Produção cultural, eventos e festivais de música. Planejamento Estratégico e Operacional, Formação política, para sindicatos e ONGs

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Resultado 25º Carijo



Apesar do frio na noite do último Domingo, 30, o público lotou o pavilhão central do Parque de Exposições de Palmeira das Missões para prestigiar as 17 canções finalistas e o show de Cezar Oliveira e Rogério Melo, para após comemorar as canções vencedoras
Após um grande show com a dupla Cézar Oliveira e Rogério Melo, que levantou o público na última noite do 25º Carijo da Canção Gaúcha, o grande momento para os músicos, instrumentistas e o público chegou, que lotou o pavilhão central do parque de exposições.
As 17 canções que se apresentaram no palco, alegraram, emocionaram, a todo que se faziam presente. As melhores, levaram para casa o troféu e ficaram na história e na memória de mais um Carijo, que completava o seu Jubileu de Prata.
Os grandes vencedores foram os seguintes:

Melhor Tema Ecológico - ALMA E VIDA (milonga)
Letra: Ivo Brum
Música: Miguel Marques
Intérprete: Miguel Marques

Melhor Tema Sobre Palmeira das Missões - ALCE BENDITO (chamamé)
Letra: Nelson Magalhães
Música: Murilo O. de Andrade e Cássio R. F. Silva
Intérprete: Murilo Oliveira de Andrade

Melhor Arranjo Instrumental - PLANTAR É GERAR (mazurca)
Letra e Música: Ramires Monteiro e Cláudio Pereira Christo
Intérprete: Leonardo Paim

Melhor Arranjo Vocal - DAS FACES DA CRUZ (milonga)
Letra: Adriano Alves
Música: Rui Carlos Ávila e Paulo Osório Martinez da Silveira
Intérprete: Beto Borges, Adriano Alves, Rui Carlos Ávila e Cícero Camargo

Melhor Instrumentista - Paulo Bracht

Melhor Intérprete - Leonardo Paim

Melhor Letra - DAS FACES DA CRUZ (milonga)
Letra: Adriano Alves
Música: Rui Carlos Ávila e Paulo Osório Martinez da Silveira
Intérprete: Beto Borges, Adriano Alves, Rui Carlos Ávila e Cícero Camargo


E as canções:

1º lugar - PELAS MÃOS DOS FILHOS DO CAMPO (chamarra)
Letra: Osmar Proença
Música: Paulo Saavedra
Intérprete: Leonardo Paim e Francisco Oliveira

2º lugar - DAS FACES DA CRUZ (milonga)
Letra: Adriano Alves
Música: Rui Carlos Ávila e Paulo Osório Martinez da Silveira
Intérprete: Beto Borges, Adriano Alves, Rui Carlos Ávila e Cícero Camargo

3º lugar - UM TOSTADO DE LEI (chamamé)
Letra: Moacir Severo
Música: Henrique Salgueiro
Intérprete: Victor Salgueiro
Joana Frota / Da Hora 

Uma história para músico contar

por Carlos — 
O perfil de Maykell Paiva, um dos tantos instrumentistas do 25º Carijo da Canção Gaúcha
Esta é a história de um guri que aos 12 anos sai de casa e descobre na música uma paixão para a vida. Natural de Dom Pedrito, Maykell Paiva começou tocar violão ainda guri. Fez dois anos de aula de violão na sua cidade, mas a sua história na música começa mesmo quando ele deixa a sua cidade natal para ir morar com o pai em Camaquã. Primeiro teve que convencer sua mãe a deixá-lo ir morar com o pai, o que conseguiu depois de assegurar a mãe que era isso mesmo que ele queria.
Na cidade de Camaquã o guri morava com o pai e um irmão mais velho, o qual participava da invernada artística. Sabendo que Maykell tocava violão, seu irmão sugeriu a ele tocar como instrumentista do CTG ao qual faziam parte, ao que guri aceitou prontamente.
O mais novo violonista do CTG logo se destacou ao conseguir acompanhar os floreios da gaita com ponteios no violão. Mas algum tempo depois da sua chegada a Camaquã seu pai precisou se mudar novamente de cidade, pois os negócios não iam bem. Aí veio uma proposta inesperada: de Maykell ficar em Camaquã para tocar na invernada. O guri aceitou. Morou alguns meses no CTG. Estudava de manhã e tinha a tarde toda para se dedicar ao seu violão no silêncio de um CTG que naquela hora era só seu.
As surpresas não pararam por aí e aquele guri de Dom Pedrito foi parar em Pelotas a convite de seu professor de violão que lhe chamou para morar em sua casa, estudar violão, continuar seus estudos na escola e ainda receber um salário para tocar em um dos CTG’s de Pelotas. Quando Maykell conheceu seu novo professor de violão e viu o que ele fazia disse logo: eu quero fazer o que ele faz! "Eu não conseguia entender como ele movia tão rápido os dedos e tirava aquelo som do violão" revelou Maykell.
O jovem violeiro investiu seu tempo em fazer o que mais gostava: tocar violão. E foi assim, se dedicando e aprimorando seu talento que conquistou seu espaço dentro de CTG’s, em festivais e passou a tocar com músicos nativistas consagrados. Ficou por quatro anos tocando ao lado de Joca Martins e outros quatro anos com Cezar Oliveira e Rogério Melo.
Das experiências com músicos afamados Maikell guarda as conquistas, os shows e a visibilidade que isso proporcionou a seu trabalho, além da amizade. Mas ainda havia algo que o inquietava e fez com que partisse para trabalho solo: queria mostrar a sua música, suas composições, o seu jeito de viver e sentir a música sendo mostrado ao público. Finalmente gravou um CD independente com suas músicas no ano de 2009.
O violonista, hoje com 27 anos, tem pessoas como Lucio Yanel, Yamandu Costa, Ricardo Martins e Marcelo Caminha como exemplo de músicos nos quais busca se inspirar. Para aqueles que não conhecem Ricardo Martins, é um grande músico dos festivais nativistas, que vive como uma pessoa conturbada e pelos músicos é conhecido por “Loco”. Contudo, sua loucura é dona de uma genialidade musical que em poucos é vista, e é por essa genialidade que Maikell admira Ricardo.
“A cabeça é um terreno fértil, você pode plantar coisas boas ou coisas más. O que você plantar cresce e você vai colher”, declarou Maikell quando falava da vida de músico, que no palco tem luz, interpreta, cria, mas que no dia-a-dia pode ser diferente, e completou: “você tem que ser 100% sempre, pois você pode ser exemplo para muita gente em cima e fora do palco”. E este músico leva sempre um sorriso expontaneo no rosto, seja no palco, nos camarins, em qualquer lugar.
Maikell é um músico de gosto eclético, escuta desde musica tradicionalista ao chorinho e o samba, gosta de música do folclore latino-americano e não dispensa uma valsa francesa. Seu objetivo como músico poder tocar nos teatros e ele diz o porquê: “ nos teatros as pessoas vão para sentir a música, porque realmente querem ouvir aquela música, dão atenção especial”.
Participante assíduo de festivais, Maikel já ganhou prêmios como instrumentista e arranjador, e concorre no 25º Carijo com a canção “A Vingança de Artur Arão”.


Josiane Canterle / Da Hora

Relatos de Camarim, o Carijo que você não vê

por Carlos 
O que acontece atrás do palco e poucos enxergam, no mais tradicional festival de música gaúcha da região
É um show a parte ver tantos artistas talentosos em um só lugar: o camarim. São violões e vozes sendo afinados a todo tempo no ritmo dos bombos legueiros ou cajons. Para Leonardo Paim, é o lugar de concentração, de preparação para o grande momento no palco.
Além de ser um lugar de preparação, também é um lugar de reencontros, de irmãos que se conhecem, se conversam, se querem bem e se desejam sorte. São muitos os abraços e apertos de mãos que quase se esquece que estão todos competindo.
Em um desses reencontros ouço Analise Severo perguntando a alguém como estava a família, o pai, a mãe, os amigos enquanto riam e se divertiam com o assunto. Mas a maior parte do tempo se ouve falar de música. O instrumentista e interprete Leonardo Paim afirma que o que mais se conversa é sobre os festivais, as músicas, arranjos, interpretação e tudo o que envolve a música. O violonista Maikell Paiva revela que algumas vezes chegam a compor músicas nestes encontros nos camarins, outra vezes, é a primeira vez que o grupo se reúne para ensaiar a música que irão defender naquele evento. Foi o que aconteceu com ele neste Carijo.
Claro que não poderia faltar a imprensa. São reportes de rádio, TV, web e jornais que se aglomeram junto aos músicos, ora conversam calmamente, ora se empurram em busca de um espaço para o seu microfone.
O repórter da rádio Sociedade Seberi, Delfo de Souza conta que os músicos são bastante atenciosos, alguns deles chegam a dizer que dependem mais da imprensa do que a imprensa dos artistas. Mas a maior correria acontece mesmo é quando o músico desce do palco depois da apresentação. Eles são barrados por microfones direcionados a eles e bombardeados de perguntas. Os preferidos dos repórteres são os intérpretes das musicas. Os instrumentistas, muitas vezes, são deixados de lado.

