Produção cultural, eventos e festivais de música. Planejamento Estratégico e Operacional, Formação política, para sindicatos e ONGs

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Sob a chuva da Amazônia, todos os povos reunidos

Renato Godoy de Toledo Belém (PA) Representantes de todos os cantos do mundo celebram o “outro mundo possível” A chuva torrencial, típica das tardes de Belém (PA), não impediu que cerca de 100 mil pessoas marchassem, no dia 27 de janeiro, da Estação das Docas até a Praça do Operário, no centro da capital paraense, durante a abertura do Fórum Social Mundial 2009, que vai até o dia 1º de fevereiro. Como é usual, a principal característica da passeata foi a diversidade. Esta se manifesta tanto nas etnias dos participantes, quanto nas bandeiras e causas empunhadas. Para se ter uma idéia, em nível nacional, marcharam na mesma avenida evangélicos, membros da Força Sindical, militantes do PSTU, sem-terra e até membros de um movimento cuja principal reivindicação é a adoção do calendário inca. Internacionalmente, a diversidade também é observada, ainda que, obviamente, cada organização traga um número menor de participantes. Comparativamente às outras edições brasileiras do Fórum, em Porto Alegre (2001, 2002, 2003 e 2005), pôde ser observado claramente uma massiva participação de povos tradicionais. De acordo com a organização do evento, cerca de 3 mil indígenas estão em Belém. Simbolicamente, no início da marcha, uma celebração afro-religiosa, realizada por participantes africanos, marcou a passagem do Fórum da África, ocorrido em 2007 no Quênia, para o Fórum amazônico, que foi recebido pelos indígenas. Logo após o rito, a chuva forte veio, e persistiu durante quase uma hora. De todos os cantos Antes da chuva, Mzonke Poni, membro de uma associação de sem-teto sul-africana, dizia-se entusiasmado com sua primeira visita ao Brasil. “Estamos aqui para buscar alternativas e partilhar experiências interessantes de processos que estão sendo construídos em países como Bolívia e Venezuela. Temos uma coisa muito boa para ver aqui no Brasil que é o programa de combate ao HIV, algo que o nosso país precisa”, revela Poni, que se diz entusiasmado com a receptividade da cidade de Belém. O francês Mathieu Colloghan, da organização Les Alternatifs, já está em seu 8º Fórum. Do primeiro, o ativista lembra que ouviu o então governador gaúcho Olívio Dutra (PT) afirmar que o processo do Fórum iria surtir efeito em 20 anos ou mais. “Na época, pensei que aquilo era um exagero, mas hoje vejo que iremos mudar o mundo aos poucos”, opina. Sua organização autodenomina-se altermundista, autogestionária, feminista e ecologista. Assim, nessa edição devem se envolver em debates sobre a Amazônia que, para Colloghan, é um tema “muito complicado”. “É muito fácil para o mundo dizer ao Brasil: ‘não toquem mais na Amazônia’. No entanto, essa é uma atitude imperialista. O problema do desmatamento diz respeito ao mundo. Deve haver um esforço dos países para resolvê-lo, mas não podemos deixar que essas decisões sejam tomadas em Washington ou Paris”, aponta. Morador de uma região que em muitos aspectos está distante de Paris, mas com objetivos próximos aos de Colloghan, o indígena Wellington Gavião, do povo Gavião, que vive na região de Ji-Parará (RO), acredita que esse Fórum servirá mais como um espaço de denúncia, sobretudo para chamar a atenção do governo federal sobre as barragens que estão sendo construídas no rio Madeira. “Sabemos que as coisas não se resolvem rápido, mas aproveitaremos o espaço para denunciar”, promete. Já o indiano Rahul Kumar, da organização Terra Viva, espera que o Fórum sirva para que se crie uma consciência local, mas ressalta que o processo não pode parar por aí. O encontro, para ele, funcionará como um espaço para discutir “mudanças profundas e, sobretudo, alternativas ao neoliberalismo”. Para chegar a Belém, Kumar embarcou em quatro vôos diferentes, que ao todo duraram 22 horas. Solidariedade Um tema muito lembrado na passeata foi a invasão israelense em Gaza. Alguns representantes do país atacado estiveram presentes na manifestação. Um deles, Madhat Al Jagmoup, membro do sindicato de fazendeiros da Palestina e Najah, destacou a necessidade de findarem-se os ataques ao seu país. Na avenida Presidente Vargas, Najah exibia um cartaz com os dizeres: “Break the siege in Gaza” (rompam o cerco a Gaza, em tradução livre). Para o marroquino, Hamid Elkam, do Fórum Alternatives Sud, o evento “será mais uma oportunidade, em meio a um espaço dialético, para que os altermundistas elaborarem uma alternativa à globalização neoliberal”. Mas, para ele, os objetivos do FSM só irão se concretizar se houver, posteriormente ao encontro, uma prática militante. Donos da casa Os anfitriões belenenses, sem dúvida, foram os que mais engrossaram a marcha de abertura do Fórum, com faixas com pautas locais e blocos que exaltam a cultura local, sempre embalados pelo carimbó. Para o marceneiro Charles de Souza, o Fórum mudou a rotina da cidade. “O grande ponto positivo de trazer luz à questão amazônica é o de envolver todo mundo na defesa da floresta. Sozinho, o povo do Pará não consegue barrar o desmatamento”, conclui. (Colaborou Eduardo Sales de Lima, enviado especial a Belém-PA) Fonte: Brasil de Fato http://www.brasildefato.com.br

