje para criminalizar o MST. Qual foi a principal conclusão a que chegaste em teu livro? A conclusão a que eu cheguei é que a imagem pública do que ocorreu no dia 08 de Agosto de 1990, construída pela mídia, é uma ficção. O modo como os meios de comunicação retrataram o violento conflito que ocorreu na Praça da Matriz [centro de Porto Alegre] e que teve um desdobramento trágico na Esquina Democrática é uma ficção. O meu objetivo de escrever a dissertação e publicar o livro foi para que se tivesse uma outra memória do ocorrido. Porque quando os jornais vão falar hoje do episódio, eles recorrem aos seus próprios arquivos, reiterando a ficção. Eles não vão atrás de novos conhecimentos ou pesquisas. E futuramente estes arquivos serão os históricos, os que as pessoas terão para ler. No que as tuas investigações diferem do que foi retratado pela mídia? Não é que não tenham [os jornais] retratado o ocorrido em alguns momentos, mas a imagem que ficou é uma imagem ficcional. Fiz meu estudo a partir de pesquisas, de entrevistas dos profissionais que fizeram a cobertura na época, em cima dos laudos do processo judicial e dos atores do processo [sem terra e brigadianos]. O inquérito é uma fonte riquíssima sobre o episódio, é dele que eu tiro grande parte das informações que desconstroem essa ficção. O que eu posso dizer é que basicamente houve uma quebra de hierarquia na Praça da Matriz, em que a Brigada Militar desencadeou uma operação perigosa naquele cenário. Iniciou o despejo dos colonos, como os sem terra eram chamados na época, sem ordem do governador em exercício e em plena negociação. O despejo foi violento, com a polícia entrando em choque, alegando que um sem terra tinha atirado uma pedra em um policial. Uma pedra teria sido o que desencadeou a ira, a ação da Brigada Militar. Muitos colonos fugiram e, um pouco longe da Praça da Matriz, já na Esquina Democrática, um grupo de sem terra encontrou o cabo Valdeci de Abreu Lopes sozinho. E, naquele momento, aconteceu o entrevero em que o policial foi morto. É muito difícil dizer quem começou e quem terminou o desastre, mas determinadas coisas estão claras para mim, a partir das leituras que fiz em cima do laudo de necropsia e do que está nos autos do processo judicial. Segundo os documentos o cabo Valdeci, despreparado e possivelmente amedrontado, vendo aquela massa de colonos correndo rua abaixo, pegou o revólver e atirou três vezes. O revólver dele tem percutido três balas. Essas balas atingiram uma mulher [Elenir Nunes] e outra pessoa, na perna. E foi nesse episódio em que ele foi morto. O curioso do inquérito policial é que inverte a situação. Fica subentendido que Valdeci teria dado o tiro na Elenir depois de ele ter sido golpeado por uma faca. E por que isso não teria acontecido? Por que é impossível o policial ter recebido o golpe e depois atirar, por exemplo. Quando a artéria carótida é atingida, a pessoa perde a reflexão e morre muito rapidamente. Claro que a pessoa que atacou o soldado tinha conhecimento disso, porque é assim que se matam os animais no campo. Mas foi uma reação que se assemelha, muito provavelmente, à legítima defesa. Não é natural, entre as pessoas, atacar um policial na rua. No meio do conflito, o cabo Valdeci pode ter sido atacado por uma foice, mas não foi isso a causa da morte. É uma situação muito triste, uma tragédia, mas que tem que ser colocada neste contexto: centenas de pessoas estavam sendo atacadas pela força policial e estavam desesperadamente em fuga quando encontraram o policial. Tem que ser colocada a verdade. Na tua opinião, quais são as ficções retratadas pelos jornais da época? Eles continuam reiterando o que os laudos de necropsia deixaram evidente. O golpe que causou a morte do cabo