Josiane Canterle / Da Hora

Vencedores da 20ª Tafona de Osório

Com letra de Romulo Chaves Robledo Martins vence a 20.ª Tafona da Canção Nativa, de Osório, que aconteceu no ultimo final de semana.

Vencedores:

*Linha de Manifestação Riograndense

-1.º Lugar: Saudade em Rima Pobre (de Rômulo Chaves e Piero Ereno), interpretação de Robledo Martins

-2.º Lugar: O Passado (de Renato Júnior e Cássio Ricardo), com Rodrigo Munari

*Linha Litorânea:

-1º Lugar: Tombador (de Ivan Therra, Cristian Sperandir e Adriano Sperandir), com Adriana Sperandir

-2º Lugar: Noite da Tafona (de Loreano Santos e Vaine Darde), com Mary Ramos

-Melhor intérprete:Rodrigo Munari em O Passado" (de Renato Júnior e Cássio Ricardo)

-Melhor música na opinião do público: Noite da Tafona (Loreno Santos e Vaine Darde)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Ação Sindical


Escrito por Pau e Prosa Comunicação   

CUT-MT promove I Encontro Estadual da Jornada de Desenvolvimento
 


A Central Única dos Trabalhadores de Mato Grosso (CUT-MT) promoverá, neste final de semana, dias 29 e 30 de maio, o I Encontro Estadual da Jornada de Desenvolvimento. O encontro ocorrerá a partir das 9 horas, na sede do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT), em Cuiabá.
 
O encontro discutirá, dentre outros pontos, a Agenda de Modernização das Relações de Trabalho e a Plataforma da CUT para as Eleições 2010. "Será o início dos debates acerca desta agenda, além das diversas formas de desenvolvimento levando em conta a sustentabilidade ambiental e os biomas presentes em Mato Grosso, além da importância da Economia Solidária", resumiu o secretário de Comunicação do Sintep/MT, Julio Viana.
 
A secretária de Formação da CUT-MT e secretária geral do Sindicato, Vânia Miranda, ressaltou a importância do encontro. "O alinhamento destas questões é imprescindível para delinear o projeto político da Central com aquilo que queremos para a classe trabalhadora", frisou. Nesta linha, a Plataforma da CUT para as Eleições 2010 é parte integrante da conformação da estratégia da Central. O documento é resultado de um ciclo de debates e reflexões, iniciado em 2005.
 
Já a Agenda de Modernização das Relações de Trabalho faz parte de um plano elaborado pela CUT/MT, e entregue ao superintendente regional do Trabalho e Emprego em Mato Grosso, Valdiney de Arruda, no final de abril. Intitulado "Plano para a Modernização das Relações de Trabalho em Mato Grosso", o documento propõe ações além daquelas constantes na Agenda do Trabalho Decente (ATD), projeto da Organização Internacional do Trabalho (OIT), adotado pela União e que teve o Estado como o segundo do país a tomar a iniciativa da sua articulação, no ano passado.
 
Proposta - Os três eixos principais da ATD são: prevenção dos acidentes fatais de trabalho, combate ao trabalho escravo e ao trabalho infantil. Segundo o documento, a Central mato-grossense também trabalha a promoção da formação profissional, e a inclusão de jovens e adultos entre 40 e 60 anos no mercado de trabalho. "É possível e necessário analisarmos a redução da grande rotatividade no mercado de trabalho e garantir o emprego formal a todos", frisou. "Para isso, precisamos incluir nesta Agenda, a jornada de trabalho legal, formalização do emprego, melhor infraestrutura da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Mato Grosso (SRTE/MT) e sua interiorização", explicou Julio Viana.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Campanha Nacional de Filiação da ANPUH - Divulgue esta ideia!



"Estamos convidando todos aqueles que atuam ou têm formação no campo da História a fazerem parte do quadro de sócios da ANPUH - Associação Nacional de História. Se você é professor desta disciplina em qualquer nível de ensino, se você é estudante de pós-graduação, se atua como historiador nas áreas do patrimônio histórico, do museu ou do arquivo, venha fortalecer a sua Associação, venha somar esforços no sentido de torná-la ainda mais representativa da diversidade regional e profissional da nossa categoria.
Temos um urgente e grande desafio pela frente, conquistar o reconhecimento legal de nossa profissão, que garanta nosso mercado de trabalho, que defina claramente as exigências para nossa formação e que delimite as competências e habilidades que devem ser exigidas de alguém formado em nossa área. Esta é uma luta política difícil num momento de tendência à desregulamentação das profissões, o que exige a participação organizada do maior número possível de membros de nossa categoria. Por isso estamos realizando esta Campanha Nacional de Filiação, visando a fortalecer nossa entidade e a prepará-la para enfrentar os grandes desafios que se abrem em busca da regulamentação de nossa atividade.
Para ser sócio da ANPUH basta dirigir-se pessoalmente ou através de email à sessão regional de seu Estado, nos endereços constantes deste folder ou diretamente à ANPUH Nacional através do email anpuh@usp.br, que faremos o encaminhamento de sua filiação para a sessão estadual. Estar associado à sua entidade permite que você se mantenha constantemente informado sobre os acontecimentos em nossa área como: eventos, concursos, chamadas para publicações, lançamentos de livros e revistas, através do Boletim Informativo eletrônico da entidade. Além disso, você poderá participar dos eventos promovidos pela Associação, divulgando a sua produção científica e tendo a oportunidade de interagir com os profissionais da área, participando das decisões políticas e acadêmicas da entidade, pagando taxas de inscrição com valores especiais. Terá ainda acesso a uma série de serviços disponibilizados por nossa página na internet como: fazer parte do banco de dados "Quem é Quem na História do Brasil", onde poderás descrever seu perfil profissional visando contatos e oportunidades de trabalho, acessar as edições da "Revista Brasileira de História" e "História Hoje", dentre outros.
A ANPUH se caracteriza por ser uma das associações profissionais mais abertas e democráticas, recebendo desde o estudante de pós-graduação até os profissionais mais destacados na área, cobrando uma das mais módicas anuidades entre todas as entidades que representam categorias profissionais, oferecendo agora a comodidade do pagamento via internet e permitindo, ainda, o parcelamento do valor da anuidade em três parcelas.
A ANPUH já participou de grandes lutas e conquistas para os profissionais de nossa área, como o fim dos Estudos Sociais, o retorno da História ao Ensino Fundamental, e tem interagido constantemente com o Estado quando da adoção de políticas que afetam a nossa área, seja quanto ao ensino, seja quanto à pesquisa.
VENHA, PARTICIPE DESTA HISTÓRIA!
FILIE-SE JÁ!"

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Acordo em Teerã



Escrito por Archimedes F. Lazzeri, da SNF   
O entendimento e os interesses americanos
Salta aos olhos o alinhamento das grandes agências de notícias do país com a CNN, que, em questões de política externa dos EUA, funciona como porta-voz do Pentágono e da Casa Branca. O alinhamento dos jornalões brasileiros aos interesses norte-americanos é uma questão que merece uma boa análise, pois o discurso em defesa da liberdade de imprensa precisa ser seguido do exercício dessa liberdade e, principalmente, da autonomia das redações.

A mídia perdeu uma grande oportunidade para questionar o papel da diplomacia dos EUA em tempos de governo Obama. Afinal, para o Império do Norte, a guerra sempre foi condição necessária para se alcançar a paz. Por que a imprensa não explora o silêncio de Obama? O mundo espera o pronunciamento do presidente dos EUA, ele tem de decidir se fica com o Nobel da Paz, recebido dezembro de 2009, ou se devolve o prêmio para a academia. Em Oslo, Obama falou menos em diplomacia e mais em "instrumentos de guerra", meio preferido pelos EUA para a preservação da paz.

Por que a mídia não busca ouvir outras vozes além dos diplomatas do G5 + 1, como pacifistas religiosos, especialistas em geopolítica e pesquisadores do assunto?

Logomarcas bem conhecidas

Para os verdadeiros pacifistas, não existe razão para esperar outra posição da política externa dos EUA que não seja aquilo que está no receituário imperialista e militar: exigir dos não alinhados a rendição incondicional e a submissão em troca da "paz" imposta pela lógica militar e econômica, que promove conflitos armados para aumentar o faturamento da poderosa indústria militar norte-americana.

A diplomacia brasileira embaralhou as cartas, essa é a novidade que a mídia tenta esconder. No Conselho de Segurança, o jogo agora poderá ser jogado com a participação de novos personagens, sem cartas marcadas. O discurso de que sem guerra não há paz foi esvaziado no Iraque, com falsos relatórios sobre ameaças de armas químicas. O que prevaleceu no Golfo do petróleo foi a barbárie, inclusive com o uso de armas químicas norte-americanas, carregadas de logomarcas bem conhecidas, tais como a Dow Chemical Company, principal fabricante do napalm.