“O grande papel deste Fórum é reafirmar que este modelo não tem futuro”

Brunna Rosa Belém (PA) Em entrevista, Sérgio Haddad, coordenador geral da Ação Educativa afirma que o FSM é tão importante que até os meios de comunicação coorporativos estão mais sensíveis a ele. Durante o Fórum Mundial de Educação (FME), Sérgio Haddad, coordenador geral da Ação Educativa e membro da coordenação do Fórum Social Mundial (FSM) falou sobre a realização do FME e do FSM em Belém e também comentou a respeito da 6ª Conferência Internacional de Educação para Jovens e Adultos (Confintea). Confira trechos da entrevista. Em qual situação retorna o Fórum Social Mundial ao Brasil? Sérgio Haddad: O FSM volta ao Brasil como um evento de uma importância absoluta. Isso porque retorna em plena Amazônia, em meio a uma grave crise econômica e ambiental, com idéias e alternativas para estas questões. Com isso, o FSM volta a ganhar a dimensão que tinha. Além disso, a Amazônia é o local das contradições, é onde se pode visualizar os conflitos deste modelo atual. Ainda sobre a importância deste FSM, ela é tanta que até aos meios de comunicação coorporativos estão mais sensíveis ao Fórum, estão levando a sério o FSM. Também pudera, provamos que estávamos certos, provamos que o que diziam desde o primeiro Fórum, em 2001, que éramos atrasados, é uma grande bobagem. Enquanto eles estavam deslumbrados com o neoliberalismo, nós sabíamos que este sistema é inviável. E nisso também este FSM é vitorioso. Ganhamos o reconhecimento de que este sistema não funciona, que só provoca o desastre ambiental, o consumo pelo consumo, tendo como centro o mercado financeiro. Porém, acredito que ainda não tenha caído a ficha da população mundial, ainda se fala que esta crise “vai passar”. Mais do que nunca o FSM retoma sua natureza de contraponto a Davos. Afinal, foi para isto que ele nasceu e hoje, frente à crise, que é muito mais ampla que a questão financeira, a história demonstra o quanto esta estratégia estava correta. O que terão a dizer aqueles que se sentam no Fórum de Davos? Como explicar o fracasso de suas recomendações frente às profundas conseqüências para a humanidade e o meio ambiente? O papel deste FSM é exatamente avaliar a crise? Sim, sem dúvida. O grande papel deste Fórum é reafirmar que este modelo não tem futuro, que estamos vivendo uma profunda crise de modelo. Também é reafirmar as alternativas, mostrar ao mundo como modificar este sistema. Os participantes do FSM têm o grande desafio de relacionar a crise socioambiental com a crise financeira, que é produto de um modelo de desenvolvimento que aprofunda as desigualdades sociais e o consumismo desenfreado. Parece-me que tem que ter uma crise para o pessoal repensar a vida, a estrutura, a forma como vive e quem sabe neste momento não conseguimos isto. A crise financeira e a sensibilidade atual para os temas socioambientais apontam para uma oportunidade de aglutinação das forças sociais para pensar e atuar na construção de outro modo de organização da sociedade. Quanto ao Fórum Mundial de Educação (FME). Este volta a acontecer paralelamente ao FSM, o que isso interfere de fato em termos de metodologia e impacto do evento? Sempre fui contra em realizar um Fórum de Educação porque você acaba entravando a participação dos educadores. Realizar o FME paralelamente e colado a um grande evento significa facilitar a articulação dos educadores. Significa garantir que os profissionais da educação não falem para eles próprios. Nesta edição o FME aconteceu antes do FSM e desta forma estamos garantindo que os educadores, e participantes de uma forma geral, sigam para o FSM, discutam e debatam outras questões. Isso garante que estamos falando e ouvindo outras questões, que podem ou não estar ligadas à educação, porém contribuem substancialmente para os participantes do FME não falarem apenas entre eles. Outro fator inovador desta edição é que vamos retornar ao debate nos últimos dias do FSM. Quanto à Conferência Internacional de Educação para Jovens e Adultos é a primeira vez que esta conferência acontece em um país do eixo sul. Qual a importância de acontecer justamente em Belém? O Brasil sediará, em maio de 2009, em Belém, a 6ª Conferência Internacional de Educação para Jovens e Adultos (Confintea), que será realizada pela primeira vez na América do Sul, com cerca de 190 delegações de todos os continentes. A conferência ocorre em intervalos de 12 anos e estamos muito felizes que Belém será sede durante os dias. O assunto é marginal dentro da educação e a Confitea propõe e estimula a formulação de políticas para o atendimento de educação e aprendizagem de jovens e adultos e justamente por isso temos que dar visibilidade ao assunto. Fonte: Brasil de Fato http://www.brasildefato.com.br