Valdeci foi feito por arma branca, porque o tipo de corte por uma faca ou um canivete é completamente diferente do corte que faz uma foice. A foice precisa de força para cortar, já a faca é afiada, então ela faz um corte "limpo", de botoeira. Não quero diminuir a importância da morte do soldado com esse debate de que se foi com foice ou não. Só quero mostrar que a própria "degola", como os jornais chamam, é toda uma construção do imaginário e, no fundo, uma ficção. O que se imagina com a palavra "degola"? Classicamente, nos parece o corte de orelha a orelha, como se fazia no RS durante a guerra civil. É óbvio que em um estado como RS, que teve uma guerra civil entre 1893-1895entre gaúchos em que houve execuções com base na degola, este tipo de morte está muito presente no imaginário do povo. Só que a degola é um processo de execução. Quando os jornais falam na degola do policial, imagina-se que o sem terra cortou totalmente o pescoço de Valdeci, mas não foi isso o que aconteceu. No caso do conflito, foi um corte muito pequeno, mas preciso, na artéria carótida, e aí a pessoa morre na hora. Há outras ficções além da degola e da foice? Outra ficção muito séria para mim é a Elenir Nunes, que foi vítima e depois foi tornada culpada pela morte do soldado. Ela sobreviveu ao tiro que levou do policial, mas não há a bala para comprovar. O tiro entrou no abdômen e transpassou todo o corpo dela. Mas mesmo assim Elenir, que levou o tiro, foi condenada como co-autora pela morte do soldado. Não quero justificar a morte de Valdeci, porque as mortes não se justificam. Mas quero mostrar que, no contexto da luta pela reforma agrária na época e ainda hoje se explica porque os meios de comunicação e demais forças sociais vivem reiterando essa história que não é verídica. Porque querem classificar o Movimento Sem Terra [MST] como violento, que é criminoso, "vejam, ele matou um policial". E as coisas não são assim. O MST, do modo que promove a luta pela reforma agrária com as ocupações massivas por famílias, é uma forma inclusive de defesa. Porque no momento em que se junta muita gente para fazer uma ocupação fica-se menos vulnerável a ataques de jagunços e de forças paramilitares. Existe uma tentativa de coibir esse processo de violência. E se no RS o MST não é vítima de paramilitar ou jagunço, no resto do país essa técnica de luta é central, fundamental. É um movimento mais de contra-violência do que de violência, como tentam classificar. Como foi construído esse imaginário da degola? Entrevistei jornalistas da época e coloquei estas questões. As respostas foram inacreditáveis. Perguntei porque eles não olharam o laudo de necropsia e eles me responderam que não tinham se dado conta. Isso é uma grave falta jornalística. Os jornalistas têm consciência de que era uma informação relevante que não foi tocada e nem apurada. O editor da Revista Veja, na época, me falou que a reforma agrária tinha se tornado umamedida discricionária devido à derrota na Constituição de 88. Ou seja, tinha uma vontade de criminalizar sim o MST, que estava insistindo na questão da reforma agrária. Temos que levar em consideração que era o primeiro ano do governo Collor e todo mundo queria jogar esse debate para debaixo do tapete. E de repente vem um movimento social, o MST, com a bandeira da reforma agrária que foi importante no combate à Ditadura Militar e na reorganização das forças democráticas no país. Era uma demanda histórica, que existia desde a década de 60, que estava sendo reavivada. E a gente não pode esquecer que o jornalismo precisa de motes publicitários para vender suas notícias. A batalha campal na Praça da Matriz e, principalmente, a tragédia na Esquina Democrática, são casos que chamam a atenção. E