Por que acreditar nos senhores da guerra?

O acordo Brasil, Irã e Turquia pode ser o sinal de uma nova geopolítica mundial, com maior protagonismo dos países que não são potências militares, mas que se apresentam como porta-vozes de um grande contingente humano, sem interesses em conflitos armados - afinal, o palco do teatro de guerra nunca é montado nos EUA ou na Europa. Esse é outro aspecto que poderia ser abordado pela mídia, o interesse das populações que habitam áreas de conflito.

Defender esse acordo é o papel dos pacifistas. Os países ricos perderam a credibilidade para se apresentarem como modelos civilizatórios para as demais nações. Desse ponto de vista, a escolha por sanções e ameaças ao povo iraniano demonstra a opção pela barbárie - basta olhar para Iraque de hoje. O século 21 está em aberto e não é preciso repetir a lógica do século passado. É preciso dar nova oportunidade para a diplomacia e para a pa z.

A pergunta que deveria orientar o trabalho nas redações diz respeito à utilização de instrumentos de guerra para fins pacíficos na busca da paz. Afinal, por que acreditar cegamente nos senhores da guerra?










terça-feira, 25 de maio de 2010


A COXILHA NATIVISTA é um dos mais importantes eventos da música do Rio Grande do Sul. Um marco na história dos festivais de música regional do Brasil.
              Realizado pela Prefeitura Municipal de Cruz Alta  ininterruptamente desde 1981, é uma referência para quem vê na música uma oportunidade de crescimento e projeção artística. Pelo palco da COXILHA NATIVISTA a cada ano passam grandes nomes da música regional do sul do país, bem  como  muitos tiveram nesse palco o primeiro espaço para expressão da sua arte.
               Desde 1985, junto a COXILHA NATIVISTA acontece também a COXILHA PIÁ. Pioneira como festival de interpretação de música infanto-juvenil do gênero no Rio Grande do Sul, anualmente tem trazido ao palco expressiva participação de grandes promessas e revelações do nativismo gaúcho, muitos inclusive ja tendo se consagrado nos palcos dos mais significativos festivais do estado, inclusive na própria COXILHA NATIVISTA.
               O evento fez com que Cruz Alta se transformasse no  grande palco do nativismo gaúcho, dando vez à voz dos artistas  de todas as idades.
O lançamento da 30ª Coxilha Nativista em nível estadual será no dia 31/05, no Restaurante Vitrine Gaúcha, no Shopping CD Navegantes, com solenidade e jantar.
O lançamento em Cruz Alta será no dia 05/06, num jantar baile, no CTG Querência da Serra.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Eleições têm participação de opositores