ONU ACUSA ISRAEL DE CRIMES DE GUERRA NA OFENSIVA CONTRA GAZA

Público / Rebelión 23/01/2009. O relator especial da ONU para a situação dos Direitos Humanos em Gaza, Richard Falk, afirmou hoje que Israel cometeu crimes de guerra durante sua última ofensiva em Gaza. "A evidência da violação da lei humanitária é tão clara que não tenho nenhuma dúvida quanto à necessidade de uma investigação independente que demonstre que Israel cometeu crimes de guerra", garantiu Falk numa coletiva de imprensa por telefone da sua residência na Califórnia, Estados Unidos. Falk especificou que ele considera que Israel cometeu crimes de guerra e contra a humanidade, inclusive antes do último conflito, ao aplicar "um bloqueio que sustentou durante 18 meses, um bloqueio ilegal de comida, remédios e combustível que pode ter afetado profundamente a vida da população da Faixa de Gaza". Além disso, para o relator da ONU, judeu de religião, os crimes de guerra se agravam pelo fato de que Israel não permitiu à população civil abandonar o território antes de bombardeá-lo. "Não há precedentes em relação a que uma população inteira fique bloqueada numa zona de guerra, sem possibilidade de fugir ou de se transformar em refugiados", explicou. Falk acrescentou que o crime é ainda mais grave porque 70% da população da Faixa de Gaza é de menores de 18 anos "razão pela qual a guerra foi travada contra crianças". "Estas pessoas podem ficar prejudicadas para sempre, não só passaram por um ano e meio de bloqueio, como sofreram os prejuízos e o medo de uma guerra", apontou Falk. O relator da ONU descartou totalmente o argumento de Israel de que a ação empreendida a partir de 27 de dezembro contra a Faixa de Gaza estava baseada na "autodefesa". "O argumento não tinha base legal, e, além disso, o uso absolutamente desproporcional da força descarta totalmente o argumento da autodefesa", esclareceu o relator. Diante desta realidade, Falk expressou seu desejo e convicção de que Israel seja condenado e perseguido por seus crimes. Para isso, ele considera que se faz necessária uma condenação explícita do Conselho de Direitos Humanos da ONU, bem como que se dê início a um julgamento penal internacional. Uma das opções seria a aplicação da justiça penal através de uma Corte nacional, como ocorreu no caso do ex-ditador chileno Augusto Pinochet que foi intimado pelos tribunais espanhóis para ser julgado por crimes contra a humanidade. A outra opção sugerida por Falk seria que a Assembléia Geral ou o Conselho de Segurança da ONU estabelecesse uma Corte especial na Corte Internacional de Haia nos moldes da que julgou os crimes na antiga Iugoslávia ou em Ruanda. A terceira opção seria que Israel fosse julgado na Corte Penal Internacional, algo que é "extremamente difícil", na medida em que o estado hebreu não integra esta instituição. "O meio legal depende da vontade política da comunidade internacional", concluiu Falk. A UNIÃO EUROPÉIA, ISRAEL E O DIREITO. Sami Nair. El país, 24/01/2009 / Rebelión 25/01/2009. Muitos observadores têm se surpreendido diante da timidez com a qual a União Européia tem reagido aos massacres desencadeados por Israel contra os palestinos de Gaza durante várias semanas, e isso depois de um cruel embargo contra os territórios ocupados. A União Européia apresentou sua postura no dia 30 de dezembro de 2008. Mas não encontramos em nenhuma parte do texto alguma condenação direta dos bombardeios contra os civis, alguma referência à violação da Convenção de Genebra sobre a guerra, não há nenhuma denúncia contra a estratégia israelense de embargo, com a qual se pretende que a população palestina passe fome, e, menos ainda, alguma indignação pela sorte de Gaza, cidade transformada em prisão ao ar livre, permanentemente tiranizada pelo exército israelense. No fundo, sabemos que a atual presidência européia, dirigida pelo tcheco Vaclav Klaus, tem se posicionado a favor de Israel. E é provável que a França, com o plano elaborado com Egito e Espanha, com a valente declaração de Zapatero e a intensa ação diplomática de Moratinos, tenham se mobilizado com tanto ímpeto para opor-se à postura da União Européia. Na verdade, a União Européia não se considera um dos principais atores no Oriente Próximo, ainda que seja a primeira a sofrer as conseqüências da instabilidade que aí impera. E isso porque tem aceitado, como por outro lado os palestinos da OLP, duas grandes mudanças que ocorreram na gestão do conflito desde o início dos anos 90. Em primeiro lugar, após a Guerra do Golfo de 1990-1991, a União Européia aceitou que o conflito palestino-israelense se situasse fora da legalidade internacional com a Conferência de Madri, em 1992. O principal resultado desta Conferência foi que palestinos e israelenses iniciaram um diálogo direto, mas também, sob a pressão conjunta dos Estados Unidos e de Israel, que o problema palestino-israelense deixou de ser de competência da ONU. A partir dessa época, estadunidenses e israelenses fizeram saber ao mundo que o conflito não poderia se resolver a não ser no marco de um acordo bilateral entre os principais protagonistas, e isso sob a batuta norte-americana. Conseguido o acordo, a ONU deveria limitar-se a avalizá-lo. Ao aceitar este mecanismo, a OLP de Yasser Arafat entrou num beco sem saída e continua pagando as conseqüências. No que diz respeito à Europa, não só já faz 17 anos que se submeteu a esta reorientação, como, inclusive, inscreveu nela sua ação diplomática. Em segundo lugar, a Europa também subscreveu a mudança estratégica imposta pelo eixo Israel-Estados Unidos ao processo de negociação. A saber: a substituição do paradigma 'paz em troca de territórios' apoiado pela comunidade internacional, pelo da segurança de Israel como condição a priori de qualquer avanço nas negociações com os palestinos. Agora, como Israel não quer definir suas fronteiras e, sobretudo, continua com a colonização sistemática dos territórios ocupados (os assentamentos de colônias têm se multiplicado por quatro desde os acordos de Oslo), acontece que, em nome da segurança, este país se arroga um direito de guerra em qualquer lugar, e não se sentirá seguro em nenhuma. A União Européia legitima esta evolução em todas as suas declarações antepondo o "direito à segurança de Israel", sem nunca definir os limites deste conceito de segurança. Para se livrar desde duplo beco sem saída, a Europa deve reorientar radicalmente sua estratégia. Primeiro deve resituar o conflito no contexto do Direito Internacional voltando à legitimidade da ONU. Isso significa: apoiar a realização de uma conferência internacional sob os auspícios do Conselho de Segurança, exigir o envio de forças de paz da ONU, pressionar as Nações Unidas para que fixem prazos para as negociações entre os protagonistas e envolva a comunidade internacional na segurança, tanto do Estado de Israel, como do futuro Estado palestino. No âmbito de suas reações bilaterais com os protagonistas, a Europa deveria usar sem titubear o mecanismo da cooperação privilegiada de que dispõe, suspendendo os acordos econômicos no caso da legalidade internacional não vir a ser respeitada. Deveria controlar a utilização dos fundos enviados à Autoridade Palestina e, sobretudo, dialogar com Hamás, cujo governo tem sido democraticamente eleito pelos palestinos. Isso, diga-se de passagem, tornaria mais eficaz sua condenação aos ataques contra civis. Afinal, a Europa deveria ser independente e mostrar-se decidida na defesa do direito internacional. Ou isso não passa de um pio desejo? ________________________________ As informações sobre os livros QUESTÃO PALESTINA - DA DIÁSPORA AO MAPA DO CAMINHO e a segunda edição ampliada do POESIA PALESTINA DE COMBATE podem ser obtidas junto à Editora Achiamé através do e-mail letralivre@gbl.com.br