usar a "degola", usar a figura da "foice", foi um mote que "pegou" no imaginário. À medida que entrevistei esses jornalistas, vi como se formou esse imaginário. Mas o livro mostra que alguns jornalistas tiveram outras posturas – Sim, tenho que ressaltar algo que é muito importante. Ao mesmo tempo em que alguns jornalistas contribuíram para a criminalização do MST com as suas versões da história, foi de um outro grupo de jornalistas vinculados ao sindicato e que lançou um jornal [o COOJORNAL] a única versão mais aproximada do que aconteceu. E foi desses jornalistas também a gravação que ajudou a absolver o sem terra que era considerado o principal acusado como assassino do soldado, Otávio Amaral. Então existe essa ambigüidade na imprensa. Sua atividade é central para o debate público e saudável na sociedade. Ela tem armas e é poderosa para estabelecer um diálogo, um debate em uma sociedade que tem que resolver os seus problemas sociais. No entanto, o que se vê hoje é que a gente piorou em termos de imprensa, porque ao invés de aprimorar a leitura dos episódios, do que ocorreu no passado, ela reitera uma ficção. A imprensa tem papel fundamental para dar visibilidade para as questões e lutas sociais e poderia ser um ambiente saudável para colocar as forças que estão se confrontando em diálogo. Dando visibilidade para as demandas, explicar porque estas não podem ser atendidas, se for o caso. No entanto, não é isso o que me parece que está acontecendo no RS. Essas reportagens que foram feitas sobre a homenagem ao cabo Valdeci depois de 18 anos de morto apenas cristalizam o episódio sob o ponto-de-vista hegemônico, sem levar em consideração todas as versões que existem. Não se aprimorou a leitura do passado. Ao contrário da História, que pretende, com novos dados, fazer a leitura do que aconteceu. Há formas de desfazer um imaginário construído pela mídia? Para isso a gente tem que ter meios de comunicação que de alguma forma combatam a desinformação, mas também precisamos aprimorar a educação das pessoas. O que vejo é muito jornalista despreparado, que não conhece nem a história do próprio país. Não conhece a história das lutas sociais, não sabe do que se trata e assim reitera o ponto-de-vista dominante, muitas vezes sem elementos. É a desinformação que é a grande arma dos que são contra a luta da reforma agrária e dos que são contra os movimentos sociais. As organizações, como o MST, somente aparecem na mídia quando há um embate violento, quando há algum grande fato escandaloso. Nunca se mostra o aspecto positivo dessa luta e que deve ser conhecido pela sociedade brasileira. A população só conhece o MST pelos conflitos que, com sua luta, ele provoca. E não aquilo que o movimento constrói. São pessoas que lutam e estudam para permanecer no campo, não querem ir para a periferia das cidades. Querem ter dignidade. O MST investe em educação e em formação técnica. É uma pena que a sociedade brasileira não saiba o que ela foi capaz de construir. E acho uma pena, particularmente no RS, um estado com uma história de luta política muito importante, que tem tradição histórica política, e que não promove a visibilidade para o outro lado da moeda. Isso impede que os movimentos sociais se catalizem na sociedade, o que é muito saudável. Os conflitos nunca vão deixar de existir; sempre terá pessoas com posições diferentes. Mas precisamos conhecer a integridade de uma posição para ter a nossa própria. E não é isso o que acontece quando se reduz um movimento social a um agente violento e criminoso, como se ele somente tivesse essa face. O que me entristece é que essa face pública não condiz com a riquíssima vida interna que o MST promove.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