17/05/2010. Oposição faz campanha livremente, mas a mídia dominante ignora as eleições municipais cubanas, que acabam de ser realizadas. Ao lado da participação exercida diretamente pela população, elas são parte da atual democracia cubana. O povo cubano está satisfeito? O artigo é de Hideyo Saito e foi publicado pela Carta Maior.
Hideyo Saito *
Ocupada em denunciar a suposta ditadura existente em Cuba, quase toda a mídia dominante brasileira ignorou as eleições municipais cubanas, que acabam de ser realizadas, inclusive com participação de setores dissidentes. O primeiro turno aconteceu em 25 de abril e o segundo, nas circunscrições em que ninguém obteve maioria absoluta, em 2 de maio último. Foi o 14º pleito consecutivo desde a institucionalização da revolução cubana, em 1976, quando foi aprovado, em referendo popular, o texto da Constituição Socialista, após um processo de exaustivas discussões em locais de trabalho, em escolas, em bairros e em comunidades rurais de todo o país. Importantes alterações surgiram dessa mobilização, que se estendeu por dois anos: a comissão de redação teve de alterar o preâmbulo e cerca de 60 dos 141 artigos originais do anteprojeto.
Nas últimas eleições, dos 37.766 candidatos para as Assembleias dos 169 municípios do país, indicados diretamente pelos moradores em cada circunscrição (área de mais ou menos uma quadra), os negros e mulatos somavam 41,3% e as mulheres, 35,76%. Os postulantes à reeleição eram 60,9%. Três quartos deles nasceram após a vitória da revolução, em 1959, e 87,3% têm o ensino médio completo ou formação universitária. Pouco mais de 8,2 milhões de cubanos (aproximadamente 94,7% dos eleitores) participaram do primeiro turno, enquanto no segundo e no terceiro (convocado em três circunscrições, onde nem mesmo a segunda votação apontou um vencedor) compareceram às urnas 1,65 milhão (89,67% do total). O voto é facultativo e podem exercer esse direito todos os cubanos a partir de 16 anos de idade. A presidente da Comissão Eleitoral Nacional, Ana María Mari Machado, informou que, no primeiro turno, os votos válidos superaram 91% do total, enquanto as cédulas em branco somaram 4,58% e as anuladas, 4,33% (1).
A campanha eleitoral dos dissidentes
O manto de silêncio erguido por quase todos os oligopólios da comunicação foi furado pela Agência BBC Mundo, que cobriu o processo eleitoral, não deixando de registrar a participação de setores contrários ao governo (2). Matéria assinada pelo correspondente em Havana, Fernando Ravsberg, relata que um grupo de opositores fez campanha em todo o país, com o objetivo de conquistar apoio para seus candidatos nas assembleias das circunscrições eleitorais. Um dos líderes do grupo é Silvio Benítez, que se apresenta como presidente do Partido Liberal. Ele reconhece que as organizações de oposição têm pouca penetração, mas acredita que elas podem crescer.
A reportagem da BBC acompanhou a assembleia eleitoral em que Silvio se indicou candidato, em Punta Brava, nos arredores de Havana. Segundo Ravsberg, estavam presentes cerca de 120 eleitores. Houve críticas e questionamentos tanto ao governo como ao dissidente postulante, mas sem agressões, insultos e muito menos repressão. O único guarda que o jornalista observou estava ocupado com o trânsito de veículos na rua em frente. Na assembleia, alguns moradores propuseram indicar para reeleição a atual delegada, uma médica pertencente ao Partido Comunista, enquanto Silvio se apresentou como candidato opositor. A médica obteve 50 indicações, enquanto o dissidente recebeu 20. Houve ainda 50 abstenções.
Ravsberg concluiu que Benítez não conseguiu ser indicado, mas “fez com que muita gente se abstivesse”. Após a eleição propriamente dita, a BBC acompanhou a apuração dos votos (também realizada publicamente) no colégio eleitoral correspondente à mesma circunscrição, e constatou que houve crescimento do número de pessoas que não votaram em nenhum dos candidatos: a soma de abstenções, votos anulados e em branco chegou a 20% dos eleitores (a média nacional, como vimos acima, foi de aproximadamente 15%). Silvio Benítez diz que está disposto a fazer um trabalho “casa por casa, como os Testemunhas de Jeová”, para conquistar o apoio de pessoas que já não votam na proposta governamental (3). Em sua campanha, ele procurou “questionar as barbaridades e a manipulação do governo, as farsas e as faltas de resposta ao povo”, segundo suas inflamadas palavras.
Não há veto, mas oposição teme mostrar falta de votos
O correspondente da BBC Mundo escreveu que era a primeira vez que os dissidentes cubanos participaram de eleições oficiais no país, mas ele mesmo já havia produzido matéria relatando como, em 2007, o candidato Gerardo Sánchez, apresentando-se como dissidente, obteve apenas 5% dos votos dos moradores de sua circunscrição. Na reportagem, Gerardo criticou os grupos dissidentes por se afastarem do processo eleitoral: “Quando me dizem que a oposição está forte em algum bairro, eu pergunto se ela tem condição de apresentar candidato. Se me respondem ‘não’, concluo que não é verdade o que me estão dizendo” (4). Ele é irmão de Elizárdo Sánchez, o presidente da Comissão Cubana de Direitos Humanos, um dos heróis mais festejados da mídia dominante, que, entretanto, jamais quis se apresentar candidato.
Como vimos, não há qualquer restrição à campanha e à participação dessas pessoas. O que acontece é que a maioria prefere ficar à margem para não tornar visível a sua falta de popularidade. Eles preferem pregar o voto nulo. O presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais da Assembleia Nacional, José Luis Toledo, declarou à BBC: “Se eles alcançarem representatividade suficiente para que o povo os indique e depois vote neles, serão representantes. O problema é querer representar o povo sem ter seu apoio”.
As eleições municipais acontecem a cada dois anos e meio, enquanto as provinciais e as nacionais, a cada cinco. Todas são por voto popular direto. Os candidatos às assembleias municipais são indicados diretamente pelos moradores de cada circunscrição entre seus vizinhos, enquanto os das provinciais e nacionais são indicados por uma comissão de candidatura constituída por representantes das seis principais organizações de massa de caráter nacional: Comitê de Defesa da Revolução, Federação das Mulheres Cubanas, Central de Trabalhadores de Cuba, Federação Estudantil Universitária, Federação dos Estudantes do Ensino Médio e Associação Nacional dos Pequenos Agricultores.
O Partido Comunista de Cuba e a União de Jovens Comunistas não apresentam candidatos nem participam, como tal, do processo, pois não têm caráter eleitoral como nas democracias capitalistas. Também não há propaganda política, nem marqueteiros, nem dinheiro influenciando o voto popular. A única divulgação dos candidatos é feita através de folhetos preparados pela comissão eleitoral e afixados em locais públicos, com uma pequena biografia e uma foto de cada postulante, além de debates dos postulantes com os moradores.
Eleitos continuam a receber o mesmo salário, sem mordomia
Os delegados eleitos escolhem, entre seus pares, o presidente e o vice da Assembleia Municipal, órgão que tem a responsabilidade de administrar e fiscalizar os serviços públicos e as empresas industriais, comerciais e de prestação de serviços que estiverem sob jurisdição de seu município. Indicam, também dentre os eleitos, os membros do Conselho Popular, estrutura permanente para apoiar o trabalho dos delegados municipais.
Todo representante cubano deve prestar contas de sua atuação, em reuniões convocadas periodicamente para essa finalidade, aos cidadãos de sua base eleitoral ou ao órgão que o indicou. Ele está sujeito à revogação de mandato por insuficiência de desempenho ou por conduta incompatível com a representação popular. Assim, delegados municipais podem ter seus mandatos interrompidos pelos eleitores da circunscrição; representantes provinciais e nacionais, pelas Assembleias Municipais que aprovaram suas candidaturas; presidentes e vice-presidentes das assembleias dos três níveis, pelos respectivos órgãos que os elegeram. Os membros do Conselho de Estado podem ser destituídos pela Assembleia Nacional. Na esfera municipal, estima-se que, a cada legislatura, entre 7% e 12% dos delegados perdem suas representações dessa maneira (5).
Os representantes eleitos, em todos os níveis, permanecem com o mesmo salário de seus empregos e ocupações anteriores à eleição. Além disso, continuam a desempenhar seus ofícios nos centros de trabalho a que são vinculados, enquanto exercem seus mandatos. Os únicos dispensados disso são os que devem dedicação exclusiva aos respectivos órgãos (caso dos presidentes e vice-presidentes do Poder Popular nos três níveis e também dos deputados que participam de comissões temáticas permanentes). Quando estritamente necessário para o cumprimento de suas obrigações políticas e administrativas, utilizam veículos da frota oficial ou recebem passagem aérea específica. Ninguém possui cota de dinheiro público para gastar a bel-prazer, nem autonomia para contratar assessor ou incorrer em quaisquer despesas extras destinadas a seu gabinete (6).
Democracia ou ditadura?
Bem ou mal, esse é o sistema eleitoral que, ao lado da participação exercida diretamente pela população em diversos momentos, conforma a atual democracia cubana. Os cubanos estão satisfeitos? Em sua cobertura das eleições de 2010, a BBC Mundo ouviu diversos eleitores. Uma delas revelou que se absteve pela primeira vez, garantindo que só voltará a participar se for para eleger o secretário municipal do Partido Comunista, “que é quem pode mudar as coisas”, enquanto outros declararam haver votado para manifestar apoio à revolução e a suas lideranças. Toledo, o já mencionado presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais do parlamento, reconhece as limitações de poder dos representantes municipais, mas atribui o fato às severas restrições orçamentárias do país, uma vez que a maioria das reivindicações da população depende, para sua solução, de recursos financeiros hoje indisponíveis.
O tema da participação popular e da eficácia do sistema cubano de representação tem aparecido igualmente nos debates populares, especialmente entre intelectuais. O subdiretor da revista Casa de las Américas, sociólogo Aurelio Alonso, por exemplo, afirma que vigora em Cuba uma institucionalidade demasiado estatizada e burocratizada, com um nível limitado de participação nos âmbitos decisivos. Para ele, as próprias discussões da Assembleia Nacional deixam a desejar, pois frequentemente têm caráter apenas formal. O parlamento é eleitoralmente democrático, mas os deputados têm pouca autonomia para decidir, em sua avaliação. Alonso entende que uma das alterações necessárias implica a redefinição do papel do próprio Partido Comunista, que não pode abranger a direção do Estado, atribuição que pertence a todo o povo.
O escritor Enrique Ubieta questiona os conceitos de democracia, de direitos humanos e de liberdade usualmente manejados pela direita em sua campanha contra Cuba. “Nós temos, sim, a nossa democracia. Acontece que nosso modelo não é igual, por exemplo, ao que existe na Espanha. Mas sob muitos aspectos, é mais autenticamente democrático. Nosso sistema eleitoral não é perfeito, mas ele não elege os candidatos com mais dinheiro. É possível discutir como aperfeiçoá-lo, mas não se pode decretar que não seja democrático” (7).
Enquanto isso, na tão admirada democracia britânica...
O breve relato acima, baseado em informações de um tradicional órgão de mídia insuspeito de ser comunista, desmente (ou, no mínimo, põe em dúvida) assertivas autoritariamente impostas pelos oligopólios da comunicação e por seus prestimosos acólitos. Uma delas sentencia que Cuba é uma ditadura. Outra reza que, naquele país, não é possível criticar o governo sem ser preso ou reprimido. Uma terceira garante que os 56 presos do julgamento de 2003 foram postos na cadeia por serem contrários ao governo. E assim por diante. Essas proclamações são olimpicamente reafirmadas a cada momento, por mais que sejam desmentidas pelos fatos.
Enquanto isso, as recentes eleições britânicas deram nova demonstração de que a democracia liberal dos países capitalistas avançados não tem lá muito cabedal moral para ser imposta como modelo para o mundo, como pretendem os setores dominantes vocalizados por aquela mídia oligopólica.
O colunista do The Guardin, Gary Younge, por exemplo, interpretou o voto do povo britânico como uma manifestação contra a claudicante democracia naquele país, permanentemente frustrada pelo poder econômico. “Em última instância, são eles [os banqueiros e demais representantes do capital) que decidirão o quão rápidos e brutais serão os cortes iminentes das despesas públicas. Além do que, é seu endosso – não o do eleitorado – que os políticos buscam (...) Essa contradição entre democracia e capitalismo não é nova. Mas, durante este período de crise financeira e econômica na Europa, ela ficou particularmente aguda”, fulminou Younge, para completar: “Assim, o setor que nós salvamos com dinheiro público, administrado por pessoas incompetentes que novamente estão se pagando grandes bonificações, agora ameaça desestabilizar o próximo governo, caso ele não demita milhares de trabalhadores mal pagos, reduza seus salários e acabe com os serviços que presta a milhões de pessoas pobres” (8). Onde está mesmo o poder do povo, isto é, a democracia, nesse tão incensado regime de Sua Majestade?
Aliás, os exaltados inimigos de Cuba, convictos de atuar em nome da democracia, devem tomar cuidado em sua cruzada, para não se igualarem demasiado a seus companheiros de trincheira de Miami, cuja convicção democrática não parece ser tão profunda, como exemplifica o artigo “Mi valiente y sensible coronel”, publicado por Mirta Ojito em El Nuevo Herald, porta-voz dos exilados cubanos (9). A autora pede, nada mais, nada menos, que os militares dêem um golpe de estado em Cuba, já que as manifestações populares (em Nova York e em Miami) e os artigos de jornais (como o dela) não têm conseguido derrubar o regime de Havana.
(*) O autor é jornalista, com passagem pela Rádio Havana. Tem concluídos os originais de um livro que relata a situação atual do país, sob o título provisório de “Cuba sem bloqueio: a revolução cubana sem as manipulações impostas pela mídia dominante”, com a colaboração de Antonio Gabriel Haddad. Artigo publicado pela Agência Carta Maior (www.cartamaior.com.br).
NOTAS
(1) Os números são de reportagens publicadas no jornal Granma de 27/04/2010 e de 04/05/2010.
(2) Fernando Ravsberg. Disidentes cubanos en campaña electoral. BBC Mundo, 13/03/2010. http://www.bbc.co.uk/mundo/america_latina/2010/03/100312_0021_cuba_disidentes_elecciones_gz.shtml.
(3) Idem. Cubanos votaron, no se esperan cambios. BBC Mundo, 26/04/2010. http://www.bbc.co.uk/mundo/america_latina/2010/04/100425_cuba_elecciones_municipales_resultado_jaw.shtml.
(4) Fernando Ravsberg. Cuba: elecciones municipales. BBC Mundo, 20/10/2007 (http://news.bbc.co.uk/hi/spanish/latin_america/newsid_7052000/7052517.stm, acesso em 19/04/2009).
(5) Ver http://www.nodo50.org/cesc/Documentos/Charla.E.Valdes.251105.pdf.
(6) Após uma solenidade no Palácio das Convenções de Havana, em dezembro de 2006, vimos o presidente da Assembleia Nacional, Ricardo Alarcón, ser recolhido por uma viatura daquele órgão. Quando o carro (um automóvel da montadora russa Lada, da década de 1980) chegou, ele abriu a porta, cumprimentou o motorista familiarmente e entrou. Nenhum séquito de cortesãos e de guarda-costas, nenhuma pompa, nenhum luxo. Tratava-se de uma das maiores autoridades do governo cubano, que não se diferenciava de um cidadão comum.
(7) "Esquerda não pode aceitar definição da direita para democracia". Portal Vermelho, 28/04/2010. http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=128383&id_secao=7.
(8) Gary Younge (The Guardian). Não vamos permitir que os mercados atropelem as urnas. O Estado de S. Paulo, 11/05/2010.
(9) Ver em http://www.elnuevoherald.com/2010/04/04/689025/mirta-ojito-mi-valiente-y-sensible.html.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Apeoesp: a razão cínica de uma sentença?

