Ato Unificado organizado pela CUT-SE mobiliza categorias na luta por condições dignas de trabalho e melhores salários
Escrito por: CUT-SE
Compreendendo a importância da unidade dos trabalhadores para a luta do movimento sindical, as categorias do Sindicato dos Servidores do Detran (Sindetran), Sindicato dos Trabalhadores das Telecomunicações em Sergipe (Sinttel) e Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica da Rede Oficial do Estado de Sergipe (Sintese) participaram do Ato Unificado promovido pela Central Única dos Trabalhadores de Sergipe (CUT-SE) nesta quinta-feira, 19 de maio, no Centro de Aracaju
De acordo com o presidente da CUT-SE, Rubens Marques, o objetivo era manifestar a força que as categorias representam na luta por condições dignas de trabalho e melhores salários. “Os trabalhadores encontram forças para continuar na luta quando estão unificados. A unidade dos trabalhadores do setor público e do setor privado é o maior objetivo da CUT. Além disso, a Central tem acompanhado passo a passo as mobilizações dos trabalhadores, desde as paralisações às negociações. Tanto o Sindetran como o Sinttel nunca haviam realizado uma greve, por isso a CUT buscou orientar as duas categorias”, afirmou.
Roberto Silva, secretário de Juventude da CUT-SE e dirigente do Sintese, explica que esses momentos de fraternização e apoio mútuo entre as categorias solidificam o que representa a Central Única dos Trabalhadores. “Esse movimento unificado vem no sentido de unir a classe trabalhadora na luta comum que é a luta por valorização. Eu entendo que essa solidariedade de classes é importante, principalmente, para sensibilizar os trabalhadores enquanto classe trabalhadora. Nesse contexto, a CUT/SE exerce um papel fantástico, que é de ser o elo entre as categorias, e promover a mobilização de todos enquanto classe. Aqui, uma categoria se solidariza com a luta da outra. E isso constitui o que é a CUT”.
A manifestação também contou com a presença de representantes do Stase, Sindimina, Sinergia. Outra questão discutida durante a manifestação foi a questão do Governo do Estado ter buscado determinar as greves ilegais. “O governador se elegeu dizendo lutar pela democracia, e, em um momento de mobilização dos trabalhadores, pede a ilegalidade das greves. Essa atitude do Estado está buscando criminalizar o movimento sindical, os movimentos sociais. Em um Tribunal de Justiça conservador como o nosso, é claro que a decisão deles é desfavorecer a classe trabalhadora”, afirmou Rubens Marques.
Sinttel
Os trabalhadores do serviço de telecomunicações em Sergipe, da Empresa RM, tercerizada da Oi, entraram em greve no dia 02 de maio, e reivindicam melhorias nas condições de trabalho e salariais. A categoria alega que a RM não está respeitando o acordo feito com a empresa antiga, a MM. “Quando o salário mínimo era R$510 o nosso piso salarial era de R$541. Agora que o salário mínimo foi reajustado eles estão oferecendo um salário de R$575 até 2012 para instaladores, cabistas e distribuidores gerais. Essa é uma proposta vergonhosa. Os 350 tercerizados da Oi em Sergipe são profissionais qualificados, e merecem ser valorizados como tal. Além disso, todos nós sabemos que as empresas de telecomunicações são as que mais lucram na América Latina. E as empresas tercerizadas estão ganham no mínimo 10 vezes a mais em cima de cada trabalhador que ela emprega numa empresa multinacional de telecomunicação”, declarou Iaraci Maria Silva, presidenta do Sinttel.
Segundo Iaraci, o sindicato já possui 26 anos, mas nunca havia atuado contra o serviço privado. “A greve dos trabalhadores das telecomunicações só está conseguindo chegar ao seu 17º dia graças à CUT-SE. Apesar do longo tempo de existência, nosso sindicato está no início da luta contra o patronato detentor do grande capital. É a Central Única dos Trabalhadores que está dando força e auxílio para a nossa greve continuar”, garantiu.
