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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Uma história para músico contar

por Carlos — 
O perfil de Maykell Paiva, um dos tantos instrumentistas do 25º Carijo da Canção Gaúcha
Esta é a história de um guri que aos 12 anos sai de casa e descobre na música uma paixão para a vida. Natural de Dom Pedrito, Maykell Paiva começou tocar violão ainda guri. Fez dois anos de aula de violão na sua cidade, mas a sua história na música começa mesmo quando ele deixa a sua cidade natal para ir morar com o pai em Camaquã. Primeiro teve que convencer sua mãe a deixá-lo ir morar com o pai, o que conseguiu depois de assegurar a mãe que era isso mesmo que ele queria.
Na cidade de Camaquã o guri morava com o pai e um irmão mais velho, o qual participava da invernada artística. Sabendo que Maykell tocava violão, seu irmão sugeriu a ele tocar como instrumentista do CTG ao qual faziam parte, ao que guri aceitou prontamente.
O mais novo violonista do CTG logo se destacou ao conseguir acompanhar os floreios da gaita com ponteios no violão. Mas algum tempo depois da sua chegada a Camaquã seu pai precisou se mudar novamente de cidade, pois os negócios não iam bem. Aí veio uma proposta inesperada: de Maykell ficar em Camaquã para tocar na invernada. O guri aceitou. Morou alguns meses no CTG. Estudava de manhã e tinha a tarde toda para se dedicar ao seu violão no silêncio de um CTG que naquela hora era só seu.
As surpresas não pararam por aí e aquele guri de Dom Pedrito foi parar em Pelotas a convite de seu professor de violão que lhe chamou para morar em sua casa, estudar violão, continuar seus estudos na escola e ainda receber um salário para tocar em um dos CTG’s de Pelotas. Quando Maykell conheceu seu novo professor de violão e viu o que ele fazia disse logo: eu quero fazer o que ele faz! "Eu não conseguia entender como ele movia tão rápido os dedos e tirava aquelo som do violão" revelou Maykell.
O jovem violeiro investiu seu tempo em fazer o que mais gostava: tocar violão. E foi assim, se dedicando e aprimorando seu talento que conquistou seu espaço dentro de CTG’s, em festivais e passou a tocar com músicos nativistas consagrados. Ficou por quatro anos tocando ao lado de Joca Martins e outros quatro anos com Cezar Oliveira e Rogério Melo.
Das experiências com músicos afamados Maikell guarda as conquistas, os shows e a visibilidade que isso proporcionou a seu trabalho, além da amizade. Mas ainda havia algo que o inquietava e fez com que partisse para trabalho solo: queria mostrar a sua música, suas composições, o seu jeito de viver e sentir a música sendo mostrado ao público. Finalmente gravou um CD independente com suas músicas no ano de 2009.
O violonista, hoje com 27 anos, tem pessoas como Lucio Yanel, Yamandu Costa, Ricardo Martins e Marcelo Caminha como exemplo de músicos nos quais busca se inspirar. Para aqueles que não conhecem Ricardo Martins, é um grande músico dos festivais nativistas, que vive como uma pessoa conturbada e pelos músicos é conhecido por “Loco”. Contudo, sua loucura é dona de uma genialidade musical que em poucos é vista, e é por essa genialidade que Maikell admira Ricardo.
“A cabeça é um terreno fértil, você pode plantar coisas boas ou coisas más. O que você plantar cresce e você vai colher”, declarou Maikell quando falava da vida de músico, que no palco tem luz, interpreta, cria, mas que no dia-a-dia pode ser diferente, e completou: “você tem que ser 100% sempre, pois você pode ser exemplo para muita gente em cima e fora do palco”. E este músico leva sempre um sorriso expontaneo no rosto, seja no palco, nos camarins, em qualquer lugar.
Maikell é um músico de gosto eclético, escuta desde musica tradicionalista ao chorinho e o samba, gosta de música do folclore latino-americano e não dispensa uma valsa francesa. Seu objetivo como músico poder tocar nos teatros e ele diz o porquê: “ nos teatros as pessoas vão para sentir a música, porque realmente querem ouvir aquela música, dão atenção especial”.
Participante assíduo de festivais, Maikel já ganhou prêmios como instrumentista e arranjador, e concorre no 25º Carijo com a canção “A Vingança de Artur Arão”.


Josiane Canterle / Da Hora

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