Ao considerar “manifestações de cunho eleitoral e depreciativo" os atos organizados pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), Nancy Andrighi, ministra do TSE, não reforçou apenas a suspeita de um Poder Judiciário partidarizado, atuando como sujeito ativo em favor dos interesses da candidatura de José Serra. Sua decisão contribuiu também para criar uma situação insustentável em um país que se pretende habilitado à modernidade, com solidez institucional e sistema político dotado de competitividade.
Ignorando que regimes democráticos não qualificam manifestações e greves, possivelmente a partir da percepção que toda ação sindical é ato político e corresponde a direito inquestionável dos trabalhadores, a ministra, fazendo uma análise enviesada da questão, julgou procedente a representação movida pelos partidos DEM e PSDB, aplicando multa de R$ 7 mil contra o sindicato e sua presidente. Um ganho para o reacionarismo que vende democracia como mercadoria para entrega futura.
Preocupada com a interferência negativa na imagem de homem público, Andrighi se esqueceu de examinar a realidade da educação paulista, o modelo de gestão que o tucanato pretende imprimir no Brasil, caso vença as eleições presidenciais. O descaso dos sucessivos governos do PSDB com os profissionais da educação dão uma pista de como os neoliberais planejam reduzir gastos públicos, "abrindo espaços para investimentos". Claro que não é competência do TSE emitir sentenças sobre dados de conjuntura, mas considerá-los na apreciação da motivação de atos e fatos daria à análise uma aura de honestidade política. Apenas isso.
Os manifestantes que gritaram palavras de ordem contra o governo José Serra fazem parte de uma categoria que, desde 1998, sobrevive sem qualquer reajuste salarial, sem nenhum plano de carreira. Apesar da alta arrecadação, São Paulo paga um dos menores salários do país, ficando atrás do Acre, Roraima, Tocantins, Alagoas e Espírito Santo, entre outros. O valor da hora-aula pago aos professores do ensino básico II é de R$7,58. Bem menos do que o jeton (benefício pago por presença em sessão) no valor de R$771,75 destinado aos integrantes do TSE. Muito menos que os R$ 26.723,13 recebidos por um ministro do STF, desde fevereiro de 2010. A sensibilidade jurídica da relatora deveria levar esses números em conta antes de ver orientação meramente eleitoreira nas palavras de uma dirigente sindical.
Em um estranho arrazoado, Nacy Andrighi ressaltou que a ação dos grevistas feriu o próprio estatuto do sindicato que define a entidade “como sem fins lucrativos, sem discriminação de raça, credo religioso, gênero ou convicção política ou ideológica". Talvez falte à ministra noções rudimentares de sociologia política para compreender a dinâmica da APEOESP.
Representando todo o magistério paulista, o sindicato liderado por Maria Izabel Azevedo Noronha luta pela elevação do nível econômico, social e político da categoria. E procura estender estes benefícios à educação através do empenho pela melhoria da qualidade de ensino e por uma política educacional feita com a participação dos professores e da comunidade, direcionada para os interesses da população. Argumentos que tutelam os direitos políticos de uma coletividade não podem suprimir dos cidadãos o direito da livre expressão. Disso deveria saber uma ministra do TSE.
Mais interessante seria saber como se posicionaria frente a editoriais e noticiários que buscam, a todo custo, desqualificar a candidatura da ministra Dilma Rousseff. Privilegiaria a liberdade de expressão dos barões midiáticos ou seria sensível à interferência negativa na imagem de uma personalidade pública? Qual seria o valor da multa? Até quando será impossível entender o país sem a devida dose de cinismo? Os nossos magistrados talvez devessem meditar a respeito do assunto.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4628

Syngenta é condenada na Europa por violações de direitos humanos no Brasil

Da Terra de Direitos
A empresa transnacional suíça Syngenta, produtora de sementes transgênicas, foi condenada no IV Tribunal Permanente dos Povos, realizado em Madrid de 13 a 17 de maio deste ano.
Esta foi a segunda acusação feita contra a empresa no Tribunal, só que desta vez relacionada a violações de direitos humanos decorrentes da sua atuação com transgênicos, agrotóxicos e domínio de mercado de sementes.
A primeira acusação (veja aqui) e steve relacionada com o assassinato do trabalhador rural Keno no ano de 2007, em um campo experimental da empresa no Paraná.
A Via Campesina e a Terra de Direitos, baseados em estudos técnicos da Secretaria de Abastecimento e Agricultura do Paraná, acusaram a Syngenta de contaminação genética. Perante o tribunal ficou provado que o Milho BT 11 da transacional está contaminando as lavouras de milho não transgênicos no Brasil.
O agricultor Valdeci Cella, produtor de sementes crioulas em Anchieta (SC), afirmou que “estamos tentando criar alternativas ao modelo de agricultura imposto pelas transnacionais, em especial pela Syngenta no Brasil. Nossa proposta agroecológica de agricultura está sendo ameaçada pela contaminação genética, por uso indiscriminado de agrotóxicos e por práticas ilegais de mercado da empresa. Nosso modo de vida está ameaçado”.
Durante a acusação também foi demonstrado que a Syngenta, junto com outras empresas do setor, está tentando impor um modelo de agricultura baseada no monocultivo em larga escala, no uso abusivo de agrotóxicos e no patenteamento de sementes.
O assessor jurídico da Terra de Direitos, Fernando Prioste, afirmou perante os juízes que “já existem lugares, como no sul do Brasil, em que agricultores já não encontram mais sementes não transgênicas de soja no mercado. As transnacionais compram as pequenas produtoras de sementes e impõem sua semente transgênica como única opção no mercado. Isso faz com que os agricultores tenham que abandonar suas práticas tradicionais de agricultura, para serem submetidos a um modelo de produção em que consumidores e trabalhadores perdem, enquanto a empresa tenha grandes lucros”.
Na sentença proferida, o tribunal avaliou as várias violações de direitos humanos e condenou, moral e politicamente, as ações das empresas transnacionais e dos governos que são cúmplices e, ao mesmo tempo, atores destas violações de direitos humanos. Durante a sentença foram detalhados diversos aspectos da participação da União Européia na forma como as empresas transnacionais atuam em outros países. O documento formulou ainda algumas propostas à União Européia para que esta não mais compactue com violações de direitos humanos. Leia a sentença em nosso site, acesse:www.terradedireitos.org.br
Transnacionais no banco dos réus
A condenação do Tribunal Permanente dos Povos é ética, moral, popular e política. A iniciativa, do Grupo Enlazando Alternativas, não tem caráter vinculante e impositivo. Contudo, isso não exclui a possibilidade de realizar litígios em tribunais nacionais e internacionais. Nesse sentido, foram discutidas forma viáveis de condenação das empresas nos tribunais nacionais e internacionais.
Juan Hernandes, estudioso do tema, disse que há um grande descompasso na legislação sobre responsabilização de empresas por violações de direitos humanos e as normas que regulam o mercado. Em âmbito nacional e internacional, as normas de mercado (leis de patente, comércio e outras) são duras, têm mecanismos de imposição e garantem os interesses econômicos das empresas. Por outro lado quase não existem leis, sobretudo internacionais, que possam responsabilizar as empresas, as leis são brandas, facultativas às empresas e sem mecanismos de exigibilidade.
Mesmo tendo todas essas dificuldades, em alguns casos é possível judicializar casos, em âmbito internacional ou nacional, contra as transnacionais. Esse é o tema da publicação feita pela Terra de Direitos, intitulada “Empresas Transnacionais no Banco dos Réus: Violações de Direitos Humanos e Possibilidades de Reparação”.
O trabalho tem como objetivo expor as principais questões do tema e servir de ferramenta básica para que movimentos sociais e advogados possam analisar as possibilidades de fazer litígios contra empresas transnacionais. Em linguagem acessível e com sistematização de conteúdos, o trabalho aborda questões conceituais, preparatórias dos litígios, além de examinar alguns instrumentos e mecanismos como o ATCA dos EUA, mecanismos na ONU e OIT.
Leia o trabalho na íntegra, clicando aqui.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

CUT denuncia práticas antissindicais em Riachão do Jacuípe


A Central Única dos Trabalhadores da Bahia (CUT-BA) formalizou nesta segunda-feira (17) uma denúncia sobre a situação de descaso à qual têm sido submetidos os servidores municipais de Riachão do Jacuípe. Em carta encaminhada ao Ministério Público Estadual, Secretaria de Direitos Humanos, Assembléia Legislativa da Bahia, OAB, governador Jaques Wagner, entre outras autoridades, a Central denuncia as inúmeras dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores, diante da intransigência do prefeito Lauro Falcão Carneiro (PMDB/BA).

