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domingo, 26 de dezembro de 2010

Quem conquistou os avanços que vivemos foi o povo brasileiro

Povo que foi chamado a um desafio e teve oportunidades e sonhos. E demonstrou destemor e prazer em cumprir o seu dever

Escrito por: Artur Henrique, presidente da CUT

Queridas companheiras, queridos companheiros


O que sentimos e compartilhamos hoje é mais do que o Natal e o cada vez mais próximo fim de 2010 e a chegada de 2011.

Estamos testemunhando e vivendo como personagens de primeiro time a passagem de um momento histórico. Oito anos de governo que nós apoiamos e que coroou um sonho que acalentávamos desde antes de 1983, quando a CUT foi fundada.

Poderiam estes oito anos ter sido mais, se algumas de nossas instituições republicanas estivessem à altura.

Porém, foram anos inéditos. Houve outros de mesma intensidade dramática e de afirmação da vontade popular, mas arrisco-me a dizer que os que vivemos agora são especiais pelo fato de terem conjugado luta e resultados de forma quase – repito, quase – simétrica. Não houve interrupção, embora parcela poderosa da sociedade, a detentora do capital, houvesse tentado com afinco.

Não houve tampouco promessas mirabolantes que não resistiram aos meses que se seguiram aos discursos de posse.

Qualquer sigla que chamasse para si a autoria exclusiva dessas parcelas de alegria que experimentamos hoje estaria sendo injusta.

Quem conquistou os avanços que vivemos foi o povo brasileiro.

Povo que foi chamado a um desafio e teve à sua frente a abertura de um conjunto de oportunidades e de sonhos, mesmo aqueles que poderiam ser chamados pequeninos, como a oportunidade de ter um emprego com carteira assinada e a chance de estudar. Diante deles, o povo brasileiro demonstrou destemor e prazer em cumprir o seu dever.

A crença de que seríamos indolentes está submersa. De que seríamos despreparados para encontrar soluções, morta. Os escafandristas e arqueólogos, quando nossa geração não estiver mais aqui, terão o dever de registrar a confirmação de nosso espírito trabalhador, responsável e lutador que por tanto tempo os analistas do instantâneo tentaram negar.

Chamado à luta, e municiado das chances de que precisava, o povo brasileiro mostrou seu valor. O desejo e a esperança não embaralharam nossos sentimentos. Apenas nos fizeram mais fortes, mais guerreiros.

Os jovens de famílias pobres que tiveram acesso à universidade, pública ou privada, graças às políticas públicas que sempre defendemos, estão se diplomando com notas de louvor.

As famílias que contraíram crédito têm mantido taxas de inadimplência seguras, a despeito da torcida contra dos conservadores encastelados em suas colunas (colônias?) nos antigos veículos de comunicação.

Os trabalhadores e trabalhadoras rurais que tiverem acesso à terra, em sua resistência contra o latifúndio, produzem cada vez mais e são responsáveis pela imensa maioria dos alimentos que chegam às mesas das famílias brasileiras. E recente pesquisa demonstra que a qualidade de vida nos assentamentos é maior do que os assentados tinham antes de chegar lá.

A indústria registra aumentos continuados em sua produtividade, graças à mão de obra cada vez mais qualificada e politizada pela ação sindical (e menos pelos programas do SESI ou SENAI, que só fazem reclamar).

Regiões tradicionalmente identificadas com a pobreza, como o Norte e o Nordeste, demonstram dinamismo econômico e social nunca antes visto e já invertem, como demonstrado por mais de um índice, a tendência migratória. Hoje, mais nordestinos e nortistas ficam em suas regiões de origem do que aqueles que vêm em busca da ilusão do anteriormente chamado “Sul Maravilha” caricaturizado pelo genial Henfil.

No comércio e serviços, setor dos mais cruéis no meio urbano no que se refere aos direitos dos trabalhadores, existe hoje a garantia mínima de descanso remunerado. E o setor bate recordes de venda neste Natal, primordialmente pela coragem de seus trabalhadores e trabalhadoras.

O serviço público, tão duramente menosprezado pela corrente de pensamento vigente nos anos 1990, passa por valorização e recomposição após décadas de abandono e responde positivamente com resultados como o fim das filas dos postos do INSS, por exemplo.

A CUT é uma parte disso, menos por ser a representante da maior parte dos trabalhadores e trabalhadores brasileiros sindicalizados, e mais pelo fato de ter sempre acreditado que quando o povo retomasse a sua chance de mostrar seu valor, assim o faria.

Feliz Natal. Feliz 2011. Vai depender, mais uma vez, de nós. A CUT aqui estará para continuar cobrando, da melhor maneira que puder, que patrões e governos repartam os resultados positivos com aqueles que são os maiores responsáveis por eles.

Rumo a uma sociedade fraterna e socialista.

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