3ª MANOCA prepara CD e define ordem de apresentação das concorrentes:

A 3ª Manoca do Canto Gaúcho, festival nativista de Santa Cruz do Sul, que acontecerá no dia 30 de agosto de 2008, no auditório da Faculdade Dom Alberto, a partir das 19:30h, irá lançar o seu CD durante o evento. Na última sexta-feira as 14 músicas classificadas, mais as faixas-bônus foram enviadas para a finalização do CD. O presidente da Associação Cultural Pró-Rio Grande, Diego Moura, ressalta a importância da confecção prévia do CD e seu conseqüente lançamento na finalíssima do festival: "Os espectadores têm a oportunidade de levar o CD para ouvir em casa, fazer sua própria avaliação, ouvir as músicas que mais gostou, dar de presente aos amigos e ainda existe a interação do público na premiação do evento, onde cada um poderá preencher o espaço reservado em seu disco com os premiados no festival." A ordem de apresentação das músicas foi definida através de sorteio realizado pelos organizadores no último dia 6 de agosto e também será a ordem do CD. ORDEM DE APRESENTAÇÂO 1. No Sul do País – Int: Raineri Spohr/Danieli Rosa (Milonga) L - Martin César Gonçalves M - Maikel Paiva 2. Sorvendo Recuerdos – Int: Airam Cardoso (Milonga) L - Marco Hortêncio Lopes (In Memorian) M - Maurício Lopes 3. Do Franqueiro ao Crioulo Lageano – Int: Adriano Posai/Daniel Silva/Nilton Ferreira – Rec: Pedro Jr. (Canção Tropeira) L: Sérgio Saretto e Romulo Furtado M: Nilton Ferreira) 4. O Último Tombo – Int: Robledo Martins (Milonga) L - Adão Quevedo M - Robledo Martins 5. As Luzes da Tapera – Int: Evandro Marques/Guga Marques/Anderson Marques (Chamarra) L - Glauco Lemos M - Daniel Petri 6. Guitarreiro – Int. Raineri Spohr (Milonga) L – Fábio Maciel – M – Raineri Spohr 7. Estância Cuarahiverá – Int: Juliano Javoski/Nilton Ferreira (Chamarra) L - Juliano Javoski M - Zulmar Benitez 8. Ante as Ruínas Missioneiras – Int: Robledo Martins/Rui Carlos Ávila (Cifra por Milonga) L – Noel Guarany (in Memoriam), João Sampaio e Mauro Aquino L – Robledo Martins/Rui Carlos Ávila 9. Da Alma um Canto pra os Meus – Int: Tiago Oliveira (Milonga) L/M - Tiago Oliveira 10. Na Fazenda Paraíso – Int. Matheus Leal/Ita Cunha (Chamarra) L/M: Davi Teixeira 11. Milonga a Pedro Luzero – Int: Clênio Bibiano/Júlio Machado (Milonga) L – Gujo Teixeira –M - Clênio Bibiano 12. Quando um Rio é um Triste Poeta das Cheias – Int. Danieli Rosa (Milonga) L - Xirú Antunes M: Raineri Spohr 13. O meu Sonho de Campeiro – Int: Ita Cunha/Matheus Leal (Chamarra) L – Alex Silveira M – Matheus Leal 14. Aos Olhos da Porteira – Int. Rui Carlos Ávila (Milonga) L - Nino Ferraz M – Rui Carlos Ávila Esta mesma ordem será preservada na composição do disco do festival, que contará ainda com 3 faixas bônus: Faixas Bônus: 15. Depois dos Mates Int: Jader Leal (Chamamé) L - Mateus Lampert M - Jader Leal 16. Um Dia de Marcação – Int: Neco Machado (Chamamé) L /M – Neco Machado 17. Milonga do Retovo – Int: Roberto Luçardo (Milonga) L – Vasco Veleda M – Roberto Luçardo O Show de abertura do festival fica a cargo de Neco Machado e convidados, dentre eles, Jader Leal, Roberto Luçardo, Douglas Osterberg e Mateus Lampert. Já o encerramento será com a dupla César Oliveira e Rogério Melo, que estará lançando em Santa Cruz do Sul o DVD "O Campo". Os ingressos já encontram-se à venda antecipadamente, em Santa Cruz do Sul, ao valor de R$ 10,00, na Selaria Gaúcha e na Faculdade Dom Alberto. *Comissão Organizadora 3ª MANOCA DO CANTO GAÚCHO ASSOCIAÇÃO CULTURAL PRÓ-RIO GRANDE

