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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Texto de Pai Euclides sobre a lei contra o Candomblé

“Com efeito, quase todas as coisas,
segundo a Lei, se purificam com sangue;
e sem derramamento de sangue não há remissão.”
(Hebreus 9:22)
 
A religião de matriz africana desde o seu surgimento no Brasil sofre perseguição em nosso país e que continua até os tempos de hoje. Essa perseguição vai dá mais simples manifestação pessoal até a não aceitação das práticas religiosas afrobrasileira. Pode-se afirmar a mais recente perseguição é a Lei 202/10 que a Câmara de Vereadores do Município de Piracicaba/SP tenta aprovar, aonde “coibi o sacrifício de animais em práticas religiosas”.
Essa Lei 202/10 reflete como a intolerância religiosa precisa ser discutida pela sociedade brasileira a fim de garantir que as práticas religiosas em todos os segmentos sejam respeitadas. A religião de matriz africana é eminentemente comunitária, preocupa-se com o bem estar comunitário de todos. Esse costume afrobrasileiro é milenar. O sacrifício de animais nas casas de culto é realizado de forma cerimoniosa e respeitosa, sobretudo, temos os cânticos apropriados para pedir licença, para fazer esses rituais, além do perdão para purificarmos.
Não sabemos de nenhum comentário e/ou publicação de que pessoas adoeceram por ingerir esses alimentos feitos nos terreiros. Têm-se a delicadeza de pegar o animal de forma cuidadosa e religiosa para saber se estar sadio. As carnes desses animais oferecidos a cada divindade são bem tratadas, limpas e cozidas para fazer a comunhão na comunidade de terreiro.
Para tanto, constatamos animais de todas as espécies que são sacrificados, maltratados diariamente dentro de alguns carros dos marchantes até chegarem aos abatedouros sem a mínima condição de higiene e saneamento básico e pronto para serem consumidos por nós seres humanos nos mercados livres. No mesmo patamar estão outros animais como, por exemplo: as aves, os suínos etc..., que podem estar gripadas ou doentes e não sabemos por quais processos passam até chegar ao consumo das pessoas. Quem nos garante de forma geral que todos esses animais estão sadios quando vão para a mesa da população para serem consumidos?
Quantos mercados públicos são condenados pela saúde pública por estar em péssimas condições de ser usados e carnes de todo e qualquer tipo de animal exposto para que as pessoas comprem e leve para toda a família consumir?
Há que se refletir e tomar decisões de forma coerente e respeitosa. A comunidade afrobrasileira e tradicional de terreiro precisam estar atentas para coibir a toda e qualquer prática de intolerância religiosa em todos os segmentos. Portanto, é o momento de todos os sacerdotes e sacerdotisas participarem desta discussão, dando o seu aval e socializando o seu ponto de vista.
 
Pai Euclides (Talabyan)
Fundador e Babalorixá da Casa Fanti Ashanti a partir de Janeiro de 1958 em São Luís – Maranhão.

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