O presidente da CUT-SE ressalta que apesar da greve do Sinttel ser considerada legal, as negociações não avançam. “Os patrões não deram proposta satisfatória a nenhum ítem de reivindicação. A CUT sempre defendeu a liberdade sindical, mas já está na hora do Ministério Público do Trabalho interferir nessa negociação porque a conduta dessa empresa é um desrespeito aos trabalhadores e trabalhadoras”. A RM veio para Sergipe trazida pelo ex-governador Albano Franco, quando da época da privatização da Telegipe. “A Telegipe foi vendida a preço de banana para essa empresa, que hoje tem fortunas de lucro, e nem o acordo coletivo da categoria ela quer cumprir. É inaceitável uma empresa que lucra tanto não cumprir o acordo coletivo”.
Sindetran
No caso dos servidores do Detran, a greve foi declarada ilegal pelo Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ/SE). No entanto, os trabalhadores continuam na luta reivindicando melhores condições de salário. Em greve desde segunda-feira (16), os servidores já recorreram à declaração de ilegalidade e estão programando uma assembleia para este fim de semana.
De acordo com Klebson Pinto, presidente do Sindetran, os trabalhadores tiveram um pequeno avanço, que foi a entrega da pauta de reivindicação da categoria ao superintendente do Detran, Bosco Costa, na quarta (18). “Até o momento não tivemos nenhuma resposta. Dentro da nossa pauta nós colocamos uma proposta sobre o pagamento das gratificações dividido em três parcelas de R$200 até o final do ano, para assim atingir os R$600 que nós reivindicamos. Outro tema abordado foi o salário base. Hoje os servidores do Detran não aguentam mais sobreviver com esse salário de miséria de R$400. E, ao invez do Governo procurar negociar com os trabalhadores, ele busca crimilizar o movimento sindical, buscando apoio da TJ para declarar a nossa greve ilegal. Nossa luta é justa e ela precisa ser respeitada. Esperamos que o governador Marcelo Déda inicie uma negociação. Enquanto isso, a greve dos servidores do Detran permanece por tempo indeterminado”, garantiu Klebson.
Roberto Silva acrescentou destacou o fato do Detran ser um dos órgãos que mais arrecadam dinheiro para o Estado. “Os procedimentos no Detran, como licenciamento dos carros e de habilitação, custam mais do que um salário mínimo. Além disso, esse departamento não tem quase nenhum custeio, além do salário dos servidores e manutenção dos equipamentos utilizados por eles. Não se justifica esse órgão pagar um salário de miséria como esses e dizer que não tem dinheiro para pagar um bom salário aos seus trabalhadores”, declarou.
Sintese
Durante o trajeto de manifestação, os trabalhadores das telecomunicações e os servidores do Detran receberam o apoio dos professores da rede estadual de ensino, que estavam protocolando uma ação de protesto no TJ/SE contra o governador Marcelo Déda. Na ação, o Sintese apresenta sua indignação com a atitude do Governo do Estado em não cumprir a Lei do Piso com a revisão imediata nos moldes apresentados na Lei 11.738/2008, e condicionar a revisão a extinção do Nível I (médio) no plano de carreira e também por vários problemas ocorridos na rede estadual como: escolas em estado deplorável e sem perspectiva de reforma; falta de professores em várias disciplinas, devido a falta de planejamento e incapacidade do poder público em ter um quadro atual dos docentes; adoção de pacotes educacionais (Alfa e Beto, Se Liga e Acelera), entre outros.
“A sociedade sergipana pôde acompanhar a paciência com que os professores e professoras da rede estadual tiveram para negociar com o Estado o pagamento da revisão do piso salarial, que é um direito adquirido pelo magistério brasileiro. No entanto, o Governo se mostrou duro, e deu como proposta acabar com a carreira do magistério, na medida que ele sugere acabar com o nível I. Tanto o Piso Salarial como o Plano de Carreira foram conquistas de mais de 23 anos de luta da categoria, e nós não vamos abrir mão dos nossos direitos e da nossa dignidade”, assegurou Ângela Maria de Melo, presidenta do Sintese.
A partir de segunda-feira, dia 23, os professores da rede estadual estarão entrando em greve por tempo indeterminado.
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