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Evo se fortaleció y convocó a la oposición

Evo se fortaleció y convocó a la oposición Las encuestas de boca de urna coincidían en otorgarle entre el 62 y el 63 por ciento en todo el país. Perdieron dos prefectos opositores y uno oficialista. Pero en la Media Luna, los cinco opositores también salieron fortalecidos. Pagina 12 - 11 de agosto de 2008 Por Diego González Desde La Paz La angustia, incertidumbre y parálisis política boliviana encontraron ayer un desahogo cuando el presidente Evo Morales y su vice, Alvaro García Linera, salieron claramente ratificados en el referéndum revocatorio con el 63 por ciento de los votos en el orden nacional, según los sondeos a boca de urna. Así, a dos años y medio de un mandato repleto de obstáculos y resistencias, el mandatario logró superar el ya histórico 53,7 obtenido en 2005 lo que, de cara al futuro, le permite retomar la iniciativa política. Cinco horas después de concluidos los comicios, desde el balcón presidencial del Palacio El Quemado, Morales festejó el triunfo y, en abierto contraste con el belicoso discurso del mandamás cruceño Rubén Costas, convocó a los prefectos (gobernadores) al diálogo en un marco de profundización del modelo nacionalizador: "Estamos convencidos de que es importante unir a los bolivianos. Esto fue para unir a oriente y occidente y eso se hará juntando a la Nueva Constitución Política del Estado con los Estatutos Autonómicos", aseguró. Pero esa no fue la única novedad de la jornada de ayer. El escenario de los ocho prefectos que sometieron también sus mandatos a la voluntad popular se mantuvo estable. Al cierre de esta edición y con un margen de error de 2 por ciento, sólo los opositores de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, con el 60 por ciento en contra, y de La Paz, José Luis "Papelucho" Paredes, con el 57 por ciento, fueron revocados. La misma suerte corrió el masista orureño, Alberto Luis Aguilar, con el 52 por ciento por el no. Según la Constitución, en dichos departamentos el Ejecutivo deberá poner un prefecto interino hasta que se realice una nueva elección en un plazo máximo de noventa días. Las encuestas auguran que en estas tres regiones un candidato masista se alzaría con la victoria. Ante el nuevo escenario, el gobierno sostiene que con esta reconfiguración del mapa político en la que obtuvo un firme respaldo se redefine la correlación de fuerzas, mientras que la oposición insiste en que nada se resolvió con este panorama. Esta caracterización tiene su raíz en la ratificación obtenida por el bloque de cuatro gobernadores autonomistas: tanto el cruceño Costas (66 por ciento), como el pandino Leopoldo Fernández (61 por ciento), el beniano Ernesto Suárez (56 por ciento) y el tarijeño Mario Cossío (64 por ciento) fueron consolidados en sus cargos. Lo propio obtuvo el masista potosino Mario Virreira Iporre con el 76 por ciento de los votos por el sí. La Paz y El Alto constituyen la principal retaguardia política del masismo. Es por eso que en El Alto, esa periferia obrera hija de las migraciones internas, que rodea desde el cielo a la olla paceña, Morales cerró el jueves su campaña con una movilización que superó los 300 mil manifestantes. Es también por eso que esta vez para los festejos se eligió la plaza Murillo, el equivalente a nuestra Plaza de Mayo. Al atardecer, columnas con wilpalas y banderas bolivianas se fueron acercando hasta estallar con la confirmación de los resultados. Desde allí Morales aseguró: "Es una obligación garantizar este proceso de cambio. Ahora que el pueblo boliviano expresó el cambio del modelo económico neoliberal quiero convocar a todos los prefectos a sumarse a la nacionalización de todos los recursos naturales". Y agregó: "Este triunfo de la revolución democrático-cultural está dedicado a todos los revolucionarios de América y el mundo". De madrugada, con la certeza del triunfo, esta ciudad había amanecido en calma a pesar del clima general de incertidumbre. Sus casi un millón trescientos mil votantes habilitados (el total nacional son cuatro) tuvieron que trasladarse a pie a los centros de votación, ya que a lo largo de la jornada se paralizaron el transporte y el comercio. En el corazón de El Alto, flanqueado por la imponente Cordillera Real, se erige humilde el