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

22ª COMPARSA DA CANÇÃO DE PINHEIRO MACHADO TERÁ ACESSO GRATUITO

22ª COMPARSA DA CANÇÃO DE PINHEIRO MACHADO TERÁ ACESSO GRATUITO Por: Lucas Rohãn Pinheiro Machado se prepara para a 22ª edição da Comparsa da Canção, festival de música regional gaúcha que acontece junto a Feira e Festa Estadual da Ovelha (FEOVELHA). Para esta edição, o festival passou por várias reformulações. A que mais interessa ao público é que, pela primeira vez, o evento será totalmente gratuito. Não será cobrado ingresso para assistir às apresentações das músicas concorrentes e para os shows. “Com isso queremos fazer da Comparsa, cada vez mais, um evento para o povo”, justifica o prefeito de Pinheiro Machado, Luiz Fernando Leivas. O festival, criado como um evento secundário à FEOVELHA, busca a sua legitimidade. O evento quer se firmar importante como Festival de Música. Mesmo assim, é impossível pensar em Comparsa sem ligá-la à ovinocultura. Por isso o troféu para a melhor composição que fale sobre o tema está mantido. “É importante que a letra realmente fale sobre a ovinocultura. Em tempos passados, bastava haver a palavra ‘ovelha’ dentro da letra e a composição já concorria ao troféu”, esclarece Delci Oliveira, diretor artístico da Comparsa e integrante da Comissão de Organização. E parece que os concorrentes entenderam o recado. Mesmo sem a antiga Linha da Ovelha, que no início obrigava as canções a falarem sobre ovinocultura, quatro compositores selecionados este ano falam sobre o tema. Foram 291 músicas inscritas e, destas, 14 foram selecionadas. Para Delci Oliveira, isso significa que as canções escolhidas são de reconhecida qualidade. “Os jurados priorizaram, antes de qualquer coisa, a qualidade das composições”. As outras modificações dizem respeito ao regulamento. Este ano, os intérpretes e músicos poderão defender apenas uma composição. A nova regra dá oportunidade para que mais músicos participem e oferece chances iguais para todos os concorrentes. Os músicos locais terão espaço na Comparsa da Canção de 2009. Uma noite dos shows foi reservada para eles. No entanto, nenhuma das 14 músicas que concorrem ao grande prêmio são representantes de Pinheiro Machado. Esta foi mais uma mudança no regulamento: os jurados não foram obrigados a incluir concorrentes locais, atendo-se apenas à qualidade das canções. Para Delci Oliveira, há necessidade de aprimoramento dos músicos locais para que participem com canções mais competitivas. Por este motivo, a Prefeitura de Pinheiro Machado pretende criar um novo evento exclusivo para os talentos da cidade. A chamada “Comparsinha”, uma prévia da Comparsa, deve ser realizada no último trimestre deste ano e vai classificar canções para a Comparsa de 2010. Os jurados deste ano são: Juarez Machado de Farias, advogado, poeta e radialista. Autor de dois livros de poemas regionalistas: VERSO DE AZUL, publicado em 1995, e POR AQUI AS CASAS FALAM, publicado em 2008; Frutuoso Luiz de Araújo, compositor e músico. Fundador do Grupo Os Serranos, Médico Veterinário, Doutor em Doenças Infecciosas, professor aposentado da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPel); e Leonardo Oxley Rodrigues, bacharel em violino pela UFPel, onde atuou como professor do Instituto de Letras e Artes e do Conservatório de Música. Integrou o Conjunto de Música Antiga e o Quarteto de Cordas da mesma universidade. Atuou como primeiro violino da Orquestra Sinfônica de Pelotas. Atualmente responde pela regência, arranjos, preparação vocal e performance instrumental do Coral UCPel. É professor do Curso de Produção Fonográfica da UCPel. A 22ª Comparsa da Canção de Pinheiro Machado começa na próxima sexta-feira, dia 30 de janeiro, a partir das 21 horas no Parque Charrua. A abertura será com o grupo Sonido Del Alma Gaucha, de Bagé. Após, serão apresentadas seis músicas concorrentes e o encerramento será com o show de Joca Martins. No dia 31 de janeiro, sábado, um show com músicos locais abre a noite da Comparsa, que tem logo em seguida as apresentações de mais oito músicas concorrentes e o encerramento com show de Gilberto Monteiro. Na noite de domingo, dia 1º de fevereiro, a Comparsa da Canção começa com a reapresentação das 14 músicas que disputam o grande prêmio. Enquanto os jurados decidem as vencedoras, o público contará com o show da cantora Shana Müller. Após o show, serão divulgadas as grandes vencedoras e os prêmios e melhor intérprete, melhor instrumentista e melhor tema dedicado a ovelha. Durante as apresentações das músicas o público poderá acompanhar as letras através de uma publicação especial. A Revista da Comparsa está sendo editada pela primeira vez e terá, além das músicas, reportagens especiais sobre a cidade de Pinheiro Machado, a FEOVELHA e a história da Comparsa. A 22ª Comparsa da Canção é uma realização da Prefeitura de Pinheiro Machado, através da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto, com apoio do Sindicato Rural da cidade e da Brigada Militar.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Classificadas para o 25º Reponte da Canção