A carta enviada pela CUT, assinada pelo presidente Martiniano Costa, ressalta que “O Sispum, enquanto entidade legítima que representa a categoria, não tem obtido nenhum retorno da Prefeitura local em resposta às audiências que têm solicitado com o prefeito. Além disso, os acordos realizados anteriormente foram sistematicamente descumpridos. As propostas oferecidas até o momento pelo gestor municipal demonstram o total descaso, com índices de reajustes inferiores á inflação do período”.

O documento coloca ainda que “é inadmissível que práticas dessa natureza ocorram nos dias de hoje, quando há garantias legais de organização dos trabalhadores. Essa tentativa de desconstruir a livre organização dos trabalhadores do serviço público municipal de Riachão do Jacuípe precisa ser coibida, para que não haja prejuízo de um direito constitucionalmente garantido”.

sábado, 15 de maio de 2010

Salário mínimo foi principal fator de aumento de renda dos mais pobres, diz Ipea

Escrito por Portal eBand - Marielly Campos   
Um estudo divulgado pelo Ipea  demonstrou que os ganhos do salário mínimo desde 2004 foi o fator que mais impactou para o aumento da renda dos que ganham menos no Brasil
Um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta quinta-feira, demonstrou que os ganhos do salário mínimo observados desde 2004 foi o fator que mais impactou para o aumento da renda dos que ganham menos no Brasil.
A pesquisa demonstrou que as maiores evoluções de renda ocorreram para os trabalhadores com menos qualificação e que, tradicionalmente, têm renda menor, como os trabalhadores do setor agrícola e os que trabalham em serviços domésticos.
Para os agricultores, o ganho foi de 21,15%, entre 2002 e 2008, e para os trabalhadores domésticos, 15,36%, no mesmo período. A renda média do trabalho no Brasil aumentou 7,59%, de 2002 a 2008. O estudo usa dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A análise dos dados também demonstrou ganhos acima da média nacional para os grupos de trabalhadores considerados desfavorecidos no mercado de trabalho.
Trabalhadores não brancos obtiveram alta de 17,92% em seus salários. Já os que têm até quatro anos de estudo tiveram ganhos de 12,39%. Os trabalhadores das áreas rurais aumentaram seus ganhos em 28,15% e os nordestinos passaram a ganhar 19,69% a mais.
Ao contrário das classes com menos estudo, os trabalhadores mais qualificados acabaram apresentando uma fraca evolução em seus ganhos. De 2002 a 2008, pessoas com mais de 11 anos de estudo tiveram perdas salariais que chegaram a 12,76%. Considerando o período entre 2004 e 2008, o crescimento foi de apenas 1,67% na média salarial desse grupo.

CUT denuncia empresa Basf por práticas antisindicais

Escrito por Impr.Quim. ABC   
Multinacional alemã Basf é denunciada à Coordenação do Ponto de Contato Nacional da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
basfdenunciada.jpgÀs vésperas da Conferência para diagnosticar o déficit do Trabalho Decente na região do Grande ABC, que reúne, por meio do Diálogo Social, empresários, trabalhadores/as e poder público das sete cidades, a multinacional alemã Basf é denunciada à Coordenação do Ponto de Contato Nacional da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A denúncia foi feita pela CUT a pedido da Rede de Trabalhadores na Basf sob a alegação de que a empresa tem "conduta empresarial que não se enquadra nas "Diretrizes para as Multinacionais" daquela organização.
Para justificar a acusação, é citado o uso do Interdito proibitório, o desrespeito ao direito de greve e à negociação coletiva e à demissão de representante dos trabalhadores sem direito de defesa. Segundo Fábio Lins, dirigente do Sindicato dos Químicos do ABC, da CNQ-CUT e Coordenador da Rede de Trabalhadores na Basf América do Sul, a denuncia só foi feita após quatro meses de tentativas de se buscar uma solução através da negociação.
 
Histórico
Os trabalhadores afirmam que em novembro passado, diante de paralisações ocorridas em três plantas produtivas da empresa, entre elas na Basf Demarchi, representantes da multinacional coagiram trabalhadores para que voltassem ao trabalho; desviarem os ônibus e utilizaram de várias viaturas da polícia militar. Também dificultaram a utilização da internet dentro da fábrica, sem dialogar com os representantes dos trabalhadores.
Conduta semelhante aconteceu no caso de demissão por justa causa de um membro da Comissão de Fábrica, ocorrida no mês seguinte à greve, em que também não houve diálogo com o sindicato local. De acordo com a Rede de trabalhadores, a BASF acreditou na versão do chefe de segurança que disse ser ameaçado, e não deu oportunidade de defesa ao membro da Comissão de Fábrica. "O fato mais estranho foi quando a Basf recusou a proposta do Sindicato e da Rede de se abrir uma investigação conjunta sobre o ocorrido, uma vez que existem duas versões sobre o fato", comenta Lins.
"Nossa Rede completou dez anos e tinha conseguido estabelecer, de forma bastante produtiva, o canal do Diálogo Social, mas as diversas atitudes anti-sindicais para acabar com a paralisação de novembro romperam com as ferramentas criadas e desrespeitaram os compromissos estabelecidos em todo esse período, por isso decidimos pela denúncia à OCDE", comenta Lins, reforçando que espera do PCN a moderação desse conflito e a garantia que os direitos fundamentais do trabalho e das diretrizes da OCDE sejam respeitados pela multinacional alemã.
"A denúncia era a nossa última opção, mas como s a Basf jogou fora várias oportunidades de negociação, antes e depois da greve e da demissão, não nos restou alternativa. Ainda não entendemos tamanha negligencia e intransigência".
 
O que é OCDE
OCDE é a sigla da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, uma organização internacional da qual participam as nações mais industrializadas. No campo das relações sindicais, suas Diretrizes falam de respeito à liberdade sindical e à negociação coletiva. Uma denuncia sobre o desrespeito as Diretrizes no chamado PCN (Ponto de Contato Nacional) prevê a investigação e, se provada, a denuncia pública da empresa com o peso da sigla OCDE. Neste momento as Diretrizes passam por uma nova reforma que poderá estendê-las para a cadeia produtiva das multinacionais.
Mais informações podem ser obtidas diretamente com Fabio Lins, no tel. (11) 8693 9557.
 
Foto - CUT-DF

quinta-feira, 13 de maio de 2010

João Cândido, petróleo, racismo e emprego

Beto Almeida
Sexta-feira (7/5) a Transpetro lançou ao mar o navio petroleiro João Cândido. Batizado com o nome de um dos nossos heróis, marinheiro negro, filho de escravos e líder da Revolta da Chibata, o navio tem 247 metros de comprimento, casco duplo que previne acidente e vários significados históricos. Primeiro, leva a industrialização para Pernambuco, contribuindo para reduzir as desigualdades regionais. Em segundo lugar, dá um cala-boca para quem insinuou de forma maldosa que o PAC era apenas virtual. Em terceiro, prova que está em curso a remontagem da indústria naval brasileira criminosamente destruída na era da privataria.

Como um simbolismo adicional, um total de 120 operários dekasseguis foram trazidos do Japão, com suas famílias, para juntarem-se aos operários nordestinos que construíram o navio. Os primeiros não precisam mais morar longe da pátria; os outros, saem do canavial para a indústria e não precisam mais pegar o pau-de-arara, nem entoar com amargura a Triste Partida, de Patativa do Assaré, como um certo pernambucano teve que fazer na década de 50. Até que virou presidente.

Mulheres trabalhando como chefes de equipe de soldagem no Estaleiro Atlântico Sul, no município de Ipojuca, em Pernambuco, pronunciavam frases orgulhosas lembrando que não sabiam nem que esta também poderia ser uma tarefa feminina. O ex-pescador de caranguejo contava em depoimento agreste que antes do estaleiro não sabia direito como ganhar o sustento da família a cada dia que acordava. O ex-canavieiro, agora operário, destaca que não depende mais temporalidade insegura da colheita da cana e quando acorda já tem para onde ir, quando antes vivia a insegurança. Estes alguns dos vários depoimentos colhidos na inauguração do navio petroleiro João Cândido ao ser lançado ao mar pernambucano. Deixa em terra um rastro de transformação.