Colegio de Tarapacá Untumes. Afuera, un mercado improvisado sobre calles de tierra ajada en el que las polleras se entremezclaban con los perros y los almuerzos a menos de tres pesos argentinos. Adentro, Francisca Sinca Suñaga lucía orgullosa su dedo meñique pintado de violeta como prueba irrebatible de su voto en apoyo "al cambio". Con sus manos curtidas tejía una chompa naranja para su hija mayor. "Si hacen fraude, va a ser peor que octubre negro", advirtió. La referencia era a aquel octubre de 2003 en el que esta ciudad se sublevó contra el régimen del ex mandatario Gonzalo Sánchez de Lozada. "Hay un complot contra el Evo. Ellos dicen: 'Ejecuten al indio campesino' y eso quiere decir que lo maten porque es el único que está con los pobres. Pero la gente se levantará si pasa esto. Habrá guerra civil", ensayó, a modo de respuesta a las declaraciones del alcalde de Santa Cruz, Percy Fernández, quien en los días previos había pedido abiertamente a las Fuerzas Armadas que intervinieran para derrocar al gobierno. –¿Estima que habrá efectivamente enfrentamientos? –preguntó este diario. –A Dios pedimos que esto no pase, que Dios nos escuche por amor a los pobres. Pero si ellos no largan la mamadera... –contestó insinuante. En el colegio 1º de Mayo, también en El Alto, Elisa Condori orientaba sus críticas a los gobernadores: "Será un día de cambios. Los prefectos se tienen que ir porque sólo tienen apetitos personales. Tienen que dejar la mamadera para que llegue a la gente", decía. En referencia a la huelga de hambre que llevan adelante los dirigentes cruceños, la cabeza visible y radical de la autonómica Media Luna, agregaba: "Está muy mal lo de esta gente, no quieren soltar los privilegios. Dicen que hacen huelga de hambre, pero en realidad hacen dieta...", ironizaba. Más allá de la parsimonia general que se vivió en el transcurso del día, fue en Cochabamba, donde Reyes Villa insistió en su postura de desconocer la consulta, y en Santa Cruz donde se dieron algunos episodios de violencia encabezados en este caso por la Unión Juvenil Cruceñista (ver aparte). Fue por eso que el dirigente campesino Zacarías Maqueda improvisó un paralelismo entre el actual proceso y la revolución de los '50: "Si acá hay otro 1952, es por culpa de ellos, por su violencia, por su racismo. Tenemos que seguir avanzando, ¿por qué tener miedo? Hay que ir para adelante porque lo que estamos haciendo es justo", se convenció. La radicalidad expresada en los suburbios de El Alto es la fuente de poder del Ejecutivo. De esto son conscientes en el Palacio Quemado, a pesar de que por su rol institucional deban matizar sus declaraciones. Ese fue el objetivo del desayuno con los periodistas convocado por el vicepresidente Alvaro García Linera. Consultado por las múltiples interpretaciones de los resultados que se harán a partir de hoy (el Congreso dictaminó que para revocar a los prefectos éstos no deben alcanzar la cantidad de votos, más uno, conseguidos por ellos en 2005, mientras que el Consejo Nacional Electoral resolvió que para todos los casos menos el del presidente se debe alcanzar el 50 más uno). Agregó que existe una ley aprobada por el Congreso y que esa norma es la que se debe acatar. A su vez, insistió en que el voto de ayer será el medio para resolver aquellas grandes demandas de la sociedad boliviana. El objetivo que explicitó es que con este referéndum se "sincere la configuración política" para con un nuevo escenario volver a una mesa de negociaciones: "A partir de mañana tenemos una correlación de fuerzas realistas". Ante el clima de incertidumbre imperante, PáginaI12 quiso saber si las elecciones de ayer servirían efectivamente para resolver el famoso "empate catastrófico" que hace años castiga al país. Linera aseguró: "En este país hay tres grandes deudas históricas a resolver. En primer lugar, la igualdad entre los pueblos, esa herida colonial no curada que estamos resolviendo. Luego, la democratización y descentralización del poder que permita al ciudadano estar más cerca del poder, deuda a la que podemos llamar autonómica. Por último, el desarrollo de una economía capaz de generar riqueza y distribución de recursos. En otros países como EE.UU. y Sudáfrica una sola de estas deudas ha generado guerras civiles. En Bolivia, en cambio, se están resolviendo democráticamente".