– Linha Livre: 1- SÓ PRA TE ENCONTRAR Autor da Letra: Telmo Vasconcelos Autor da Música: Telmo Vasconcelos 2- CUNUMI Autor da Letra: Xirú Antunes Autor da Música: Edilberto Bérgamo 3- UM PAR DE OLHOS DE CAMPO Autor da Letra: Vaine Darde Autor da Música: Tuny Brum 4- EL YUYERO Autor da Letra: Fabian Rivas Autor da Música: Fabian Rivas 5- CLAVE DE VENTO Autor da Letra: Jaime Vaz Brasil Autor da Música: Adriano Sperandir 6- O POETA E A ESTRELA Autor da Letra: Carlos Omar Villela Gomes Autor da Música: Nilton Ferreira 7- O MAL AMADO Autor da Letra: Mauricio Barcelos Autor da Música: Mauricio Barcelos Composições Classificadas para o 17 Pérola em Canto – Linha Livre 1- ENCANTAMENTO Autor da Letra: Luiz Antônio Weber Autor da Música: Guerda Maria Kuhn 2- CONTAM OS ANJOS Autor da Letra: Joni Bersch Autor da Música: Joni Bersch 3- UM CANTO À LAGOA Autor da Letra: Cléia Dröse Autor da Música: Fernando Teixeira 4- O PEIXE DE CADA DIA Autor da Letra: Adão Quevedo Autor da Música: Adão Quevedo 5- AMANHECER DE MILONGA Autor da Letra: Danilo Kuhn Autor da Música: Danilo Kuhn Classificadas – 25º Reponte na Linha CAMPEIRA: 1- NÃO ERA PRA SER... Autor da Letra: Márcio Nunes Corrêa/ Hélvio Luis Casalinho Autor da Música: Fabiano Bacchieri 2- AUGUSTIN CHAMAMÉ Autor da Letra: Evair Gomez Autor da Música: Silvério Barcellos 3- AL SUR TU PURAJHEI Autor da Letra: Martim César Gonçalves Autor da Música: Aluisio Rockemback 4- A PEDRA DA BOLEADEIRA Autor da Letra: Gujo Teixeira Autor da Música: Mauro Moraes 5- O PAR DO ESTRIVO Autor da Letra: José Carlos Batista de Deus/ Eduardo Muñoz Autor da Música: João Bosco Ayala/ Everson Maré 6- REGALO A UM TRANÇADOR Autor da Letra: Heleno Cardeal Autor da Música: Lanes Cardeal 7- MILONGA REDOMONA Autor da Letra: Anomar Danúbio Vieira Autor da Música: Marcelo Caminha Composições Classificadas para o 17 Pérola em Canto 1- PRA CONTRARIAR A DISTÂNCIA Autor da Letra: Tiago Guilherme Iepsen Autor da Música: Pedro Henrique Pereira 2- DE PARELHAS CONVIVÊNCIAS Autor da Letra: Rafael Santos Rosa Autor da Música: Fabiano da Rosa 3- NA SOMBRA DO MEU CAVALO Autor da Letra: Lauri Lopes Autor da Música: Vilson F. Silva 4- JUNTA GALPONEIRA Autor da Letra: Rodrigo Spiering Autor da Música: Flávio da Silva Mendes 5- GUASQUEIRO DA LOMBA Autor da Letra: Sérgiomar Crespo Schild Autor da Música: Luiz Carlos Fagundes Cardoso