Inicialmente, na vida destas pessoas antes lançadas ao deus-dará de uma economia nordestina reprimida, desindustrializada. A transformação atinge os municípios mais próximos, pois no local onde foi construído o estaleiro, uma antiga moradora, Mônica Roberta de França, negra de 24 anos, que foi escolhida para ser a madrinha do navio, dizia que ali era um imenso areal, não tinha nada. Agora tem uma indústria e uma escola técnica para os jovens da região. E que só agora ela tem seu primeiro emprego na vida com carteira assinada.

Desculpas à Nação

Para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o lançamento do João Cândido ao mar tem o mesmo alcance histórico do gesto de Getúlio Vargas quando deu forte impulso à nacionalização da indústria naval brasileira, na década de 30, por meio da empresa de navegação estatal. “Aqueles que destruíram a indústria naval tem que assumir sua responsabilidade e pedir desculpas à Nação”, disse Campos na solenidade que teve a participação de 5 mil pessoas aproximadamente, sobretudo dos operários.

O Navio João Cândido abre uma nova rota para a economia brasileira. Inicialmente, porque a Petrobrás já não será obrigada a desembolsar cerca de 2,5 bilhões de reais por ano com o afretamento de navios estrangeiros. Há, portanto, um revigoramento do papel do estado na medida em que a reconstrução da indústria naval brasileira é resultado direto de encomendas da nossa empresa estatal petroleira. O que também permite avaliar a gravidade e o caráter antinacional das decisões que levaram um país com a enorme costa que possui, tendo montado uma economia naval de peso internacional respeitável, retroceder em um setor tão estratégico.

E isso quando nossa economia petroleira, há anos, já dava sinais de expansão, mesmo quando estavam no poder os que promoveram o espantoso sucateamento, a desnacionalização e a abertura da navegação em favor dos países que querem impedir nosso desenvolvimento. Este tema, certamente, não poderá faltar nos debates da campanha presidencial deste ano.

Almirante negro

A escolha do nome João Cândido também foi destacada na solenidade por meio do novo ministro da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, Eloy Moreira. Vale registrar que há pouco mais de um ano Lula participou de homenagem ao Almirante Negro inaugurando sua estátua na Praça XV, no Rio, que estava há anos guardada, supostamente porque não teria havido grande empenho da Marinha na realização desta solenidade. Pois bem, agora João Cândido não está apenas nas “pedras pisadas do cais”, com diz a maravilhosa canção de Bosco e Blanc. Está na estátua e está cruzando mares levando para o mundo afora o nome de um de nossos heróis.

Navegar é possível

O novo petroleiro estatal, portanto, é uma prova real de que sim “navegar é possível”, como dizia uma faixa no ato. Navegar na rota inversa daquela que promoveu o desmantelamento da nossa indústria naval. Navegar na rota da revitalização e qualificação do papel protagonista do estado. Recuperar um curso que havia sido fundado lá durante a Era Vargas onde se combinava industrialização e nacionalização com geração de empregos e direitos trabalhistas. Se no período neoliberal foi proclamada a idéia de destruir a “Era Vargas”, agora, está não apenas proclamada, mas já colocada em marcha, a necessidade de reconstruir a partir dos escombros da ruína das privatizações - entulho neoliberal - tendo no dorso no navio-gigante o nome heróico do líder da Revolta da Chibata. Sem revanchismo, o episódio permite lembrar outra canção: “É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Cartilha do Ministério do Trabalho sobre gênero está disponível na internet

Escrito por Agência DIAP

A Cartilha 'Gêneros Diferentes, Direitos Iguais' traz informações sobre convenções, Lei Maria da Penha, assédio sexual e moral e licença maternidade.

A Cartilha 'Gêneros Diferentes, Direitos Iguais' está disponível no site do Ministério do Trabalho e Emprego.

A publicação, elaborada pela Subcomissão de Gênero do MTE, traz informações sobre o trabalho doméstico, convenções já realizadas, a Lei Maria da Penha, assédio sexual e moral e prorrogação da licença maternidade.

O documento, que foi lançado no dia 30 de abril, pelo Ministro Carlos Lupi, em São Paulo, será distribuído nas Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego e, posteriormente, em eventos relacionados ao tema.

Comissão

O Ministério do Trabalho e Emprego instituiu, em agosto de 2004, a Comissão Tripartite de Igualdade de Oportunidades e Tratamento de Gênero e de Raça no Trabalho.

Tal Comissão tem como objetivo, discutir e apresentar propostas para as políticas públicas de igualdade de igualdade de oportunidades e de tratamento, assim como combater todas as formas de discriminação de gênero e raça no emprego e na ocupação. (Fonte: MTE)

Quem quiser baixar a cartilha, basta clicar no seguinte endereço:

http://www.mte.gov.br/comissao_igualdade/arquivos/cart_generos_diferentes_direitos_iguais.pdf

Diap lança em São Paulo livro sobre funcionamento do governo

Escrito por Ag.Sindical

O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) lança em São Paulo, na próxima quinta-feira (13), às 16 horas, o livro "Por dentro do governo - como funciona a máquina pública".


livrodiap.jpgO Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) lança em São Paulo, na próxima quinta-feira (13), às 16 horas, o livro "Por dentro do governo - como funciona a máquina pública". Trata-se de mais um livro do analista político, jornalista e diretor de Documentação do Diap, Antonio Augusto de Queiroz, que analisa o funcionamento da máquina pública brasileira.

A obra permite ao leitor identificar a estrutura político-administrativa, as atribuições dos agentes políticos, bem como os principais centros de formulação e implementação das políticas públicas na esfera do governo federal. É também um instrumento valioso para compreender as instâncias do poder e permitir uma maior participação dos cidadãos na definição e fiscalização de políticas públicas.

O lançamento, promovido pelo Centro de Estudos em Administração Pública e Governo da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (CEAPG/FGV) e pelo Diap, será na FGV (rua Itapeva, 432, sala 3002, Bela Vista).

Dirigentes da CUT-SP, dos ramos e sindicatos definem participação na assembleia de 1º de junho

terça-feira, 11 de maio de 2010

Greve histórica dos petroleiros completa 15 anos

Escrito por Imprensa da FUP

Resistindo às manipulações e repressões do governo FHC, trabalhadores impediram a privatização da Petrobrás

Há 15 anos, no dia 3 de maio, os petroleiros iniciavam a mais longa greve da história da categoria. Uma greve de 32 dias, que tornou-se o maior movimento de resistência da classe trabalhadora à política neoliberal e entreguista do PSDB e do DEM (então PFL). Uma greve que foi fundamental para impedir a privatização da Petrobrás e, assim, evitar que Fernando Henrique Cardoso aplicasse no Brasil o mesmo receituário que levou a Argentina à falência, principalmente, em função das privatizações de todas as estatais de energia e petróleo.

Durante a greve de maio de 1995, os petroleiros resistiram às manipulações e repressões do governo e à campanha escancarada da mídia para tentar jogar a população contra a categoria. Milhares de trabalhadores foram arbitrariamente demitidos, punidos e enfrentaram o Exército, que, a mando de FHC, ocupou com tanques e metralhadoras as refinarias da Petrobrás. A FUP e seus sindicatos foram submetidos a multas milionárias por terem colocado em xeque os julgamentos viciados do TST, que decretou como abusiva uma greve legítima e dentro da legalidade. Além de ter impedido a privatização completa da Petrobrás, como queriam os tucanos e demos, a greve de maio de 95 despertou um movimento nacional de solidariedade e unidade de classe, fazendo ecoar por todo o país um brado que marcou para sempre a categoria: “Somos todos petroleiros”.

A história da greve

Na década de 90, com o avanço do projeto neoliberal, os trabalhadores da Petrobrás enfrentaram os maiores ataques da história da categoria. Ao tomar posse em 1995, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em aliança com o PFL (atual DEM), aprofundou o desmonte do Estado, atacou os direitos dos trabalhadores, arrochou salários e criminalizou os movimentos sociais. O estratégico setor petróleo era o mais cobiçado pelos neoliberais. Mal assumiu o governo, FHC enviou ao Congresso um projeto de emenda constitucional que visava acabar com o monopólio da Petrobrás sobre a exploração e produção de petróleo.

Para se contrapor à política de privatização e ataques aos trabalhadores, as categorias do setor público decidiram realizar uma greve unificada. No dia 03 de maio de 1995, os petroleiros aderiram em massa ao movimento, somando-se aos eletricitários, telefônicos, trabalhadores dos Correios e servidores federais. Além da recuperação das perdas salariais e da preservação de direitos, os trabalhadores lutavam contra a quebra dos monopólios do petróleo e das telecomunicações.

