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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Em reunião no Planalto, CMS cobra redução dos juros e enfrentamento à guerra cambial

Mudanças na política econômica são urgentes e necessárias, sublinha Rosane Bertotti

Escrito por: Leonardo Severo, de Brasília

 
Em nome da Operativa da CMS, Rosane Bertotti, da CUT, expôs ao ministro Gilberto Carvalho os pontos centrais da pauta dos movimentos sociais
Em nome da Operativa da CMS, Rosane Bertotti, da CUT, expôs ao ministro Gilberto Carvalho os pontos centrais da pauta dos movimentos sociais
Lideranças da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) estiveram reunidas no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira (13), com o secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho. No encontro, que contou com representação da CUT, MST, UNE, Marcha Mundial de Mulheres, CGTB, CTB, CMB, UBM, Unegro e Conen, as entidades expuseram sua pauta unitária em defesa de um projeto nacional de desenvolvimento, enfatizando a necessidade de mudanças inadiáveis na política econômica, com a redução dos juros e do superávit primário.
Em nome da Operativa da CMS, a secretária nacional de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, fez um breve histórico das lutas desenvolvidas pela Coordenação, que teve papel de destaque no enfrentamento à tentativa de golpe contra o presidente Lula em 2005, na defesa do protagonismo do Estado e do fortalecimento do papel do mercado interno no combate à crise internacional.
Rosane Bertotti apresentou os 10 pontos centrais da pauta da CMS, colocando ênfase na redução dos juros e na necessidade da participação dos movimentos sociais no Conselho Monetário Nacional, "para promover o desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho".
"Mudanças na política econômica, reforma agrária, urbana, política, da educação e da comunicação, defesa do pré-sal, redução da jornada sem redução de salário, garantia de trabalho decente contra o trabalho escravo, defesa da saúde pública e contra o fator previdenciário. Esta é a síntese da nossa pauta, que expressa o projeto de país que queremos ver implementado por esse governo", declarou Rosane. Para consolidar estes avanços, destacou a dirigente, "temos claro o papel da unidade das entidades populares que se aglutinam em torno da CMS e que têm demonstrado seu compromisso no enfrentamento com a direita reacionária e sua mídia, organizando e mobilizando as suas bases, no campo e na cidade".
De acordo com Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira), vice-presidente da CGTB, um ponto chave a ser enfrentado neste momento é a guerra cambial desatada pelo governo dos EUA, que está arrebentando a economia nacional. "O juro alto atrai capital especulativo e deixa o real sobrevalorizado. Assim, as mercadorias de fora são colocadas dentro do país, destruindo a capacidade de produção da indústria nacional, comprometendo o salário e o emprego", acrescentou.
Para Sônia Leite, da Marcha Mundial de Mulheres, “é preciso dar atenção especial à valorização do salário mínimo, que impacta diretamente na qualidade de vida das empregadas domésticas – chamadas de ‘animal em extinção’ por Delfim Neto -, cerca de sete milhões de mulheres”. Soninha defendeu o acesso à creche como fundamental para a autonomia econômica feminina e alertou para a necessidade de mais investimentos na política nacional de atenção integral à saúde da mulher. A criminalização do aborto, disse, é outro ponto angustiante, "pois afeta principalmente pobres e negras".
O presidente da União Nacional dos Estudantes, Augusto Chagas, reiterou que o primeiro ponto preocupante é a política econômica, apontada como "a tampa que impede que várias conquistas sociais possam se desenvolver de uma forma mais plena". Por esta razão, frisou, o grande desafio da conjuntura é a mobilização popular para dar enfrentamento ao conservadorismo que impede o pleno desenvolvimento do Brasil. "É a pressão popular que tem condições de levar o país a um novo patamar, e o Projeto Brasil, da CMS, é a nossa plataforma para disputar novos rumos", acrescentou.
Representando o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, João Paulo Rodrigues reiterou a relevância da CMS: "nenhum fórum reúne esta amplitude de forças, se afirmando como espaço privilegiado de articulação e pressão por mudanças na política econômica".
Em nome da União Brasileira de Mulheres (UBM), Lúcia Stumpf defendeu as mudanças na política econômica como o "cerne" das propostas para que o país seja capaz de implementar reformas democráticas, como a da educação, urbana, comunicacional e agrária. "Estas transformações não serão passageiras, serão um conjunto que democratizará a estrutura de poder no país. Por isso, nos próximos meses, vamos às ruas para apoiar mudanças e garantir políticas mais ousadas".
Para Edson França, da Unegro, a regularização de terras quilombolas é essencial para que estas comunidades centenárias tenham acesso a crédito e a políticas públicas. Edson também cobrou a plena  implementação da lei sancionada pelo presidente Lula sobre a história dos afrodescendentes, "democratizando o conhecimento e o saber".
Diretora da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), Gláucia Morelli elogiou a "postura ousada e bastante sonhada" da presidenta Dilma de colocar como prioridade do governo a erradicação da miséria, mas lembrou que para que isso aconteça, "será necessário baixar os juros, enfrentar a remessa de lucros e a guerra cambial".
O secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, disse estar satisfeito em se reunir com "os principais movimentos do país e debatendo uma pauta estratégica, que dialoga com questões de fundo”, que “encontram-se em disputa, como a política econômica”. Gilberto Carvalho disse que da parte do governo há “abertura total para o diálogo” com as entidades populares e se comprometeu a encaminhar as demandas apresentadas pela CMS aos respectivos ministérios, que deverão se reunir com a Coordenação já no início de maio.
Conforme o secretário-geral da Presidência, será mantido um canal de negociação permanente com os movimentos sociais. “Governo é datado, tem dia para acabar e atua no limite da correlação de forças. Nosso papel é fazer a realidade no limite do possível”, declarou o ministro, lembrando que “sem mobilização, as coisas não ocorrem”.

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