Um bode expiatório conveniente à Itália

Um bode expiatório conveniente à Itália Maria Inês Nassif. Jornal Valor Economico 22/01/2009 A história que resultou na condenação de Cesare Battisti à prisão perpétua pela justiça italiana em 1993 poderia ser o roteiro de um de seus romances policiais, se não tivesse transformado o próprio escritor num cavaleiro errante. Pelos fatos que levaram à sua condenação, o ministro da Justiça, Tarso Genro, certamente não cometeu nenhuma heresia ao conceder a Battisti o status de refugiado político. "Um dos fundamentos muito próximos do diferimento do refúgio político é de que se o condenado teve direito à defesa. O Estado italiano alega que sim. Na avaliação que nós fizemos do processo, ele não teve direito à ampla defesa", afirmou o ministro, justificando a sua decisão. A autobiografia de Battisti, "Minha fuga sem fim", traz fatos em favor da convicção do ministro. Se o escritor for extraditado para a Itália, cumprirá prisão perpétua sem ter passado por um tribunal e pagará por quatro assassinatos que o bom senso não permite que sejam relacionados a ele. Nunca esteve num tribunal para defender-se dessas acusações - e, de volta à Itália, não será ouvido por nenhum juiz. A condenação foi feita com base na acusação de um ex-militante da mesma organização, um "arrependido" que negociou anos a menos na sua pena (muitos anos, aliás) em troca de incriminar outras pessoas. Não foi apresentada nenhuma prova, testemunha ou um único indício. Dois dos homicídios foram cometidos no mesmo 16 de fevereiro de 1979, a 500 km de distância um do outro. O outro foi o de um comandante de uma prisão, em junho de 1978. E, por fim, teria assassinado o policial Andrea Campagna, acusado de torturas. Nesse último caso, a testemunha ocular descreveu o agressor como um barbudo louro, medindo 1,90 m. Battisti é moreno e tem 1,70 m. Foram encontradas armas no apartamento onde o escritor vivia com outros italianos clandestinos, mas a própria polícia constatou que elas nunca haviam sido disparadas. Segundo o livro de Battisti, a organização da qual fazia parte, o grupo dos PAC (Proletários Armados para o Comunismo), organizara-se no período de crítica ao stalinismo, era totalmente descentralizado e nada impedia que um punhado deles, em determinada região do país, fizesse ações e se assumisse como parte do grupo. Seria difícil, assim, que todos os que militavam nos grupos dispersos pela Itália se conhecessem. Após maio de 1978, quando as Brigadas Vermelhas executaram Aldo Moro - relata - as organizações de esquerda (em geral) se apavoraram e mergulharam na discussão sobre a continuidade da luta armada. Os PAC refluíram para um princípio que já era um pé fora da luta armada (até então, diz Battisti, pelo menos no grupo que militava, as ações se resumiram a "apropriações" para manter os clandestinos; somente os quatro assassinatos que lhe foram imputados pela Justiça italiana foram atribuídos aos PAC). Mas, excessivamente descentralizado, um dos núcleos do grupo reivindicou o assassinato do comandante da prisão, no verão de 1978. Foi quando Battisti rompeu com o grupo. "Juntamente com parte dos militantes de primeira hora, naquele momento decidi virar a página e renunciar definitivamente à luta armada", diz, no livro. Isso quer dizer que, quando ocorreram os outros três assassinatos dos quais é acusado, ele sequer era militante do PAC. O escritor foi preso na violenta repressão que sucedeu a morte do democrata-cristão Aldo Moro. No processo criminal, ninguém atribuiu a ele qualquer relação com a morte do comandante da prisão. Foi testemunha, todavia, de métodos pouco convencionais de interrogatório. Foi dessa época também a lei de delação premiada, que fez proliferar "arrependidos". Battisti conseguiu fugir com a ajuda daquele que, "arrependido" no futuro, jogaria sobre ele todas as culpas. Era Pietro Mutti. Fora da prisão, Battisti recusou a proposta de aliança feita por Mutti, que comandava um tanto de jovens num grupo chamado Colp, que não se sabe o que significa. Mutti foi detido em 1982 - Battisti já estava longe, em Paris, depois de uma passagem pelo México. Nos "tribunais de exceção" italianos criados à época por leis especiais, Mutti, ameaçado de prisão perpétua, foi farto em acusar ex-companheiros de crimes. Especialmente Battisti. O escritor beneficiado pelo ministro Tarso Genro também foi acusado por outros integrantes do PAC, de tal forma que, de todos os envolvidos com o grupo, apenas ele foi condenado à prisão perpétua. Foram tantas as contradições resultantes desse jogo de se safar jogando a culpa no outro que o próprio tribunal de Milão, em decreto de 31 de março de 1993, reconheceu: "Esse arrependido (Mutti) é afeito a 'jogos de prestidigitação' entre seus diferentes cúmplices, como quando introduz Battisti no assalto de Viale Fulvio Testi a fim de salvar Falcone, ou Battisti e Sebastiano Masala no lugar de Bitti e Marco Masala no assalto ao arsenal Tuttosport, ou ainda Lavazza ou Bergamin no lugar de Marco Masala nos dois assaltos veroneses" - segundo trecho citado pela escritora Fred Vargas no posfácio do livro. Diante de tantas contradições e de tantos fatos mal explicados, inclusive um asilo revogado na França (depois de um atuante trabalho de lobby italiano), fica a dúvida de por que interessa tanto ao governo italiano coroar Cesare Battisti como o bode expiatório de um período negro na Itália, onde não apenas a luta armada enevoou o país, mas as instituições se ajustaram a uma guerra contra o terror usando métodos pouco afeitos à ordem democrática. Talvez reconhecer erros no processo que levou à condenação de Battisti tenha o poder de expor a falta de legitimidade de ações policiais e judiciais desse período difícil da Itália.

sábado, 17 de janeiro de 2009

“Repensando o socialismo com Paul Singer”