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

IMPRENSA ALTERNATIVA Jornal Em Tempo comemora 30 anos O Em Tempo é filho das primeiras experiências de imprensa alternativa que lutavam contra a ditadura. Distribuído de carro ou bicicleta pelos próprios colaboradores, em bancas de revistas que aceitassem colocá-lo à venda, o jornal teve circulação nacional, e foi referência para os setores de esquerda que tentavam sobreviver ao regime militar. Redação PORTO ALEGRE – Filho da experiência do jornal Movimento e precursor do boletim da Democracia Socialista, corrente do Partido dos Trabalhadores, o jornal Em Tempo marcou época com capas memoráveis e denúncias contra a ditadura. O deputado estadual do Rio Grande do Sul e dirigente petista Raul Pont organizou, na capital gaúcha, um reencontro dos fundadores do jornal na década de 70. “Hoje nós vamos repartir os dividendos dos acionistas do Em Tempo”, comentou Pont, com a lista dos primeiros colaboradores do jornal em mãos. “Brizola não é mais aquele”. “Gramsci na crista da onda”. “Transas de Roberto Carlos”. “Discutindo o eurocomunismo”. “Mais um operário sofre violência em Minas”. As manchetes do primeiro número do jornal Em Tempo, de 23 de janeiro de 1978, são uma boa bússola do que a esquerda pensava na época e do conteúdo que recheou o jornal nas décadas seguintes. O Em Tempo é filho das primeiras experiências de imprensa alternativa que demarcavam espaço contra a ditadura. Distribuído de carro ou bicicleta pelos próprios colaboradores, em bancas de revistas que aceitassem colocá-lo à venda, o jornal teve circulação nacional, e foi referência para os setores de esquerda que tentavam sobreviver ao regime militar. A matéria principal, da mesma primeira edição, intitulada “Racha no poder”, começa assim: “Transformado pelas circunstâncias numa real dissidência burguesa que claramente contesta os planos de continuísmo no Planalto através da nomeação do general Figueiredo para a Presidência da República, o senador Magalhães Pinto reúne a cada dia que passa um número maior de adesões e já até estabeleceu o seu plano: rachar, numa primeira etapa, a convenção da Arena e em seguida conquistar o apoio do MDB, apresentando-se como o ‘candidato de União Nacional’”. A ilustração é de Chico Caruso e a matéria segue nas páginas 4 e 5 com “ampla cobertura sobre Magalhães e a conjuntura”. “A idéia e o projeto do jornal, apesar de oportunos e necessários, não garantiam uma coesão entre os responsáveis por consolidar sucursais, bem como os compromissos decorrentes da sustentação material do projeto. Desde a escolha do nome e a chegada das primeiras edições às ruas, a frente do jornal era um permanente tensionamento. O peso desigual das várias sucursais tornava a disputa editorial e a orientação de cada artigo ou matéria uma disputa de táticas e estratégias entre seus protagonistas”, analisa Pont. As principais sucursais estavam baseadas em São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre e foram as equipes destas capitais que mantiveram o projeto e o engajamento editorial do jornal. Daí, para a contribuição decisiva na defesa da construção do PT foi um pulo, até o jornal se tornar a principal expressão de uma das correntes internas do partido, a Democracia Socialista. Segundo Pont, “a democracia interna, a definição pela perspectiva socialista e a luta e apoio à organização da classe trabalhadora fizeram com que a identificação editorial do Em Tempo com o movimento pró-PT fosse total. Os primeiros passos do PT determinaram uma coesão mais firme e decidida da linha editorial do jornal. O projeto petista não aglutinava toda a esquerda brasileira, o que fez com que a frente jornalística do Em Tempo sofresse novas defecções e, num determinado momento, o próprio projeto esteve prestes a desaparecer”. A dificuldade de realizar e distribuir um jornal e as divergências políticas de linha editorial foram os grandes motivos para a redução de sucursais e pela troca de periodicidade do jornal, de semanal para mensal. A história do periódico começa, na verdade, em 1977, com o número zero que seguiu costurando a História com cada matéria. Na edição que circulou entre 20 de fevereiro e 6 de março de 78, “Luta pela Anistia em todos os cantos” é a manchete. “Propondo-se a lutar, em todos os cantos, pela anistia ampla, geral e irrestrita, foi lançado no último dia 14, no Rio de Janeiro, o Comitê Brasileiro Pró-Anistia”. Logo abaixo, em letras grandes: “Brasileiros no exílio. Existem atualmente cerca de 200 presos políticos no Brasil, além de 12 mil brasileiros exilados (incluindo familiares)". E ainda: 4.582 cassados e 3.783 aposentados pelo AI-5 e demais atos de exceção”. “Todos de volta até o natal”, é a última frase da capa da publicação. No número 6, a manchete pergunta: “14 anos de regime militar! Até quando?”. Em maio do mesmo ano, “A grande greve do ABC”, ocupa toda a primeira página do Em Tempo, com fotos de fábricas da região paulista. Em julho, foi publicada a lista de policiais e militares acusados por tortura. A capa acusa: “Presos denunciam 233 torturadores”. “Foi assim, ainda, na luta pela anistia, no apoio à construção da CUT e na defesa das Diretas Já, as grandes manifestações populares que deram ao PT a vanguarda da luta pela democracia. Estivemos, também, no processo de defesa da Assembléia Constituinte, livre e soberana, como bandeira globalizadora na superação do regime militar, e na denúncia dos limites do Congresso Constituinte. O internacionalismo, bandeira tão cara aos socialistas, sempre encontrou no Em Tempo um veículo para sua difusão”, resume Pont.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

