Manifestação aconteceu em frente à sede da Prefeitura
Escrito por: Daiani Cerezer
Desde às 8h 30min da manhã de terça-feira (15), inúmeros trabalhadores protestaram contra a privatização da água em Santa Cruz do Sul, em frente à prefeitura do município. O ato público, convocado pela CUT-RS, encerrou no início da tarde e aconteceu durante a abertura dos envelopes da licitação do saneamento.
Esse foi mais um, de uma série de atos que demonstram a insatisfação com o edital lançado pela prefeita Kelly Moraes (PTB) e a preocupação da comunidade com a iniciativa de entregar para uma empresa privada um bem público.
Os manifestantes se concentraram em frente à prefeitura até o meio da manhã quando entraram no Parque da Oktoberfest. Logo no início do ato o secretário geral do Sindiagua da região, Leandro Almeida, relatou como se deu a abertura dos envelopes.
Das quatro empresas, uma não compareceu, a Foz do Brasil do setor de infraestrutura, transportes, mineração e saneamento da Odebrecht. As outras três empresas: Equipavi, Queiroz Galvão e a própria Corsan apresentaram os documentos e seguem na disputa.
“O Rio Grande do Sul é o único estado do país que não tem nenhum serviço de água privatizado, não queremos que Santa Cruz abra esse precedente. Além disso, o custo para a população irá aumentar e a qualidade do serviço, não”, declarou Almeida.
Após, o engenheiro da Corsan, Homero Pinto Finamor, explicou aos manifestantes o posicionamento da Corsan frente à licitação, falou do funcionamento das próximas etapas e salientou que foram apontados inúmeros equívocos no edital.
“Apontamos vários erros e a prefeitura não considerou. Nós vamos continuar brigando por tudo que consideramos errado”, defendeu o engenheiro.
A presidente do CPERS e vice presidente da CUT-RS, Rejane Oliveira, ressaltou a importância da união dos movimentos sociais no ato de hoje. “Nossa unidade é um exemplo para todos os municípios do Estado, pois essa é uma luta contra o projeto neoliberal. Combater a privatização de um bem público é combater o neoliberalismo,” disse.
O presidente da CUT-RS, Celso Woyciechowski, defendeu a continuidade dos atos contra a iniciativa do município: “vamos continuar fortemente mobilizados e lutando para receber um serviço de água público e de qualidade, como é de nosso direito.”
O dirigente sugeriu que seja realizada uma audiência com o governador Tarso Genro. “O governo tem de responsabilidade nisso porque se trata de um bem público e de fundamental importância para a vida. Vamos continuar pressionando para que o serviço de saneamento de Santa Cruz não seja entregue para a iniciativa privada”, finalizou Woyciechowski.
A partir de agora a comissão de licitação não tem um prazo definido para a avaliação dos projetos apresentados, no entanto, as empresas têm até cinco dias úteis após o parecer, para recorrerem.
Até agora já foram recolhidas mais de seis mil assinaturas no abaixo assinado organizado pelo Comitê em Defesa da Água Pública.
Mídia
Durante a semana, a CUT-RS publicou notas nos jornais da cidade e concedeu entrevistas para os meios de comunicação de Santa Cruz e região, apesar da forte resistência da mídia de debater esse assunto.
Hoje, o presidente da entidade participou de entrevistas nas rádios locais: Santa Cruz e Gazeta, na qual não foi possível abordar o assunto da privatização, a pauta ficou restrita ao salário mínimo e ao reajuste do piso regional.
Manifestação artística
Há semanas que os trabalhadores que lutam contra a privatização da água, são embalados por uma bela canção. A música “Eu quero água”, foi composta pela estudante Jerusa Bittencourt.
A jovem, militante do movimento estudantil, disse que não foi difícil compor a música, pois já tinha conhecimento do debate. Jerusa acredita que essa intervenção artística deu outro caráter para a mobilização, pois despertou o interesse da comunidade.
Jerusa canta com sua irmã, Josiane, e já tem um CD gravado. No ato, ela falou representando o DCE da UNISC e colocou o movimento estudantil a disposição para lutar pela água como um bem público.
Inúmeros representantes do movimento social, sindical e estudantil, de diversas regiões do Estado, participaram da manifestação.
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