Por Paulo Marques Em 2009, completam-se 10 anos da 2 edição do livro Uma utopia militante- Repensando o socialismo, do professor Paul Singer, atual titular da Secretaria Nacional de Economia Solidária do governo federal. A importância de comemorar a edição desta obra reside no fato de que ela representa hoje uma das referências teóricas mais significativas sobre o tema da renovação do socialismo e do potencial da Economia Solidária nesse processo, ou seja, das novas possibilidades de luta dos trabalhadores em busca de um projeto socialista e democrático de caráter emancipatório. A primeira edição do livro se deu em 1998, um ano paradigmático, pois foi o inicio de um processo de descenso político do neoliberalismo na América Latina,, inaugurado com a eleição de Hugo Chávez para presidente da Venezuela. Depois de uma década de políticas neoliberais, com resultados catastróficos para a totalidade dos países que a implantaram, estamos completando outra década, agora de novas possibilidades, contraditórias, sem dúvida, na medida em que mesmo com uma maioria de governos progressistas hoje na América Latina, o neoliberalismo não foi derrotado, mas que abrem enormes possibilidades para um novo momento histórico de lutas anti-capitalistas. O livro de Singer, nesse contexto, se antecipava ao processo necessário de renovação do pensamento socialista na América Latina, capaz de retomar o sentido emancipador proposto por seus teóricos fundadores. Quando da segunda edição do livro em 1999, ainda não se falava em socialismo do século XXI- termo que começou aser utilizado na Venezuela, a partir das práticas inovadoras realizadas pelo projeto bolivariano encabeçado por Chávez na Venezuela e depois fortalecido pelas experiências da Bolívia e do Equador. Entre os projetos destaca-se as inovações no campo da economia com novas formas de produção: Economia social, Economia solidária, distritos produtivos, empresas de produção social, empresas de produção comunal, Núcleos de Desarrollo Endógeno1. São estas experiências em curso nesses países, que podem ser identificadas com a realização prática do que Paul Singer anunciava como possibilidade para renovação do socialismo. A leitura do livro, portanto, no atual contexto político da América Latina, nos permite identificar o quanto Singer se antecipou aos processos que ainda estão em curso. Isso quer dizer que mesmo que seja prematuro tirar conclusões sobre suas consequências, é possível, principalmente no campo da teoria, repensarmos as perspectivas para uma renovação do socialismo a partir dessa nova realidade, no qual a Economia Solidária pode desempenhar um papel fundamental. PAULO MARQUES é colaborador, 35 anos, é pesquisador e militante da Economia Solidária. Atualmente realiza pesquisa de doutorado na Universidade de Granada/Espanha sobre a organização política dos trabalhadores da Economia Solidária.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Carta de Conjuntura do IPEA - Dezembro/2008 (Economia Solidária RS/Post 110)

Carta de Conjuntura do IPEA - Dezembro/2008 (Economia Solidária RS/Post 110)(Foto: Marcio Pochmann - Presidente do IPEA). O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é uma fundação pública federal vinculada ao Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Suas atividades de pesquisa fornecem suporte técnico e institucional às ações governamentais para a formulação e reformulação de políticas públicas e programas de desenvolvimento brasileiros. Os trabalhos do Ipea são disponibilizados para a sociedade por meio de inúmeras e regulares publicações e seminários e, mais recentemente, via programa semanal de TV em canal fechado. Acesse A Carta de Conjuntura dez/2008 AQUI.

Economia Solidária estará na estratégia de enfrentamento da crise na prefeitura de Recife

Economia Solidária estará na estratégia de enfrentamento da crise na prefeitura de Recife (Fonte: Diário de Pernambuco) O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, José Bertotti (PCdoB), é taxativo ao afirmar que os efeitos da crise econômica terão impacto direto no trabalho de todo o primeiro escalão da Prefeitura. Em entrevista ao Diario, Bertotti afirmou que a meta é “fazer mais por menos”, numa referência aos cortes previstos da administração. E qual o plano para dinamizar a economia da cidade? A estratégia é que Recife dê a sua contribuição para o desenvolvimento registrado no país de acordo com a sua vocação. Vamos elaborar uma política fiscal e tributária inteligente. Não se pode fazer isenção fiscal sem a garantia de que isso traga benefícios como emprego e renda. Também vamos trabalhar para melhorar a mobilidade na cidade e qualificar o serviço de controle urbano, ordenando e aumentando a fiscalização em áreas utilizadas pela população. Também vamos investir na formação profissional através de parcerias com setores envolvidos nesse processo, especialmente universidades. Outra linha será o fortalecimento da economia solidária, aproveitando a característica do Recife, que é uma cidade que tem uma economia informal bastante forte. A ideia é aproveitar essa nova lei das micro e pequenas empresas para que esses negócios sejam fixados na cidade.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Acordo Ortográfico