RESULTADO 28º COXILHA NATIVISTA DE CRUZ ALTA





3º Lugar Fase Local: A Cada Aurora (Juca Moraes/Edison Macuglia, Int: Felipe Mello)

2º Lugar Fase Local: Na barraca à moda antiga (Volmar Camargo/Marcelo de Carvalho, Int: Fernando de Carvalho)

1º Lugar Fase Local: Rezando Milongas (Jorge Nicola Prado/Leonardo Díaz Morales, Int: Leonardo Díaz Morales)


Melhor Indumentária: Juliano Jawoski (Floreios da Beija-flor)

Melhor Conjunto Vocal: Caborteira

Melhor Conjunto Instrumental: Os Iguais

Melhor Pesquisa: Na barraca à moda antiga

Melhor Intérprete: Leonardo Paím e Jean Kirchoff (Os Iguais)

Melhor Arranjo: Caborteira

Música Mais Popular: Floreios da Beija-flor (Wilson Vargas)


3º Lugar: Só mesmo você (Robson Barenho/Talo Pereyra, Int: Daniel Torres)

2º Lugar: Os Iguais (Telmo Vasconcelos/Eduardo Monteiro Silva, Int: Leonardo Paim e Jean Kirchoff)

1º Lugar: Justimiano Carrapicho (Diego Müller, João Sampaio/Erlon Péricles, Int: Angelo Franco, Juliano Moreno e Erlon Péricles)