O movimento unificado, no entanto, foi perdendo força e os petroleiros acabaram sustentando a greve sozinhos por 32 dias. Mais de 90% da categoria cruzaram os braços nas refinarias, nas plataformas, nos terminais de distribuição e nas unidades administrativas da Petrobrás. Os trabalhadores se revezavam para garantir o abastecimento básico da população e preservar os equipamentos. Mas a imprensa fazia terrorismo, acusando os petroleiros pela falta de derivados de petróleo e, principalmente, do gás de cozinha.

Apesar da legitimidade das reivindicações da categoria, que exigia o cumprimento de acordos pactuados em 1994, o Tribunal Superior do Trabalho julgou a greve abusiva em seu sétimo dia. Os petroleiros não se intimidaram. Nem mesmo quando a direção da Petrobrás anunciou em 11 de maio a primeira lista de demitidos. Antônio Carlos Spis, coordenador da FUP, liderava a relação de 25 nomes que a empresa comunicou à mídia. A repressão do governo FHC estava apenas começando. No dia 24, o Exército ocupou as refinarias no Paraná (REPAR), Paulínia (REPLAN), Mauá (RECAP) e São José dos Campos (REVAP). No dia seguinte, os petroleiros receberam seus contracheques zerados.

A categoria continuava impassível. Resistência era a palavra de ordem entre os trabalhadores. Quanto mais o governo endurecia, mais os petroleiros resistiam. O movimento ganhou o apoio de centenas de sindicatos, estudantes, parlamentares, movimentos sociais do Brasil e do exterior. No 23º dia da greve (26 de maio), o TST julgou mais uma vez a paralisação abusiva e impôs multas milionárias à FUP e aos sindicatos: R$ 100 mil por cada dia não trabalhado!

No dia 31 de maio, a CUT promoveu o Dia Nacional de Solidariedade à greve dos trabalhadores da Petrobrás. Somos todos petroleiros, bradavam as demais categorias em passeatas pelo país afora. No dia seguinte, uma frente parlamentar foi formada por representantes de vários partidos, com o compromisso de intermediar a reabertura das negociações com a empresa. Só assim, a direção da Petrobrás aceitou voltar à mesa de negociação e comprometeu-se a cancelar as punições e a parcelar o desconto dos dias parados. A FUP indicou a suspensão da greve no dia 02 de junho, o que foi aprovado pela categoria em todo o país, com exceção dos 300 trabalhadores que ocupavam a RPBC, em Cubatão. Eles só deixaram a refinaria no dia seguinte (3 de junho), cantando o hino nacional e cobertos pela bandeira brasileira, em uma das mais emocionantes cenas da greve de 1995.

Mesmo com o fim da greve, os sindicatos e a FUP tiveram suas contas bloqueadas, o repasse das mensalidades dos associados retido e os bens penhorados. Cada um dos 20 sindicatos que participaram do movimento recebeu multas de R$ 2,1 milhões. Ao todo, 73 trabalhadores foram demitidos, entre eles vários dirigentes sindicais. Mais de mil petroleiros foram punidos, a maioria com suspensões de até 29 dias. Para manter-se na luta, alguns sindicatos foram obrigados a atuar quase que em clandestinidade. Tamanha repressão sofrida pelos trabalhadores e pela organização sindical só havia ocorrido no Brasil durante a ditadura militar.

A máscara da social democracia do PSDB foi derrubada pelos petroleiros no primeiro grande enfrentamento dos trabalhadores contra o projeto neoliberal. O caráter repressivo do governo de Fernando Henrique Cardoso ficou evidente na criminosa demissão dos dirigentes sindicais e nos canhões dos tanques do Exército apontados contra os trabalhadores nas refinarias. Mesmo com toda a truculência dos tucanos e demos (então PFL), dos julgamentos viciados do TST, da campanha mentirosa da mídia, da manipulação dos estoques de combustíveis pelas distribuidoras, entre tantos outros ataques, a greve de 32 dias dos petroleiros, em maio de 1995, foi essencial para a história recente do sindicalismo no Brasil. A categoria pautou na sociedade importantes discussões políticas, como o direito de greve, a livre negociação, o papel da Justiça do Trabalho e a liberdade de organização sindical.

A armação do gás

Em novembro de 1995, o Tribunal de Contas da União concluiu que as distribuidoras foram responsáveis pelo desabastecimento de gás durante a greve dos petroleiros. Fato que já era, inclusive, de conhecimento da própria Petrobrás, segundo admitiu três anos depois o superintendente de Recursos Humanos da empresa, José Lima Neto: “Não era de interesse da Petrobrás na época acionar as distribuidoras por terem sonegado o gás de cozinha”, informou em entrevista ao jornal do DCE da USP.

Reintegração dos demitidos

O primeiro Congresso Nacional da Federação Única dos Petroleiros foi realizado em agosto de 1995, dois meses após a greve histórica protagonizada pela categoria. Uma das principais resoluções do Congresso foi a luta pela reintegração dos 88 trabalhadores demitidos nas greves de 1994 e de maio de 1995. Mais do que um objetivo implacável, o retorno destes petroleiros transformou-se em questão de honra que a FUP perseguiu incansavelmente ao longo de todos os anos seguintes.

Somente em 2003, após as mudanças políticas que aconteceram em função da eleição do presidente Lula, é que as demissões e punições começaram a ser revistas pela Petrobrás. A FUP, através de participação em comissões interministeriais e da postura firme nas campanhas reivindicatórias, garantiu a anistia de 88 demissões, 443 advertências, 269 suspensões e 750 punições de trabalhadores que participaram das greves de 94 e 95. Além disso, a luta pela anistia trouxe de volta aos quadros da Petrobrás mais de mil trabalhadores das extintas Interbrás, Petromisa e Petroflex.

Anistia das multas impostas aos sindicatos
Após ter vetado em abril de 1996 o projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional de anistia das multas arbitrárias impostas pelo TST, o tucano FHC tentou, mais uma vez, barrar a anistia, dois anos depois. Alguns sindicatos já estavam na iminência de terem seus bens leiloados pelo Tribunal, em mais uma das explícitas demonstrações de abuso de poder por parte do governo do PSDB/DEM. Prevendo o desgaste político que sofreria, o presidente Fernando Henrique recuou e sancionou, parcialmente, a lei de anistia, em julho de 1998, vetando o artigo que dava direito aos sindicatos de receberem de volta os valores retidos pelo TST desde 1995.

A verdadeira lição da crise grega

A análise é de Marshall Auerbak, analista econômico dos EUA e membro conselheiro do Instituto Franklin e Eleanor Roosevelt, onde colabora com o projeto de política econômica alternativa New Deal 2.0:

“Há uma diferença entre o leque de políticas monetárias que se oferecem às nações criadoras de moeda e, portanto, monetariamente soberanas e aquele disponível às nações que não são soberanas monetariamente. Qualquer governo soberano – e os da União Européia não desfrutam dessa condição – pode lidar financeiramente com um colapso na receita e um aumento de gastos, sem terminar no beco sem saída em que a Zona do Euro se encontra, agora. Daí porque, por exemplo, o yen japonês não despenca em queda livre frente ao dólar, apesar da dívida pública japonesa representar 200% de seu PIB, quer dizer, numa razão que multiplica por 2,5 a da dívida pública estadunidense. O certo é que nos últimos dias, até o yen tem se valorizado frente ao dólar. Por que será, se a lição que supostamente deveríamos aprender é a dos males do gasto público deficitário “insustentável”?

A sustentabilidade fiscal é irrelevante num sistema que não enfrenta restrições operativas à capacidade do Estado para gastar. Os cheques da Seguridade Social estadunidense não seriam devolvidos por falta de fundos. Tampouco seus equivalentes canadenses ou japoneses. Analogamente, seus títulos da dívida pública sempre serão capazes de dar lucro.

Por que há déficits orçamentários enormes em todo planeta? Não é porque, de repente, todos os funcionários do mundo tenham se convertido em burocratas de estilo soviético. É, e muito, porque uma economia global em declínio levou à diminuição de renda (menos renda = menos impostos arrecadados, visto que o grosso da arrecadação se baseia na renda, e menos módulos fiscais) e a um gasto público maior na rede de seguridade social. O cúmulo da ignorância econômica é propor a destruição dessa rede de seguridade social a partir de uma extrapolação das lições equivocadas proporcionadas pelos problemas particularíssimos em que a própria Zona do Euro se meteu. Essa ignorância, porém, reflete também uma agenda política transparente que os EUA fariam muito mal em abraçar. Os pacotes de resgate, a intervenção do FMI e todo esse papo fiado sobre as “quebras ordenadas” dos PIIGS [Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, em sua sigla em espanhol] não podem esconder o erro fundamental no desenho da União Monetária Européia. Deixemos que o neoliberalismo morra com o euro”. (Artigo na íntegra)
fote Carta Maior