O objetivo deste guia é expor ao leitor, de maneira objetiva, as alterações introduzidas na ortografia da língua portuguesa pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, posteriormente, por Timor Leste. No Brasil, o Acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo no 54, de 18 de abril de 1995. Esse Acordo é meramente ortográfico; portanto, restringe-se à língua escrita, não afetando nenhum aspecto da língua falada. Ele não elimina todas as diferenças ortográficas observadas nos países que têm a língua portuguesa como idioma oficial, mas é um passo em direção à pretendida unifi cação ortográfica desses países. Como o documento oficial do Acordo não é claro em vários aspectos, elaboramos um roteiro com o que foi possível estabelecer objetivamente so bre as novas regras. Esperamos que este guia sirva de orientação básica para aqueles que desejam resolver rapidamente suas dúvidas sobre as mudanças introduzidas na ortografia brasileira, sem preocupação com questões teóricas. Mudanças no alfabeto O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y. O alfabeto completo passa a ser: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações. Por exemplo: a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt); b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano. Trema Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui. Como era Como fica agüentar aguentar argüir arguir bilíngüe bilíngue cinqüenta cinquenta delinqüente delinquente eloqüente eloquente ensangüentado ensanguentado eqüestre equestre freqüente frequente lingüeta lingueta lingüiça linguiça qüinqüênio quinquênio sagüi sagui seqüência sequência seqüestro sequestro tranqüilo tranquilo Atenção: o trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas. Exemplos: Müller, mülleriano. Mudanças nas regras de acentuação 1 Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba). Como era Como fica alcalóide alcaloide alcatéia alcateia andróide androide apóia (verbo apoiar) apoia apóio (verbo apoiar) apoio asteróide asteroide bóia boia celulóide celuloide clarabóia claraboia colméia colmeia Coréia Coreia debilóide debiloide epopéia epopeia estóico estoico estréia estreia estréio (verbo estrear) estreio geléia geleia heróico heroico idéia ideia jibóia jiboia jóia joia odisséia odisseia paranóia paranoia paranóico paranoico platéia plateia tramóia tramoia Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis. Exemplos: papéis, herói, heróis, troféu, troféus. 2 Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo. Como era Como fica baiúca baiuca bocaiúva bocaiuva cauíla cauila feiúra feiura Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí. 3 Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s). Como era Como fica abençôo abençoo crêem (verbo crer) creem dêem (verbo dar) deem dôo (verbo doar) doo enjôo enjoo lêem (verbo ler) leem magôo (verbo magoar) magoo perdôo (verbo perdoar) perdoo povôo (verbo povoar) povoo vêem (verbo ver) veem vôos voos zôo zoo 4 Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera. Como era Como fica Ele pára o carro. Ele para o carro. Ele foi ao pólo Norte. Ele foi ao polo Norte Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar pólo. Esse gato tem pêlos brancos. Esse gato tem pelos brancos. Comi uma pêra. Comi uma pera. Atenção: • Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3ª pessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, na 3ª pessoa do singular. Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode. • Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição. Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim. • Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). Exemplos: Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros. Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba. Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra. Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes. Ele detém o poder. / Eles detêm o poder. Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas. • É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Veja este exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo? 5 Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir. 6 Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo. Veja: a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas. Exemplos: verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem. verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam. b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas. Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras): verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem. verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam. Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos. Uso do hífen Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo novo Acordo. Mas, como se trata ainda de matéria controvertida em muitos aspectos, para facilitar a compreensão dos leitores, apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do hífen com os prefixos mais comuns, assim como as novas orientações estabelecidas pelo Acordo. As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos ou por elementos que podem funcionar como prefixos, como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc. 1 Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h. Exemplos: anti-higiênico anti-histórico co-herdeiro macro-história mini-hotel proto-história sobre-humano super-homem ultra-humano Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde o h). 2 Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento. Exemplos: aeroespacial agroindustrial anteontem antiaéreo antieducativo autoaprendizagem autoescola autoestrada autoinstrução coautor coedição extraescolar infraestrutura plurianual semiaberto semianalfabeto semiesférico semiopaco Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, coo peração, cooptar, coocupante etc. 3 Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s. Exemplos: anteprojeto antipedagógico autopeça autoproteção coprodução geopolítica microcomputador pseudoprofessor semicírculo semideus seminovo ultramoderno Atenção: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante etc. 4 Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras. Exemplos: antirrábico antirracismo antirreligioso antirrugas antissocial biorritmo contrarregra contrassenso cosseno infrassom microssistema minissaia multissecular neorrealismo neossimbolista semirreta ultrarresistente ultrassom 5 Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal. Exemplos: anti-ibérico anti-imperialista anti-infl acionário anti-infl amatório auto-observação contra-almirante contra-atacar contra-ataque micro-ondas micro-ônibus semi-internato semi-interno 6 Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma cosoante. Exemplos: hiper-requintado inter-racial inter-regional sub-bibliotecário super-racista super-reacionário super-resistente super-romântico Atenção: • Nos demais casos não se usa o hífen. Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção. • Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc. • Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc. 7 Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal. Exemplos: hiperacidez hiperativo interescolar interestadual interestelar interestudantil superamigo superaquecimento supereconômico superexigente superinteressante superotimismo 8 Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen. Exemplos: além-mar além-túmulo aquém-mar ex-aluno ex-diretor ex-hospedeiro ex-prefeito ex-presidente pós-graduação pré-história pré-vestibular pró-europeu recém-casado recém-nascido sem-terra 9 Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim. Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu. 10 Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo. 11 Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição. Exemplos: girassol madressilva mandachuva paraquedas paraquedista pontapé 12 Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte. Exemplos: Na cidade, conta-se que ele foi viajar. O diretor recebeu os ex-alunos. Resumo Emprego do hífen com prefixos Regra básica Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-homem. Outros casos 1. Prefixo terminado em vogal: • Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo. • Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, semicírculo. • Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracismo, antissocial, ultrassom. • Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas. 2. Prefixo terminado em consoante: • Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-bibliotecário. • Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, supersônico. • Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante. Observações 1. Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r sub-região, sub-raça etc. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade. 2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc. 3. O prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc. 4. Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-almirante etc. 5. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista etc. 6. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu.